sexta-feira, 31 de julho de 2009

MÍDIA - Tucanos, demos e o "mensalão" da mídia.

Por razões econômicas e ideológicas, a mídia hegemônica adora explorar os escândalos políticos. A crise mais recente é que a atinge o Senado Federal, no qual as denúncias das graves distorções se fundem com objetivos eleitoreiros marotos – que só os ingênuos não percebem. Ela só não faz sensacionalismo com os seus próprios negócios sinistros. Evita falar dela mesma, de seus pobres. Entre uma e outra denúncia de corrupção, ela deveria averiguar dois casos graves que envolvem poderosas corporações midiáticas. Ambos podem confirmar a exigência de um estranho “mensalão”, no qual governos demos-tucanos compram o apoio dos veículos de comunicação.

Os demos e o Correio Braziliense

O caso mais recente ocorreu no Distrito Federal, onde o governador José Roberto Arruda garfou R$ 442,4 mil do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) para comprar assinaturas da revista Veja. Mais grave ainda, o demo desembolsou quase R$ 3 milhões na compra de 7.562 assinaturas do Correio Braziliense. O Sindicato dos Professores do Distrito Federal, um dos principais alvos dos ataques raivosos e recorrentes deste jornal, criticou o uso dos recursos públicos e a forma irregular e suspeita como foi firmado este convênio:

“O convênio foi feito sem licitação, sem um projeto pedagógico definido, sem discussão com os professores e sem transparência. Enquanto isso, as bibliotecas de nossas escolas estão em petição de miséria, sem livros e estrutura de funcionamento... Esses recursos poderiam ser utilizados para equipá-las com clássicos da nossa literatura, para dotá-las de banda larga na internet, o que garantiria a diversidade e a pluralidade das informações... É no mínimo uma contradição que o Correio, tão veemente ao atacar o Senado por causa dos atos secretos, anuncie este convênio sem dizer os valores envolvidos e sem especificar o embasamento legal para que ele ocorra”.

Relações promíscuas com o poder

O professor Venício de Lima, um atento crítico das relações promíscuas entre os barões da mídia e os poderes públicos, foi um dos primeiros a denunciar este acordo. Ele lembra que, em março passado, o jornal Correio Braziliense, “principal jornal do Distrito Federal, dedicou duas páginas (uma delas a capa) do seu caderno ‘Cidades’ a ampla matéria na qual encampava publicamente a posição de porta-voz do governo contrária à anunciada greve dos professores da rede pública de ensino”. Com os títulos “greve sem causa” e “crime de lesa-futuro”, o jornal compôs a tropa de choque do demo José Roberto Arruda contra a reivindicação de reajuste salarial dos docentes.

“O leitor certamente terá notado, à época, que contrariamente às regras elementares e básicas do jornalismo, a longa matéria opinativa do Correio Braziliense, além de defender um dos lados, isto é, não ser isenta, omitia inteiramente o ‘outro lado’ envolvido na disputa: os professores não foram ouvidos, simplesmente não aparecem na matéria para explicar e defender sua posição”. De forma curiosa, quatro meses depois, em 22 de junho, o governo retribuiu com a compra de 7.562 assinaturas do jornal, que chegarão às 199 escolas da rede pública. Para Venício de Lima, esta suspeita aquisição representa 16% da tiragem média do jornal e retira R$ 2,9 milhões do Fundeb.

“Em tempos de crise da mídia impressa (salvo dos jornais populares e gratuitos), que coloca em risco a própria sobrevivência no mercado de alguns jornalões, não seria ético e salutar que jornais como o Correio Braziliense – além de zelar pela credibilidade fazendo jornalismo de notícias e não de matérias opinativas – praticassem, para si mesmos, aquilo que corretamente têm exigido de outras esferas do poder? Ou o critério da transparência na destinação do dinheiro público não se aplica quando beneficia a própria grande mídia?”, questiona Venício de Lima.

Serra e as relações perigosas com a Abril

Antes desta estranha negociata, outro caso bem suspeito já tinha vindo a púbico através dos sítios alternativos da internet e não da “grande mídia”. Em abril passado, o Ministério Público acolheu representação do deputado federal Ivan Valente (PSOL) e abriu inquérito civil para apurar as irregularidades no contrato firmado entre o governo paulista e a Editora Abril na compra de 220 mil assinaturas da revista Nova Escola. O valor desta obscura transação foi de R$ 3,7 milhões e confirmou as perigosas relações entre o tucano José Serra e a Grupo Civita, que também publica a revista Veja, o principal palanque de oposição ao governo Lula.

A compra das 220 mil assinaturas representa quase 25% da tiragem total da Nova Escola. Mas este não é o único caso de privilégio a este ao grupo direitista. O governo José Serra apresentou recentemente proposta curricular que obriga a inclusão no ensino médio de aulas baseadas em edições encalhadas do Guia do Estudante, outra publicação da Editora Abril. Como observa do deputado Ivan Valente, “cada vez mais, a editora ocupa espaço nas escolas de São Paulo, tendo até mesmo publicações adotadas como material didático. Isso totaliza, hoje, cerca de R$ 10 milhões de recursos públicos destinados a esta instituição privada, considerado apenas o segundo semestre de 2008”.
Fonte:Blog do Miro.

DOIS ANOS DE BATALHA PARA ADOTAR DUAS FILHAS.

Ricardo Kotscho

Exclusivo/ Dois anos de batalha para adotar duas filhas.

“As crianças chegaram! Já estão em casa”, contou-me no começo desta semana o amigo Gilberto Carvalho, feliz da vida porque finalmente tinha conseguido concretizar o grande sonho dele e de sua mulher, a Flor: adotar uma criança.

Uma não, foram logo duas, de 6 e 4 anos. Depois de dois anos de batalha nas Varas da Família, enfrentando toda espécie de burocracias e dificuldades, o casal estava comemorando naquela noite a chegada das crianças.

Chefe do Gabinete Pessoal do presidente Lula desde o primeiro dia de governo, o baixinho Gil, que quase foi padre e já era pai de três filhos adultos do seu primeiro casamento, é uma dessas figuras raras que sempre encontram tempo para ajudar os outros, mesmo sendo o primeiro funcionário a chegar e o último a sair do Palácio do Planalto todos os dias.

Minha mulher e eu acompanhamos a luta deles para adotar uma criança desde o começo, porque era sempre este o assunto quando encontrávamos o casal Gil e Flor, nossos velhos amigos. Por isso, também ficamos muito contentes com o final feliz desta história, que pode servir de estímulo e inspiração a outros casais para fazer o mesmo.

Para contar a história toda como foi, nada melhor do que o próprio Gilberto Carvalho, que gentilmente me enviou o comovente relato publicado abaixo:

“Então, Ricardo, vamos lá:

Como você sabe, tenho três filhos do primeiro casamento _ a mais velha, Myriam, tem 29 anos, o Samuel, 26, e o Gabriel, 22. Sempre digo que os filhos foram o que deu mais certo na minha vida, uma relação muito intensa, que tem sido fonte de alegria e energia para minha vida.

Mesmo com a separação, a relação seguiu muito forte. Quando encontrei a Flor, disse a ela que minha paternidade estava realizada, que havia feito inclusive vasectomia… Ela, de sua parte, que não tinha tido filhos, disse que não estava nos seus planos a maternidade.

Com a estabilização de nossa relação, e depois de um trabalho terapêutico, a Flor falou da possibilidade da adoção. No início, falei brincando que eu me preparava mais para ser avô e não pai…

Mas logo concordei que era um direito dela experimentar a maternidade e pensei que Deus tem sido tão misericordioso conosco e comigo em particular que jamais poderia me negar a um gesto de tentar fazer feliz um “serzinho” humano…

Assim, em abril de 2007 demos início ao processo na Vara da Infância e da Juventude de Brasília. No perfil desejado, colocamos que gostaríamos de adotar preferencialmente uma menina de 0 a 3 anos.
Depois do processo de entrevista, participação em palestras, visitas à nossa casa, recebemos em outubro daquele ano a sentença do juiz, que nos habilitava para a adoção e nos inscrevia no cadastro de pretendentes qualificados. A partir daí, a longa espera…

Durante este processo, várias oportunidades se ofereceram para a gente “furar a fila”. Mas tínhamos compreensão de que não poderíamos ir por esse caminho. Nas poucas vezes que decidimos examinar estas possibilidades sempre vimos que era complicado e que o melhor era aguardar.

Muita gente telefonava, informava que em tal lugar era mais fácil; que em tal cidade havia um casalzinho de irmãos disponíveis para adoção; em outra cidade, outra criança. Mas nunca as coisas se concretizavam efetivamente, até porque não aceitávamos ir por caminhos paralelos. E tudo isso provocava sempre um desgaste emocional pesado.

Ocorre que o processo de adoção é muito burocratizado no nosso país. Felizmente, o Presidente Lula sanciona na próxima segunda-feira, dia 3, a nova lei da adoção que simplifica muito esse processo.
Há um agravante: como as Varas da Infância têm em geral poucos funcionários, elas não conseguem montar uma “rede de captação” de crianças disponíveis. Então, em cada hospital ou clínica se cria uma rede informal, que entrega diretamente as crianças a pessoas interessadas, que, em seguida, legalizam a adoção. Por esta razão, a fila do cadastro anda muito devagar.

Além disso, o processo de retirada do pátrio poder dos pais biológicos é muito lento. E aí ocorre um fato perverso: a criança permanece, à espera do fim deste processo, durante muito tempo nos abrigos e orfanatos. Quanto mais ela cresce, mais diminui a chance de vir a ser adotada, uma vez que a imensa maioria dos casais que querem adotar desejam crianças pequenas, como era o nosso caso.

Foi conhecendo essa realidade e ajudando no processo de discussão da nova lei, que resolvemos ampliar o perfil de idade da criança que esperávamos e também a aceitar, se fosse o caso, uma dupla de irmãos.

Subjetivamente, a gente foi nesse tempo todo se preparando _ uma preparação espiritual, rezando e pedindo desde então pelo nosso futuro filho. Compusemos uma oração que rezamos muitas noites juntos e, ao mesmo tempo, preparando um quarto da casa com berço, decoração infantil, etc. O berço tivemos que doar agora porque as meninas que recebemos não cabem mais neste berço…

Mas, como a vida sempre reserva surpresas, minha filha que estava em Madri conheceu uma menina, a Fernanda, cujo irmão era juiz da infância em Santa Catarina, o Dr. Alexandre Rosa, uma ótima figura.
Falando com ele, conheci o Dr. Francisco de Oliveira, também de Santa Catarina, que é o responsável nacional pela área de adoção na AMB (Associação dos Magistrados do Brasil). Eles me puseram a par de todas as dificuldades que enfrentavam para a aprovação da nova lei e eu me interessei por ajudar.

Conseguimos agora esta vitória da aprovação da nova Lei de Adoção. Nas nossas conversas, um belo dia o Dr. Francisco nos fala de duas irmãs, de 4 e 6 anos, em Santa Catarina, cujo processo de liberação para adoção estava adiantado e nos pergunta se tínhamos interesse.
A primeira hipótese que ele havia nos apresentado era de uma família de cinco irmãos. Aí era demais para as nossas possibilidades… A gente manifestou interesse pelas irmãs e ele nos descreveu o histórico familiar.

Como em quase todos os casos, a história é muito triste: pai preso por tráfico, mãe que se prostituira. No dia 21 de julho, finalmente, ele nos avisa que as meninas estavam disponíveis. Largamos tudo e, já no dia 24, viajamos a Santa Catarina para conhecer as meninas.

O primeiro contato, ainda no abrigo, foi muito impactante. Elas nos encantaram à primeira vista… Mas ainda não podíamos dizer nada a elas. Tivemos uma reunião com a juíza, uma mulher extraordinária, corajosa, que toda semana almoça em um dos abrigos da comarca, mobiliza a comunidade e consegue dar um padrão admirável a esses abrigos.

Ela nos contou histórias incríveis e, ao mesmo tempo, histórias tristíssimas. Mas nos confortou e deu grande segurança para a gente ir em frente. Visitamos de novo as meninas no sábado. Elas já haviam desconfiado de tudo e começaram, mesmo no meio das outras crianças do abrigo, a nos chamar de pai e mãe…

É como você estender uma corda a alguém que está se afogando, Kotscho… Elas se agarram com toda força… Aliás, o que corta o coração é conversar com as outras crianças, que te pedem para que você as leve também, ou arranje uma família para elas… Dá vontade de carregar todas…

Na segunda-feira, às dez da manhã, fizemos a audiência formal e jamais vamos nos esquecer do momento em que, no final da audiência, nos trouxeram as duas, cada uma com uma mochilinha nas costas. Vieram direto para o nosso colo… A mais nova chorando, assustada com os cabelos ouriçados de uma das assessoras da juiza, achava que ela era uma bruxa….
De lá para cá, foi uma movimentação doida, carro, avião, a chegada em casa. O pessoal do gabinete havia preparado a nossa casa com cartazes de boas vindas e dois sacos de brinquedos e quinquilharias para as duas.

