Lula e Dilma jogaram Meirelles para escanteio e ele agora ameaça se unir a Ricardo Teixeira para gerenciar a Copa.
Carlos Newton
Henrique Meirelles é a grande incógnita do momento. Está desesperado e deprimido, não sabe o que fazer da vida. É um pobre menino rico, que agora não sabe se permanece como um dos principais nomes da organização dos Jogos Olímpicos Rio 2016 ou se aceita o convite do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para ser o gerente da Copa de 2014.
Atualmente, ele apenas representa a União no Conselho da Autoridade Pública Olímpica, um colegiado sem estrutura que jamais se reuniu. É muito pouco para um homem que sonhava com a Presidência da República, caiu na lábia de Lula e hoje se vê perdido e sem destino.
Milionário, ex-presidente mundial do Bank Boston, que lhe paga régia aposentadoria, em 2002 Meirelles deslumbrou-se com a política, filiou-se ao PSDB, gastou uma fortuna na campanha para se eleger o deputado federal mais votado de Goiás (teve 183 mil votos), primeiro passo de sua escalada para a Presidência da República.
Porém, jamais tomou posse como deputado. Querendo passar uma imagem de austeridade para a comunidade financeira internacional, Lula convidou-o para suceder Armínio Fraga como condutor da política monetária. Meirelles aceitou e foi um dos principais responsáveis por ajudar o país a enfrentar a quebradeira generalizada de 2008.
Em 2010, o PTB de Roberto Jefferson ofereceu-lhe a legenda para concorrer ao Planalto, e o PP acenou que seria possível uma aliança. Mas Meirelles não resistiu aos argumentos de Lula, filiou-se ao PMDB para tentar ser vice de Dilma Rousseff. Enredou-se nas armadilhas internas do partido e perdeu a disputa para Michel Temer.
No desespero, espalhou que gostaria de ser ministro da Casa Civil, mas Antonio Palocci foi escolhido. Depois, Palocci caiu e ele nem foi lembrado. Ficou mesmo no ostracismo, junto com Ciro Gomes, outro que caiu na lábia de Lula. Hoje, são dois perdidos numa noite suja, como na peça de Plínio Marcos.
Fonte: Tribuna da Internet.
Carlos Augusto de Araujo Dória, 82 anos, economista, nacionalista, socialista, lulista, budista, gaitista, blogueiro, espírita, membro da Igreja Messiânica, tricolor, anistiado político, ex-empregado da Petrobras. Um defensor da justiça social, da preservação do meio ambiente, da Petrobras e das causas nacionalistas.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
POLÍTICA - Sarney na berlinda.
Deputado protesta no Maranhão contra os xingamentos a Sarney no Rock in Rio.
Carlos Newton
Sempre aparece alguém para defender José Sarney. Desta vez, foi o deputado estadual Magno Bacelar (PV-MA), vice-líder do governo da Roseana Sarney (PMDB) na Assembleia Legislativa do Maranhão. Em discurso da tribuna, ele reclamou que “muitos dos metaleiros” que foram ao Rock in Rio e xingaram o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), durante o show da banda Capital Inicial, são “drogados e maconhados”.
Inflamado na defesa de Sarney, Bacelar informou ao plenário que vai propor uma moção de repúdio contra a banda por ter dedicado a música “Que País é Esse” ao presidente do Senado. Enquanto a canção era executada, era possível ouvir o público gritando: “Ei, Sarney, vai tomar no c…”.
Segundo o deputado, “muitos dos metaleiros vão ali drogados, maconhados e, de certa forma, é uma pequena minoria da população, 100 mil habitantes, para se utilizar da boa vontade das pessoas ali presentes”, disse, salientando que os xingamentos aconteceram em ambiente “onde tem criança, tem jovem, tem tudo”.
Após o candente discurso em plenário, o deputado afirmou à agência de notícias oficial da Assembleia Legislativa do Maranhão que a moção de repúdio também será destinada diretamente ao cantor da banda, Dinho Ouro Preto. “Este cidadão, alterado sabe-se lá por quais motivos, disparou vários palavrões não apenas contra o presidente Sarney, mas também contra o público. Foi uma total falta de respeito, de educação. Diante deste fato, irei, sim, apresentar uma moção de repúdio contra este cantor”, afirmou Bacelar.
Bacelar é o mesmo parlamentar que havia alegado que Sarney “não é uma pessoa qualquer” no episódio em que o senador foi flagrado utilizando um helicóptero da polícia do Maranhão em viagens particulares em fins de semana. Naquela ocasião ele questionou: “Queria que o presidente [Sarney] fosse andar de jumento? Enfrentar um engarrafamento?”.
Carlos Newton
Sempre aparece alguém para defender José Sarney. Desta vez, foi o deputado estadual Magno Bacelar (PV-MA), vice-líder do governo da Roseana Sarney (PMDB) na Assembleia Legislativa do Maranhão. Em discurso da tribuna, ele reclamou que “muitos dos metaleiros” que foram ao Rock in Rio e xingaram o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), durante o show da banda Capital Inicial, são “drogados e maconhados”.
Inflamado na defesa de Sarney, Bacelar informou ao plenário que vai propor uma moção de repúdio contra a banda por ter dedicado a música “Que País é Esse” ao presidente do Senado. Enquanto a canção era executada, era possível ouvir o público gritando: “Ei, Sarney, vai tomar no c…”.
Segundo o deputado, “muitos dos metaleiros vão ali drogados, maconhados e, de certa forma, é uma pequena minoria da população, 100 mil habitantes, para se utilizar da boa vontade das pessoas ali presentes”, disse, salientando que os xingamentos aconteceram em ambiente “onde tem criança, tem jovem, tem tudo”.
Após o candente discurso em plenário, o deputado afirmou à agência de notícias oficial da Assembleia Legislativa do Maranhão que a moção de repúdio também será destinada diretamente ao cantor da banda, Dinho Ouro Preto. “Este cidadão, alterado sabe-se lá por quais motivos, disparou vários palavrões não apenas contra o presidente Sarney, mas também contra o público. Foi uma total falta de respeito, de educação. Diante deste fato, irei, sim, apresentar uma moção de repúdio contra este cantor”, afirmou Bacelar.
Bacelar é o mesmo parlamentar que havia alegado que Sarney “não é uma pessoa qualquer” no episódio em que o senador foi flagrado utilizando um helicóptero da polícia do Maranhão em viagens particulares em fins de semana. Naquela ocasião ele questionou: “Queria que o presidente [Sarney] fosse andar de jumento? Enfrentar um engarrafamento?”.
POLÍTICA - Refloresce a rosa socialista.
Vinte anos depois, refloresce a rosa socialista às margens do Sena.
Pedro do Coutto
Exatamente isso. Vinte anos depois, como no romance em que Alexandre Dumas pai encerrou a saga eterna dos Mosqueteiros, a rosa vermelha dos socialistas renasce na França e floresce de novo às margens do Sena. A rosa da esperança, como a definiu na sucessão de 75 o pensador católico Alceu Amoroso Lima, na etapa final de sua vida mais cristão do que católico, num belo artigo no Jornal do Brasil.
Foi fantástica como O Globo destacou na edição de segunda-feira a vitória nas urnas comunais de domingo a vitória do Partido Socialista. Basta dizer que conquistou 23 ou 24 das 27 cadeiras em jogo. O noticiário deixou leve dúvida quanto ao número exato.De qualquer forma, os socialistas assumiram a maioria do Senado, algo que não sucedia desde 1965. Pelo telefone, a analista política Tatiana Martins Pedro do Coutto, minha filha e de Elena, disse na manhã de segunda-feira que empolgado com o desfecho, praticamente uma prévia indicativa de relativo peso para as eleições presidenciais de 2012, o PS ai realizar sua consulta interna para escolher qual será seu candidato a enfrentar Nicolas Sarkozy e Marine Le Pen.
Segundo a bela reportagem de O Globo, praticamente uma página inteira, os favoritos são François Hollande e Marine Aubry. De acordo com as pesquisas, François Hollande está popularmente mais forte.O Partido Socialista, historicamente aliado aos Verdes e ao Partido Comunista, que já foi forte na França mas hoje está fraco, de 65 anos para cá somente uma única vez não foi ao segundo turno. Quando Chirac se reelegeu no ano de 2000. A final foi entre ele e Jean Le Pen, direitista como sua filha, Marine, candidata agora em seu lugar.
Uma explicação: os socialistas disputaram com Lionel Jospin, que fora primeiro ministro de Jacques Chirac. Como poderia representar uma posição de reforma contra o governador conservador do qual fez parte? Com Jospin fora da disputa, o Partido Socialista optou por Chirac contra Le Pen. Assegurou a vitória da Unidade Movimento Popular (UMP) e assim evitou a derrota total.
Seja como for, está fora do poder desde a reeleição de Mitterrand em 1988. Ele havia perdido para De Gaulle no segundo turno em 65, derrotado por Giscard D’Estaing em 75, vitorioso sobre o mesmo Giscard em 82. Na primeira derrota para D’Estaing a diferença foi de 0,6%. Na revanche, venceu por 3 pontos, diferença considerável em matéria de eleições francesas. Ao se reeleger, em 88, ganhou disparado: 7 pontos sobre Chirac.
Em 75, Amoroso Lima escrevia: Giscard era o candidato do presente, Mitterrand o do futuro, o direitista Chalban, o do passado. A rosa vermelha permaneceu dois mandatos nos jardins do Palácio Eliseu. François Mitterrand , vítima de câncer, seguiu para a eternidade. O PS perdeu o rumo com Jospin e não conseguiu retomá-lo com Segolene Royal. Porém a ex-esposa de Hillande foi ao segundo turno.
Agora o desgaste de Nicolas Sarkozy é muito grande. Em março, quando eu e Elena estivemos em Paris, o jornal Liberation publicou pesquisas apontando para ele uma rejeição de 71%. Muito alta. Já no mês passado, talvez em função de gravidez da Carla Bruni, a desaprovação desceu para 66 pontos. Difícil reverter. As eleições são em maio. O segundo turno, quase certo, será no final desse mês ou no início de junho.
Encontrando a unidade, tudo leva a crer que o PS vai subir no embate e ganhar nas urnas, a menos que François Hollande não esquente a campanha. Vê-se agora que o terceiro postulante do PS, Strauss Kahn, no episódio de Nova Iorque jogou sua candidatura no colo da camareira Tesifou. Coisas do destino, coisas da política. Não foi o primeiro, não deverá ser o último.Vejam só o exemplo de Gary Hart, nos EUA, em 84. Um encontro em Washington com Dona Rice e lá se foi a escalada para chegar à Casa Branca. Surpresa? Nem tanto. Antes de todos eles, e até de Jesus Cristo, Cleópatra arrebatou a paixão de dois imperadores: Júlio Cesar e Marco Antonio.
Fonte: Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
Exatamente isso. Vinte anos depois, como no romance em que Alexandre Dumas pai encerrou a saga eterna dos Mosqueteiros, a rosa vermelha dos socialistas renasce na França e floresce de novo às margens do Sena. A rosa da esperança, como a definiu na sucessão de 75 o pensador católico Alceu Amoroso Lima, na etapa final de sua vida mais cristão do que católico, num belo artigo no Jornal do Brasil.
Foi fantástica como O Globo destacou na edição de segunda-feira a vitória nas urnas comunais de domingo a vitória do Partido Socialista. Basta dizer que conquistou 23 ou 24 das 27 cadeiras em jogo. O noticiário deixou leve dúvida quanto ao número exato.De qualquer forma, os socialistas assumiram a maioria do Senado, algo que não sucedia desde 1965. Pelo telefone, a analista política Tatiana Martins Pedro do Coutto, minha filha e de Elena, disse na manhã de segunda-feira que empolgado com o desfecho, praticamente uma prévia indicativa de relativo peso para as eleições presidenciais de 2012, o PS ai realizar sua consulta interna para escolher qual será seu candidato a enfrentar Nicolas Sarkozy e Marine Le Pen.
Segundo a bela reportagem de O Globo, praticamente uma página inteira, os favoritos são François Hollande e Marine Aubry. De acordo com as pesquisas, François Hollande está popularmente mais forte.O Partido Socialista, historicamente aliado aos Verdes e ao Partido Comunista, que já foi forte na França mas hoje está fraco, de 65 anos para cá somente uma única vez não foi ao segundo turno. Quando Chirac se reelegeu no ano de 2000. A final foi entre ele e Jean Le Pen, direitista como sua filha, Marine, candidata agora em seu lugar.
Uma explicação: os socialistas disputaram com Lionel Jospin, que fora primeiro ministro de Jacques Chirac. Como poderia representar uma posição de reforma contra o governador conservador do qual fez parte? Com Jospin fora da disputa, o Partido Socialista optou por Chirac contra Le Pen. Assegurou a vitória da Unidade Movimento Popular (UMP) e assim evitou a derrota total.
Seja como for, está fora do poder desde a reeleição de Mitterrand em 1988. Ele havia perdido para De Gaulle no segundo turno em 65, derrotado por Giscard D’Estaing em 75, vitorioso sobre o mesmo Giscard em 82. Na primeira derrota para D’Estaing a diferença foi de 0,6%. Na revanche, venceu por 3 pontos, diferença considerável em matéria de eleições francesas. Ao se reeleger, em 88, ganhou disparado: 7 pontos sobre Chirac.
Em 75, Amoroso Lima escrevia: Giscard era o candidato do presente, Mitterrand o do futuro, o direitista Chalban, o do passado. A rosa vermelha permaneceu dois mandatos nos jardins do Palácio Eliseu. François Mitterrand , vítima de câncer, seguiu para a eternidade. O PS perdeu o rumo com Jospin e não conseguiu retomá-lo com Segolene Royal. Porém a ex-esposa de Hillande foi ao segundo turno.
Agora o desgaste de Nicolas Sarkozy é muito grande. Em março, quando eu e Elena estivemos em Paris, o jornal Liberation publicou pesquisas apontando para ele uma rejeição de 71%. Muito alta. Já no mês passado, talvez em função de gravidez da Carla Bruni, a desaprovação desceu para 66 pontos. Difícil reverter. As eleições são em maio. O segundo turno, quase certo, será no final desse mês ou no início de junho.
Encontrando a unidade, tudo leva a crer que o PS vai subir no embate e ganhar nas urnas, a menos que François Hollande não esquente a campanha. Vê-se agora que o terceiro postulante do PS, Strauss Kahn, no episódio de Nova Iorque jogou sua candidatura no colo da camareira Tesifou. Coisas do destino, coisas da política. Não foi o primeiro, não deverá ser o último.Vejam só o exemplo de Gary Hart, nos EUA, em 84. Um encontro em Washington com Dona Rice e lá se foi a escalada para chegar à Casa Branca. Surpresa? Nem tanto. Antes de todos eles, e até de Jesus Cristo, Cleópatra arrebatou a paixão de dois imperadores: Júlio Cesar e Marco Antonio.
Fonte: Tribuna da Internet
HAITI - Manifestações pedem saída das tropas da Minustah.
Protestos no Haiti pedem saída de missão liderada pelo Brasil
Manifestações pedem saída das tropas da Minustah, chefiada pelo Exército brasileiro. Conselho de Segurança decide até próximo dia 15 futuro da missão de estabilização no Haiti. Protestos marcados para esta quinta-feira.
A reportagem é de Nádia Pontes e publicado pelo sítio Deutsche Welle, 28-09-2011.
À medida que o dia 15 de outubro se aproxima, aumenta a tensão no Haiti. Nesta data, o Conselho de Segurança das Nações Unidas vai decidir sobre a permanência da missão de estabilização no país caribenho, liderada pelo Exército brasileiro.
