Estava marcada para 4 de dezembro de 2017 a audiência entre os procuradores de Curitiba e Rodrigo Tacla Duran - o advogado que acusou amigo pessoal de Sergio Moro de cobrar propina para ajudar numa delação. Procurada pelo GGN, a força-tarefa não quis comentar
Jornal GGN - A força-tarefa da Lava Jato não quer explicar porquê desistiu de ir à Espanha para colher o depoimento de Rodrigo Tacla Duran, o ex-advogado da Odebrecht que ganhou os holofotes da mídia após revelar um suposto esquema de propina envolvendo a indústria da delação premiada em Curitiba.
Em dezembro de 2017, Tacla Duran revelou à defesa de Lula que uma audiência na Espanha estava agendada para o dia 4 daquele mês, com a presença confirmada de 3 procuradores de Curitiba - entre eles, Roberson Pozzobon e Orlando Martello. Mas nenhum dos membros da força-tarefa compareceu ao compromisso solicitado às autoridades espanholas pela própria Lava Jato.
Na última sexta (5), o GGN entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ministério Público Federal no Paraná e solicitou aos procuradores que explicassem o motivo da desistência e informassem se há previsão de quando Duran será ouvido na ação penal em que é acusado de lavagem de dinheiro. Nesta segunda (8), a resposta obtida foi: "Sobre seu pedido, a força-tarefa Lava Jato não irá se manifestar."
O encontro entre Duran e os procuradores de Curitiba, na Espanha, deveria ter ocorrido menos de uma semana após seu depoimento à CPMI da JBS. No dia 30 de novembro de 2017, o advogado confirmou aos parlamentares as acusações que fez contra o amigo pessoal do juiz Sergio Moro, Carlos Zucolotto.
Segundo Duran, Zucolotto cobrou pagamento "por fora" para "melhorar" seu acordo de delação premiada com os procuradores de Curitiba.
Zucolotto, que teria dito que parte do caixa 2 seria destinado a pagar os envolvidos na operação, prometeu também colocar "DD" no circuito.
A proposta principal era a de reduzir a multa imposta a Duran (cerca de 15 milhões de dólares) em um terço, entre outros benefícios que, coincidentemente, acabaram contemplados na minuta do acordo que os procuradores enviaram ao réu.
O GGN divulgou com exclusividade o e-mail enviado por Roberson Pozzobon, com cópia aos procuradores Julio Carlos Motta Noronha e Carlos Fernando dos Santos Lima, à defesa de Duran. Veja mais aqui.
Pelos relatos de Duran, as tratativas em torno da delação acabaram frustradas e ele refugiou-se na Espanha. A Lava Jato apostou num processo de extradição que acabou igualmente fracassado. Moro, por sua vez, continua julgando Duran no Brasil, âmbito da ação penal 5019961-43.2017.4.04.7000.
As mensagens que supostamente comprovam a participação de Zucolotto na negociação suspeita com os procuradores foram periciadas e entregues à CPMI.
Tacla Duran também disse à CPMI da JBS que os sistemas da Odebrecht de onde os procuradores extraem materiais para usar como provas foram manipuladores no decorrer da Lava Jato, comprometendo a legitimidade do conteúdo.
DESFAÇATEZ
A defesa de Lula já solicitou 3 vezes a Moro que incluísse Duran no rol de testemunhas que podem ajudar na ação penal em que o petista é acusado de receber vantagem indevida da Odebrecht. Mas o juiz de Curitiba se nega a dar crédito à palavra de Duran e rejeitou os pedidos. Em uma das negativas, chegou a dizer que não sabe do paradeiro de Duran.
Na conversa com o advogado Cristiano Zanin, Duran apontou que essa postura de Moro era uma desfaçatez, já que o próprio juiz escreveu o endereço na Espanha quando determinou o iniciou do processo de cooperação jurídica internacional. Leia mais aqui.
CONTRA-ATAQUE
No mesmo dia em que a defesa de Lula revelou a conversa com Duran (16/12/2017), os procuradores de Curitiba protocolaram mais uma denúncia contra o ex-advogado da Odebrecht. Veja aqui.
Transcrição de parte da conversa entre Rodrigo Tacla Duran e a defesa de Lula, em 12/12/2017
O GGN, em parceria com o DCM, produziu uma série sobre a indústria da delação premiada. Clique aqui para ler as reportagens já divulgadas.
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