A excitação total pelo novo, a alegria indizível de duas meninas que te abraçam, te chamam de pai e mãe, bagunçam completamente a casa e “feito posseiras”, tomam conta de seu coração…
Elas estão ótimas, muito carinhosas, com as birras próprias de criança, exercitando os limites, testando a gente… Sabemos que temos pela frente um grande e difícil caminho de reconstrução desses coraçõezinhos machucados.

Mas já posso dizer que elas estão nos fazendo um bem danado, talvez maior do que o bem que possamos lhes fazer….

É isso.

Kotscho, como te falei, é importante preservar a identidade das duas e a cidade de origem delas. O resto, fique à vontade.

Um forte abraço e obrigado por essa oportunidade,

Gil“
Fonte:Balaio do Kotscho.

IRAQUE - O drama de uma ocupação.

O PORTAL VERMELHO
por Lejeune Mirhan*

Há duas questões centrais para certa estabilização no Oriente Médio: a retirada das tropas de ocupação no Iraque e a paz na Palestina – paz justa e duradoura.

Militares

Claro que a questão global mesmo é que os árabes recuperem para si o controle de seus países e saiam completamente da órbita estadunidense, mas isso deve demorar ainda alguns anos. Por ora, queria tratar da ocupação do Iraque, que há tempos não abordo nesta coluna.

A retirada das tropas no Iraque

Já são duas semanas que as forças armadas dos Estados Unidos e da Inglaterra, deixaram o policiamento ostensivo nas ruas das cidades iraquianas. Uma leitura de outra forma pode ser entendida como recuo das tropas de ocupação ante a ofensiva do povo iraquiano contra as tropas invasoras. Fala-se na imprensa local e mundial que a forças policiais iraquianas, treinadas pelos EUA já estariam em condições de fazer esse trabalho. Na verdade não teem. No mesmo dia em que os americanos deixaram as ruas uma onda de atentados, matando quase duas centenas de pessoas , ocorreu no Iraque e vários deles eram soldados da ocupação.

Nesta semana a Grã Bretanha anuncia que retira, até sexta-feira dia 31 de julho, todas as suas tropas que ainda restaram no Iraque, no Sul do país, onde ficavam acantonadas próximas a uma cidade xiita chamada Basra. Chegaram a ter quatro mil soldados. Hoje restam apenas 400. Mas, mesmo esses poucos, segundo anunciou Gordon Brown, serão deslocados para o Kuwait. Os motivos da retirada não são tanto por convicção do governo inglês, mas pelo simples fato de que o parlamento britânico entrou em recesso sem ter votado a prorrogação da permanência das tropas.

Nesses seis anos de ocupação, 179 soldados britânicos perderam suas vidas abatidos pela resistência iraquiana. Mesmo havendo mudança política na linha de governo, do antecessor de Brown, Tony Blair, a linha segue a mesma, ou seja, a Inglaterra, outrora grande potência imperial, continua como uma serviçal do novo imperialismo mundial representado pelos Estados Unidos. Um cachorrinho poodle que obedece a ordens partindo da Casa Branca, qualquer que seja seu ocupante. Há inclusive uma comissão de investigação no parlamento britânico, sobre a participação da Inglaterra na ocupação, que Brown gostaria que fosse secreta, mas por pressão de parlamentares e familiares dos soldados mortos, será aberta.

Os erros continuam na política externa inglesa. Brown decidiu, orientado pela Casa Branca, deslocar tropas e forças militares, para o Afeganistão. Agora a OTAN, que modificou seus estatutos, passa a atuar na Ásia também, além de ocupar a Europa Ocidental e ameaçar constantemente a Europa Oriental. Brown anunciou a permanência e reforço de nove mil soldados britânicos nesse pobre país, que resiste bravamente, ainda que de forma precária, a ocupação pelas forças anglo-americanas.

Quanto à retirada principal, das tropas americanas, Obama foi derrotado pelas forças do complexo militar da sociedade americana. Sempre falamos que Barak Obama é presidente dos Estados Unidos, mas por ocupar esse cargo, ocupa também a chefia de um Império mundial, que são os Estados Unidos. A maior potência militar, política e econômica da terra, ainda que sofrendo de um lento, mas constante declínio nos últimos anos. Por mais progressista que ele possa ser para os padrões políticos norte-americanos, ele precisa cumprir determinações que extrapolam as suas vontades pessoais e seus desejos.

No ano passado, quando Obama disputava as primárias pelo Partido Democrata para ser o candidato oficial ás eleições de novembro, comentei numa coluna as posições desses candidatos sobre a ocupação do Iraque. De todos os seus pré-candidatos, Obama era o que defendia, disparado, a retirada das tropas do Iraque em menor tempo possível. Falava em alguns meses apenas. Hilary era quem defendia maior tempo.

Pois veja como a vida nos prega peças, desde a sua posse em janeiro passado, Obama vinha discutindo com a cúpula das forças armadas, a retirada prometida na campanha. Houveram momentos de impasse, ele manteve o secretário de defesa da época de Bush, um dos governos mais reacionários dos EUA nos últimos tempos, e passou a ceder aqui e ali e acabou capitulando completamente ante às decisões militares tomadas pelo comando do exército.

Para quem defendia a retirada até meados de julho deste ano, Obama acabou por aceitar a proposta do exército, que é de retirar completamente as tropas apenas, e tão somente, em dezembro de 2011! Ou seja, os iraquianos ainda terão de suportar a ocupação de seu país por mais dois anos e meio. Uma eternidade!

Uma das primeiras entrevistas em que o combativo escritor paquistanês, Tariq Ali, deu logo depois de março de 2003, quando da ocupação, ele mencionou que a presença americana seria para durar dez anos pelo menos. Se de fato a retirada for ao final de 2011, terão durados quase nove anos. Ele terá errado a sua previsão por apenas dois anos, mas é possível que mantenham uma presença militar no Iraque por muito mais tempo.

As perspectivas para o país

Novas eleições devem ocorrer até o final do ano ou em janeiro de 2010. Como temos dito, as coisas no mundo árabe, apesar da contra-informação que a mídia faz, nada tem a ver com a religião. A maior prova disso é o que ocorre no Iraque e no Líbano. No Iraque ocupado, os xiitas fizeram um acordo tático com os americanos e aceitaram a ocupação militar. Funcionam como um governo títere. Nuri El Maliki, xiita que tem maioria no parlamento, é um primeiro Ministro serviçal aos interesses americanos. Até porque nunca sobreviveria no poder com a retirada das tropas de ocupação.

A oposição ao governo é feita integralmente pelos muçulmanos sunitas. Eles participam do parlamento, ainda que em minoria, mas encabeçam majoritariamente a luta contra as tropas de ocupação. No caso do Líbano, as coisas dão-se de forma completamente oposta. Por lá, os sunitas são governo e mantém boas relações com os Estados Unidos e mesmo com Israel. E são os xiitas do Hezbolláh e do Amal que encabeçam a oposição, apoiados pelo Partido Comunistas e por cristãos. Assim, a vida política pode ter alguma correlação com a vida religiosa, mas o componente central não é esse.

A questão central hoje no Oriente Médio é os 22 países árabes conseguirem libertar-se da órbita dos Estados Unidos, da sua influência, inclusive ideológica, de modo de vida. São dependentes dos americanos para quase tudo. No campo militar, das exportações de seu petróleo para os EUA, em muitos campos. Não existe quase oposição na maior parte dos governos, chefiados por famílias que controlam o petróleo, controle a ferro e fogo os governos. Não há quase democracia na região. Poucos são os países que têm vida política e partidária ativa e legal, com parlamento funcionando com autonomia e liberdade. São as chamadas petro-monarquias, em regimes semi-feudais.

Não podemos prever quanto tempo isso ainda durará. Essa situação geral é, claro, fruto das dificuldades que a esquerda e os patriotas vivem em todo o mundo, apesar de certos avanços na América Latina. Há muito o que se fazer ainda. Se podemos dizer que saímos da defensiva estratégica e entramos na resistência ativa, estamos ainda longe, de meu ponto de vista, de conquistarmos grandes avanços para as massas populares e atingirmos um estágio mais avançado de democracia popular para o povo árabe em seus países. Exceção honrada fica com os palestinos, a parte do povo árabe que mais luta hoje pelo seu futuro, pelos seus direitos e pelo seu estado nacional.
*Lejeune Mirhan, Presidente do Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo, Escritor, Arabista e Professor Membro da Academia de Altos Estudos Ibero-Árabe de Lisboa, Membro da International Sociological
Fonte: Márcia e suas leituras.

DIPLOMACIA DA CERVEJA

Copiado do Blog Bahia em Pauta.

Obama toma cerveja com policial e professor na Casa Branca para superar incidente infeliz

Regina Soares

O presidente dos Estados Unidos, o oficial de Policia de Cambridge (MA) e o professor da Harvard University encontram-se hoje na Casa Branca, para compartilhar cervejas e, possivelmente, entenderem-se acerca do incidente que os ligou, de uma maneira infeliz, na semana passada.

James Crowley, of icial de policia (branco), algemou e prendeu o professor Henry Louis Gates Jr. (negro), e m f rente a sua residência, depois de receber um telefonema de uma passante ao ver o professos e um outro acompanhante, forcarem a porta de entrada da casa, o que lhe pareceu suspeito. Ambos personagens trocaram ofensas que arranharam os egos e a etinicidade.

Quando o presidente Obama, na quarta feira passada, o meio de uma conferencia, foi questionado sobre o incidente, declarou que achava que o oficial de policia tinha agido estupidamente (“acted stupidly”), o velho debate sobre perfil racial veio a tona em toda a Nação de maneira feroz, de tal modo que ocupou o lugar de duas importantes questões do momento, Reforma do Plano de Saúde e a histórica confirmação da Juíza Sonia Sotomayor para a Suprema Corte. Obama apressou-se em pedir desculpa pela infeliz escolha de palavras.

A troca de ofensas daquela tarde, entre duas pessoas respeitadas em suas respectivas profissões e no meio em que circulam, se transformou em um ardente debate onde americanos tiraram suas próprias conclusões quanto ao preconceito racial, comportamento apropriado no relacionamento entre profissionais e opinião do presidente sobre um assunto local do qual, segundo ele mesmo reconheceu, não conhecia todos os detalhes, embora seja de conhecimento publico de que ele e o professor de Harvard são amigos.

Após telefonemas trocados entre as partes, foi sugerido por Crowley (o policial), um encontro dos três para uma cerveja da reconciliação. Mas, o que servir? Crowley prefere Blue Moon beer, Gates favorece a Red Stripe, enquanto o presidente já foi visto com uma Budweiser no “All-Star game”. Essa noite, juntamente com suas familias, espera-se que cheguem a um dominador comum.

Só nos resta esperar que, além de uma boa oportunidade para fotos, o diálogo entre os indivíduos envolvidos no caso e suas representações, os reponsáveis por aplicar a lei e as minorias, siga aberto e melhore.

Regina Soares, advogada, mora em Belmont, área da baia de San Francisco, Califórnia (USA).

ECONOMIA - O futuro mais além do varejo.

Carlos Lessa (Valor Econômico)

É alvissareira a notícia da recuperação das vendas de varejo. O IBGE atribui este desempenho ao fato de que a massa salarial está, neste ano, acima da verificada no mesmo período do ano passado, apesar de a taxa de desemprego ter aumentado. Foi notável o crescimento do varejo de eletrodomésticos, refletindo as isenções de IPI. É significativo que, no varejo, o segmento que permanece deprimido seja exatamente o dos estabelecimentos que vendem equipamentos e material para escritório, informática e comunicação; em maio deste ano permanecem 11% menores que em setembro de 2008. Este segmento tem nas empresas o mercado principal, o que indica a fraqueza relativa do investimento produtivo.

Em contraponto ao bom desempenho do varejo, temos um quadro desfavorável de contração de 27% da corrente de comércio brasileira em 2009. A soma de importações e exportações está 27% inferior à registrada no mesmo período em 2008. O superávit comercial caiu menos que as importações. Este é um resultado previsível com a continuidade da crise mundial e com a debilidade do investimento produtivo das empresas instaladas no Brasil.