Nas ruas, protestos pedem a saída imediata da Minustah, abreviatura do nome oficial da missão. Para esta quinta-feira (29/09), movimentos sociais anunciaram uma nova manifestação conta os chamados capacetes azuis. "Somos radicalmente contra a Minustah. Não queremos os soldados aqui. Queremos que se rompa essa cadeia de dependência que já dura oito anos", disse à Deutsche Welle Joseph Jacques Hebreux, um dos organizadores dos protestos.
Hebreux é um dos fundadores do Bri Kouri Nouvèl Gaye, grupo criado por haitianos após o forte terremoto em janeiro do ano passado, que reúne movimentos de base, como o estudantil e o camponês. Com ajuda de doadores, a iniciativa publica mensalmente um jornal popular crítico ao governo. Foi exatamente em 15 de outubro de 2010 que o movimento convocou a primeira manifestação contra a Minustah. De lá para cá, a oposição ganhou corpo e ficou mais organizada.
Comando brasileiro
O comando da missão ressalta que os movimentos são organizados por estudantes da faculdade de Etimologia, em Porto Príncipe, embora o ano letivo no Haiti comece apenas em 3 de outubro. "Percebemos que a população em geral é a favor da Minustah aqui, não só por causa da questão da segurança, como também por causa do bom relacionamento que as tropas mantêm com a população", afirmou o coronel Maurício Cruz, porta-voz da divisão militar da missão.
A operação liderada pelo Brasil teve início em 1º de junho de 2004. A missão foi autorizada pelo Conselho de Segurança em fevereiro daquele ano, depois que o então presidente, Bertrand Aristide, deixou o Haiti durante um conflito armado organizado por insurgentes.
Os brasileiros compõem a maior parte do contingente: dos 8.700 militares e 3.300 policiais, aproximadamente 2.400 são do Exército do Brasil. "Até o momento, não tivemos nenhum incidente diretamente contra as nossas tropas que fazem rondas normalmente nas ruas", comentou Cruz. "O presidente declarou que ele deseja, lógico, que a Minustah faça uma redução gradual, planejada, mas não no momento, porque ele não acha que a polícia nacional haitiana seja capaz de manter a situação estável em termos de segurança."
Em discurso na Assembleia Geral da ONU no último dia 23, Michel Martelly, presidente do Haiti desde maio, defendeu a permanência das tropas no país. "A missão não pode ser reduzida a uma simples força de intervenção ou a uma que tenha um papel de observadora mais ou menos neutra", disse.
"Certamente, estou consciente da existência de erros inaceitáveis que mancharam o prestígio da missão, mas a árvores não podem esconder a floresta. E eu penso que a estabilização política passa por vários estágios", discursou Martelly.
Quanto aos "erros inaceitáveis", o presidente cita o vídeo que vazou na internet em que dois soldados uruguaios são vistos violentando um jovem haitiano. As imagens, divulgadas no início do mês, foram um estopim para o aumento dos protestos em Porto Príncipe.
"Nem todas as pessoas tinham em mente que o trabalho que os soldados estão fazendo não era uma coisa boa, que país está perdendo toda a soberania que antes tinha. Mas depois do caso com os soldados uruguaios, a consciência aumentou. A cada semana, temos na capital uma manifestação popular pacífica contra a ONU", contou Joseph Jacques Hebreux.
Segurança para o Haiti
"Entre a população em geral, há uma sensação de que a Minustah não acrescentou tanto assim para o país, se comparado ao montante de recursos que está usando. Recentemente, foram solicitados 150 milhões de dólares para a extensão do mandato, enquanto as forças de segurança nacional do Haiti e a polícia não foram beneficiadas com esse dinheiro", aponta Meena Jagannath, do Instituto para Justiça e Democracia no Haiti.
Segundo a advogada, os policiais haitianos estão praticamente sem receber, e afinal seriam eles os responsáveis pela segurança da população. "A Minustah não tem um mandato que permita que os soldados investiguem um crime e prendam o criminoso, por exemplo, a menos que o crime aconteça diante dos olhos deles", acrescenta Jagannath.
O líder do Bri Kouri Nouvèl Gaye prevê que a tensão se agrave no Haiti. "Os movimentos sociais são contra a presença das tropas estrangeiras, e o presidente está contra nós", justificou Hebreux. "Gostaríamos de participar da discussão, mas quando o governo vai debater a permanência da missão, nunca há participação popular. As conversas acontecem com representantes do governo do Haiti e de outros países", reclama.
Protestos no Haiti pedem saída de missão liderada pelo Brasil
Manifestações pedem saída das tropas da Minustah, chefiada pelo Exército brasileiro. Conselho de Segurança decide até próximo dia 15 futuro da missão de estabilização no Haiti. Protestos marcados para esta quinta-feira.
A reportagem é de Nádia Pontes e publicado pelo sítio Deutsche Welle, 28-09-2011.
À medida que o dia 15 de outubro se aproxima, aumenta a tensão no Haiti. Nesta data, o Conselho de Segurança das Nações Unidas vai decidir sobre a permanência da missão de estabilização no país caribenho, liderada pelo Exército brasileiro.
Nas ruas, protestos pedem a saída imediata da Minustah, abreviatura do nome oficial da missão. Para esta quinta-feira (29/09), movimentos sociais anunciaram uma nova manifestação conta os chamados capacetes azuis. "Somos radicalmente contra a Minustah. Não queremos os soldados aqui. Queremos que se rompa essa cadeia de dependência que já dura oito anos", disse à Deutsche Welle Joseph Jacques Hebreux, um dos organizadores dos protestos.
Hebreux é um dos fundadores do Bri Kouri Nouvèl Gaye, grupo criado por haitianos após o forte terremoto em janeiro do ano passado, que reúne movimentos de base, como o estudantil e o camponês. Com ajuda de doadores, a iniciativa publica mensalmente um jornal popular crítico ao governo. Foi exatamente em 15 de outubro de 2010 que o movimento convocou a primeira manifestação contra a Minustah. De lá para cá, a oposição ganhou corpo e ficou mais organizada.
Comando brasileiro
O comando da missão ressalta que os movimentos são organizados por estudantes da faculdade de Etimologia, em Porto Príncipe, embora o ano letivo no Haiti comece apenas em 3 de outubro. "Percebemos que a população em geral é a favor da Minustah aqui, não só por causa da questão da segurança, como também por causa do bom relacionamento que as tropas mantêm com a população", afirmou o coronel Maurício Cruz, porta-voz da divisão militar da missão.
A operação liderada pelo Brasil teve início em 1º de junho de 2004. A missão foi autorizada pelo Conselho de Segurança em fevereiro daquele ano, depois que o então presidente, Bertrand Aristide, deixou o Haiti durante um conflito armado organizado por insurgentes.
Os brasileiros compõem a maior parte do contingente: dos 8.700 militares e 3.300 policiais, aproximadamente 2.400 são do Exército do Brasil. "Até o momento, não tivemos nenhum incidente diretamente contra as nossas tropas que fazem rondas normalmente nas ruas", comentou Cruz. "O presidente declarou que ele deseja, lógico, que a Minustah faça uma redução gradual, planejada, mas não no momento, porque ele não acha que a polícia nacional haitiana seja capaz de manter a situação estável em termos de segurança."
Em discurso na Assembleia Geral da ONU no último dia 23, Michel Martelly, presidente do Haiti desde maio, defendeu a permanência das tropas no país. "A missão não pode ser reduzida a uma simples força de intervenção ou a uma que tenha um papel de observadora mais ou menos neutra", disse.
"Certamente, estou consciente da existência de erros inaceitáveis que mancharam o prestígio da missão, mas a árvores não podem esconder a floresta. E eu penso que a estabilização política passa por vários estágios", discursou Martelly.
Quanto aos "erros inaceitáveis", o presidente cita o vídeo que vazou na internet em que dois soldados uruguaios são vistos violentando um jovem haitiano. As imagens, divulgadas no início do mês, foram um estopim para o aumento dos protestos em Porto Príncipe.
"Nem todas as pessoas tinham em mente que o trabalho que os soldados estão fazendo não era uma coisa boa, que país está perdendo toda a soberania que antes tinha. Mas depois do caso com os soldados uruguaios, a consciência aumentou. A cada semana, temos na capital uma manifestação popular pacífica contra a ONU", contou Joseph Jacques Hebreux.
Segurança para o Haiti
"Entre a população em geral, há uma sensação de que a Minustah não acrescentou tanto assim para o país, se comparado ao montante de recursos que está usando. Recentemente, foram solicitados 150 milhões de dólares para a extensão do mandato, enquanto as forças de segurança nacional do Haiti e a polícia não foram beneficiadas com esse dinheiro", aponta Meena Jagannath, do Instituto para Justiça e Democracia no Haiti.
Segundo a advogada, os policiais haitianos estão praticamente sem receber, e afinal seriam eles os responsáveis pela segurança da população. "A Minustah não tem um mandato que permita que os soldados investiguem um crime e prendam o criminoso, por exemplo, a menos que o crime aconteça diante dos olhos deles", acrescenta Jagannath.
O líder do Bri Kouri Nouvèl Gaye prevê que a tensão se agrave no Haiti. "Os movimentos sociais são contra a presença das tropas estrangeiras, e o presidente está contra nós", justificou Hebreux. "Gostaríamos de participar da discussão, mas quando o governo vai debater a permanência da missão, nunca há participação popular. As conversas acontecem com representantes do governo do Haiti e de outros países", reclama.
Fonte:IHU
Manifestações pedem saída das tropas da Minustah, chefiada pelo Exército brasileiro. Conselho de Segurança decide até próximo dia 15 futuro da missão de estabilização no Haiti. Protestos marcados para esta quinta-feira.
A reportagem é de Nádia Pontes e publicado pelo sítio Deutsche Welle, 28-09-2011.
À medida que o dia 15 de outubro se aproxima, aumenta a tensão no Haiti. Nesta data, o Conselho de Segurança das Nações Unidas vai decidir sobre a permanência da missão de estabilização no país caribenho, liderada pelo Exército brasileiro.
Nas ruas, protestos pedem a saída imediata da Minustah, abreviatura do nome oficial da missão. Para esta quinta-feira (29/09), movimentos sociais anunciaram uma nova manifestação conta os chamados capacetes azuis. "Somos radicalmente contra a Minustah. Não queremos os soldados aqui. Queremos que se rompa essa cadeia de dependência que já dura oito anos", disse à Deutsche Welle Joseph Jacques Hebreux, um dos organizadores dos protestos.
Hebreux é um dos fundadores do Bri Kouri Nouvèl Gaye, grupo criado por haitianos após o forte terremoto em janeiro do ano passado, que reúne movimentos de base, como o estudantil e o camponês. Com ajuda de doadores, a iniciativa publica mensalmente um jornal popular crítico ao governo. Foi exatamente em 15 de outubro de 2010 que o movimento convocou a primeira manifestação contra a Minustah. De lá para cá, a oposição ganhou corpo e ficou mais organizada.
Comando brasileiro
O comando da missão ressalta que os movimentos são organizados por estudantes da faculdade de Etimologia, em Porto Príncipe, embora o ano letivo no Haiti comece apenas em 3 de outubro. "Percebemos que a população em geral é a favor da Minustah aqui, não só por causa da questão da segurança, como também por causa do bom relacionamento que as tropas mantêm com a população", afirmou o coronel Maurício Cruz, porta-voz da divisão militar da missão.
A operação liderada pelo Brasil teve início em 1º de junho de 2004. A missão foi autorizada pelo Conselho de Segurança em fevereiro daquele ano, depois que o então presidente, Bertrand Aristide, deixou o Haiti durante um conflito armado organizado por insurgentes.
Os brasileiros compõem a maior parte do contingente: dos 8.700 militares e 3.300 policiais, aproximadamente 2.400 são do Exército do Brasil. "Até o momento, não tivemos nenhum incidente diretamente contra as nossas tropas que fazem rondas normalmente nas ruas", comentou Cruz. "O presidente declarou que ele deseja, lógico, que a Minustah faça uma redução gradual, planejada, mas não no momento, porque ele não acha que a polícia nacional haitiana seja capaz de manter a situação estável em termos de segurança."
Em discurso na Assembleia Geral da ONU no último dia 23, Michel Martelly, presidente do Haiti desde maio, defendeu a permanência das tropas no país. "A missão não pode ser reduzida a uma simples força de intervenção ou a uma que tenha um papel de observadora mais ou menos neutra", disse.
"Certamente, estou consciente da existência de erros inaceitáveis que mancharam o prestígio da missão, mas a árvores não podem esconder a floresta. E eu penso que a estabilização política passa por vários estágios", discursou Martelly.
Quanto aos "erros inaceitáveis", o presidente cita o vídeo que vazou na internet em que dois soldados uruguaios são vistos violentando um jovem haitiano. As imagens, divulgadas no início do mês, foram um estopim para o aumento dos protestos em Porto Príncipe.
"Nem todas as pessoas tinham em mente que o trabalho que os soldados estão fazendo não era uma coisa boa, que país está perdendo toda a soberania que antes tinha. Mas depois do caso com os soldados uruguaios, a consciência aumentou. A cada semana, temos na capital uma manifestação popular pacífica contra a ONU", contou Joseph Jacques Hebreux.
Segurança para o Haiti
"Entre a população em geral, há uma sensação de que a Minustah não acrescentou tanto assim para o país, se comparado ao montante de recursos que está usando. Recentemente, foram solicitados 150 milhões de dólares para a extensão do mandato, enquanto as forças de segurança nacional do Haiti e a polícia não foram beneficiadas com esse dinheiro", aponta Meena Jagannath, do Instituto para Justiça e Democracia no Haiti.
Segundo a advogada, os policiais haitianos estão praticamente sem receber, e afinal seriam eles os responsáveis pela segurança da população. "A Minustah não tem um mandato que permita que os soldados investiguem um crime e prendam o criminoso, por exemplo, a menos que o crime aconteça diante dos olhos deles", acrescenta Jagannath.
O líder do Bri Kouri Nouvèl Gaye prevê que a tensão se agrave no Haiti. "Os movimentos sociais são contra a presença das tropas estrangeiras, e o presidente está contra nós", justificou Hebreux. "Gostaríamos de participar da discussão, mas quando o governo vai debater a permanência da missão, nunca há participação popular. As conversas acontecem com representantes do governo do Haiti e de outros países", reclama.
Protestos no Haiti pedem saída de missão liderada pelo Brasil
Manifestações pedem saída das tropas da Minustah, chefiada pelo Exército brasileiro. Conselho de Segurança decide até próximo dia 15 futuro da missão de estabilização no Haiti. Protestos marcados para esta quinta-feira.
A reportagem é de Nádia Pontes e publicado pelo sítio Deutsche Welle, 28-09-2011.
À medida que o dia 15 de outubro se aproxima, aumenta a tensão no Haiti. Nesta data, o Conselho de Segurança das Nações Unidas vai decidir sobre a permanência da missão de estabilização no país caribenho, liderada pelo Exército brasileiro.
Nas ruas, protestos pedem a saída imediata da Minustah, abreviatura do nome oficial da missão. Para esta quinta-feira (29/09), movimentos sociais anunciaram uma nova manifestação conta os chamados capacetes azuis. "Somos radicalmente contra a Minustah. Não queremos os soldados aqui. Queremos que se rompa essa cadeia de dependência que já dura oito anos", disse à Deutsche Welle Joseph Jacques Hebreux, um dos organizadores dos protestos.
