Reinaldo Azevedo diz que o ex-presidente foi preso sem provas em seu blog no UOL, ao abordar a operação que colocou o bolsonarismo no poder. “A Lava Jato completa cinco anos hoje. Veio para mudar o Brasil. Mudou. Jair Bolsonaro é presidente da República: Sérgio Moro é ministro da Justiça; Vélez Rodriguez é ministro da Educação; Damares Alves é ministra dos que vestem azul e das que vestem rosa, e o chefe do Executivo atravessou o umbral da nova era ao divulgar um filminho pornô. Há mais. A Força Tarefa, ainda a maior pauteira da imprensa, tem na sua história alguns feitos notáveis: conseguiu mandar para a cadeia um ex-presidente da República sem apresentar as provas de seu crime e tentou criar uma fundação bilionária que renderia em juros o que empresas que empregam milhares não rendem em lucros. Parte dos 12,7 milhões de desempregados se deve à sua eficiência. Deveria ser um esforço organizado de combate à corrupção. Tornou-se um projeto de captura do Estado. Com R$ 2,5 bilhões em caixa, poderia tentar interferir na escolha do próximo papa. Ali pelo terceiro ou quarto mês da operação, já em 2014, os meus sensores democráticos deram os primeiros sinais de que algo poderia dar errado. Incomodava-me o que me parecia, então, sujeição da imprensa a métodos que agrediam fundamentos do Estado de Direito”.
O jornalista desenvolve o raciocínio: “O PT ainda era o alvo principal da operação, e eu, o que não é surpresa para ninguém, era um dos mais duros críticos do partido. E seria ainda hoje estivesse ele no poder e recorresse aos mesmos métodos. Poderia ter me calado diante das arbitrariedades do então juiz Sérgio Moro e dos procuradores. Afinal, é claro que eles estiveram entre os protagonistas da queda de Dilma Rousseff. Ocorre que eu escrevo sobre política, penso a política, mas não faço política. Assim, não precisei esperar que a operação chegasse a outros partidos, como sustentam alguns idiotas e mentirosos, para acusar os métodos ilegais a que ela recorria. Antevi os efeitos deletérios, que estão aí aos olhos de todos, da ação coordenada de frações da Justiça e do Ministério Público Federal contra garantias fundamentais. Não! Eu não me tornei um crítico da operação porque pilantras tentaram, sem sucesso, me envolver na sujeira. Eu só virei alvo de canalhas porque vinha apontando, desde 2014, as práticas autoritárias e autocráticas da operação, de que a tal “fundação de direito privado” com grana da Petrobras, por ora frustrada, se tornou um emblema. É preciso, sim, combater a corrupção. Essa é uma das atribuições do Ministério Público, entre outros entes do Estado. A existência de uma força tarefa de caráter permanente com essa função, no entanto, é só um delírio de burocratas que se refestelam em gastos milionários com “diárias” pagas a procuradores e que têm a ousadia de se comportar como se fosse um Quarto Poder. É preciso ser tolinho para não perceber que o objetivo é conquistar a Presidência da República. Bolsonaro é visto apenas como um ritual de passagem”.
E finaliza: “Sim, claro! Eu era, então, alvo do ódio devotado dos petistas. Juntaram-se a eles, no achincalhe, os lava-jatistas, parte considerável já unida ao bolsonarismo. Fazer o quê? A função de um jornalista não é servir de esbirro de partidos, de juízes ou de procuradores. Leio o que escrevi há quatro anos e olho para a Lava Jato: Sérgio Moro é ministro da Justiça de Bolsonaro, e Deltan Dallagnol tentou criar a tal fundação bilionária. Fico até um tantinho orgulhoso. Eles estavam errados sobre mim. Mas eu estava certo sobre eles”.
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