Duas perguntas necessitam ser estrategicamente respondidas. A crise mundial será resolvida com rapidez por um G-20 efetivo ou o dinamismo mundial permanecerá com o `G-2` (binômio EUA-China)? Não é previsível nenhuma retomada próxima de dinamismo nos EUA. As famílias americanas estão contendo gastos e a evolução do déficit fiscal americano não poderá manter a taxa de crescimento de 2009. O crescimento chinês se alimentou do endividamento dos EUA. Ouvi de Antonio Napole a bela imagem de `irmãos siameses ligados pelo fígado` ao binômio EUA-China. Podem vir a se odiar, mas são inseparáveis em um horizonte previsível. Tanto na China quanto nos países de sua diáspora (Taiwan, Tailândia, Filipinas etc) estão instaladas milhares de filiais americanas. Sete mil na China, 1.800 somente em Hong-Kong. Taiwan é uma `maquila` mais relevante que a do México. Li sobre a estimativa que mais de 40% das exportações chinesas são realizadas por filiais americanas instaladas na China. O binômio estará por trás de uma lenta recuperação da economia mundial e a desordem financeira potencial poderá estourar outras `sub-bolhas` que não a do subprime imobiliário. A situação dos cartões de crédito nos Estados Unidos é extremamente inquietante.

A opção estratégica chinesa é estimular seu mercado interno. É fácil deduzir que procurará modificar a estrutura de suas reservas em títulos de dívida americana. A China tentará ocupar os vazios criados pela debilidade parcial dos Estados Unidos. Na África Subsaariana irão se multiplicar projetos de pacotes chineses e provavelmente será estimulada a constituição de uma nova diáspora chinesa na África. Angola, nação com petróleo, está recebendo uma onda de empresas chinesas apoiadas diretamente pelo Banco Industrial da China. Uruguai, Argentina e Chile são objeto de desejo para a China, os dois primeiros como ofertantes de alimentos e matérias primas agropecuárias e o Chile como uma nova plataforma para o Pacífico. É fácil entender a oferta chinesa de um pacote - que inclui mão-de-obra - para a construção de um novo túnel pelos Andes. O vácuo dos EUA seria o espaço para a ampliação da China e, se o Brasil não abrir os olhos, o sonho do Mercosul será mais um registro frustrado. Talvez a opção geopolítica da Argentina venha a ser a opção primário-exportadora para a China, em vez de ser como um Canadá sofisticado intimamente articulado com o Brasil.

O Brasil, com suas potencialidades, poderá, via estímulo de nosso mercado interno, consolidar o Mercosul. Para a Argentina, sofisticada prestadora de serviços, uma crescente interarticulação industrial Brasil-Argentina será altamente estimulante a opção de vir a ser o Canadá sul-americano. O crescimento do Brasil pelo mercado interno ampliará, de forma espetacular, o comércio brasileiro com a América do Sul.

O Brasil pode, pela economia do petróleo e por uma conversão radical de nossa matriz de transporte fazendo crescer as infraestruturas ferroviária e aquaviária como grandes troncos de integração brasileira e sul-americana, projetar um crescimento sustentado acima de 5% ao ano.

O Brasil tem a fantástica potencialidade de elevar substancialmente a produtividade macroeconômica pela matriz de transporte reduzindo o peso da modalidade rodoviária, e ampliar a disponibilidade de energia pro habitante sem escorregar para a opção etílica-petroleira, pois podemos dispor do crescimento da economia do petróleo sem expandir a termoeletricidade. Afinal, somos, dos grandes países, o único que dispõe de enorme potencial hidráulico como fonte de energia elétrica.

Não tem sentido tentar preservar o modelo de República Velha. O Brasil pode, com a industrialização retomada para o mercado interno, crescer sua pauta de exportação de produtos industrializados.

O sonho do G-20 talvez venha a se materializar em um futuro remoto, porém o Brasil pode retomar o desenvolvimento do passado e superar a mediocridade dos últimos 25 anos. A crise abriu janelas ideológicas para formularmos um projeto nacional não neoliberal.

Carlos Lessa é professor emérito de economia brasileira da UFRJ.

Publicado originalmente: Valor Economico - 29/07/09./AEPET

PETRÓLEO - Petrobrás no pré-sal e sem leilões.

Quem acompanha meu blog desde o início sabe que minha posição é pelo fim dos leilões, herança maldita da era FHC.

José Carlos Moutinho

(Correio da Cidadania)

De acordo com matérias da imprensa (30/07/09), a Petrobrás poderá vir a ser a operadora de todas as áreas ainda não licitadas do pré-sal, mesmo que perca nas licitações que serão realizadas pelo governo para compor o sistema de partilha de petróleo. A participação da Empresa poderá ser minoritária ou majoritária, de acordo com o nível de participação dela e de outras concorrentes na exploração dos campos. Estão sendo estudadas, pelo governo, três hipóteses que serão definidas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE): 1) dar aval para a Petrobrás levar integralmente uma determinada área; 2) a Petrobrás entraria na licitação com outros concorrentes e venceria a disputa, adquirindo o direito de exploração; e 3) mesmo que a Petrobrás não ganhe a licitação, ficaria com um percentual da exploração.

Segundo a imprensa, tais hipóteses privilegiam a Petrobrás, mas na verdade trata-se de uma `cortina de fumaça`. O que a sociedade brasileira tem clamado crescentemente é pelo fim dos leilões e que o governo contrate a Petrobrás para atuar integralmente no pré-sal, pois foi ela que correu todos os riscos exploratórios. E mais: pela Constituição, a União Federal pode contratar a Petrobrás para executar o monopólio do Estado sobre suas áreas estratégicas, como é o caso do pré-sal.

Um graúdo lobista vê perigo

Vendo tais discussões, o senhor David Zylbersztajn, genro do FHC, e que foi diretor da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e iniciou os absurdos leilões das nossas bacias sedimentares, em seu artigo intitulado `Perigo à vista para o futuro do pré-sal`, publicado no jornal Estado de S.Paulo (30/07/09), vê incertezas nos estudos do novo marco regulatório e faz sua surrada propaganda apátrida pela manutenção da Lei 9478/97 e, conseguentemente, a entrega de nosso petróleo às multinacionais. Disse: `Diante das incertezas, a única certeza é que, para essas descobertas feitas pela Petrobrás e diversas outras empresas, foi decisivo o papel da Lei 9478/97...`. E fechou um parágrafo, onde simultaneamente tenta mostrar-se na ofensiva, mas deixa escapar preocupação com o crescente descontentamento no Brasil pela manutenção da atual lei. Disse ele: `Gostem ou não gostem alguns, a lei é um sucesso. E, como a lei é um sucesso, querem mudar a lei`.

O ex-diretor da ANP esqueceu de mencionar que a Petrobrás havia requerido oito blocos na Bacia de Santos, em 1997, um deles o BS-300, onde a Petrobrás havia mapeado uma grande estrutura [1.000 km²], com objetivo principal no pré-sal, antes mesmo da criação da ANP ou da promulgação da Lei 9478/97. A Petrobrás foi obrigada, por força desta lei, a entregar de `mão beijada` para a referida agência reguladora, todo o seu acervo técnico. O geofísico João Victor Campos, diretor da AEPET (Associação dos Engenheiros da Petrobrás), em seu artigo `A verdadeira história do pré-sal`, publicado no Correio da Cidadania (24/06/09), destacou que `a exploração do Bloco BS-300 era uma proposta ousada, tanto em termos de lâmina d`água (mais de 2.000 m) como pela oportunidade de se conhecer convenientemente a seção rifte da bacia, após atravessar quase 2.000 m de seção evaporítica. Era uma nova fronteira exploratória e um grande desafio tecnológico`.

Conhecedora do potencial da área, a Petrobrás arrematou este bloco na 2ª Rodada de Licitações, no ano 2000, levou 5 anos estudando como transpor as dificuldades tecnológicas, passou um ano perfurando, gastou US$ 260 milhões e descobriu o pré-sal em 2006. O Prospecto chamou-se PARATY. Logo, a descoberta não foi fruto da fatídica Lei 9478. Toda a informação geológica/geofísica coligida, a interpretação e a própria escolha do ponto para perfurar o poço pioneiro, ressalte-se, ocorreu antes da promulgação da referida lei. A Petrobrás e o Brasil não devem nada à Lei 9478, ao governo FHC e muito menos ao Sr. Zylbersztajn.

O ex-diretor da ANP fez uma confusão mental sem mais tamanho. Primeiro, não são apenas `alguns` desejosos por mudanças na Lei 9478/97, mas milhares e milhares de brasileiros, conforme demonstra a vida real, notadamente nas crescentes mobilizações das entidades de petroleiros, dos estudantes [UNE, UBES entre outras], e demais entidades da sociedade brasileira. Tem sido crescente, também, o número de palestras realizadas por diversos especialistas, entre eles, o presidente da AEPET, Fernando Leite Siqueira, que tem viajado pelo País em defesa do pré-sal e da Petrobrás.

O genro do FHC não soube da notícia de grande importância: a formação, no Congresso Nacional, da Frente Parlamentar em Defesa da Petrobrás, que conta com mais de 300 integrantes, entre deputados e senadores. Então, o senhor David quer `vender` uma ficção como se fosse algo real, ao dizer que `alguns` querem mudar a referida lei.

Ele fecha um parágrafo externando uma contraditória opinião, ao dizer que querem mudar a lei por que ela é um sucesso. Como ele conseguiu tal façanha?... Existe um infalível ditado popular que diz: `Em time que está ganhando não se mexe`. Mas o senhor David pretende convencer os incautos que os defensores das mudanças na referida lei só querem fazer isso por inveja da `vitoriosa lei`. A questão é: vitória para quem? Para o País, com certeza não é. Certamente, a vitória que ele vislumbra tem a ver com a avalanche de empresas multinacionais que ingressou nas nossas bacias sedimentares, graças à Lei 9478.

Então, se a sociedade brasileira está vendo a necessidade de mudanças na referida lei, e até o retorno da Lei 2004/53, com certeza, tem a ver com `derrota` da Lei 9478, não o contrário. Derrota, pois esta lei compromete em muito o futuro do País no pré-sal, tendo em vista que dá posse do petróleo brasileiro às concessionárias, na sua imensa maioria multinacionais.

Assim, o genro de FHC tenta diminuir o fato de a sociedade brasileira não querer mais tolerar a perda de seus recursos estratégicos, consubstanciados agora no pré-sal. O Brasil não pode deixar escapar a chance de se tornar uma Nação desenvolvida, soberana e socialmente justa. O País tem em suas mãos a ferramenta estratégica para solucionar diversas pendências tecnológicas, geração de empregos, resolver o histórico atraso no campo social, modernizar nossas Forças Armadas entre outros itens de relevância.

No seu artigo, Zylbersztajn afirma, `en passant`, que, além da Petrobrás, outras empresas contribuíram nas descobertas, mas não cita nenhuma. Ele não se arriscou, é claro, pois foi a Petrobrás quem descobriu todas as áreas e correu todos os riscos exploratórios, iniciados com a histórica Lei 2004/53. É a realidade. A AEPET, por exemplo, defende que a Nação brasileira deva transformar, de fato e de direito, o petróleo do pré-sal em benefícios efetivos para o povo brasileiro, através da retomada da sua propriedade para a União Federal e a sua transformação em ponto de partida para o desenvolvimento da economia nacional.

José Carlos Moutinho (jornalista)

Publicado originalmente: Correio da Cidadania – www.correiocidadania.com.br
Fonte:AEPET

TWITTER - Nova página inicial.

Nova página inicial do Twitter privilegia busca dos usuários

Site destaca ainda tópicos mais populares por minuto, dia e semana.

Medida tenta reposicionar serviço para se aproximar de Google e Bing.

Com o lançamento de sua home repaginada na noite de terça-feira (28), o Twitter mostra, ao privilegiar o mecanismo de busca, que quer se firmar como uma sólida ferramenta de pesquisa em tempo real.

Tanto que a partir de agora, a página principal do popular serviço de microblog traz uma grande caixa de buscas, com a frase "See what people are saying about..." ("Veja o que as pessoas estão dizendo sobre ...", em português). A partir daí, o usuário pode digitar a palavra ou frase que quiser para encontrar os últimos 'tweets' mais relavantes sobre o assunto desejado.

"O Twitter passou de uma simples rede social para um novo tipo de comunicação e uma fonte valiosa de informação na hora certa", escreveu o cofundador do Twitter, Biz Stone, em post publicado no blog oficial do serviço.

"Temos muito trabalho a fazer em relação à qualidade dos nossos resultados de busca e análise de tendências, mas reposicionar o produto para dar maior ênfase à descoberta é um primeiro passo importante na apresentação do Twitter a um público mais vasto de pessoas ao redor do mundo que estão ansiosas para começar a interagir com novas pessoas, ideias, opiniões, eventos e fontes de informação", ressaltou Stone.