Hebreux é um dos fundadores do Bri Kouri Nouvèl Gaye, grupo criado por haitianos após o forte terremoto em janeiro do ano passado, que reúne movimentos de base, como o estudantil e o camponês. Com ajuda de doadores, a iniciativa publica mensalmente um jornal popular crítico ao governo. Foi exatamente em 15 de outubro de 2010 que o movimento convocou a primeira manifestação contra a Minustah. De lá para cá, a oposição ganhou corpo e ficou mais organizada.
Comando brasileiro
O comando da missão ressalta que os movimentos são organizados por estudantes da faculdade de Etimologia, em Porto Príncipe, embora o ano letivo no Haiti comece apenas em 3 de outubro. "Percebemos que a população em geral é a favor da Minustah aqui, não só por causa da questão da segurança, como também por causa do bom relacionamento que as tropas mantêm com a população", afirmou o coronel Maurício Cruz, porta-voz da divisão militar da missão.
A operação liderada pelo Brasil teve início em 1º de junho de 2004. A missão foi autorizada pelo Conselho de Segurança em fevereiro daquele ano, depois que o então presidente, Bertrand Aristide, deixou o Haiti durante um conflito armado organizado por insurgentes.
Os brasileiros compõem a maior parte do contingente: dos 8.700 militares e 3.300 policiais, aproximadamente 2.400 são do Exército do Brasil. "Até o momento, não tivemos nenhum incidente diretamente contra as nossas tropas que fazem rondas normalmente nas ruas", comentou Cruz. "O presidente declarou que ele deseja, lógico, que a Minustah faça uma redução gradual, planejada, mas não no momento, porque ele não acha que a polícia nacional haitiana seja capaz de manter a situação estável em termos de segurança."
Em discurso na Assembleia Geral da ONU no último dia 23, Michel Martelly, presidente do Haiti desde maio, defendeu a permanência das tropas no país. "A missão não pode ser reduzida a uma simples força de intervenção ou a uma que tenha um papel de observadora mais ou menos neutra", disse.
"Certamente, estou consciente da existência de erros inaceitáveis que mancharam o prestígio da missão, mas a árvores não podem esconder a floresta. E eu penso que a estabilização política passa por vários estágios", discursou Martelly.
Quanto aos "erros inaceitáveis", o presidente cita o vídeo que vazou na internet em que dois soldados uruguaios são vistos violentando um jovem haitiano. As imagens, divulgadas no início do mês, foram um estopim para o aumento dos protestos em Porto Príncipe.
"Nem todas as pessoas tinham em mente que o trabalho que os soldados estão fazendo não era uma coisa boa, que país está perdendo toda a soberania que antes tinha. Mas depois do caso com os soldados uruguaios, a consciência aumentou. A cada semana, temos na capital uma manifestação popular pacífica contra a ONU", contou Joseph Jacques Hebreux.
Segurança para o Haiti
"Entre a população em geral, há uma sensação de que a Minustah não acrescentou tanto assim para o país, se comparado ao montante de recursos que está usando. Recentemente, foram solicitados 150 milhões de dólares para a extensão do mandato, enquanto as forças de segurança nacional do Haiti e a polícia não foram beneficiadas com esse dinheiro", aponta Meena Jagannath, do Instituto para Justiça e Democracia no Haiti.
Segundo a advogada, os policiais haitianos estão praticamente sem receber, e afinal seriam eles os responsáveis pela segurança da população. "A Minustah não tem um mandato que permita que os soldados investiguem um crime e prendam o criminoso, por exemplo, a menos que o crime aconteça diante dos olhos deles", acrescenta Jagannath.
O líder do Bri Kouri Nouvèl Gaye prevê que a tensão se agrave no Haiti. "Os movimentos sociais são contra a presença das tropas estrangeiras, e o presidente está contra nós", justificou Hebreux. "Gostaríamos de participar da discussão, mas quando o governo vai debater a permanência da missão, nunca há participação popular. As conversas acontecem com representantes do governo do Haiti e de outros países", reclama.
Fonte:IHU
FUTEBOL - A Copa e a Rua.
Lucio Tavora/Agência A Tarde
Paulo Miguez
De Salvador (BA)
Preocupam a todos as muitas questões envolvendo a realização, no próximo ano, da Copa do Mundo de Futebol em nosso País. O repertório é grande: a construção dos estádios, a reforma dos aeroportos, os investimentos em mobilidade urbana nas cidades-sede dos jogos, a questão da transparência no uso do volume considerável de recursos públicos que estão sendo movimentados para o evento, etc., etc.
Mas uma questão em especial tem me preocupado. Como será tratada a cultura das ruas das nossas cidades que sediarão os jogos da Copa?
Sim, a cultura das ruas, os muitos e diversos atores e suas práticas sócio-culturais que costumam povoar as ruas das nossas cidades e que constituem um traço marcante e diferenciador da vida brasileira.
Pode parecer uma questão de pouca importância diante de assuntos envolvendo investimentos vultosos e transparência no uso de recursos públicos. Mas não é.
É que a tradição brasileira neste quesito é triste. A regra tem sido, quase sempre, retirar das ruas o que possa parecer, aos governantes de plantão, sinais de pobreza, de barbárie - afinal, "pega mal" para o País, ainda mais agora que virou emergente, apresentar aos olhos do mundo, no momento em que todos os olhos estarão voltados para nós, esta parte do nosso povo que insiste em ser brasileiro e que nesta aventura cotidiana tem como único território a sua disposição as ruas.
Um exemplo? Quando a Rainha da Dinamarca visitou Salvador em 1999, a polícia baiana resolveu fazer uma "limpeza" na cidade para receber a soberana. Prendeu, sem ordem judicial, por alguns dias, vários homossexuais e travestis - se soube do acontecido, Margareth II deve ter achado a ação policial no mínimo estranha. Claro, a Dinamarca foi um dos primeiros países do mundo a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A preocupação, aqui, não é só minha. Nesta direção manifestaram-se três alemães, consultores de cidades-sedes que participaram das Copas de 2006 e 2010 e que estiveram recentemente no Brasil.
E foram claros quanto a esta questão. Sugeriram que o País deve colocar sua cultura local acima dos interesses imperiais da FIFA, mesmo que contrariando os acordos comerciais da toda-poderosa do futebol mundial.
Cito a declaração de um dos consultores: "A Copa precisa de aceitação popular para ser bem-sucedida na cidade. Para isso, a população não pode ser excluída. Tem que participar do evento... senão a Copa não dá certo".
Lembraram, os alemães, como exemplo, a Copa de 2006, quando a Alemanha jogou pesado contra as imposições da FIFA. Dentre os embates, destacaram a questão da comercialização de cervejas em Dortmund, uma das cidades-sede. A FIFA exigia que só fosse comercializada a marca Budweiser. Os organizadores locais endureceram e a FIFA foi obrigada a aceitar a venda da cerveja Dortmund, fabricada na cidade.
Diferentemente da Alemanha, em 2006, na Copa da África do Sul, em 2010, prevaleceram as imposições da FIFA. Mas, e aqui? Como vai ser? Como irão tratar esta questão?
Baiano, devo por as barbas de molho! É que corremos o risco de ver riscados da paisagem do estádio o "baleiro", de cesta cheia de "jujubas, chocolates e "queimados", e o sorveteiro, a quem devemos o prazer de um duplo de mangaba e côco, gentes e coisas que aprendemos a amar em tarde de jogo, desde os tempos da velha Fonte Nova.
Paulo Miguez é doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas. Atualmente é professor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA e coordena o Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (UFBA). Foi assessor do ex-ministro da Cultura Gilberto Gil e Secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura entre 2003 e 2005.
Paulo Miguez
De Salvador (BA)
Preocupam a todos as muitas questões envolvendo a realização, no próximo ano, da Copa do Mundo de Futebol em nosso País. O repertório é grande: a construção dos estádios, a reforma dos aeroportos, os investimentos em mobilidade urbana nas cidades-sede dos jogos, a questão da transparência no uso do volume considerável de recursos públicos que estão sendo movimentados para o evento, etc., etc.
Mas uma questão em especial tem me preocupado. Como será tratada a cultura das ruas das nossas cidades que sediarão os jogos da Copa?
Sim, a cultura das ruas, os muitos e diversos atores e suas práticas sócio-culturais que costumam povoar as ruas das nossas cidades e que constituem um traço marcante e diferenciador da vida brasileira.
Pode parecer uma questão de pouca importância diante de assuntos envolvendo investimentos vultosos e transparência no uso de recursos públicos. Mas não é.
É que a tradição brasileira neste quesito é triste. A regra tem sido, quase sempre, retirar das ruas o que possa parecer, aos governantes de plantão, sinais de pobreza, de barbárie - afinal, "pega mal" para o País, ainda mais agora que virou emergente, apresentar aos olhos do mundo, no momento em que todos os olhos estarão voltados para nós, esta parte do nosso povo que insiste em ser brasileiro e que nesta aventura cotidiana tem como único território a sua disposição as ruas.
Um exemplo? Quando a Rainha da Dinamarca visitou Salvador em 1999, a polícia baiana resolveu fazer uma "limpeza" na cidade para receber a soberana. Prendeu, sem ordem judicial, por alguns dias, vários homossexuais e travestis - se soube do acontecido, Margareth II deve ter achado a ação policial no mínimo estranha. Claro, a Dinamarca foi um dos primeiros países do mundo a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A preocupação, aqui, não é só minha. Nesta direção manifestaram-se três alemães, consultores de cidades-sedes que participaram das Copas de 2006 e 2010 e que estiveram recentemente no Brasil.
E foram claros quanto a esta questão. Sugeriram que o País deve colocar sua cultura local acima dos interesses imperiais da FIFA, mesmo que contrariando os acordos comerciais da toda-poderosa do futebol mundial.
Cito a declaração de um dos consultores: "A Copa precisa de aceitação popular para ser bem-sucedida na cidade. Para isso, a população não pode ser excluída. Tem que participar do evento... senão a Copa não dá certo".
Lembraram, os alemães, como exemplo, a Copa de 2006, quando a Alemanha jogou pesado contra as imposições da FIFA. Dentre os embates, destacaram a questão da comercialização de cervejas em Dortmund, uma das cidades-sede. A FIFA exigia que só fosse comercializada a marca Budweiser. Os organizadores locais endureceram e a FIFA foi obrigada a aceitar a venda da cerveja Dortmund, fabricada na cidade.
Diferentemente da Alemanha, em 2006, na Copa da África do Sul, em 2010, prevaleceram as imposições da FIFA. Mas, e aqui? Como vai ser? Como irão tratar esta questão?
Baiano, devo por as barbas de molho! É que corremos o risco de ver riscados da paisagem do estádio o "baleiro", de cesta cheia de "jujubas, chocolates e "queimados", e o sorveteiro, a quem devemos o prazer de um duplo de mangaba e côco, gentes e coisas que aprendemos a amar em tarde de jogo, desde os tempos da velha Fonte Nova.
Paulo Miguez é doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas. Atualmente é professor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA e coordena o Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (UFBA). Foi assessor do ex-ministro da Cultura Gilberto Gil e Secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura entre 2003 e 2005.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
FUTEBOL - Morre em acidente jogador que fez gol de penalti de calcanhar.
Do blog Correio da Elite.
O jogador dos Emirados Árabes Unidos que se tornou uma sensação na internet no início deste ano ao marcar um gol de pênalti cobrado com o calcanhar [ ver abaixo ] morreu em um acidente de carro. Theyab Awana, de 21 anos, faleceu após o carro em que estava bater em um caminhão na noite de domingo quando voltava para Abu Dabi após participar de um treino da seleção em Al Ain.
Awana era considerado uma estrela em ascensão na seleção dos Emirados Árabes Unidos. Ele se tornou mundialmente conhecido ao marcar um gol de pênalti em triunfo da equipe por 7 a 2 sobre o Líbano em julho. Ele correu até a bola antes de girar a finalizar com o calcanhar direito. O vídeo do lance no YouTube já foi visualizado mais de 1,2 milhão de vezes.
As estradas do país estão entre os mais perigosos da região, com o goleiro da seleção sub-23 tendo se ferido gravemente em um acidente no ano passado. O treino desta segunda-feira da seleção foi cancelado para que o grupo possa acompanhar o funeral do companheiro, que defendia o Baniyas, dos Emirados Árabes Unidos. A seleção volta a jogar em 11 de outubro, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2014, contra a Coreia do Sul. ( REPORTER DIÁRIO )
Read more: http://ocorreiodaelite.blogspot.com/2011/09/morre-em-acidente-automobilistico.html#ixzz1ZDDBE8wd
O jogador dos Emirados Árabes Unidos que se tornou uma sensação na internet no início deste ano ao marcar um gol de pênalti cobrado com o calcanhar [ ver abaixo ] morreu em um acidente de carro. Theyab Awana, de 21 anos, faleceu após o carro em que estava bater em um caminhão na noite de domingo quando voltava para Abu Dabi após participar de um treino da seleção em Al Ain.
Awana era considerado uma estrela em ascensão na seleção dos Emirados Árabes Unidos. Ele se tornou mundialmente conhecido ao marcar um gol de pênalti em triunfo da equipe por 7 a 2 sobre o Líbano em julho. Ele correu até a bola antes de girar a finalizar com o calcanhar direito. O vídeo do lance no YouTube já foi visualizado mais de 1,2 milhão de vezes.
As estradas do país estão entre os mais perigosos da região, com o goleiro da seleção sub-23 tendo se ferido gravemente em um acidente no ano passado. O treino desta segunda-feira da seleção foi cancelado para que o grupo possa acompanhar o funeral do companheiro, que defendia o Baniyas, dos Emirados Árabes Unidos. A seleção volta a jogar em 11 de outubro, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2014, contra a Coreia do Sul. ( REPORTER DIÁRIO )
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MÍDIA - E não é que o Merval virou imortal!
Merval Pereira e a 'negociata' da ABL
Altamiro Borges
Correio do Brasil
Merval Pereira frequenta as palestras do Instituto Millenium, de orientação ultradireitista
Em mais um triste momento da sua história, a Academia Brasileira de Letras (ABL) elegeu o “calunista” da TV Globo, Merval Pereira, como o novo titular da cadeira 31, desocupada com a morte do escritor Moacyr Scliar. A deprimente escolha confirma o servilismo da chamada “elite da literatura” brasileira à ditadura midiática.
Entre o escritor Antônio Torres, autor reconhecido no mundo inteiro por sua vasta obra literária – em 1999, o governo francês concedeu a ele o título de “Cavaleiro das Artes e das Letras” – e o jornalista global, os “imortais” da ABL preferiram premiar o segundo. Merval publicou dois livros: um em 1979, feito a quatro mãos, e outro do ano passado, que reúne artigos publicados no jornal O Globo – a maioria de oposição raivosa e golpista ao governo Lula.
“Uma cloaca de fazenda”
Como aponta Luis Nassif, a escolha de Merval Pereira evidencia a pequenez da “elite” literária do país. “A ABL, a casa de Machado de Assis, que deveria ser a guardiã implacável dos valores da literatura, a defensora intransigente da meritocracia, a defensora dos escritores, o selo de qualidade, o passaporte final para a posteridade, é uma casa menor, em alguns momentos parecendo mais uma cloaca de fazenda do que um lugar de luzes e de letras”.
Na prática, os “imortais” fizeram uma negociata com a “cadeira” da ABL num escambo dos mais vergonhosos. Afinal, como diz Luis Nassif, “Merval tem a visibilidade e o poder proporcionados pela Rede Globo. Tem moeda de troca – o espaço na TV Globo, podendo abastecer o ego dos seus pares e as demandas da ABL. Poderia até ganhar prêmios jornalísticos, jamais a maior condecoração da literatura brasileira”.“Calunista” do mercado e da direita.
