quarta-feira, 6 de julho de 2022

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Qua, 06/07/2022 18:35
 
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É pouca terra pra muito indígena – e a violência se agravou com Bolsonaro
 
Quarta-feira, 06 de Julho de 2022
 
 
Há pouco mais de uma semana, um grupo de indígenas Guarani Kaiowá da Terra Indígena Amambai, no Mato Grosso do Sul, fez a retomada da terra ancestral chamada de Guapoy, oficialmente registrada como uma fazenda. Sem mandado ou ordem judicial de remoção, a polícia militar invadiu o território numa ação violenta que deixou um homem indígena morto e dezenas de feridos no dia 24 de junho. O incidente tem sido chamado de “Massacre de Guapoy”.
O argumento bolsonarista de que no Brasil há “muita terra para pouco índio” é especialmente mentiroso quando se fala dos Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul. Apesar da estimativa de que uma família de quatro indígenas precisa de 30 hectares para garantir sua subsistência na região, cada unidade familiar indígena vivendo na Terra Indígena Amambai ocupa em média 0,8 hectares de terra – menos do que um campo de futebol.
E essa não foi sequer a primeira ação sem ordem judicial da polícia contra os Guarani Kaiowá em 2022. Em março deste ano, tiros de bala de borracha e gás lacrimogênio feriram ao menos cinco indígenas naquela data, no despejo de uma retomada na cidade de Rio Brilhante. Além das ações ilegais da polícia, fazendeiros também ameaçam os indígenas e suas retomadas na região. Em maio, um jovem Guarani Kaiowá foi assassinado com ao menos cinco tiros. Questionado pelo Brasil de Fato na época, o Ministério Público Federal (MPF) de Ponta Porã disse que “não se manifestaria” sobre as providências tomadas para proteger os indígenas.
Em entrevista ao Brasil de Fato, o antropólogo Diógenes Cariaga, professor da UEMS que acompanha os Guarani Kaiowá há 20 anos, explicou como o “agrobolsonarismo” viola direitos indígenas no Mato Grosso do Sul. A gente também explicou como funciona o “cerco bolsonarista” aos Guarani Kaiowá nesta reportagem aqui. Enquanto isso, na Amazônia, já passou mais de um mês da morte do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, e o governo ainda não aumentou a segurança no Vale do Javari. E vale relembrar também o que pessoas não indígenas precisam aprender com os povos originários.
 
 
Avanços e retrocessos na América Latina
 
A Convenção Constitucional do Chile apresentou na segunda-feira (04) sua proposta de constituição para o país. O texto, que avança em temas como paridade de gênero e reconhecimento das nações indígenas locais, ainda precisa ser votado em um plebiscito para entrar em vigor e substituir a atual carta magna chilena, uma herança da ditadura de Pinochet. Confira mais detalhes da (possível) nova constituição chilena nesta reportagem.
Na Colômbia, Gustavo Petro declarou que está disposto a um cessar-fogo bilateral com a guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN), reafirmou seu interesse em reabrir as fronteiras comerciais com a Venezuela e confirmou já ter conversado com Nicolás Maduro. Já o governo uruguaio segue avançando rapidamente sobre os direitos conquistados nos últimos anos no país. Além de propor a revogação completa de uma lei do governo Mujica que democratizou vários aspectos da comunicação audiovisual no país, o presidente Lacalle Pou restabeleceu dois decretos da última ditadura cívico-militar que permitiam o fechamento arbitrário de veículos de imprensa.
 
 
Lula tem enfatizado a interlocutores que a tarefa de seu possível futuro governo será “sobretudo reconstruir”.
 
A polícia de Pedras de Fogo foi ao local para dar início às investigações. A linha de investigação assumida pelo delegado do caso é de crime de homofobia.
 
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