Além do mecanismo de busca, o serviço traz uma lista que mostra os tópicos mais populares do minuto, dia ou semana. Nesta quarta-feira (29), por exemplo, o termo "#mussumday" - criado pelos brasileiros em homenagem aos 15 anos de morte do humorista Mussum - é o segundo mais popular no site.
Fonte:FNDC

ANOS DE CHUMBO - Cabo Anselmo quer anistia.

Cabo Anselmo, o traidor, reaparece em SP e quer anistia

Um dos personagens mais mais vis e infames da história recente do Brasil, cabo Anselmo, deu ontem o último passo para voltar a ser José Anselmo dos Santos, nome de batismo do ex-marujo que precipitou a queda do governo João Goulart e marcou o início da ditadura militar (1964-85). Vivendo clandestino e sem documentos oficiais há 45 anos, quando foi preso e expulso da Marinha, Anselmo fez na 8ª Vara da Justiça Federal de SP exame para comparar suas impressões digitais com as que constam em documentos disponibilizados pela Força.


Este é o último passo do processo em que a União foi forçada, em dezembro, a apresentar dados que durante anos foram considerados desconhecidos. A Marinha disponibilizou ficha "individual datiloscópica" e um "prontuário de identificação".

A cópia de sua certidão de nascimento não foi encontrada nos arquivos da corporação nem no cartório de Itaporanga d'Ajuda, no interior de Sergipe, onde ele nasceu e foi registrado -por isso a perícia.

Em pouco mais de 40 minutos, Anselmo tirou suas impressões digitais. A conclusão -que vai dizer se a pessoa que fez a perícia é o cabo Anselmo- vai ser apresentada em 30 dias. Só depois ele poderá retirar novamente carteira de identidade, CPF e título de eleitor, e passará a ser o último dos beneficiados pela Lei de Anistia. Mas o homem que ficou conhecido como o grande traidor da esquerda, não quer apenas voltar a ter uma "vida normal". Ele também quer dinheiro. Aos 67 anos, Anselmo diz passar por dificuldades financeiras e, após reaver os documentos, ele espera receber uma indenização por parte do Ministério da Justiça, onde protocolou, em março de 2004, o pedido de reparação junto à Comissão de Anistia. Anselmo também se acha no direito de pleitear a indenização dada pelo governo aos perseguidos pela ditadura militar, entre os quais estão os familiares dos ativistas mortos, jornalistas, sindicalistas e opositores ao regime pós-64 que não puderam exercer a profissão ou sofreram perdas em função da condição política. Paulo Abrão, presidente da comissão, diz esperar a liberação dos documentos para o processo entrar em pauta.


"Estou tomando porrada há muito tempo", reclamou Anselmo à Folha de S. Paulo. "Esse pessoal da esquerda ainda inventa muita mentira", disse, tentando desqualificar as já muito conhecidas histórias sobre sua conduta de traidor durante o período da ditadura.

Trajetória manchada de sangue

Líder do protesto de marinheiros, evento que desencadeou a crise do término do governo de João Goulart, em 1964, Anselmo foi expulso da Marinha logo depois do golpe militar pelo crime de motim e revolta. Chegou a ser preso, mas fugiu e exilou-se no Uruguai e depois em Cuba, onde teria feito treinamento de guerrilha. Voltou ao Brasil em 1970 e ligou-se como membro atuante no movimento guerrilheiro. Acabou preso pelo famigerado delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Dops, de quem depois tornou-se protegido.

Nesse momento, a história muda e o militar passa a ser acusado de ter atuado como agente duplo infiltrando-se em grupos de esquerda. Logo depois da sua prisão, Anselmo teria mudado de lado e aceitado trabalhar para o regime, passando a trair seus antigos companheiros, entregando-os às forças legais. Infiltrou-se em grupos armados como a VPR, sendo envolvido no estouro de aparelhos de guerrilha e na prisão, tortura e morte de militantes comunistas.

Numa de suas chacinas, morreu sua esposa, com seu auxílio, a paraguaia Soledad Barret Viedma, que estava grávida do próprio há cinco meses e que Anselmo entregara aos órgãos repressivos. Soledad apareceu morta ao lado do feto.

O primeiro a escrever sobre Cabo Anselmo foi Marco Aurélio Garcia, atual chefe da assessoria especial do presidente Lula.

Depois de ter sido acusado de traidor, Anselmo desapareceu entre 1972 e 1973, quando então foi dado como morto, ou pelas forças de segurança da ditadura militar ou justiçado pelos guerrilheiros.

A dúvida desapareceu a partir do momento em que o Cabo Anselmo foi entrevistado pelo jornalista Octavio Ribeiro (Pena Branca), com sua publicação pela Revista Isto É, na edição de 28 de março de 1984.
Posteriormente foi entrevistado pelo jornalista Percival de Souza, em 1999.

Só reapareceu em 2004, para entrar com o pedido de Anistia. Há quem diga que o Serviço de Inteligência da Marinha lhe garantiu proteção, por ter sido agente duplo ajudando nas investigações, concedendo-lhe nova identidade.
Fonte:Site O Vermelho.

CARTA À TV BRASIL

Por Mário Augusto Jakobskind, 31.07.2009

Prezado Ouvidor da EBC,
Laurindo Leal Filho,

Desculpe a insistência, mas, creio, a questão do noticiário da TV sobre Honduras ainda não está totalmente esclarecida. A jornalista Helena Chagas se valeu de informação de uma fonte, a France Press, para assinalar que “a informação – de que na reforma constitucional que seria submetida a plebiscito, o presidente deposto incluria, sim, o direito à reeleição – foi um importante ingrediente a acirrar o clima de tensão que precedeu o golpe”.

Por esse argumento, fica claro que diretora de jornalismo deu crédito à France Press, não se valendo de outras fontes que desmentem essa afirmação que, repito, serve aos interesses dos golpistas. Pergunto: em que documento estava escrito a idéia da reeleição que serviu de pretexto público para o golpe, já que o verdadeiro motivo é parar a integração de Honduras com a Alba e América Latina?

O Manual de Jornalismo da Radiobras, página 59, no capítulo sobre a ética, no tópico sobre “Os limites da apuração”, item “e”, afirma :”A Radiobrás apura e veicula informações em primeira mão. Ela não divulga ou “repercute” manchetes publicadas em outros veículos. Porém, motivada por estas matérias, pode vir a apurar e publicar material próprio. Nestes casos, o crédito pelo material primário deve ser dado ao veículo que trouxe a notícia a público”.

Tem mais, na pg. 56, no tópico “Relação com o público”, item “c”, falando de “Precisão”, o Manual afirma: “O mais alto valor de qualquer empresa de comunicação é a credibilidade. Por isso, a precisão e a objetividade devem ser uma obsessão. A exatidão é obrigatória. Os dados devem ser atuais e checados. O repórter deve pesquisar o fato antes de sair para a cobertura. Deve ler o que de mais importante tiver sido publicado a respeito e pedir orientação aos editores e pauteiros. Quando erra, o jornalista põe em xeque não só a credibilidade da organização em que trabalha, mas também credibilidade dos colegas”

Neste caso, pergunta-se: por que a TV Brasil não informou aos telespectadores que a fonte da informação de que Zelaya pretendia uma reeleição ou perpetuar-se no poder como disseram outros veículos brasileiros, como a TV Globo, era apenas a France Press?

Insisto ainda e pergunto: Por que a TV Brasil não informou ao público que na Consulta Popular não vinculante que Zelaya pretendia fazer no dia 28 de junho ao povo hondurenho este tópico reeleição não constava do elenco de questões?

Por que a TV Brasil não informou ao público todo o teor das questões da Consulta Popular de 28 de junho interrompida bruscamente por um golpe militar com apoio do Judiciário e de parte do Parlamento?

Peço ainda que seja respondida a seguinte pergunta: por que a TV Brasil não informou ao seu público que entre as questões da Consulta Popular constava uma sobre a reforma do aeroporto de Tegucigalpa, afetando a atual disposição física da Base Militar de Soto Cano, controlada por forças militares dos EUA, ali estacionadas, ilegalmente?

Finalmente, por que a TV Brasil baseou-se apenas a informação da France Press e não divulgou também o contraditório com informações de outras agências de notícias como a Telam, a Telesur, a Prensa Latina?

Muitas outras perguntas poderiam ser acrescentadas, mas prefiro não fazê-las, por enquanto, deixando como última indagação a dúvida se a editoria internacional conhece a íntegra do texto da Consulta Popular que seria realizada em 28 de junho?

Por estas e muitas outras, repito, as dúvidas sobre a cobertura jornalística da questão hondurenha não foram devidamente respondidas pela jornalista Helena Chagas

E, como ainda está em tempo, sugiro que a TV Brasil consiga com o Embaixador de Honduras no Brasil o texto da Consulta Popular, na qual não constava nenhuma questão sobre reeleição, pretexto, vale sempre repetir, usado pelos golpistas, espalhado pela mídia e comprado inadvertidamente pela TV Brasil, contrariando ao seu próprio Manual de Jornalismo.

Se isso for feito ficará esclarecido de uma vez por todas a questão segundo a qual não constava a questão da reeleição de Zelaya no plebiscito que seria realizado a 28 de junho último.

Esperando que essa crítica construtiva ainda seja levada em conta pela digníssima diretora de jornalismo da TV Brasil, Helena Chagas,

Subscrevo-me,

Atenciosamente,

Mário Augusto Jakobskind
(telespectador que acompanhou e acompanha o noticiário da TV Brasil sobre o golpe em Honduras)

O DIA EM QUE A FOLHA E SERRA QUISERAM SARNEY NA PRESIDÊNCIA DO SENADO.

Grande contribuição do Blog do Saraiva 13, replicando esta informação que serve para refrescar a memória dessa oposição hipócrita e golpista.

www.saraiva13.blogspot.com/

From: valerio SANTIAGO
To: beatrice listas

De que lado ele está ? O que pensa esse rapaz ?

O Conversa Afiada publica comentário do amigo navegante Mauricio:

PHA veja só a reportagem que a FSP (Fazer Serra Presidente) publicou quando da eleição do Sarney para o Senado, prova que não apenas os senadores tucanalhas tem memória seletiva, mas também o próprio jornal…

Por Serra, oposição apoia Sarney no Senado

Extraído de: Folha Online - 22 de Janeiro de 2009

CATIA SEABRA
da Folha de S.Paulo

Interessados na adesão do PMDB à candidatura de José Serra ao Palácio do Planalto, o alto tucanato e o comando do DEM se mobilizam para fechar o apoio dos dois partidos à eleição de José Sarney (PMDB-AP) para a presidência do Senado.

Ontem mesmo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso telefonou para o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), defendendo a formalização de apoio ao peemedebista. “Vamos todos votar num candidato só″, disse Guerra, após reunião com o governador de Minas, Aécio Neves, defensor da eleição de Sarney.

Além da atuação de FHC, o ex-presidente do DEM Jorge Bornhausen (SC) visitou o senador Demóstenes Torres (GO), que se recupera de uma cirurgia em São Paulo, para consultá-lo sobre os rumores de que votaria no petista Tião Viana (AC). “Demóstenes está fechado com o DEM, que já manifestou apoio a Sarney”, assegurou Bornhausen.

No PSDB e no DEM, a avaliação é que a disputa no Senado atrai o PMDB para a candidatura Serra. Hoje, os Sarney representam um dos principais focos de resistência à aliança com o governador paulista, a quem atribuem as investigações da Polícia Federal que enterraram a candidatura de Roseana Sarney à Presidência em 2002. Na operação da PF, R$ 1,3 milhão em dinheiro foi apreendido na Lunus, empresa de Roseana.

Segundo Guerra, Serra disse que não pretende interferir na eleição no Senado. Mas, segundo tucanos, a omissão é tida como um gesto pró-Sarney. Já Aécio “manifestou simpatia” à candidatura do senador.

Segundo apoiadores de Sarney, ele está decepcionado com o presidente Lula, de quem esperava um apoio vigoroso. “Depois de tudo que Sarney fez por ele, eu acho que Lula deveria apoiá-lo”, disse o ex-governador Orestes Quércia (PMDB).

Na oposição, a intenção é explorar esse desgaste. Ontem, FHC recebeu de Guerra a informação de que a resistência a Sarney estaria localizada, sendo especialmente do senador Tasso Jereissati (CE). Hoje, Guerra se reúne com o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), para convocar uma reunião de bancada. Dela, deverá sair o apoio a Sarney.

“Quem lidera a articulação é o nosso líder. Mas reconheço que hoje há dificuldade de apoio ao PT”, disse Guerra.