Como lembra Mário Augusto Jakobskind, esta não é a primeira vez que a ABL serve aos poderosos. Em pleno regime militar, ela elegeu como “imortal” o general Aurélio Lira Tavares, ministro do Exército da ditadura. Agora, ela escolhe Merval Pereira, um dos colunistas preferidos do “deus-mercado”, inimigo golpista do ex-presidente Lula e amiguinho dos “milicos de pijama” e da direita nativa. Na campanha eleitoral do ano passado, o “calunista” global virou estrela no Clube Militar e nos debates do Instituto Millenium. Agora, passará a freqüentar as festanças dos “imortais”, destilando o seu veneno elitista contra tudo o que há de progressista na sociedade. A Academia Brasileira de Letras se apequenou ainda mais com este lamentável escolha!
Altamiro Borges
Correio do Brasil
Merval Pereira frequenta as palestras do Instituto Millenium, de orientação ultradireitista
Em mais um triste momento da sua história, a Academia Brasileira de Letras (ABL) elegeu o “calunista” da TV Globo, Merval Pereira, como o novo titular da cadeira 31, desocupada com a morte do escritor Moacyr Scliar. A deprimente escolha confirma o servilismo da chamada “elite da literatura” brasileira à ditadura midiática.
Entre o escritor Antônio Torres, autor reconhecido no mundo inteiro por sua vasta obra literária – em 1999, o governo francês concedeu a ele o título de “Cavaleiro das Artes e das Letras” – e o jornalista global, os “imortais” da ABL preferiram premiar o segundo. Merval publicou dois livros: um em 1979, feito a quatro mãos, e outro do ano passado, que reúne artigos publicados no jornal O Globo – a maioria de oposição raivosa e golpista ao governo Lula.
“Uma cloaca de fazenda”
Como aponta Luis Nassif, a escolha de Merval Pereira evidencia a pequenez da “elite” literária do país. “A ABL, a casa de Machado de Assis, que deveria ser a guardiã implacável dos valores da literatura, a defensora intransigente da meritocracia, a defensora dos escritores, o selo de qualidade, o passaporte final para a posteridade, é uma casa menor, em alguns momentos parecendo mais uma cloaca de fazenda do que um lugar de luzes e de letras”.
Na prática, os “imortais” fizeram uma negociata com a “cadeira” da ABL num escambo dos mais vergonhosos. Afinal, como diz Luis Nassif, “Merval tem a visibilidade e o poder proporcionados pela Rede Globo. Tem moeda de troca – o espaço na TV Globo, podendo abastecer o ego dos seus pares e as demandas da ABL. Poderia até ganhar prêmios jornalísticos, jamais a maior condecoração da literatura brasileira”.“Calunista” do mercado e da direita.
Como lembra Mário Augusto Jakobskind, esta não é a primeira vez que a ABL serve aos poderosos. Em pleno regime militar, ela elegeu como “imortal” o general Aurélio Lira Tavares, ministro do Exército da ditadura. Agora, ela escolhe Merval Pereira, um dos colunistas preferidos do “deus-mercado”, inimigo golpista do ex-presidente Lula e amiguinho dos “milicos de pijama” e da direita nativa. Na campanha eleitoral do ano passado, o “calunista” global virou estrela no Clube Militar e nos debates do Instituto Millenium. Agora, passará a freqüentar as festanças dos “imortais”, destilando o seu veneno elitista contra tudo o que há de progressista na sociedade. A Academia Brasileira de Letras se apequenou ainda mais com este lamentável escolha!
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
ECONOMIA - 737 donos do mundo controlam 80% do valor das empresas mundiais.
Um estudo de economistas e estatísticos, publicado na Suíça neste Verão, dá a conhecer as interligações entre as multinacionais mundiais. E revela que um pequeno grupo de actores económicos – sociedades financeiras ou grupos industriais – domina a grande maioria do capital de dezenas de milhares de empresas no mundo.
Por Ivan du Roy
O seu estudo, na fronteira da economia, da finança, das matemáticas e da estatística, é arrepiante. Três jovens investigadores do Instituto federal de tecnologia de Zurique1 examinaram as interacções financeiras entre multinacionais do mundo inteiro. O seu trabalho - “The network of global corporate control” (“a rede de controlo global das transnacionais”) - examina um painel de 43.000 empresas transnacionais (“transnacional corporations”) seleccionadas na lista da OCDE. Eles dão a conhecer as interligações financeiras complexas entre estas “entidades” económicas: parte do capital detido, inclusive nas filiais ou nas holdings, participação cruzada, participação indirecta no capital...
Resultado: 80% do valor do conjunto das 43.000 multinacionais estudadas é controlado por 737 “entidades”: bancos, companhias de seguros ou grandes grupos industriais. O monopólio da posse capital não fica por aí. “Por uma rede complexa de participações”, 147 multinacionais, controlando-se entre si, possuem 40% do valor económico e financeiro de todas as multinacionais do mundo inteiro.
Uma super entidade de 50 grandes detentores de capitais
Por fim, neste grupo de 147 multinacionais, 50 grandes detentores de capital formam o que os autores chamam uma “super entidade”. Nela encontram-se principalmente bancos: o britânico Barclays à cabeça, assim como as “stars” de Wall Street (JP Morgan, Merrill Lynch, Goldman Sachs, Morgan Stanley...). Mas também seguradoras e grupos bancários franceses: Axa, Natixis, Société générale, o grupo Banque populaire-Caisse d'épargne ou BNP-Paribas. Os principais clientes dos hedge funds e outras carteiras de investimentos geridos por estas instituições são por conseguinte, mecanicamente, os donos do mundo.
Esta concentração levanta questões sérias. Para os autores, “uma rede financeira densamente ligada torna-se muito sensível ao risco sistémico”. Alguns recuam perante esta “super entidade”, e é o mundo que treme, como o provou a crise do subprime. Por outro lado, os autores levantam o problema das graves consequências que põe uma tal concentração. Que um punhado de fundos de investimento e de detentores de capital, situados no coração destas interligações, decidam, por via das assembleias gerais de accionistas ou pela sua presença nos conselhos de administração, impor reestruturações nas empresas que eles controlam... e os efeitos poderão ser devastadores. Por fim, que influência poderão exercer sobre os Estados e as políticas públicas se adoptarem uma estratégia comum? A resposta encontra-se provavelmente nos actuais planos de austeridade.
Artigo de Ivan du Roy, publicado em Basta!, traduzido por Carlos Santos para esquerda.net
O estudo em inglês pode ser descarregado aqui
Fonte: Esquerda.net
Por Ivan du Roy
O seu estudo, na fronteira da economia, da finança, das matemáticas e da estatística, é arrepiante. Três jovens investigadores do Instituto federal de tecnologia de Zurique1 examinaram as interacções financeiras entre multinacionais do mundo inteiro. O seu trabalho - “The network of global corporate control” (“a rede de controlo global das transnacionais”) - examina um painel de 43.000 empresas transnacionais (“transnacional corporations”) seleccionadas na lista da OCDE. Eles dão a conhecer as interligações financeiras complexas entre estas “entidades” económicas: parte do capital detido, inclusive nas filiais ou nas holdings, participação cruzada, participação indirecta no capital...
Resultado: 80% do valor do conjunto das 43.000 multinacionais estudadas é controlado por 737 “entidades”: bancos, companhias de seguros ou grandes grupos industriais. O monopólio da posse capital não fica por aí. “Por uma rede complexa de participações”, 147 multinacionais, controlando-se entre si, possuem 40% do valor económico e financeiro de todas as multinacionais do mundo inteiro.
Uma super entidade de 50 grandes detentores de capitais
Por fim, neste grupo de 147 multinacionais, 50 grandes detentores de capital formam o que os autores chamam uma “super entidade”. Nela encontram-se principalmente bancos: o britânico Barclays à cabeça, assim como as “stars” de Wall Street (JP Morgan, Merrill Lynch, Goldman Sachs, Morgan Stanley...). Mas também seguradoras e grupos bancários franceses: Axa, Natixis, Société générale, o grupo Banque populaire-Caisse d'épargne ou BNP-Paribas. Os principais clientes dos hedge funds e outras carteiras de investimentos geridos por estas instituições são por conseguinte, mecanicamente, os donos do mundo.
Esta concentração levanta questões sérias. Para os autores, “uma rede financeira densamente ligada torna-se muito sensível ao risco sistémico”. Alguns recuam perante esta “super entidade”, e é o mundo que treme, como o provou a crise do subprime. Por outro lado, os autores levantam o problema das graves consequências que põe uma tal concentração. Que um punhado de fundos de investimento e de detentores de capital, situados no coração destas interligações, decidam, por via das assembleias gerais de accionistas ou pela sua presença nos conselhos de administração, impor reestruturações nas empresas que eles controlam... e os efeitos poderão ser devastadores. Por fim, que influência poderão exercer sobre os Estados e as políticas públicas se adoptarem uma estratégia comum? A resposta encontra-se provavelmente nos actuais planos de austeridade.
Artigo de Ivan du Roy, publicado em Basta!, traduzido por Carlos Santos para esquerda.net
O estudo em inglês pode ser descarregado aqui
Fonte: Esquerda.net
POLÍTICA - Dilma, cada um paga o seu.
CADA UM PAGA O SEU
Semana passada, nas diversas refeições feitas em restaurantes de luxo pela presidente Dilma e sua comitiva, em Nova York, fora da agenda oficial, sobressaiu um detalhe: na hora de pagar a conta não havia qualquer funcionário da presidência da República, segurança, diplomata ou bicão pronto para responsabilizar-se pelas despesas. Se eram sete os comensais, Dilma pedia ao garçom que dividisse a nota por sete e cada um abria o bolso ou a bolsa. Como sempre acompanhada pela filha, a presidente arcava com duas parcelas, mas tudo nas verdinhas, sem cartões corporativos ou sucedâneos. Afinal, todos na comitiva haviam recebido ajuda de custo, inclusive ela. Não deixa de ser singular esse comportamento, quando a gente olha para o passado.
Fonte: Tribuna da Inteernet
Semana passada, nas diversas refeições feitas em restaurantes de luxo pela presidente Dilma e sua comitiva, em Nova York, fora da agenda oficial, sobressaiu um detalhe: na hora de pagar a conta não havia qualquer funcionário da presidência da República, segurança, diplomata ou bicão pronto para responsabilizar-se pelas despesas. Se eram sete os comensais, Dilma pedia ao garçom que dividisse a nota por sete e cada um abria o bolso ou a bolsa. Como sempre acompanhada pela filha, a presidente arcava com duas parcelas, mas tudo nas verdinhas, sem cartões corporativos ou sucedâneos. Afinal, todos na comitiva haviam recebido ajuda de custo, inclusive ela. Não deixa de ser singular esse comportamento, quando a gente olha para o passado.
Fonte: Tribuna da Inteernet
POLÍTICA - "Novas lideranças políticas comandam partidos vazios"
A mãe e o berçário político do país.
"`Novas lideranças' políticas comandam partidos vazios, não têm projetos para o país e bajulam Lula e Dilma", escreve Vinicius Torres Freire, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 25-09-2011.
Eis o artigo.
É a mãe. Foi por causa da mãe, ou pela causa da mãe, que a gente pôde assistir ao batismo nacional de um novo líder político. Eduardo Campos, "ecce homo", vulgo "Dudu Beleza", causa admiração por ter sido o cabo e o general eleitoral da mãe, que venceu na Câmara dos Deputados a indicação para o cargo de ministra do TCU (Tribunal de Contas da União), semana passada.
Campos é governador de Pernambuco, do PSB, reeleito para o cargo com mais de 80% dos votos. Ana Arraes, a mãe, é deputada federal do PSB, filha de Miguel Arraes (1916-2005), líder do socialismo populista sertanejo e de outros atrasos.
O posto no TCU é uma sinecura eterna. Campos começou a carreira ocupando cargos no governo do avô Arraes. Familismo, boca-rica, cargo público. Campos deve causar invejas e ternuras no Congresso.
Campos é uma "nova liderança" do Brasil. Assim como Gilberto Kassab, o prefeito paulistano, do nascituro PSD.
Como Sérgio Cabral, governador do Rio, do PMDB. São os juniores do time das "novas lideranças" já velhuscas, como Aécio Neves e Geraldo Alckmin, do PSDB.
Note-se que nenhum deles é petista. A maioria, aliás, é ou foi do que nominalmente se conhece por oposição.
Todos eles, porém, se engraçaram de algum modo com Lula ou com Dilma Rousseff.
Cabral é paralulista. Kassab é paradilmista. Está fundando um partido que acabou de afundar o DEM-PFL, de onde o prefeito paulistano brotou, e de desmoralizar o PSDB (Kassab foi cria de José Serra, a quem sucedeu na prefeitura).
Campos bebeu no lulismo para se fortalecer como "líder moderno" do Nordeste. Lembre-se que Ciro Gomes (também no PSB) já fez esse papel em outro filme, no tucanato.
Aécio se arranjou com Lula e com o PSB de Campos e Ciro Gomes a fim de manter influência na política da
capital mineira (comandada pelo PSB. Essa aliança transgênero pode se repetir em 2012). Alckmin, tanto por boniteza como precisão, se dá muito bem com Dilma, que o considera "republicano e pragmático". Há o rumor de que Dilma poderia levar Gabriel Chalita (PMDB) para o ministério (para tirá-lo da disputa pela Prefeitura de São Paulo). Chalita, como se recorda, nasceu de uma das costelas direitas de Alckmin, a religiosa, e foi seu secretário de Educação.
Além de bajularem em maior ou menor grau os presidentes petistas, as novas lideranças têm em comum a aversão por manifestar ideias em público, vamos dizer assim.
Ressalte-se a boa vontade: não se está afirmando que esses jovens senhores não têm o que dizer sobre o país, que são politicamente vazios ou intelectualmente medíocres. Por ora, a hipótese é que a turma seja, digamos, tímida ou modesta demais para apresentar seus planos sobre o Brasil ou discutir as decisões do presente governo. Pois é.
Os partidos que comandam são igualmente vazios de caráter ou de substância. Os mais espertos são o PSB de Campos e o nascituro PSD de Kassab, que se banham na maré do petismo para ocupar a praia onde secam os cadáveres do PSDB e do sempre ridículo DEM.
Isso é o futuro. Isso.
Fonte:IHU
"`Novas lideranças' políticas comandam partidos vazios, não têm projetos para o país e bajulam Lula e Dilma", escreve Vinicius Torres Freire, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 25-09-2011.
Eis o artigo.
É a mãe. Foi por causa da mãe, ou pela causa da mãe, que a gente pôde assistir ao batismo nacional de um novo líder político. Eduardo Campos, "ecce homo", vulgo "Dudu Beleza", causa admiração por ter sido o cabo e o general eleitoral da mãe, que venceu na Câmara dos Deputados a indicação para o cargo de ministra do TCU (Tribunal de Contas da União), semana passada.
Campos é governador de Pernambuco, do PSB, reeleito para o cargo com mais de 80% dos votos. Ana Arraes, a mãe, é deputada federal do PSB, filha de Miguel Arraes (1916-2005), líder do socialismo populista sertanejo e de outros atrasos.
O posto no TCU é uma sinecura eterna. Campos começou a carreira ocupando cargos no governo do avô Arraes. Familismo, boca-rica, cargo público. Campos deve causar invejas e ternuras no Congresso.
Campos é uma "nova liderança" do Brasil. Assim como Gilberto Kassab, o prefeito paulistano, do nascituro PSD.
Como Sérgio Cabral, governador do Rio, do PMDB. São os juniores do time das "novas lideranças" já velhuscas, como Aécio Neves e Geraldo Alckmin, do PSDB.
Note-se que nenhum deles é petista. A maioria, aliás, é ou foi do que nominalmente se conhece por oposição.