No momento, Sarney conta com o apoio oficial do PMDB, do DEM e do PP, o que oficialmente lhe renderia 34 dos 41 votos necessários para a vitória.

Além do seu próprio partido, estão ao lado de Viana, PSB, PC do B, PRB, PR e PSOL. Ontem, ele ganhou o apoio do PDT. Somados esses partidos, ele estaria hoje com 26 votos. O PDT também anunciou ontem que na Câmara apoiará o candidato Michel Temer (PMDB-SP).

Petistas afirmam que o acordo entre PMDB e PT para eleger Temer está mantido. “A ação do PT será para honrar o acordo. Mas o voto é secreto”, disse Ideli Salvatti (PT-SC).

Segundo ela, o partido tem “a compreensão” de que o Lula “não tem a menor condição” de intervir na disputa no Senado.

Mas disse: “As informações que nos chegam são as de que [Lula] ficou profundamente contrariado [com o gesto de Sarney]“.

Prévias tucanas

Na conversa de ontem com Guerra, Aécio consultou o senador sobre a conveniência de viajar pelo país. Estimulado, deverá se dedicar à agenda de viagens a partir de abril.

Após o encontro, Guerra disse que o PSDB só não fará prévias para definir seu candidato a presidente caso haja um consenso entre Serra e Aécio.

Colaboraram LETÍCIA SANDER, ADRIANO CEOLIN e MARIA CLARA CABRAL, da Folha de S.Paulo, em Brasília, e BRENO COSTA, da Agência Folha

(*)Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele acha da investigação, da “ditabranda”, do câncer do Fidel, da ficha falsa da Dilma, de Aécio vice de Serra, e que nos anos militares emprestava os carros de reportagem aos torturadores.

MERECE REFLEXÃO.

Que interesses econômicos se movem por detrás da gripe suína???

No mundo, a cada ano morrem milhões de pessoas vitimas da Malária que se podia prevenir com um simples mosquiteiro.

Os noticiários, disto nada falam!

No mundo, por ano morrem 2 milhões de crianças com diarreia que se poderia evitar com um simples soro que custa 25 centavos.

Os noticiários, disto nada falam

Sarampo, pneumonia e enfermidades curáveis com vacinas baratas, provocam a morte de 10 milhões de pessoas a cada ano.

Os noticiários, disto nada falam

Mas há cerca de 10 anos, quando apareceu a famosa gripe das aves, os noticiários mundiais inundaram-se de noticias.

Uma epidemia, a mais perigosa de todas. Uma Pandemia! Só se falava da terrífica enfermidade das aves.

Não obstante, a gripe das aves apenas causou a morte de 250 pessoas, em 10 anos ou 25 mortos por ano. A gripe comum mata por ano meio milhão de pessoas no mundo. Meio milhão contra 25.

Um momento, um momento. Então, por que se armou tanto escândalo com a gripe das aves?

Porque atrás desses frangos havia um "galo", um galo de crista grande: a farmacêutica transnacional Roche com o seu famoso Tamiflu vendeu milhões de doses aos países asiáticos. Ainda que o Tamiflu seja de duvidosa eficácia, o governo britânico comprou 14 milhões de doses para prevenir a sua população.

Com a gripe das aves, a Roche e a Relenza, as duas maiores empresas farmacêuticas que vendem os antivirais, obtiveram milhões de dólares de lucro.

-Antes com os frangos e agora com os porcos.

-Sim, agora começou a psicose da gripe suína. E todos os noticiários do mundo só falam disso...

-Já não se fala da crise econômica, nem dos torturados em Guantânamo.

-Só a gripe dos porcos...

-E eu me pergunto: se atrás dos frangos havia um "galo"; atrás dos porcos não haveria um "grande porco"?

A empresa norte-americana Gilead Sciences tem a patente do Tamiflu. O principal accionista desta empresa é nada menos que um personagem sinistro, Donald Rumsfeld, secretário da defesa de George Bush, artífice da guerra contra Iraque...

Os accionistas das farmacêuticas Roche e Relenza estão esfregando as mãos, estão felizes pelas suas vendas novamente milionárias com o duvidoso Tamiflu.

A verdadeira pandemia é de lucro, os enormes lucros destes mercenários da saúde.

Não nego as necessárias medidas de precaução que estão a ser tomadas pelos países.

Mas se a gripe suína é uma pandemia tão terrível como anunciam os meios de comunicação; se a Organização Mundial de Saúde (conduzida pela chinesa Margaret Chan) se preocupa tanto com esta enfermidade, por que não a declara como um problema de saúde pública mundial e autoriza o fabrico de medicamentos genéricos para combatê-la?

Prescindir das patentes da Roche e Relenza e distribuir medicamentos genéricos gratuitos a todos os países, especialmente os pobres. Essa seria a melhor solução.

PASSEM ESTA MENSAGEM POR TODOS OS LADOS, COMO SE TRATASSE DE UMA VACINA, PARA QUE TODOS CONHEÇAM A REALIDADE DESTA "PANDEMIA".

Pois os meios de comunicação naturalmente divulgam o que interessa aos patrocinadores, não aos ouvintes e leitores.

A BANALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA NO CAMPO.

Do Correio da Cidadania*

Os jornais contabilizam onze assassinatos de sem terra em conflitos fundiários em vários estados do país no que vai de 2009. A sociedade nem se importou. Onze mortes e nem sequer um ato ecumênico foi realizado para marcar o episódio e estigmatizar uma vez mais o regime vigente.

Esse tipo de insensibilidade foi objeto da atenção de Hannah Arendt. Em um estudo que ela chamou de "banalização do mal".

De fato, a sociedade brasileira acostumou-se com as violências contra os sem terra e com a impunidade dos criminosos. Cinco mortos em um mês constituem apenas uma alteração de grau. Provavelmente resultado da mudança total de orientação do governo Lula em relação à reforma agrária.

Mas, na essência, o problema é o mesmo: o Estado brasileiro é contra a Reforma Agrária. Se para barrá-la for preciso aterrorizar os sem terra, isto será feito sem a menor dificuldade. Cientificamente.

Um velho e sofrido dirigente do MST definiu claramente essa situação. Ele disse mais ou menos o seguinte: "Nós nos habituamos a considerar o Estado brasileiro um aliado da reforma agrária. Estávamos enganados: esse Estado é contra a reforma agrária."

De fato, tivemos a tendência de valorizar exageradamente a influência da massa popular na constituição do Estado que temos hoje e que batizamos, nos anos oitenta, com o nome de "Aliança Democrática". Na verdade, a participação popular nos comícios das Diretas-Já foi importante, decisiva mesmo. Contudo, o povo não teve forças para levar o processo avante, até a institucionalização de uma verdadeira democracia, traído que foi pelas forças do centro político.

A conciliação "por cima" - centro, militares e direita - definiu o caráter do novo regime institucional: uma democracia restrita, legalmente apetrechada para impedir o crescimento do poder popular.

Entretanto isto não ficou claro para a esquerda, o que ajudou a criar na massa a idéia de que o Estado é aliado do povo. O fracasso da reforma agrária mostra agora o quanto essa idéia era equivocada.

A vivência do velho dirigente sem terra permitiu-lhe perceber essa dura realidade antes que os políticos da esquerda se dessem conta dela.

Onze mortes e nenhuma reação da opinião pública. Nem sequer um Ato Ecumênico. Essa é a dura realidade a desafiar todos nós nestes tempos de dubiedades e incertezas.

(Este texto foi publicado em 29/7/2009 como editorial do Correio da Cidadania)
Fonte:MST

RIO AMAZONAS EXISTE HÁ 11 MILHÕES DE ANOS.

Uma equipe internacional de cientistas descobriu que o Rio Amazonas, com seus sistema de drenagem transcontinental, tem cerca de 11 milhões de anos, e assumiu seu curso atual há 2,4 milhões de anos.

A notícia é do portal do jornal O Estado de S. Paulo, 30-07-2009.

A pesquisa - uma colaboração entre a Universidade de Liverpool (Inglaterra), de Amsterdã (Holanda) e a Petrobrás - analisou material sedimentar escavado em dois fossos perto da foz do rio e do chamado leque amazônico, uma coluna submarina de sedimentos de 10 km de espessura.

Explorações realizadas pela Petrobrás levaram à perfuração de fossos perto da foz do rio - um deles chegando a 4,5 km abaixo do nível do mar - o que levou à coleta de amostras que permitiram novas análises de sedimento e paleontologia.

O estudo foi publicado na edição deste mês da revista científica Geology.
Fonte:IHU

MEIO AMBIENTE - Energia:Sol da África para eletrificar a Europa.

Doze companhias alemãs uniram-se para implementar o ambicioso plano de cobrir, até 2020, pelo menos 15% da demanda de eletricidade da Europa com usinas termosolares instaladas na África setentrional. Entre essas empresas signatárias da Iniciativa Industrial Desertec estão as maiores firmas alemãs em vários setores: bancário (Deutsche Bank), seguros (Muenchener Rueca), elétrico (E.on e RWE) e o gigante da eletrônica Siemens. Elas planejam investir cerca de 400 bilhões de euros (US$ 560 bilhões) em instalações e na modificação da matriz energética européia, de modo a permitir a chegada de eletricidade através do mar Mediterrâneo. As centrais termosolares também forneceriam energia para a África setentrional.

A reportagem é de Julio Godoy, da IPS e publicada pela Envolverde, 30-07-2009.

O plano responde a estudos realizados pelo Clube de Roma, uma organização independente dedicada ao fomento do desenvolvimento, e ao estatal Centro Aeroespacial Alemão. Na promoção e implementação do projeto teve papel fundamental a Fundação Desertec, integrada por personalidades da Europa, do Maghreb e do Oriente Médio, dedicada a desenvolver mecanismos sustentáveis de produção e fornecimento de energia para essas regiões. “Queremos lançar uma sociedade de risco compartilhado e criar planos concretos para a Desertec nos próximos dois ou três anos”, disse à IPS o diretor da Muenchener Rueck, Torsten Jeworreck.

“A energia solar limpa é o futuro da Siemens”, disse o gerente-geral da companhia, Peter Loescher, no mês passada em uma entrevista coletiva. “Nossa empresa, e toda a economia, será mais verde após encerrada” a atual crise econômica. A Siemens “participará ativamente” da Iniciativa Industrial Desertec, acrescento. “As catástrofes ambientais causadas pela mudança climática são, no longo prazo, um problema maior do que a atual crise financeira”, disse Jeworrek. “Nossas estatísticas sobre seguros das últimas décadas dizem que as catástrofes crescem entre 3% e 4% a cada ano”, acrescentou.

Estimativas de especialistas alemães em energia indicam que a eletricidade produzida na África setentrional poderia custar cerca de 0,06 euros por quilowatt/hora. Em outras fontes, o custo atual varia de 0,025 a 0,05 euros. “Praticamente, todos os especialistas concordam que o preço da eletricidade aumentará nos próximos anos”, disse à IPS Bernd Schuessler, da revista alemã Photon, especializada em energia. O Centro Aeroespacial Alemão e o Clube de Roma calcularam que um investimento de 400 bilhões de euros nos programas da Desertec podem conseguir a instalação de uma capacidade de produção elétrica de 100 gigawatts até 2050.

Esta relação entre custo e beneficio é extremamente vantajosa em relação, por exemplo, com a de Olkiluoto 3, uma central nuclear em construção na Finlândia que custará 5 bilhões de euros e terá capacidade de gerar 1,6 gigawatts. O custo não inclui o manejo dos lixo radioativo nem de outras dificuldades técnicas próprias dos reatores nucleares. O custo estimado das centrais termosolares noMaghreb inclui uma rede subterrânea de cabos de alto rendimento através do mar Mediterrâneo. “Em distancias de 500 ou 600 quilômetros, os cabos custam apenas entre 10% e 20% mais do que a rede aérea e não emitem radiação eletromagnética”, segundo o Centro Aeroespacial.

Especialistas e ativistas ambientalistas aplaudiram a iniciativa Desertec. “O projeto é uma das respostas mais inteligentes aos problemas ambientais e econômicos de nosso tempo”, disse à IPS Andree Boehling, especialista em energia do Greenpeace Internacional. “Ao que parece, uma parte importante do empresariado alemão se deu conta de que é hora de ampliar o uso das fontes renováveis de energia e de dizer adeus aos combustíveis fósseis e às centrais nucleares”, acrescentou. Segundo o ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Signar Gabriel, o projeto é “uma excelente idéia, tanto por suas implicações na política energética européia quanto em seu caráter de programa de desenvolvimento para a África setentrional”.

As centrais termosolares, em uso comercial desde 1985, usam espelhos e lentes de aumento para concentrar a energia solar de modo a aumentar a temperatura da água em recipientes e produzir eletricidade com a passagem do vapor resultante através de turbinas. O calor residual do processo de produção de eletricidade “pode ser usado para retirar o sal da água marinha”, disse o Clube de Roma. “Se for produzida mais energia de origem solar do que a consumida durante o dia, o excedente pode ser armazenado em baterias e usado durante a noite”, acrescentou. “As turbinas também funcionam com gás natural, por isso podem fornecer eletricidade sem interrupção em períodos em que o clima não é propício” para produzir com a luz solar, afirma o estudo do Clube de Roma.

O projeto beneficiará as duas regiões, disse à IPS Franz Trieb, do Centro Aeroespacial. “Não será uma nova colonização energética do mundo árabe”, afirmou. “Pelo contrário, ajudará os Estados da África setentrional e do Oriente Médio a cobrir sua crescente demanda com recursos renováveis e próprios”. O projeto da Desertec não está livre de críticas. O legislador social-democrata alemão Hermann Schee, também presidente do Conselho Mundial para as Energias Renováveis, o considera “outro supérfluo gerado gigante”. Scheer prefere apoiar a instalação de usinas solares e eólicas de pequeno porte.

“O fator decisivo na avaliação econômica das fontes renováveis de energia não é a razão entre eletricidade produzida e intensidade da fonte, mas entre a produção e o investimento”, disse o legislador. Segundo Scheer, uma simples operação aritmética mostra que “uma rede descentralizada de pequenos geradores solares e eólicos é mais eficiente do que projetos maiores, devido ao menor custo do transporte da eletricidade” através dos cabos. Os já numerosos geradores solares de eletricidade instalados na Alemanha “podem competir com a energia solar do deserto do Saara. Neste país estamos a ponto de reduzir ainda mais os custos através da instalação de painéis solares em tetos e fachadas de edifícios”, acrescentou.

Desde outro ponto de vista, o projeto Desertec é “excessivamente caro”, segundo Lars Josefsson, gerente-geral da Vantenfall, uma das principais companhias de energia da Europa, e assessor da Organização das Nações Unidas e da chanceler alemã, Angela Merkel. Os custos do transporte da energia do Maghreb até a Europa através do Mediterrâneo “seriam muito elevados. Para mim, o projeto não é viável”, afirmou Josefsson.
Fonte:IHU

HONDURAS - Bloco europeu deve proibir a entrada de golpistas.

Bloco europeu deve proibir hoje a entrada de golpistas em seu território

A União Europeia deve proibir o ingresso de membros do governo de facto de Honduras em seu território. Segundo informou ontem o chanceler da Espanha, Miguel Ángel Moratinos, a decisão deve ser tomada pelo Conselho Político Europeu, que se reúne hoje em Bruxelas. Ela segue a mesma linha da medida adotada pelos EUA, que suspenderam na terça-feira os vistos de quatro representantes do governo do presidente de facto, Roberto Micheletti, para pressionar pelo retorno do presidente deposto, Manuel Zelaya.

A reportagem é de Denise Chrispim Marin e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 31-07-2009.

Em reunião em Brasília com o chanceler brasileiro, Celso Amorim, Moratinos defendeu a ideia do presidente venezuelano, Hugo Chávez, de convocar o Grupo do Rio para aumentar a pressão sobre os golpistas em Honduras. Criado em 1986, o Grupo do Rio agrega 20 países latino-americanos e caribenhos e atuou na solução de vários conflitos na região, como a guerra entre Peru e Equador, em 1995.

Apesar da falta de resultados do diálogo mediado pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias, e das resoluções da Organização dos Estados Americanos (OEA), o chanceler espanhol considera positivo o fato de a comunidade internacional ter mantido seu repúdio ao golpe em Honduras, exigindo o retorno de Zelaya à presidência sem aceitar condições do governo de facto. "Nunca vi um golpe de Estado ter recebido uma reação tão unânime", afirmou. "A comunidade internacional tem de continuar unida."

Ainda ontem, uma fonte ligada a Micheletti disse que o presidente de facto estaria disposto a discutir a volta de Zelaya, mas uma série de condições teriam de ser cumpridas para persuadir empresários e outros setores sociais a aceitar uma proposta nesse sentido. Micheletti pediu ontem o envio a Honduras de uma comissão mediadora para retomar as negociações.

Segundo a imprensa nicaraguense, Zelaya se reuniu, em Manágua, com emissários dos EUA, entre eles Hugo Llorens, embaixador americano em Tegucigalpa. Micheletti qualificou a reunião de "intromissão". Zelaya disse que denunciará os golpistas no Tribunal Penal Internacional por crimes de lesa humanidade.

O Congresso de Honduras adiou para segunda-feira sua resposta sobre a proposta de acordo de Arias, que inclui uma anistia política, a volta de Zelaya ao poder, a formação de um governo de conciliação e a antecipação em um mês das eleições gerais de novembro.

Segundo o presidente do Congresso, Alfredo Saavedra, a decisão foi adiada para que seja realizada uma rodada de consultas com instituições e setores da sociedade civil hondurenha.

Pelo menos 6 pessoas ficaram feridas e 88 foram detidas ontem quando a polícia dispersou seguidores de Zelaya que bloqueavam uma estrada perto de Tegucigalpa. Um dos feridos levou um tiro na cabeça.
Como se Honduras não estivesse mergulhada em uma de suas piores crises políticas, após o golpe de Estado de junho, os dois principais candidatos presidenciais preparam a todo vapor suas campanhas para as eleições de novembro, cuja validade está em dúvida.
Fonte:IHU

A.L. - Brasil, Espanha e Chile contra bases dos EUA na Colômbia.

Ao final de reuniões bilaterais realizadas ontem em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente do Chile, Michelle Bachelet, convocaram uma reunião do Conselho de Defesa da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) para o dia 10 de agosto, em Quito, a fim de analisar a presença militar dos Estados Unidos em bases da Colômbia. Eles se posicionaram contra a instalação de bases americanas naquele país, tema que tem gerado conflitos entre os presidentes colombiano, Álvaro Uribe, e venezuelano, Hugo Chávez. Por sua vez, a Espanha decidiu unir-se ao Brasil no questionamento a Washington sobre as bases.

A reportagem é de Adauri Antunes Barbosa, Carolina Brígido, Eliane Oliveira e Janaína Figueiredo e publicada pelo jornal O Globo, 31-07-2009.

Em entrevista coletiva concedida ontem, depois do Seminário Empresarial Brasil-Chile, na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Lula disse que não quer se envolver em assuntos do presidente Uribe porque não gostaria que ele desse palpite em assuntos de seu governo.

— A mim não me agrada mais uma base norte-americana na Colômbia, mas como eu não gostaria que Uribe desse palpite nas coisas que faço no Brasil, prefiro não dar palpite sobre as coisas de Uribe. Vamos conversar pessoalmente porque nós temos liberdade e confiança para ter um diálogo livre e aberto — disse ele, que anteontem recebeu um telefonema de Chávez para conversar sobre o tema.

A presidente chilena concordou com a afirmação de Lula:

— Certamente muitos países estão inquietos com essa situação.

Lula também quer reunião com EUA sobre Quarta Frota

Lula disse também que o governo brasileiro terá de se reunir com o presidente dos EUA, Barack Obama, para discutir a questão da Quarta Esquadra americana, reativada no ano passado para atuar nas Américas do Sul e Central. Ele lembrou que já havia feito um pedido ao então presidente George W. Bush para debater o assunto.

— Mandamos uma carta dizendo que nós não víamos com bons olhos a ideia da Quarta Frota porque me parece que a linha territorial dela é quase que em cima do nosso pré-sal — afirmou, observando que a questão deve ser debatida “com muito cuidado” para não gerar conflitos entre países.

Por sua vez, autoridades do governo chavista solicitaram à Organização dos Estados Americanos (OEA) — um dia depois de o secretário-geral, José Miguel Insulza, ter pedido à Venezuela que evite a adoção de medidas drásticas contra a Colômbia — que analise o acordo militar entre Bogotá e Washington.

Caracas também defendeu um debate sobre o possível entendimento no âmbito da Unasul e do Grupo do Rio.

— Se o acordo for assinado, nossa relação (com a Colômbia) nunca mais poderá ser a mesma — declarou o embaixador venezuelano em Bogotá, Gustavo Márquez.

Na visão do governo Chávez, o eventual acordo entre a Colômbia e os EUA é “ofensivo” para a região, sobretudo para os países andinos. Longe de explicar como armas suecas compradas pela Venezuela na década de 80 chegaram às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), segundo denunciou segunda-feira o governo Uribe, as autoridades chavistas insistiram em questionar os entendimentos de Uribe com os EUA.

— (O acordo) Poderia permitir que os EUA utilizassem essas bases (militares) para lutar contra o que eles considerarem terrorismo ou o que eles definem como eixo do mal — afirmou o embaixador chavista.

Apesar do pedido de organizações internacionais e governos estrangeiros, a Venezuela não parece disposta a recuar em sua decisão de congelar o relacionamento político, econômico e comercial com a Colômbia.

O assunto das bases também foi tema de conversas na quartafeira e ontem entre autoridades brasileiras e o chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos, em visita ao Brasil. Segundo um influente diplomata que participou das discussões, o governo brasileiro está preocupado com as consequências do tratado em regiões próximas à fronteira com o Brasil.

Decisão dos EUA seria surpresa negativa com Obama O Itamaraty já deu instruções aos embaixadores na Colômbia e nos EUA para que consigam o máximo de informações a respeito do acordo. Ontem, ao lado de Moratinos, o chanceler Celso Amorim afirmou que a situação é preocupante.

— A Colômbia explicou que as bases serão administradas por autoridades colombianas.

Mas sempre é algo que desperta alguma preocupação (a presença de bases estrangeiras), porque vivemos num continente pacífico.

A avaliação geral é que o presidente Barack Obama surpreendeu a todos negativamente com o acordo. Isto porque Obama tem defendido a pacificação na região.

A iniciativa Brasil-Espanha, que querem mais informações da Casa Branca sobre o acordo, pode ser ampliada com a inclusão de outros países da região.

— Esperamos evitar uma militarização na América Latina — enfatizou Moratinos.
Fonte:IHU

quinta-feira, 30 de julho de 2009

EUA - As opções muito limitadas de Obama.

Durante as últimas semanas, a atenção mundial esteve concentrada no Irão, onde houve um enorme conflito sobre as contestadas eleições presidenciais. Parece agora bastante claro que Mahmoud Ahmadinejad tomará posse como o próximo presidente do Irão com o pleno apoio do ayatollah Ali Khamenei. O presidente Barack Obama tem sofrido pressões consideráveis, principalmente das forças conservadoras dentro dos Estados Unidos, para assumir uma posição "mais dura" sobre as eleições iranianas.

Ao mesmo tempo, ao que parece, ele tem recebido conselhos opostos de Pequim. M.K. Bhadrakumar1 disse que Pequim alertou para a possibilidade de "deixar o génio da mobilização popular sair da garrafa, numa região altamente volátil que está à espera de explodir." O mau exemplo de Pequim é a Tailândia, um país que não é dos mais importantes para a maioria dos comentadores e políticos americanos.

Seja como for, não é de todo claro o que quer dizer assumir uma posição "mais dura", mas parece evidente que Obama foi cauteloso nas suas declarações públicas. Vejam o que tem ocorrido neste mesmo período. Em 24 de Julho, a Casa Branca anunciou que se prepara para reenviar um embaixador para a Síria, desfazendo uma decisão de há quatro anos do presidente Bush. E, em 25 de Junho, o presidente Hugo Chávez da Venezuela anunciou que o seu país e os Estados Unidos vão reenviar os seus embaixadores, os mesmo que tinham sido declarados persona non grata nos últimos dias da administração Bush.

Há quem se pergunte o que sentiu Obama quando leu as transcrições das gravações do presidente Nixon, que foram tornadas públicas a 23 de Junho. Entre outras coisas, estas fitas revelam uma conversa que Nixon teve com o secretário de Estado Henry Kissinger em 20 de Janeiro de 1973, sobre um acordo que os Estados Unidos estavam à beira de concluir com o governo do Vietname do Norte. Nixon e Kissinger viam-no como um acordo para salvar a face, que permitiria aos Estados Unidos uma retirada "com honra" da guerra, sabendo que, depois de uma "pausa decente", o acordo resultaria numa vitória militar do Viet Minh.