Todos eles, porém, se engraçaram de algum modo com Lula ou com Dilma Rousseff.
Cabral é paralulista. Kassab é paradilmista. Está fundando um partido que acabou de afundar o DEM-PFL, de onde o prefeito paulistano brotou, e de desmoralizar o PSDB (Kassab foi cria de José Serra, a quem sucedeu na prefeitura).
Campos bebeu no lulismo para se fortalecer como "líder moderno" do Nordeste. Lembre-se que Ciro Gomes (também no PSB) já fez esse papel em outro filme, no tucanato.
Aécio se arranjou com Lula e com o PSB de Campos e Ciro Gomes a fim de manter influência na política da
capital mineira (comandada pelo PSB. Essa aliança transgênero pode se repetir em 2012). Alckmin, tanto por boniteza como precisão, se dá muito bem com Dilma, que o considera "republicano e pragmático". Há o rumor de que Dilma poderia levar Gabriel Chalita (PMDB) para o ministério (para tirá-lo da disputa pela Prefeitura de São Paulo). Chalita, como se recorda, nasceu de uma das costelas direitas de Alckmin, a religiosa, e foi seu secretário de Educação.
Além de bajularem em maior ou menor grau os presidentes petistas, as novas lideranças têm em comum a aversão por manifestar ideias em público, vamos dizer assim.
Ressalte-se a boa vontade: não se está afirmando que esses jovens senhores não têm o que dizer sobre o país, que são politicamente vazios ou intelectualmente medíocres. Por ora, a hipótese é que a turma seja, digamos, tímida ou modesta demais para apresentar seus planos sobre o Brasil ou discutir as decisões do presente governo. Pois é.
Os partidos que comandam são igualmente vazios de caráter ou de substância. Os mais espertos são o PSB de Campos e o nascituro PSD de Kassab, que se banham na maré do petismo para ocupar a praia onde secam os cadáveres do PSDB e do sempre ridículo DEM.
Isso é o futuro. Isso.
Fonte:IHU
domingo, 25 de setembro de 2011
POLÍTICA - Dilma e o cavalo de Tróia.
Do site Luis Nassif online
Dilma e Lula: o difícil exercício midiático de enxergar o óbvio
Folha de S.Paulo - São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Dilma e o cavalo de Troia - 25/09/2011
FERNANDO DE BARROS E SILVA
SÃO PAULO - Dilma Rousseff recebeu aplausos generalizados da imprensa brasileira. Veículos e colunistas em geral refratários a Lula e ao PT se derramaram em elogios ao discurso da presidente na ONU. Entre os chamados formadores de opinião, mesmo (ou sobretudo) os conservadores, essa atitude de quase espanto positivo em relação a Dilma -uma espécie de "Oh, muito bem!"- tem sido recorrente.
Não é o caso de retomar os tópicos da sua fala em Nova York. Basta dizer que ficou visível em várias passagens o acento pessoal do pronunciamento. Dilma fez questão de escrever ela própria certos trechos.
O ponto aqui é outro. FHC estava, afinal, certíssimo quando alertou o PSDB, naquele texto famoso sobre "O Papel da Oposição", de que era preciso encontrar formas inovadoras de conexão com as classes médias, caso contrário elas seriam atraídas para o campo petista. O tucano se referia à classe C emergente, com suas demandas novas, mas o raciocínio também se aplica ao eleitor tradicionalmente simpático ao PSDB.
A defesa intransigente dos direitos humanos, a imagem de quem combate a corrupção, o recato e os contrastes com o estilo de Lula -tudo compõe uma figura que é do agrado do mundo social a que pertencemos.
Mas é difícil discernir entre os que gostam de Dilma e os que gostam de gostar de Dilma porque não gostam de Lula. Nesse universo, de cada dez pessoas que batem palmas para a presidente, nove parecem fazê-lo exatamente porque ela seria uma espécie de negação do padrinho.
Diferenças entre eles existem, mas seria ingênuo demais pensar que Dilma e Lula se distanciam ou não estão jogando juntos. Isso não é verdade. Inclusive porque para cada admirador novo que Dilma conquista, Lula não perde nenhum que já tinha.
Quem sabe Dilma não seja, à revelia dela própria, o cavalo de Troia de que o PT precisava para conquistar a cidadela da classe média.
Comentário
Lula é um craque político. Mas, convenhamos, é como Santos de Pelé enfrentando o Jabaquara. O primarismo da ação política midiática é acachapante, não enobrece o vitorioso, porque torna tudo muito fácil. A falta de discurso político produziu essa anomalia bem retratada pelo Fernando Barros: de jogar a classe média no colo de Dilma para tentar afastá-la de Lula.
Há tempos chamamos a atenção aqui para essa estratégia política de Lula-Dilma e a maneira como a oposição e a mídia embarcaram nela.
Dilma e Lula: o difícil exercício midiático de enxergar o óbvio
Folha de S.Paulo - São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Dilma e o cavalo de Troia - 25/09/2011
FERNANDO DE BARROS E SILVA
SÃO PAULO - Dilma Rousseff recebeu aplausos generalizados da imprensa brasileira. Veículos e colunistas em geral refratários a Lula e ao PT se derramaram em elogios ao discurso da presidente na ONU. Entre os chamados formadores de opinião, mesmo (ou sobretudo) os conservadores, essa atitude de quase espanto positivo em relação a Dilma -uma espécie de "Oh, muito bem!"- tem sido recorrente.
Não é o caso de retomar os tópicos da sua fala em Nova York. Basta dizer que ficou visível em várias passagens o acento pessoal do pronunciamento. Dilma fez questão de escrever ela própria certos trechos.
O ponto aqui é outro. FHC estava, afinal, certíssimo quando alertou o PSDB, naquele texto famoso sobre "O Papel da Oposição", de que era preciso encontrar formas inovadoras de conexão com as classes médias, caso contrário elas seriam atraídas para o campo petista. O tucano se referia à classe C emergente, com suas demandas novas, mas o raciocínio também se aplica ao eleitor tradicionalmente simpático ao PSDB.
A defesa intransigente dos direitos humanos, a imagem de quem combate a corrupção, o recato e os contrastes com o estilo de Lula -tudo compõe uma figura que é do agrado do mundo social a que pertencemos.
Mas é difícil discernir entre os que gostam de Dilma e os que gostam de gostar de Dilma porque não gostam de Lula. Nesse universo, de cada dez pessoas que batem palmas para a presidente, nove parecem fazê-lo exatamente porque ela seria uma espécie de negação do padrinho.
Diferenças entre eles existem, mas seria ingênuo demais pensar que Dilma e Lula se distanciam ou não estão jogando juntos. Isso não é verdade. Inclusive porque para cada admirador novo que Dilma conquista, Lula não perde nenhum que já tinha.
Quem sabe Dilma não seja, à revelia dela própria, o cavalo de Troia de que o PT precisava para conquistar a cidadela da classe média.
Comentário
Lula é um craque político. Mas, convenhamos, é como Santos de Pelé enfrentando o Jabaquara. O primarismo da ação política midiática é acachapante, não enobrece o vitorioso, porque torna tudo muito fácil. A falta de discurso político produziu essa anomalia bem retratada pelo Fernando Barros: de jogar a classe média no colo de Dilma para tentar afastá-la de Lula.
Há tempos chamamos a atenção aqui para essa estratégia política de Lula-Dilma e a maneira como a oposição e a mídia embarcaram nela.
POLÍTICA - A impossibilidade do consenso midiático.
Do site Luis Nassif on line
Por Joaquim Aragão
Gostei sobretudo do resultado da pesquisa do "Instituto Fernando de Barros e Silva":
"Nesse universo, de cada dez pessoas que batem palmas para a presidente, nove parecem fazê-lo exatamente porque ela seria uma espécie de negação do padrinho."
Pena que não tenha acesso à amostragem e à metodologia do "survey"!
Realmente, o "poste" está provocando uma enorme poluição de emissão eletromagnética nas comunicações da grande imprensa. O tratamento que ela está dispensando à mídia, sem enfrentamento direto ("Ley de Medios"), mas reagindo caso-a-caso a todos os obstáculos que esta lhe coloca no caminho, está dando certo.
Por esse método, ela espera que a imprensa continue atacando até cometer um erro (ver escândalo Vela, Zé Dirceu), para defender o direito de resposta (por enquanto, fica por aqui, esperando a próxima pisada de bola). Não é a toa que a Newsweek alertou: Não brinquem com ela!
A invenção do racha entre Lula e Dilma, a fabrica de escândalos e, esta derrotada, a colocação da "faxina" na pauta governamental, o descontentamento da base aliada e tudo mais, até agora deram tiro n´água:
1) Tentam criar um fosso entre Dilma, a culta, e Lula, o analfabeto. Mas os dois estão mais unidos do que Putin e Medeyev...
2) Aos escândalos, reage com análise caso-a-caso, demitindo os acusados a) quando sua situação fica insustentável; b) quando a imprensa já tem outra pegadinha na sua pauta central.
3) A imprensa tenta reagir pautando a faxina, esperando daí provocar racha no Governo. Como nada disso ocorre, inventa que a Dilma "voltou atrás com sua promessa de faxina"....
No momento, parece que voltou a calmaria. Mas não se iludam: não haverá nunca um "consenso nassifiano" entre o Governo e o establishment sócio-político. NUNCA a imprensa içará a bandeira branca para o governo federal. Isso porque:
a) pouco importa se as elites acabam se beneficiando com as políticas públicas corretas: PT, Lula e Dilma não pertencem ao establishment. É uma questão de identidade de classe e poder, e o PT simplesmente não tem direito de dar certo para as elites e sua imprensa.
b) a política de comunicação do Governo, embora respeitosa com os grandes meios de comunicação, não lhes faz sala, sobretudo não lhes reserva a parte do leão das verbas de comunicação, que têm de ser divididos com os meios mais próximos à comunidade, chamadas de imprensa "chapa branca" pelos jornalões.
Enquanto que o establishment não voltar ao Poder, não haverá trégua. As notícias serão sempre ruins (esperem só o noticiário, quando o tsunami da crise econômica mundial, mas grave do que a de 2008, chegar por aqui!!! Tudo será culpa do governo!), e os cidadãos simplesmente não terão direito de dormir tranquilos, satisfeitos com o governo.
A opinião pública tem de ficar todo o período do governo petista em sobressalto, deprimida, triste, independentemente dos resultados positivos das políticas governamentais. Simplesmente não tem direito à satisfação!
Tudo mudará, quando o establishment voltar ao Poder (afinal, a rotatividade existe, o que não é negativo em si): aí, sim, o Brasil estará no rumo certo, a miséria contida, o desmatamento da Amazônia também. E os escândalos sumirão das manchetes...
Mas para isso chegar, há muito trabalho pela frente. Nem o DEM nem o PSDB estão ainda apontando com alternativa de Poder, por absoluta ausência de propostas, especialmente em uma era onde o neo-liberalismo foi desmascarado como imoral e ineficiente. A "esquerda de resultados" continua dando as cartas, e está até assustando a mídia globalizada.
Sorry, tucanos: embora ainda prefira o PT, a alternativa de Poder que me parece mais plausível nesse momento é o PSB...
Enquanto isso, Dilma se revela com luz própria: embora "filhote político" de Lula, ela dispensa cada vez mais sua tutela, vai impondo seu estilo próprio de governar, adequado a um momento diferente ao período lulista, e assim aumentando a probabilidade de sua re-eleição, sem que isso provoque nenhuma rusga entre ele e Lula.
Realmente, a situação é desesperadora!
Por Joaquim Aragão
Gostei sobretudo do resultado da pesquisa do "Instituto Fernando de Barros e Silva":
"Nesse universo, de cada dez pessoas que batem palmas para a presidente, nove parecem fazê-lo exatamente porque ela seria uma espécie de negação do padrinho."
Pena que não tenha acesso à amostragem e à metodologia do "survey"!
Realmente, o "poste" está provocando uma enorme poluição de emissão eletromagnética nas comunicações da grande imprensa. O tratamento que ela está dispensando à mídia, sem enfrentamento direto ("Ley de Medios"), mas reagindo caso-a-caso a todos os obstáculos que esta lhe coloca no caminho, está dando certo.
Por esse método, ela espera que a imprensa continue atacando até cometer um erro (ver escândalo Vela, Zé Dirceu), para defender o direito de resposta (por enquanto, fica por aqui, esperando a próxima pisada de bola). Não é a toa que a Newsweek alertou: Não brinquem com ela!
A invenção do racha entre Lula e Dilma, a fabrica de escândalos e, esta derrotada, a colocação da "faxina" na pauta governamental, o descontentamento da base aliada e tudo mais, até agora deram tiro n´água:
1) Tentam criar um fosso entre Dilma, a culta, e Lula, o analfabeto. Mas os dois estão mais unidos do que Putin e Medeyev...
2) Aos escândalos, reage com análise caso-a-caso, demitindo os acusados a) quando sua situação fica insustentável; b) quando a imprensa já tem outra pegadinha na sua pauta central.
3) A imprensa tenta reagir pautando a faxina, esperando daí provocar racha no Governo. Como nada disso ocorre, inventa que a Dilma "voltou atrás com sua promessa de faxina"....
No momento, parece que voltou a calmaria. Mas não se iludam: não haverá nunca um "consenso nassifiano" entre o Governo e o establishment sócio-político. NUNCA a imprensa içará a bandeira branca para o governo federal. Isso porque:
a) pouco importa se as elites acabam se beneficiando com as políticas públicas corretas: PT, Lula e Dilma não pertencem ao establishment. É uma questão de identidade de classe e poder, e o PT simplesmente não tem direito de dar certo para as elites e sua imprensa.
b) a política de comunicação do Governo, embora respeitosa com os grandes meios de comunicação, não lhes faz sala, sobretudo não lhes reserva a parte do leão das verbas de comunicação, que têm de ser divididos com os meios mais próximos à comunidade, chamadas de imprensa "chapa branca" pelos jornalões.
Enquanto que o establishment não voltar ao Poder, não haverá trégua. As notícias serão sempre ruins (esperem só o noticiário, quando o tsunami da crise econômica mundial, mas grave do que a de 2008, chegar por aqui!!! Tudo será culpa do governo!), e os cidadãos simplesmente não terão direito de dormir tranquilos, satisfeitos com o governo.
A opinião pública tem de ficar todo o período do governo petista em sobressalto, deprimida, triste, independentemente dos resultados positivos das políticas governamentais. Simplesmente não tem direito à satisfação!
Tudo mudará, quando o establishment voltar ao Poder (afinal, a rotatividade existe, o que não é negativo em si): aí, sim, o Brasil estará no rumo certo, a miséria contida, o desmatamento da Amazônia também. E os escândalos sumirão das manchetes...
Mas para isso chegar, há muito trabalho pela frente. Nem o DEM nem o PSDB estão ainda apontando com alternativa de Poder, por absoluta ausência de propostas, especialmente em uma era onde o neo-liberalismo foi desmascarado como imoral e ineficiente. A "esquerda de resultados" continua dando as cartas, e está até assustando a mídia globalizada.
Sorry, tucanos: embora ainda prefira o PT, a alternativa de Poder que me parece mais plausível nesse momento é o PSB...
Enquanto isso, Dilma se revela com luz própria: embora "filhote político" de Lula, ela dispensa cada vez mais sua tutela, vai impondo seu estilo próprio de governar, adequado a um momento diferente ao período lulista, e assim aumentando a probabilidade de sua re-eleição, sem que isso provoque nenhuma rusga entre ele e Lula.
Realmente, a situação é desesperadora!
POLÍTICA - A dívida é ilegal e imoral.