Eles tinham um pequeno problema. Havia resistências ao acordo, por motivos óbvios, do presidente Nguyen Van Thieu, do Vietname do Sul. A discussão Nixon-Kissinger era sobre como lidar com este problema. Kissinger disse que o problema era se Thieu "vai deixar-nos assinar" o acordo. Nixon disse: "Deixar-nos... ha ha". Nixon prosseguiu dizendo que Kissinger tinha de dizer a Thieu que os EUA "cortariam as verbas de assistência" se ele se recusasse a alinhar. Continuou: "Não sei se a ameaça vai muito longe ou não, mas eu não faria nada... cortaria a cabeça dele, se necessário."

A única coisa que Obama sabe é que já não é realmente possível para o presidente dos Estados Unidos cortar a cabeça de ninguém, inimigo ou aliado, que o desafie. Já em Julho de 2007, Obama mostrou compreensão desta nova realidade, quando respondeu a uma entrevista durante a campanha presidencial. A questão era: "Está disposto a encontrar-se separadamente, sem pré-condições, durante o primeiro ano da sua administração, em Washington ou qualquer outro lugar, com os líderes do Irão, Síria, Venezuela, Cuba e Coreia do Norte?" Resposta: "Estou." Foi atacado imediatamente pela sua rival democrata nas primárias, Hillary Clinton, que o acusou de "ingenuidade". Agora é Hillary Clinton, como secretária de Estado de Obama, que está a cumprir o compromisso.

A verdade é que Obama não tem muita escolha. Não parece haver formas práticas que lhe permitam "cortar a cabeça" de Ahmadinejad, Chávez, Assad, Castro ou Kim Jong-Il. E não são só estas as cabeças que ele não pode cortar. Não pode afastar o primeiro-ministro de Israel, Nethanyau, do cargo. Também não pode fazer o Hamas desaparecer de Gaza. Sarkozy, Merkel, Putin, e Hu Jintao parecem todos bastante seguros nas suas posições. A verdade é que Obama vai em breve descobrir, se não o fez já, que não há muito que possa fazer em relação ao primeiro-ministro Nouri al-Maliki do Iraque, apesar de ser provável que al-Maliki se distancie cada vez mais da política dos EUA.

Que pode então um pobre presidente fazer? Refugiar-se na famosa citação do presidente John F. Kennedy, uma citação que Obama fez mais que uma vez: "Não devemos nunca negociar por medo, mas nunca devemos ter medo de negociar." Isto não quer dizer que o presidente dos Estados Unidos seja impotente. Significa apenas que o melhor que pode fazer é negociar, ao mesmo tempo que se esquiva das críticas em casa.

No fundo, Obama partilha a preocupação de Pequim - não deixar o génio da mobilização popular sair da garrafa, porque o mundo de hoje é altamente "volátil" - e nenhum governo pode estar seguro do que vai acontecer. Governos, de todos os géneros, podem fazer concessões a mobilizações populares. Mas governos, de todos os géneros, não estão realmente dispostos a submeter as suas políticas e o seu poder às reivindicações populares.

Immanuel Wallerstein
Fonte:Esquerda.net

HONDURAS - Porta-vozes nativos do golpe.

A mídia hegemônica brasileira tem adotado um comportamento esquizofrênico na cobertura do golpe militar de Honduras. Diante da deposição do presidente democraticamente eleito do país, Manuel Zelaya, ela até criticou os métodos truculentos utilizados e condenados pela comunidade mundial. Nas primeiras semanas do trágico atentado à democracia neste sofrido país da América Central, os jornalões e emissoras de televisão até se referiram aos golpistas como “golpistas”, o que poderia indicar certo apego da mídia hegemônica à democracia.

Com o passar do tempo, porém, ela suavizou as críticas ao golpe. O governo ilegal passou a ser chamado de “interino”. Os ataques ao presidente deposto, à vítima, aumentaram. Já os protestos diários contra os golpistas, inclusive a recente greve geral organizada pelas três centrais sindicais do país, desapareceram dos jornais e telejornais. A violência dos “gorilas”, que já resultou várias mortes, também foi ofuscada. Já as minguadas marchas da “elite racista” favoráveis aos militares estão estampadas nas capas dos jornalões e nas telinhas da TV. É como se a mídia hegemônica torcesse pelo sucesso do golpe de Estado, mas sem poder confessar o seu crime.

Colunistas escancaram o instinto golpista

O apoio mais desavergonhado ao golpe fica por conta dos colunistas bem pagos destes veículos. Eles escancaram o instinto golpista dos seus patrões e são até mais realistas do que o rei. Alguns são deprimentes, como a dupla de fascistóides da revista Veja, que desde o início defende de forma apaixonada os “gorilas” de Honduras. Outros ainda não são tão desgastados e risíveis. É o caso de Igor Gielow, articulista da Folha de S.Paulo, que na sua coluna de opinião desta semana afirmou que os culpados pelo golpe em Honduras são... Hugo Chávez e a diplomacia brasileira.

O “complexo” colunista chega a relativizar o fato de que houve um golpe militar em Honduras. Afinal, alega, “os ‘golpistas’, como são chamados os que estão no poder em tese até a realização de novas eleições, têm respaldo da Justiça e do Legislativo”. Ele também elogia os EUA, “que começam a desembarcar da manada por Zelaya. Se isso ocorrer, o Itamaraty perderá o argumento do consenso”. Para o advogado dos golpistas, “a cooptação de Zelaya por Chávez” é que gerou o impasse e a diplomacia brasileira contribuiu neste desfecho ao fazer “vista grossa ao chavismo”.

Os “amigos” de Augusto Nunes

Outro colunista que forja argumentos para defender os “gorilas de Honduras” é Augusto Nunes, que recentemente deixou a diretoria-executiva do Jornal do Brasil para trabalhar no setor digital da Veja. No seu blog, ele deixa explícito que apóia os golpistas por discordar dos que defendem o retorno do presidente deposto. Direitista convicto, ele mente e ataca de forma grotesca todos os movimentos sociais e partidos de esquerda que se opõem ao golpe em Honduras:

“A UNE, fábrica de carteirinhas que dão direito à meia-entrada, é monitorada por militantes do PCdoB, que prega a instauração da ditadura do proletariado... ‘Em nome da democracia’, que sempre menosprezou por ser coisa de burguês, a UNE exige a volta de Zelaya à presidência de Honduras. O MST faz de conta que luta pela reforma agrária para declarar guerra ao sistema capitalista... ‘Em nome da liberdade’ que sempre menosprezou por ser coisa de reacionário, a sigla fora-da-lei exige a volta de Zelaya ao emprego que perdeu... O PT está sob o controle de remanescentes dos grupos extremistas que embarcaram na luta armada contra o regime militar... Hoje no PT, os nostálgicos dos anos de chumbo também exigem a volta de Zelaya. “Em nome da democracia”, claro. A soma dessas más companhias não permite afirmar que o novo chefe de governo de Honduras é o homem certo. Mas é mais que suficiente para convencer até um bebê de colo de que Manuel Zelaya é o homem errado”.

Noutro texto hidrófobo, ele critica o governo Lula por liderar a reação latino-americana ao golpe. Para o porta-voz nativo dos “gorilas” hondurenhos, o presidente é “amigo” dos esquerdistas. “Ele solta a voz em palanques na Venezuela como cabo eleitoral do farsante Hugo Chávez, que vai progressivamente exterminando a imprensa independente e os governos de oposição. Promove a guerreiros da selva os narcoterroristas das Farc. Faz concessões pusilânimes para manter nas alcovas do palácio o paraguaio Fernando Lugo, um laureado reprodutor de batina. Aumenta a ração de alpiste do pintassilgo amestrado Celso Amorim para que o Itamaraty afague a Coréia atômica... Finge enxergar uma Cuba livre na ilha reduzida pelos irmãos Castro a filme de época sobre a Guerra Fria, produzido, dirigido e protagonizado por napoleões de hospício. Para Lula, todo regime liberticida, visto de perto, é democrático. Só não há democracia em Honduras”.

Haja reacionarismo. Com colunistas deste tipo, os barões da mídia podem até fingir neutralidade diante do violento golpe em Honduras. Basta dar alguns trocados e um pouco de status! O escritor Victor Hugo costumava se dirigir a estas figuras deprimentes de forma apropriada: "Calma, calma, você vai ganhar o seu osso".
Blog do Miro

LIVRO "A DITADURA DA MÍDIA"

Rovai resenha “A ditadura da mídia”

O jornalista Renato Rovai, editor da revista Fórum, é um ativo militante pela democratização dos meios de comunicação. Integrante do grupo executivo do Fórum de Mídia Livre, ele percorre o país estimulando a construção de veículos contra-hegemônicos e denunciando o papel nefasto da chamada “grande imprensa”. Autor do livro “Midiático poder: o caso Venezuela e a guerrilha informativa”, ele conhece este poder e suas vulnerabilidades. Rovai publicou no seu blog uma carinhosa resenha do livro A ditadura da mídia. Agradeço seus comentários e reproduzo-os:

“Seja duro e não ligue para a ternura”

O escritor português António Lobo Antunes esteve na última Feira Literária de Paraty e disse que quando recebe livros de amigos, treme. É sempre difícil avaliar o trabalho de alguém com quem se tem uma relação pessoal amistosa. Até porque ninguém publica algo que considera ruim. Sendo assim, espera elogios e louvores quando apresenta a obra à avaliação.

Altamiro Borges me enviou A Ditadura da Mídia (editado pela Anita Garibaldi na Coleção Vermelho) quando ainda o preparava. Seu email começava assim: “Estou concluindo um modesto livrete sobre A ditadura da mídia”. E finalizava: “envio para sua leitura (...), lembrando Che Guevara: seja duro e não ligue para a ternura”.

Em meio à correria, liguei para o Miro (assim o chamo) quando o prazo expirou. Desculpei-me por não poder colaborar. Recentemente recebi o livro pronto e mesmo sabendo da capacidade de Miro, tremi. Segui o conselho de António Lobo Antunes, abri o livro devagar, olhei o índice, folheei umas páginas e só depois engatei a leitura. E o fiz de uma vez só. Quase 70% enquanto voava de Brasília a São Paulo. E o resto no taxi de Congonhas à minha residência.

“O rinoceronte e o batalhão de marimbondos”

Desconheço no Brasil um trabalho com o fôlego de pesquisa deste A Ditadura da Mídia que organize de maneira tão sintética o problema da disputa midiática atual. Até por isso, disse ao Miro que acho o título da obra um tanto enganador.

Ele trata de uma batalha, de uma disputa, de uma luta entre aqueles que têm construído um novo patamar na democratização das comunicações e, ao mesmo tempo, denuncia as corporações midiáticas e suas mazelas. Ou seja, não fala de uma ditadura, mas de um conflito.

Até acho que é um conflito assimétrico. Algo como um exército tradicional e um bando meio desorganizado, mas ao mesmo tempo relativamente eficiente de guerrilheiros. Ou como prefiro, entre alguns rinocerontes e um batalhão de marimbondos.

No primeiro capítulo, “Poder mundial a serviço do capital e das guerras”, ele nos compila uma série de dados sobre a estrutura midiática global destacando alguns países como Estados Unidos, Itália e Espanha. Sem exagerar, diria que é um curso sobre a forma como atualmente funcionam e se organizam as corporações midiáticas.

Descobre-se, entre muitas outras importantes revelações, que no país de Carla Bruni os donos da mídia estão ligados à indústria bélica. E que “nos últimos três anos os jornais americanos perderam 42% do valor de mercado” e “menos de 20% dos estadunidenses acreditam no noticiário jornalístico — número que despencou 27% em cinco anos”. Curiosamente para confirmar o meu questionamento sobre o título da obra, o último parágrafo deste capítulo começa com o seguinte tópico frasal: “A ditadura da mídia como se vê não é inabalável.”

Os golpismos dos veículos midiáticos

“A mídia na Berlinda na América Latina Rebelde” e “A concentração sui generis e os donos da mídia no Brasil”, capítulos 2 e 3, fazem um balanço bastante interessante de como os grupos midiáticas tradicionais e decadentes contribuíram para a construção de ditaduras no continente e depois “se travestiram de democratas e passaram a pregar o receituário neoliberal”. Mas ao final deles, Miro também faz um balanço dos avanços obtidos. Diz, por exemplo, no segundo capítulo, que a eleição de “governantes progressistas (...) tem impulsionado a luta pela democratização da comunicação e o florescimento dos meios alternativos.” E apresenta o cenário atual nessa área em vários desses países vizinhos.

Além de artigos escritos pelo autor e publicados principalmente no site Vermelho, há ainda outros dois capítulos “De Getúlio a Lula, histórias da manipulação da imprensa” e “Outra mídia é urgente: as brechas da democratização”. O primeiro é um registro notável de casos vergonhosos de golpismos envolvendo veículos midiáticos brazucas. Se ainda fosse professor universitário, indicaria a leitura deste livro para os meus alunos, mas se fosse professor de história da imprensa ou algo semelhante, os “obrigaria” a lerem este capítulo. É excelente. As “peripécias” desses veículos nunca foram contadas, que me recorde, com tamanha independência.