Elaine Tavares
Jornalista
Adital
No Brasil é assim: tudo pode ser adiado, menos o pagamento das dívidas externa e interna. E isso não é conversa de "esquerdista”. É coisa firmada na lei. Quem explica é Maria Lucia Fatorelli, da Auditoria Cidadã da Dívida. Segundo os estudos feitos pelo movimento que luta por uma auditoria, levantados desde as informações oficiais, só no ano de 2010 o orçamento nacional foi consumido em 44,93% (635 bilhões de reais) para pagamento de juros das dívidas. Isso significa que do bolo todo que o governo tem para gastar quase a metade já nasce morto. Da outra metade que resta para investimentos, o governo gasta apenas 2,89% com educação e 3,91 com saúde. Por conta disso, mais de 60% dos brasileiros não tem água tratada nem saneamento. Isso na sétima economia do mundo.
Diante desses números, Fatorelli mostra como e por que a dívida acaba consumindo o dinheiro que deveria servir para dar uma vida melhor à população. Segundo ela, a Constituição, no artigo 166, estabelece que um deputado só pode pedir aumento no orçamento se indicar de onde virão os recursos. Mas se o aumento do orçamento incidir sobre o pagamento do serviço da dívida isso não é necessário. "Isso configura claramente um privilégio e foi aprovado. Está lá, na Constituição”. Da mesma forma, a Lei de Diretrizes Orçamentárias define que o orçamento deve ser compatível com o superávit, assim como a famigerada Lei de Responsabilidade Fiscal obriga os governantes a cortar gastos no social, mas não os dispensa do pagamento da dívida. Ou seja, a dívida sempre em primeiro lugar, pois, se o governante não pagar, vai preso. "Mas ninguém vai preso se as pessoas morrem nas portas dos hospitais, se as crianças não têm escola”.
Fatorelli explica que o privilégio para o pagamento da dívida segue no desenho das metas da inflação, diretriz de política monetária proposta pelo Fundo Monetário Nacional que é seguida a risca pelo governo brasileiro. Isso se expressou, por exemplo, na criação da taxa Selic, a qual boa parte da dívida esteve e está atrelada. Essa taxa sempre é elevada, cada vez que há um suposto perigo para os investidores. Isso significa que quem investe nos papéis da dívida nunca vai perder.
Conforme Maria Lúcia o governo trabalha com inverdades no que diz respeito à política monetária. Um exemplo é justamente esse de tornar necessário o aumento da taxa Selic para conter a inflação. "Isso não é verdade. Aumentar a taxa Selic não controla a inflação nos preços existentes, porque eles decorrem da privatização. A luz privatizada, a água privatizada, a saúde, etc. O aumento dessa taxa só serve aos que têm papéis da dívida”. Outra conversa furada é a de que o excesso de moeda provoque inflação. "A montanha de dólares que entra no país só acontece porque o próprio governo isenta as empresas multinacionais de imposto. Não é decorrente da circulação de mercadorias reais. É fruto do movimento virtual de papéis”.
A entrada de dinheiro se dá da seguinte forma. Nas operações de mercado aberto (bolsa) que hoje superam meio trilhão de reais, o Banco Central entrega títulos da dívida para os bancos e fica com os dólares. Nessas operações, o Banco Central – que em tese é o Estado brasileiro – só consegue amealhar prejuízos. Em 2009 foram 147 bilhões de prejuízos, em 2010, 50 bilhões e neste primeiro semestre de 2011 já foram 44 milhões. Por conta disso, Fatorelli insiste em dizer que os gestores do Estado são responsáveis sim por essa política que arrocha cada dia mais a vida do povo. Os bancos lucram e o povo é quem paga a conta.
Outra coisa que muito pouca gente sabe - porque a mídia não divulga – é que todo o lucro das empresas estatais é direcionado, por lei, para pagamento da dívida. O mesmo acontece com os recursos que os estados da federação pagam ao governo central. Toda e qualquer privatização que acontece carrega o valor da venda para pagamento da dívida, assim como os recursos que não são utilizados no orçamento também passam para o bolo do pagamento da dívida.
Maria Lúcia Fatorelli afirma que essa é uma estratégia de manutenção de poder e acumulação que não mudou sequer um centímetro com o governo de Lula ou Dilma. Os papeis da dívida rendendo 12% ao mês são o melhor negócio que alguém pode ter. Tanto que em 2010 houve um acréscimo de mais 12 bilionários no Brasil e desse número, oito são banqueiros. A lógica do pagamento da dívida garante risco zero aos investidores, que são os mesmos que financiam as campanhas eleitorais e patrocinam a mídia. Assim, tudo está ligado.
No meio dessa farra de dinheiro público indo para bolsos privados, há uma ilusória distribuição da riqueza. O governo acena com pequenos ganhos aos pobres, como é o caso da bolsa família. Vejam que esse programa consome apenas 12 bilhões ao ano, enquanto a dívida leva 635 bilhões. O governo também coloca como um grande avanço o acesso das classes C e D a produtos baratos e o acesso a crédito e financiamento. Mas na verdade, o que promove é o progressivo endividamento dessas pessoas. Por outro lado, o Brasil tem um modelo tributário que é um dos mais injustos e regressivos. "Quem ganha até dois salários mínimos tem uma carga tributária bem maior do que os demais trabalhadores. E os ricos, no geral, são isentos de imposto. Já os empresários são frequentemente presenteados com deduções generosas, inclusive sobre despesas fictícias, que nunca foram feitas, enquanto os trabalhadores não podem deduzir do imposto despesas reais como aluguel, remédios, óculos”.
A ilusão de que as contas estão boas também se dá na espalhafatosa decisão de pagar adiantado ao FMI, que trouxe dividendos políticos a Lula, mas acarretou em mais rombos aos cofres públicos, tirando dos gastos sociais para colocar no bolso dos banqueiros. Foi um resgate antecipado de títulos da dívida, feito com ágio de até 70%, para que não houvesse qualquer perda aos investidores.
Agora em 2011 o governo de Dilma Rousseff iniciou anunciando o corte de 50 bilhões do orçamento, como um "ajuste necessário”. Faltou dizer, necessário para quem? Para os especuladores. Há que pagar a dívida. O Brasil consome um bilhão de reais por dia no pagamento da dívida. Fatorelli procurar dar uma visão concreta do que seria um bilhão. "Imaginem um apartamento, desses bem finos, que custa um milhão de reais. Um bilhão equivaleria a cem edifícios de 10 andares, sendo um apartamento por andar. É isso que sai do nosso país todos os dias”. Não é sem razão que enquanto os trabalhadores são massacrados e não recebem aumento salarial, os bancos tenham auferido um lucro de 70 bilhões de reais no ano passado. É a expressão concreta da regra do mundo capitalista: para que um seja rico, alguém tem de ser escravo.
Na verdade o processo da dívida externa e também da dívida interna deveria sofrer uma auditoria e é nessa luta que um grupo de pessoas anda já há algum tempo. Maria Lúcia Fatorelli foi membro da comissão que auditou as dívidas do Equador, quando o presidente Rafael Correa decidiu realmente saber como funcionava o rolo compressor e ilegal da dívida daquele país. Segundo ela, no Equador, comprovou-se que mais de 70% da dívida era ilegal, fruto de anos e anos de acordos espúrios e irresponsáveis, muito parecidos com os que foram feito no Brasil. Correa decidiu não pagar e 95% dos seus credores aceitaram a proposta sem alarde, pois sabiam que se fossem discutir na justiça internacional correriam o risco de ter de devolver muitos bilhões.
Hoje, no Brasil, uma auditoria provaria muitas ilegalidades e até crimes de lesa pátria. Como explicar, por exemplo, que se pague 12% ao mês aos investidores enquanto o Banco Central brasileiro aplica suas reservas em bancos estrangeiros, que pagam juros pífios? Como aceitar que o Banco Central acumule prejuízos enquanto encha as burras dos investidores dos papéis podres? Por isso que a tão falada crise não pode ser vista como uma mera crise financeira. Ela é social e ambiental, pois coloca o salvamento dos bancos acima até da vida do planeta.
Como funciona o esquema dos papeis podres
Há um mito de que no mundo capitalista quem manda no movimento das coisas é o mercado. Ele define tudo, preços, valor, tudo baseado na oferta e procura. Assim, em nome desse mito criou-se a concepção de desregulamentação do mercado. Ou seja, o estado não pode interferir nesse movimento. Assim, o mercado, que é bem espertinho, sem um equivalente concreto de riqueza decidiu criar os famosos papéis podres, ou ativos tóxicos, ou derivativos. E o que é isso? Bom, para entender há que se fazer um bom exercício de abstração. Imagine que a pessoa compra uma casa e ela vale um milhão. Aí a pessoa define que daqui a um ano ela estará valendo dois milhões, então vai ao mercado de ações e vende dois milhões em papéis. Desses dois milhões, apenas um tem valor real, está ali, consolidado em uma casa real. O outro milhão é fictício. Ele só existe no desejo. Imagine que venha um furacão e danifique a casa. Lá se vai aquele milhão em papel podre, e quem comprou esses papéis perde tudo que investiu. Foi mais ou menos isso que aconteceu na crise imobiliária estadunidense.
Agora imagine que os bancos fazem isso todos os dias. Eles jogam ações no mercado e não precisam provar que essas ações têm uma correspondência real. Os derivativos são nada mais nada menos do que apostas. O mercado sabe que é uma aposta, e para não perder ele estabelece um seguro. Assim, se acontecer dos derivativos virarem pó, eles não perdem nada. E quem é que paga para os bancos continuarem quebrando a vida real dos que investem nos papéis podres? Nós. Porque quando os bancos entram em risco de quebra, como aconteceu lá nos Estados Unidos, o Estado vai e socorre. Para se ter uma idéia, na crise, o banco central estadunidense chegou a repassar 16 trilhões de dólares para salvar os bancos da bancarrota. O que mostra que é uma falácia esse negócio de "mercado livre”. O mercado só é livre quando há lucros, quando há prejuízos quem paga a conta é povo.
Então, quando aparece na televisão a crise na Grécia, os protestos na Espanha, na Itália, Irlanda, França e mesmo no Brasil, já se pode saber que o que está acontecendo é exatamente isso. Os países estão se endividando para salvar investidores e pagar as dívidas que contraem nessa roda viva de papel podre. Assim, define Fatorelli, a crise no setor financeiro dos países é falsamente transformada em crise da dívida. E os países então colocam sob os ombros do povo o pagamento de suas "apostas” mal feitas ou ilegais.
No Brasil a dívida externa chega a 350 bilhões e a dívida interna aos 2,5 trilhões. A dívida bruta consome 70% do PIB e o governo paga os maiores juros do mundo. É uma festa interminável para os investidores mundiais, sem risco algum. O governo de FHC consumiu, só em juros, dois trilhões de reais, o governo Lula, 4,7 trilhões. Tudo o que se diz na televisão sobre os problemas que o estado tem com o orçamento é mentira. Há dinheiro suficiente, mas ele é usado para enriquecer, sem riscos, os investidores. Não bastasse isso, ao longo dos anos, as taxas de juros, que garantem os maiores lucros do mundo, são definidas por "especialistas”. Desse grupo que orienta os juros 51% são representantes dos bancos e 35% representam o subgrupo de gestão de ativos. Ou seja, eles atuam em interesse próprio. Só isso já bastaria para se dar início a uma séria investigação sobre o tema da dívida. Porque da forma como tudo acontece, assoma claramente a intenção do prejuízo à nação. Vem daí a proposta de uma auditoria, aos moldes da que fez o Equador. Mas, para isso precisaria haver uma decisão política. Por que será que ela não acontece? É hora de a gente pensar...
Jornalista
Adital
No Brasil é assim: tudo pode ser adiado, menos o pagamento das dívidas externa e interna. E isso não é conversa de "esquerdista”. É coisa firmada na lei. Quem explica é Maria Lucia Fatorelli, da Auditoria Cidadã da Dívida. Segundo os estudos feitos pelo movimento que luta por uma auditoria, levantados desde as informações oficiais, só no ano de 2010 o orçamento nacional foi consumido em 44,93% (635 bilhões de reais) para pagamento de juros das dívidas. Isso significa que do bolo todo que o governo tem para gastar quase a metade já nasce morto. Da outra metade que resta para investimentos, o governo gasta apenas 2,89% com educação e 3,91 com saúde. Por conta disso, mais de 60% dos brasileiros não tem água tratada nem saneamento. Isso na sétima economia do mundo.
Diante desses números, Fatorelli mostra como e por que a dívida acaba consumindo o dinheiro que deveria servir para dar uma vida melhor à população. Segundo ela, a Constituição, no artigo 166, estabelece que um deputado só pode pedir aumento no orçamento se indicar de onde virão os recursos. Mas se o aumento do orçamento incidir sobre o pagamento do serviço da dívida isso não é necessário. "Isso configura claramente um privilégio e foi aprovado. Está lá, na Constituição”. Da mesma forma, a Lei de Diretrizes Orçamentárias define que o orçamento deve ser compatível com o superávit, assim como a famigerada Lei de Responsabilidade Fiscal obriga os governantes a cortar gastos no social, mas não os dispensa do pagamento da dívida. Ou seja, a dívida sempre em primeiro lugar, pois, se o governante não pagar, vai preso. "Mas ninguém vai preso se as pessoas morrem nas portas dos hospitais, se as crianças não têm escola”.
Fatorelli explica que o privilégio para o pagamento da dívida segue no desenho das metas da inflação, diretriz de política monetária proposta pelo Fundo Monetário Nacional que é seguida a risca pelo governo brasileiro. Isso se expressou, por exemplo, na criação da taxa Selic, a qual boa parte da dívida esteve e está atrelada. Essa taxa sempre é elevada, cada vez que há um suposto perigo para os investidores. Isso significa que quem investe nos papéis da dívida nunca vai perder.
Conforme Maria Lúcia o governo trabalha com inverdades no que diz respeito à política monetária. Um exemplo é justamente esse de tornar necessário o aumento da taxa Selic para conter a inflação. "Isso não é verdade. Aumentar a taxa Selic não controla a inflação nos preços existentes, porque eles decorrem da privatização. A luz privatizada, a água privatizada, a saúde, etc. O aumento dessa taxa só serve aos que têm papéis da dívida”. Outra conversa furada é a de que o excesso de moeda provoque inflação. "A montanha de dólares que entra no país só acontece porque o próprio governo isenta as empresas multinacionais de imposto. Não é decorrente da circulação de mercadorias reais. É fruto do movimento virtual de papéis”.
A entrada de dinheiro se dá da seguinte forma. Nas operações de mercado aberto (bolsa) que hoje superam meio trilhão de reais, o Banco Central entrega títulos da dívida para os bancos e fica com os dólares. Nessas operações, o Banco Central – que em tese é o Estado brasileiro – só consegue amealhar prejuízos. Em 2009 foram 147 bilhões de prejuízos, em 2010, 50 bilhões e neste primeiro semestre de 2011 já foram 44 milhões. Por conta disso, Fatorelli insiste em dizer que os gestores do Estado são responsáveis sim por essa política que arrocha cada dia mais a vida do povo. Os bancos lucram e o povo é quem paga a conta.
Outra coisa que muito pouca gente sabe - porque a mídia não divulga – é que todo o lucro das empresas estatais é direcionado, por lei, para pagamento da dívida. O mesmo acontece com os recursos que os estados da federação pagam ao governo central. Toda e qualquer privatização que acontece carrega o valor da venda para pagamento da dívida, assim como os recursos que não são utilizados no orçamento também passam para o bolo do pagamento da dívida.