A luta pela democratização da mídia

No último capítulo são abordadas questões que estarão em jogo e em debate na Conferência Nacional da Comunicação. É importante porque também é uma proposta a partir da visão do autor do que deveria ser priorizado pelo movimento social neste momento.

Fico feliz por poder dizer sem titubear que o livro do colunista da Fórum e meu amigo Miro é muito bom. Recomendo a leitura tanto para iniciados como para iniciantes no tema. E digo mais, é um livro que tem potencial para fazer história. Como outro livro lançado como “livrete” e que virou best-seller: O Brasil Privatizado.

Antes de lançá-lo, Aloysio Biondi me enviou os originais e falou algo parecido, “não é um livro, é um livreto”. São dois trabalho com estilos diferentes, mas toques semelhantes.

Além do que no momento atual é tão ou mais importante para a democracia brasileira discutir a democratização da mídia quanto naquele período foi debater e denunciar as privatizações.
Blog do Miro.

ESCOLA PÚBLICA VIRA ALOJAMENTO DE ESCRAVOS.

Essa entra para a lista dos absurdos que só o Brasil sabe fazer. Dois adolescentes, que deveriam estar na escola, eram escravizados tendo como “senzala” uma… escola!

Fiscais do trabalho de São Paulo, acompanhados de procuradores do trabalho, libertaram 20 pessoas da escravidão (dos quais, dois jovens com 17 anos) em Mogi Guaçu (SP). Eles foram trazidos do Norte de Minas Gerais pelo arrendatário da fazenda Graminha, Roque Pimenta, para colher tomate sob a promessa de um emprego e boas condições de serviço.

Não receberam salários, apenas vales para serem trocados no mercado de um amigo. Quem gastasse menos, não tinha direito ao troco em dinheiro. Como não possuíam recursos para voltar a Minas, ficavam na fazenda. Agrotóxicos eram aplicados sem nenhuma proteção especial. E a jornada de trabalho começava às 6h e terminava às 22h.

OK, isso já aconteceu outras centenas de vezes no Brasil, infelizmente. O absurdo da vez foi que o empregador alojou o pessoal em uma escola pública desativada, com fiação elétrica exposta e esgoto correndo a céu aberto. Mesmo depositando o pessoal nessas condições, disse que cobraria aluguel pela hospedagem.

A prefeitura havia feito um contrato com Pimenta para que ele usasse a casa dos fundos da escola em troca de manutenção do local. A escola Fazenda Graminha foi cedida pelo Estado para o município há nove anos. Agora, o contrato será cancelado e a prefeitura estuda entrar com um processo contra o empregador. O prédio foi lacrado e a secretaria fará um estudo sobre a possibilidade de reativar a escola. Incrível! Discute-se a “possibilidade”…

E, para completar, nossa reportagem apurou que Pimenta faltou à audiência com os membros do Ministério do Trabalho e Emprego e do Ministério Público do Trabalho - organizada para que ele pagasse o montante devido aos seus empregados. Os procuradores acionaram o proprietário da terra para arcar com a responsabilidade sobre o pagamento.
Blog do Sakamoto.

O MAIOR DRAMA HUMANITÁRIO CONTEMPORÂNEO.

Emir Sader

Semanalmente chegam às costas espanholas embarcações dos tipos mais elementares, de africanos tentando chegar a território europeu, na busca de alguma forma de trabalho para poderem sobreviver em condições menos penosas que as enfrentam nos seus países de origem. Uma proporção grande deles já chega morta, pelas difíceis condições da travessia pelo mar.

Todos são devolvidos para seus países. Nem sequer se têm a estatística de quantos chegaram, quantos morreram, o que passou com os que foram devolvidos a seus países.

A situação é clara: africanos, vitimas do colonialismo europeu e do imperialismo contemporâneo, buscam formas de sobrevivência nos países ricos, que se enriqueceram na base da exploração colonial e da escravidão. Países onde impera o racismo, que se consideram “civilizados”, porque mais ricos, justamente porque exploraram os que consideram “bárbaros”.

A mão de obra imigrante lhes interessa para as tarefas em que não há nacionais dispostos a trabalhar, especialmente a construção civil, a limpeza de ruas, o trabalho doméstico. Se interessam mais pelos latinoamerianos, porque brancos, católicos, que falam espanhol. Mesmo durante o período de crescimento da economia, rejeitavam os africanos. Agora, com a lei que Evo Morales chamou de “lei da vergonha”, estabelecem cotas para expulsão de imigrantes.

A situação dos africanos é, de longe, a pior. Tentam formas de chegar a território europeu, em condições de extremo risco, com a esperança de conseguir formas de sobrevivência e poder mandar alguns recursos para as famílias. Quando não morrem, são tratados da pior forma possível, rejeitados e depositados nas costas da Africa de volta. Nem sequer há estatísticas sobre quantos chegam semanalmente, menos ainda sobre quantos e quais morreram. Não se sabe tampouco o que se faz com seus corpos – dos já milhares de cadáveres deste ano, por exemplo.

Acaba de suceder de novo algo similar com imigrantes haitianos, tentando chegar aos EUA. A precária embarcação afundou, varias dezenas morreram, em caso similar ao dos africanos na Europa.

Responsáveis pela miséria a que ficaram relegados os países africanos e vários da América Latina, os países do centro do capitalismo – todos ex-potências coloniais e atuais potências imperialistas e globalizadoras – continuam a exploração desses países, interessando-se apenas pelas riquezas naturais que possuam, sem fazer nada para que melhore substancialmente as condições de vida – emprego, habitação, saúde, saneamento básico – das suas populações que tentam emigrar para fugir das condições a que são submetidas nos seus próprios países.

Atualmente, a piora da situação dos trabalhadores imigrantes, aos que se tenta fazer passar como responsáveis pelo desemprego, é ainda mais injusta, porque a crise foi produzida justamente pelos países do centro do capitalismo, os que os utilizaram quando necessitavam de mais mão de obra e agora os rejeitam e expulsam. São tratados da forma que o capitalismo trata os trabalhadores – como mercadoria descartável.

Na Espanha e nos EUA, de forma mais direta, quem sustentou o boom econômico que desembocou na crise atual foi a indústria da construção, com mão de obra imigrante. A crise afeta particularmente o setor, que rejeita e expulsa quem sustentou o crescimento durante vários anos.

Países de onde vieram tantas levas de imigrantes para os países latinoamericanos, onde nunca foram rejeitados, que agora se interessam pela livre circulação de capitais e mercadorias, mas não de trabalhadores, aplicam aos originários dos países que foram colonizados por eles, a discriminação e a rejeição. Não se sentem responsáveis pela situação dos países que exploraram e ainda exploram.

Enquanto países como o Brasil legalizam a situação de milhões de estrangeiros, os países europeus e os EUA tomam atitude oposta, revelando o grau de desumanização a que seus governos e populações chegaram. Porque não é um caso de escândalo, de indignação e de medidas de emergência. Quem se identifica com eles são alguns governos dos países da periferia, que sabem o que foi o colonialismo, o que é o imperialismo e a globalização, o que é a discriminação e capitalismo.
Blog do Emir

ESCLARECIMENTOS DA MONSANTO.

Por considerarmos o blog um espaço democrático, estamos publicando os esclarecimentos da Monsanto ao artigo que replicamos aqui, sobre a postura dessa empresa face a cartilha do MAPA, e que foram mandados para o meu e-mail.


Posicionamento Monsanto – Cartilha MAPA


Por conta dos recentes boatos que têm circulado na internet, sobre uma possível ação judicial da Monsanto contra campanha educativa coordenada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) sobre os benefícios de alimentos livres de agrotóxicos, a Monsanto esclarece que eles não procedem e que desconhece a origem dessa informação. A empresa reafirma o respeito pela liberdade de opinião, expressão e escolha do mercado, instituições e empresas pela utilização de culturas convencionais, geneticamente modificadas ou orgânicas. A Monsanto se orgulha de ser líder em biotecnologia agrícola e acredita profundamente nos benefícios das culturas geneticamente modificadas, que têm potencial para ajudar a aumentar a produção de alimentos, com menos recursos naturais e, ainda, melhorar a vida de agricultores em todo o mundo.

VIZINHOS INQUIETOS.

Mauro Santayana

É provável que o Brasil esteja tomando providências diplomáticas (e também militares) diante de novos problemas em nossa fronteira norte. A Colômbia abre o seu território para mais bases americanas. Em suas relações com Washington, o governo de Bogotá não cede às exigências do Norte: oferece-se pressurosamente como vassalo incondicional. Entre outros preitos de subordinação, a Colômbia aceita extraditar para os Estados Unidos os seus próprios cidadãos, quando acusados de tráfico de entorpecentes pela polícia americana. Não de todos os que traficam, mas daqueles que não fazem parte dos grupos associados ao poder.

Neste momento, a pretexto de que foram encontradas armas compradas pela Venezuela em mãos dos guerrilheiros das Farc, a Colômbia abre nova frente de hostilidades com o governo de Caracas. Ao mesmo tempo, usa de argumento semelhante contra o Equador, o de que os guerrilheiros colombianos teriam financiado a eleição de Rafael Correa. Em resposta, o governo de Chávez congela suas relações com o vizinho ocidental. Se fosse só isso, teríamos que nos preocupar, mas há também o problema hondurenho, com a probabilidade de conflito fronteiriço com a Nicarágua, se não houver saída pacífica para o retorno de Zelaya ao poder.

No confronto entre a Venezuela de Chávez e a Colômbia de Uribe, embora o intercâmbio comercial entre os dois países desaconselhe uma ruptura, as diferenças políticas parecem insuperáveis. O governo de Bogotá se escora em Washington, e continua tendo poderosa aliada na senhora Clinton, cujo marido instituiu o Plano Colômbia, de assistência financeira e militar. O objetivo era o de combater as Farc, embora o pretexto envolvesse o combate às drogas. Recorde-se que, ainda na pré-campanha eleitoral, a postura com relação à Colômbia dividiu os dois candidatos democratas. Obama, atendendo à pressão dos sindicatos, que denunciavam a violação de direitos humanos naquele país, prometia não incluí-lo, de pronto, no Tratado de Livre Comércio – e Hillary anunciava a intenção de manter relações especiais com Uribe.

A situação na América Central, e em sua projeção amazônica, põe à prova a nova política hemisférica anunciada pela Casa Branca. Até o momento, no caso de Honduras, a posição parece firme, não obstante sinais recentes do Departamento de Estado, indulgentes com os golpistas. Há inquietadoras informações de que a campanha contra Zelaya foi alimentada com recursos da United Fruit (hoje, Chiquita) que continua explorando o povo da América Central desde o século 19 – braço da gigante United Brands Company. A grande empresa, dona de ferrovias, portos, frotas mercantis, sempre manteve seus trabalhadores em semiescravidão, subornando exércitos e governos locais. Seu poder na formulação da política do Departamento de Estado é bem conhecido. E seus interesses não se limitam ao centro do continente. Hoje, com a diversidade dos produtos que a United Brands explora, eles avançam pela Colômbia, pelo Equador e pelo Peru. A empresa financiou as milícias de extrema-direita da Colômbia, responsáveis por milhares de assassinatos, de tal maneira ostensiva que o próprio governo americano a multou em 25 milhões de dólares.

São conhecidos os esforços de nossa diplomacia a fim de impedir o conflito aberto entre a Colômbia e a Venezuela, a Colômbia e o Equador. Restaura-se doutrina antiga do Itamaraty – abandonada durante parte do governo militar – de preservar boas relações com todos os vizinhos, não obstante o regime político que prefiram. Se fazemos mais negócios com a Venezuela, isso decorre das circunstâncias de geopolítica econômica. Como o mais importante país industrializado do continente e dispondo de poderosa produção agropecuária, é normal que atendamos às necessidades de seu mercado.

Essa atitude, que os oposicionistas brasileiros, em seu interesse político interno, contestam, também explica a decisão de aumentar substancialmente o pagamento anual ao Paraguai, pelo uso da energia de Itaipu que aquele país não consegue consumir. Para o Brasil – que cometeu, com os militares, o erro de anexar o país vizinho à sua ilharga, ao localizar a represa onde a localizou – o preço não é alto. Mas o Paraguai, se souber usar o dinheiro, resolverá alguns de seus gravíssimos problemas sociais.

O fato é que tudo o que ocorrer ao nosso lado repercutirá no Brasil – e devemos nos acautelar.
Fonte:JB