Maria Lúcia Fatorelli afirma que essa é uma estratégia de manutenção de poder e acumulação que não mudou sequer um centímetro com o governo de Lula ou Dilma. Os papeis da dívida rendendo 12% ao mês são o melhor negócio que alguém pode ter. Tanto que em 2010 houve um acréscimo de mais 12 bilionários no Brasil e desse número, oito são banqueiros. A lógica do pagamento da dívida garante risco zero aos investidores, que são os mesmos que financiam as campanhas eleitorais e patrocinam a mídia. Assim, tudo está ligado.
No meio dessa farra de dinheiro público indo para bolsos privados, há uma ilusória distribuição da riqueza. O governo acena com pequenos ganhos aos pobres, como é o caso da bolsa família. Vejam que esse programa consome apenas 12 bilhões ao ano, enquanto a dívida leva 635 bilhões. O governo também coloca como um grande avanço o acesso das classes C e D a produtos baratos e o acesso a crédito e financiamento. Mas na verdade, o que promove é o progressivo endividamento dessas pessoas. Por outro lado, o Brasil tem um modelo tributário que é um dos mais injustos e regressivos. "Quem ganha até dois salários mínimos tem uma carga tributária bem maior do que os demais trabalhadores. E os ricos, no geral, são isentos de imposto. Já os empresários são frequentemente presenteados com deduções generosas, inclusive sobre despesas fictícias, que nunca foram feitas, enquanto os trabalhadores não podem deduzir do imposto despesas reais como aluguel, remédios, óculos”.
A ilusão de que as contas estão boas também se dá na espalhafatosa decisão de pagar adiantado ao FMI, que trouxe dividendos políticos a Lula, mas acarretou em mais rombos aos cofres públicos, tirando dos gastos sociais para colocar no bolso dos banqueiros. Foi um resgate antecipado de títulos da dívida, feito com ágio de até 70%, para que não houvesse qualquer perda aos investidores.
Agora em 2011 o governo de Dilma Rousseff iniciou anunciando o corte de 50 bilhões do orçamento, como um "ajuste necessário”. Faltou dizer, necessário para quem? Para os especuladores. Há que pagar a dívida. O Brasil consome um bilhão de reais por dia no pagamento da dívida. Fatorelli procurar dar uma visão concreta do que seria um bilhão. "Imaginem um apartamento, desses bem finos, que custa um milhão de reais. Um bilhão equivaleria a cem edifícios de 10 andares, sendo um apartamento por andar. É isso que sai do nosso país todos os dias”. Não é sem razão que enquanto os trabalhadores são massacrados e não recebem aumento salarial, os bancos tenham auferido um lucro de 70 bilhões de reais no ano passado. É a expressão concreta da regra do mundo capitalista: para que um seja rico, alguém tem de ser escravo.
Na verdade o processo da dívida externa e também da dívida interna deveria sofrer uma auditoria e é nessa luta que um grupo de pessoas anda já há algum tempo. Maria Lúcia Fatorelli foi membro da comissão que auditou as dívidas do Equador, quando o presidente Rafael Correa decidiu realmente saber como funcionava o rolo compressor e ilegal da dívida daquele país. Segundo ela, no Equador, comprovou-se que mais de 70% da dívida era ilegal, fruto de anos e anos de acordos espúrios e irresponsáveis, muito parecidos com os que foram feito no Brasil. Correa decidiu não pagar e 95% dos seus credores aceitaram a proposta sem alarde, pois sabiam que se fossem discutir na justiça internacional correriam o risco de ter de devolver muitos bilhões.
Hoje, no Brasil, uma auditoria provaria muitas ilegalidades e até crimes de lesa pátria. Como explicar, por exemplo, que se pague 12% ao mês aos investidores enquanto o Banco Central brasileiro aplica suas reservas em bancos estrangeiros, que pagam juros pífios? Como aceitar que o Banco Central acumule prejuízos enquanto encha as burras dos investidores dos papéis podres? Por isso que a tão falada crise não pode ser vista como uma mera crise financeira. Ela é social e ambiental, pois coloca o salvamento dos bancos acima até da vida do planeta.
Como funciona o esquema dos papeis podres
Há um mito de que no mundo capitalista quem manda no movimento das coisas é o mercado. Ele define tudo, preços, valor, tudo baseado na oferta e procura. Assim, em nome desse mito criou-se a concepção de desregulamentação do mercado. Ou seja, o estado não pode interferir nesse movimento. Assim, o mercado, que é bem espertinho, sem um equivalente concreto de riqueza decidiu criar os famosos papéis podres, ou ativos tóxicos, ou derivativos. E o que é isso? Bom, para entender há que se fazer um bom exercício de abstração. Imagine que a pessoa compra uma casa e ela vale um milhão. Aí a pessoa define que daqui a um ano ela estará valendo dois milhões, então vai ao mercado de ações e vende dois milhões em papéis. Desses dois milhões, apenas um tem valor real, está ali, consolidado em uma casa real. O outro milhão é fictício. Ele só existe no desejo. Imagine que venha um furacão e danifique a casa. Lá se vai aquele milhão em papel podre, e quem comprou esses papéis perde tudo que investiu. Foi mais ou menos isso que aconteceu na crise imobiliária estadunidense.
Agora imagine que os bancos fazem isso todos os dias. Eles jogam ações no mercado e não precisam provar que essas ações têm uma correspondência real. Os derivativos são nada mais nada menos do que apostas. O mercado sabe que é uma aposta, e para não perder ele estabelece um seguro. Assim, se acontecer dos derivativos virarem pó, eles não perdem nada. E quem é que paga para os bancos continuarem quebrando a vida real dos que investem nos papéis podres? Nós. Porque quando os bancos entram em risco de quebra, como aconteceu lá nos Estados Unidos, o Estado vai e socorre. Para se ter uma idéia, na crise, o banco central estadunidense chegou a repassar 16 trilhões de dólares para salvar os bancos da bancarrota. O que mostra que é uma falácia esse negócio de "mercado livre”. O mercado só é livre quando há lucros, quando há prejuízos quem paga a conta é povo.
Então, quando aparece na televisão a crise na Grécia, os protestos na Espanha, na Itália, Irlanda, França e mesmo no Brasil, já se pode saber que o que está acontecendo é exatamente isso. Os países estão se endividando para salvar investidores e pagar as dívidas que contraem nessa roda viva de papel podre. Assim, define Fatorelli, a crise no setor financeiro dos países é falsamente transformada em crise da dívida. E os países então colocam sob os ombros do povo o pagamento de suas "apostas” mal feitas ou ilegais.
No Brasil a dívida externa chega a 350 bilhões e a dívida interna aos 2,5 trilhões. A dívida bruta consome 70% do PIB e o governo paga os maiores juros do mundo. É uma festa interminável para os investidores mundiais, sem risco algum. O governo de FHC consumiu, só em juros, dois trilhões de reais, o governo Lula, 4,7 trilhões. Tudo o que se diz na televisão sobre os problemas que o estado tem com o orçamento é mentira. Há dinheiro suficiente, mas ele é usado para enriquecer, sem riscos, os investidores. Não bastasse isso, ao longo dos anos, as taxas de juros, que garantem os maiores lucros do mundo, são definidas por "especialistas”. Desse grupo que orienta os juros 51% são representantes dos bancos e 35% representam o subgrupo de gestão de ativos. Ou seja, eles atuam em interesse próprio. Só isso já bastaria para se dar início a uma séria investigação sobre o tema da dívida. Porque da forma como tudo acontece, assoma claramente a intenção do prejuízo à nação. Vem daí a proposta de uma auditoria, aos moldes da que fez o Equador. Mas, para isso precisaria haver uma decisão política. Por que será que ela não acontece? É hora de a gente pensar...
POLÍTICA - PSDB quer escolher logo o candidato a presidência.
Presidente do PSDB quer apressar a escolha do candidato a presidente em 2014.
Carlos Newton
O presidente nacional do PSDB, deputado Sergio Guerra (PE), adverte que o partido precisa se apressar e escolher seu próximo candidato à sucessão presidencial. “Vamos apresentá-lo quando houver condições para isso. O importante é não demorar muito. A expectativa é que isso possa acontecer logo depois das eleições municipais” – declarou em entrevista à excelente repórter Adriana Vasconcelos, de O Globo.
Guerra se baseia em análises preparadas pelo cientista político Antonio Lavareda sobre os principais problemas do partido, que na eleição passada não conseguiu eleger um só deputado federal em cinco Estados. Por isso, os tucanos pretendem arregaçar as mangas, pois concluíram que o desempenho em 2012 será fundamental, mais do que em outras vezes, para que a legenda se mantenha como alternativa de poder em 2014.
O presidente explica que a meta é garantir a eleição de pelo menos mil prefeitos no próximo ano, um número superior ao atual de 793. E o partido deverá priorizar a campanha nos municípios com mais de 200 mil habitantes, uma estratégia traçada a partir da análise feita por Lavareda indicando que o ex-governador José Serra teve um desempenho surpreendente nestas cidades na eleição presidencial de 2010, muito acima dos votos conquistados pelos candidatos estaduais do partido.
Guerra disse também que o PSDB espera o empenho total de seus oito governadores para melhorar seu desempenho no interior do país e nas cidades menores, onde os vereadores e prefeitos se preocupam muito mais em ter o apoio dos governantes locais do que do governo federal.
Em relação à política de alianças, os tucanos planejam seguir o mesmo critério adotado pelos petistas. A ideia é não impedir composições com nenhuma legenda, seja ela da base da presidente Dilma Rousseff ou da oposição.
Bem, sonhar não é proibido. Mas quem será o candidato do PSDB à eleição presidencial. José Serra, novamente? Geraldo Alkmin, novamente? Aécio Neves, enfim? Ou alguma opção nova, tipo Aluizio Nunes Ferreira? Eis a questão principal. De difícil solução.
Fonte: Tribuna da Internet
Carlos Newton
O presidente nacional do PSDB, deputado Sergio Guerra (PE), adverte que o partido precisa se apressar e escolher seu próximo candidato à sucessão presidencial. “Vamos apresentá-lo quando houver condições para isso. O importante é não demorar muito. A expectativa é que isso possa acontecer logo depois das eleições municipais” – declarou em entrevista à excelente repórter Adriana Vasconcelos, de O Globo.
Guerra se baseia em análises preparadas pelo cientista político Antonio Lavareda sobre os principais problemas do partido, que na eleição passada não conseguiu eleger um só deputado federal em cinco Estados. Por isso, os tucanos pretendem arregaçar as mangas, pois concluíram que o desempenho em 2012 será fundamental, mais do que em outras vezes, para que a legenda se mantenha como alternativa de poder em 2014.
O presidente explica que a meta é garantir a eleição de pelo menos mil prefeitos no próximo ano, um número superior ao atual de 793. E o partido deverá priorizar a campanha nos municípios com mais de 200 mil habitantes, uma estratégia traçada a partir da análise feita por Lavareda indicando que o ex-governador José Serra teve um desempenho surpreendente nestas cidades na eleição presidencial de 2010, muito acima dos votos conquistados pelos candidatos estaduais do partido.
Guerra disse também que o PSDB espera o empenho total de seus oito governadores para melhorar seu desempenho no interior do país e nas cidades menores, onde os vereadores e prefeitos se preocupam muito mais em ter o apoio dos governantes locais do que do governo federal.
Em relação à política de alianças, os tucanos planejam seguir o mesmo critério adotado pelos petistas. A ideia é não impedir composições com nenhuma legenda, seja ela da base da presidente Dilma Rousseff ou da oposição.
Bem, sonhar não é proibido. Mas quem será o candidato do PSDB à eleição presidencial. José Serra, novamente? Geraldo Alkmin, novamente? Aécio Neves, enfim? Ou alguma opção nova, tipo Aluizio Nunes Ferreira? Eis a questão principal. De difícil solução.
Fonte: Tribuna da Internet
POLÍTICA - Dilma na cabeça.
Do blog Por Um Novo Brasil
A presidente Dilma seria eleita no primeiro turno, no caso de novas eleições presidenciais, mantidos os mesmos candidatos de 2010. No ano passado, a presidente obteve 46,9% dos votos válidos. Se o pleito fosse agora, teria 59% dos votos. A votação do tucano José Serra cairia de 32,6% para 25%. Também perderia densidade a candidatura de Marina Silva (ex-PV), de 19,3% para 15%. Os dados são da pesquisa encomendada pelo PSDB
Ilimar Franco
O Globo
A presidente Dilma seria eleita no primeiro turno, no caso de novas eleições presidenciais, mantidos os mesmos candidatos de 2010. No ano passado, a presidente obteve 46,9% dos votos válidos. Se o pleito fosse agora, teria 59% dos votos. A votação do tucano José Serra cairia de 32,6% para 25%. Também perderia densidade a candidatura de Marina Silva (ex-PV), de 19,3% para 15%. Os dados são da pesquisa encomendada pelo PSDB
Ilimar Franco
O Globo
GRÉCIA - "Nós podemos travá-los! Não devemos nada - Não pagaremos o imposto de capitação!
Manifestação maciça do PAME
por KKE
O povo trabalhador de Atenas enviou ontem esta mensagem, o povo da labuta dos arredores de Atenas e Pireu, trabalhadores, mulheres, auto-empregados, pensionistas, desempregados e estudantes que inundaram a Praça Syntagma aos milhares. Manifestações foram igualmente organizadas em dúzias de cidades por toda a Grécia. Numa grande e vida manifestação o povo comum proclamou a sua clara e inalterável decisão: "Não devemos nada – Não pagaremos!" . A manifestação foi uma clara mensagem de desafio face às ordens de pagamentos de repartições de finanças que estão a ser enviadas de forma maciça a toda família da classe trabalhadora e dos estratos populares, enquanto um novo aumento de impostos foi votado ontem no Parlamento pelo governo, o qual intima todo proprietário de casa, mesmo das propriedades mais pequenas, a pagar um imposto permanente e caro através das contas da electricidade.
Se acrescentarmos a estes impostos pesados a nova rodada de medidas que impõem novos impostos, uma nova redução dramática de salários, uma redução de pensões de mais de 50% com a demissão de 30 mil empregados do sector público com a perspectiva imediata de este número atingir 200 mil, etc, as famílias da classe trabalhadora e dos estratos populares serão levadas à indigência e bancarrota em massa.
O PAME, os sindicatos com orientação de classe e com uma intervenção organizada neste período, estão a colectar as ordens de pagamento dos trabalhadores e de modo maciço a proclamar que eles não vão pagar apesar da intimidação maciça do governo, referente a leilões e aprisionamento, ao mesmo tempo que ao grande capital estão a ser dadas isenções fiscais provocatórias e este está a receber novos privilégios.
Agora o único caminho é a recusa em massa organizada a pagar. O PAME apela a novas actividades contra os impostos pesados no dia 28 de Setembro, após a maciça manifestação de quarta-feira 21 de Setembro, chegando ao máximo com a greve no sector público e nas antigas companhias estatais a 5 de Outubro e a uma greve geral à escala nacional em 19 de Outubro.
"NEM UM PASSO ATRÁS"
Deveria ser notado que uma grande delegação do Comité Central do KKE estava presente no comício, encabeçada pela secretária-geral do CC do KKE, Aleka Papariga, que fez a seguinte declaração para os media: "Nem um passo atrás. A grande maioria do povo deve fazer o que está a pensar fazer – não pagar os impostos pesados, recusar ser empurrado contra o muro. Devemos tornar as suas vidas um inferno. Esta confrontação começa agora, ela já existe e vai continuar no próximo período".
Deve ser notado que no comício do PAME foi aprovada uma resolução de solidariedade com o povo palestino e com a exigência de que a Palestina se torne um estado membro da ONU, reconhecido com as suas fronteiras de 1967 e com Jerusalém Leste como sua capital.
22/Setembro/2011
O original encontra-se em http://inter.kke.gr/News/news2011/2011-09-21-syllalitirio/
Este comunicado encontra-se em http://resistir.info/ .
por KKE
O povo trabalhador de Atenas enviou ontem esta mensagem, o povo da labuta dos arredores de Atenas e Pireu, trabalhadores, mulheres, auto-empregados, pensionistas, desempregados e estudantes que inundaram a Praça Syntagma aos milhares. Manifestações foram igualmente organizadas em dúzias de cidades por toda a Grécia. Numa grande e vida manifestação o povo comum proclamou a sua clara e inalterável decisão: "Não devemos nada – Não pagaremos!" . A manifestação foi uma clara mensagem de desafio face às ordens de pagamentos de repartições de finanças que estão a ser enviadas de forma maciça a toda família da classe trabalhadora e dos estratos populares, enquanto um novo aumento de impostos foi votado ontem no Parlamento pelo governo, o qual intima todo proprietário de casa, mesmo das propriedades mais pequenas, a pagar um imposto permanente e caro através das contas da electricidade.
Se acrescentarmos a estes impostos pesados a nova rodada de medidas que impõem novos impostos, uma nova redução dramática de salários, uma redução de pensões de mais de 50% com a demissão de 30 mil empregados do sector público com a perspectiva imediata de este número atingir 200 mil, etc, as famílias da classe trabalhadora e dos estratos populares serão levadas à indigência e bancarrota em massa.
O PAME, os sindicatos com orientação de classe e com uma intervenção organizada neste período, estão a colectar as ordens de pagamento dos trabalhadores e de modo maciço a proclamar que eles não vão pagar apesar da intimidação maciça do governo, referente a leilões e aprisionamento, ao mesmo tempo que ao grande capital estão a ser dadas isenções fiscais provocatórias e este está a receber novos privilégios.
Agora o único caminho é a recusa em massa organizada a pagar. O PAME apela a novas actividades contra os impostos pesados no dia 28 de Setembro, após a maciça manifestação de quarta-feira 21 de Setembro, chegando ao máximo com a greve no sector público e nas antigas companhias estatais a 5 de Outubro e a uma greve geral à escala nacional em 19 de Outubro.
"NEM UM PASSO ATRÁS"
Deveria ser notado que uma grande delegação do Comité Central do KKE estava presente no comício, encabeçada pela secretária-geral do CC do KKE, Aleka Papariga, que fez a seguinte declaração para os media: "Nem um passo atrás. A grande maioria do povo deve fazer o que está a pensar fazer – não pagar os impostos pesados, recusar ser empurrado contra o muro. Devemos tornar as suas vidas um inferno. Esta confrontação começa agora, ela já existe e vai continuar no próximo período".
Deve ser notado que no comício do PAME foi aprovada uma resolução de solidariedade com o povo palestino e com a exigência de que a Palestina se torne um estado membro da ONU, reconhecido com as suas fronteiras de 1967 e com Jerusalém Leste como sua capital.
22/Setembro/2011
O original encontra-se em http://inter.kke.gr/News/news2011/2011-09-21-syllalitirio/
Este comunicado encontra-se em http://resistir.info/ .
POLÍTICA - Carta aberta à Comissão da Verdade.
Altino Machado
POR JOSÉ RIBAMAR BESSA FREIRE
Ofício nº 01/2011
Assunto: Cadê o Thomazinho?
Senhores Membros da Comissão da Verdade,
Saudações,
Escrevo-lhes para solicitar que esclareçam o paradeiro de Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto, o único amazonense incluído na lista oficial de “desaparecidos” na ditadura militar.
Sei que a Comissão não foi ainda constituída, que sua estrutura só será votada no Senado nos próximos dias, que seus integrantes sequer foram escolhidos. Se me antecipo, é apenas para garantir um lugar na fila. É que os “desaparecidos” são centenas, e apenas sete os membros da Comissão que, entre outras tarefas, terá de descobrir, no prazo de dois anos, as graves violações dos direitos humanos praticadas entre 1946 e 1988.
Assim, quando a presidente Dilma indicar os nomes, a Comissão já encontrará sobre sua mesa este ofício, contendo dados que podem facilitar vosso árduo trabalho. Anotem: Thomazinho nasceu em 1º de julho de 1937, em Parintins. Mudou para Manaus em 1950, onde estudou no Colégio Estadual do Amazonas. Viajou para o Rio de Janeiro, em 1958. Foi eleito secretário geral da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) em 1961. Ouçam o depoimento do titiriteiro Euclides Souza, roraimense que hoje vive no Paraná e com ele conviveu naquela época:
-Viajei com Meirelles por todo o Brasil na UNE-volante, ele representava a União Nacional dos Estudantes e eu o CPC – Centro Popular de Cultura. Como nós dois éramos caboclos e comunistas, ficávamos sempre no mesmo quarto e passávamos as noites discutindo cultura popular e socialismo.
Foi aí que Thomazinho ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade Lomonosov, em Moscou. Lá, casou com Miriam Marreiro, uma amazonense que estudava Direito na Universidade Patrício Lumumba. Com ela teve dois filhos: Larissa, nascida na Rússia, em 1963, e Togo, no Brasil, para onde o casal voltou depois do golpe militar de 1964.
Acontece que quando Thomazinho saiu do Brasil, quem governava o país era um presidente eleito democraticamente pelo voto popular. Quando voltou, a situação era outra. Os militares, descumprindo o juramento que fizeram de obedecer às leis vigentes, haviam rasgado a Constituição e ocupado o poder pela força, instaurando uma ditadura militar através de um golpe. Thomaz e outros companheiros deram, então, combate à ditadura. Quem estava na ilegalidade eram os militares e não os que contra eles lutavam.
Thomaz e seus companheiros sonhavam com um Brasil sem injustiças, onde o chibé seria compartilhado entre todos. Entregou-se, generosamente, à luta por este ideal, sacrificando família, conforto, bem-estar, carreira pessoal. Por causa de sua luta, enfrentou policia, sofreu prisão, foi espancado e torturado. Saiu de lá todo quebrado.
- Meu filho estava bastante machucado, tinha muitas marcas no corpo” – revelou sua mãe, dona Maria, que conversou com ele em fevereiro de 1973, num “ponto” em Copacabana. Essa foi a última vez que o viu. Ele permaneceu na clandestinidade até ser preso outra vez no dia 7 de maio de 1974.
Senhores, de acordo com o projeto aprovado nesta semana pela Câmara de Deputados, a Comissão da Verdade poderá colher testemunhos, receber documentação com garantia de anonimato e requisitar informações de órgãos públicos, mesmo aquelas classificadas como sigilosas. Requisitem, portanto, documentos do Arquivo do DOPS/SP, onde está registrada a prisão de Thomazinho, efetuada quando viajava do Rio para São Paulo.
Busquem, senhores membros da Comissão da Verdade, o Relatório do Ministério da Marinha, que confirma a prisão de Thomazinho. Encontrem outros documentos. Chequem a notícia publicada pelo Correio da Manhã (03/08/79) que revelou uma lista com 14 mortos, entre os quais está o nome de Thomaz Meirelles, cujo corpo até hoje não foi localizado. Identifiquem e convoquem, para serem ouvidos, aqueles que violaram os direitos humanos, torturaram e mataram presos que estavam sob a guarda do Estado.
Ao contrário de outros países, no Brasil a Comissão da Verdade não poderá, lamentavelmente, punir ou perseguir judicialmente os torturadores, cujos salários eram pagos pelo contribuinte e que praticaram tais crimes hediondos contra a humanidade. Na Argentina, no Chile e no Peru, vários agentes do Estado, entre eles generais e ex-presidentes da República, responsáveis por torturas e mortes, estão presos. É nessas horas que sentimos inveja de argentinos, peruanos e chilenos, que não contemporizaram com a tortura.
Mesmo assim, senhores, apesar dessas limitações, descubram os nomes dos assassinos de Thomazinho. Se eles não podem ser punidos judicialmente, serão moralmente execrados pela opinião pública. Dessa forma - quem sabe? - a luta para descobrir o paradeiro de Thomaz Meirelles pode contribuir para coibir a tortura que continua a ser praticada hoje, no Brasil, contra negros, mulatos, pobres, favelados.
Localizem, senhores membros da Comissão da Verdade, o túmulo de Thomazinho para que possamos ir lá depositar uma flor e fazer uma oração, como queria sua mãe, que morreu sem qualquer informação sobre o seu paradeiro.
Nem mesmo o sistema ditatorial mais cruel da história da humanidade aprovou uma lei determinando a ocultação de cadáveres. A família e os amigos dos “desaparecidos” têm o direito de saber o que aconteceu com eles, da mesma forma que a sociedade brasileira tem o direito de conhecer a história e de construir uma narrativa sobre ela, para evitar que tais crimes sejam cometidos outra vez. Só dessa forma Thomazinho e tantos outros “desaparecidos” poderão descansar em paz.
P.S.: Ah, senhores, façam um esforço também de localizar os nomes dos índios “desaparecidos” na luta contra a ditadura, entre eles alguns Waimiri-Atroari, Krenhakore, Kané, Surui, Cinta Larga e tantos outros que foram assassinados porque se opunham aos projetos de exploração econômica e aos belos montes da ditadura militar.
O professor José Ribamar Bessa Freire coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ), pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO). Escreve no Taqui pra ti.
Fonte: Blog da Amazônia
POR JOSÉ RIBAMAR BESSA FREIRE
Ofício nº 01/2011
Assunto: Cadê o Thomazinho?
Senhores Membros da Comissão da Verdade,
Saudações,
Escrevo-lhes para solicitar que esclareçam o paradeiro de Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto, o único amazonense incluído na lista oficial de “desaparecidos” na ditadura militar.
Sei que a Comissão não foi ainda constituída, que sua estrutura só será votada no Senado nos próximos dias, que seus integrantes sequer foram escolhidos. Se me antecipo, é apenas para garantir um lugar na fila. É que os “desaparecidos” são centenas, e apenas sete os membros da Comissão que, entre outras tarefas, terá de descobrir, no prazo de dois anos, as graves violações dos direitos humanos praticadas entre 1946 e 1988.
Assim, quando a presidente Dilma indicar os nomes, a Comissão já encontrará sobre sua mesa este ofício, contendo dados que podem facilitar vosso árduo trabalho. Anotem: Thomazinho nasceu em 1º de julho de 1937, em Parintins. Mudou para Manaus em 1950, onde estudou no Colégio Estadual do Amazonas. Viajou para o Rio de Janeiro, em 1958. Foi eleito secretário geral da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) em 1961. Ouçam o depoimento do titiriteiro Euclides Souza, roraimense que hoje vive no Paraná e com ele conviveu naquela época:
-Viajei com Meirelles por todo o Brasil na UNE-volante, ele representava a União Nacional dos Estudantes e eu o CPC – Centro Popular de Cultura. Como nós dois éramos caboclos e comunistas, ficávamos sempre no mesmo quarto e passávamos as noites discutindo cultura popular e socialismo.
Foi aí que Thomazinho ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade Lomonosov, em Moscou. Lá, casou com Miriam Marreiro, uma amazonense que estudava Direito na Universidade Patrício Lumumba. Com ela teve dois filhos: Larissa, nascida na Rússia, em 1963, e Togo, no Brasil, para onde o casal voltou depois do golpe militar de 1964.
Acontece que quando Thomazinho saiu do Brasil, quem governava o país era um presidente eleito democraticamente pelo voto popular. Quando voltou, a situação era outra. Os militares, descumprindo o juramento que fizeram de obedecer às leis vigentes, haviam rasgado a Constituição e ocupado o poder pela força, instaurando uma ditadura militar através de um golpe. Thomaz e outros companheiros deram, então, combate à ditadura. Quem estava na ilegalidade eram os militares e não os que contra eles lutavam.
Thomaz e seus companheiros sonhavam com um Brasil sem injustiças, onde o chibé seria compartilhado entre todos. Entregou-se, generosamente, à luta por este ideal, sacrificando família, conforto, bem-estar, carreira pessoal. Por causa de sua luta, enfrentou policia, sofreu prisão, foi espancado e torturado. Saiu de lá todo quebrado.
- Meu filho estava bastante machucado, tinha muitas marcas no corpo” – revelou sua mãe, dona Maria, que conversou com ele em fevereiro de 1973, num “ponto” em Copacabana. Essa foi a última vez que o viu. Ele permaneceu na clandestinidade até ser preso outra vez no dia 7 de maio de 1974.
Senhores, de acordo com o projeto aprovado nesta semana pela Câmara de Deputados, a Comissão da Verdade poderá colher testemunhos, receber documentação com garantia de anonimato e requisitar informações de órgãos públicos, mesmo aquelas classificadas como sigilosas. Requisitem, portanto, documentos do Arquivo do DOPS/SP, onde está registrada a prisão de Thomazinho, efetuada quando viajava do Rio para São Paulo.
Busquem, senhores membros da Comissão da Verdade, o Relatório do Ministério da Marinha, que confirma a prisão de Thomazinho. Encontrem outros documentos. Chequem a notícia publicada pelo Correio da Manhã (03/08/79) que revelou uma lista com 14 mortos, entre os quais está o nome de Thomaz Meirelles, cujo corpo até hoje não foi localizado. Identifiquem e convoquem, para serem ouvidos, aqueles que violaram os direitos humanos, torturaram e mataram presos que estavam sob a guarda do Estado.
Ao contrário de outros países, no Brasil a Comissão da Verdade não poderá, lamentavelmente, punir ou perseguir judicialmente os torturadores, cujos salários eram pagos pelo contribuinte e que praticaram tais crimes hediondos contra a humanidade. Na Argentina, no Chile e no Peru, vários agentes do Estado, entre eles generais e ex-presidentes da República, responsáveis por torturas e mortes, estão presos. É nessas horas que sentimos inveja de argentinos, peruanos e chilenos, que não contemporizaram com a tortura.
Mesmo assim, senhores, apesar dessas limitações, descubram os nomes dos assassinos de Thomazinho. Se eles não podem ser punidos judicialmente, serão moralmente execrados pela opinião pública. Dessa forma - quem sabe? - a luta para descobrir o paradeiro de Thomaz Meirelles pode contribuir para coibir a tortura que continua a ser praticada hoje, no Brasil, contra negros, mulatos, pobres, favelados.
Localizem, senhores membros da Comissão da Verdade, o túmulo de Thomazinho para que possamos ir lá depositar uma flor e fazer uma oração, como queria sua mãe, que morreu sem qualquer informação sobre o seu paradeiro.
Nem mesmo o sistema ditatorial mais cruel da história da humanidade aprovou uma lei determinando a ocultação de cadáveres. A família e os amigos dos “desaparecidos” têm o direito de saber o que aconteceu com eles, da mesma forma que a sociedade brasileira tem o direito de conhecer a história e de construir uma narrativa sobre ela, para evitar que tais crimes sejam cometidos outra vez. Só dessa forma Thomazinho e tantos outros “desaparecidos” poderão descansar em paz.
P.S.: Ah, senhores, façam um esforço também de localizar os nomes dos índios “desaparecidos” na luta contra a ditadura, entre eles alguns Waimiri-Atroari, Krenhakore, Kané, Surui, Cinta Larga e tantos outros que foram assassinados porque se opunham aos projetos de exploração econômica e aos belos montes da ditadura militar.
O professor José Ribamar Bessa Freire coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ), pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO). Escreve no Taqui pra ti.
Fonte: Blog da Amazônia
ORIENTE MÉDIO - Nunca mais será o mesmo.
Robert Fisk (The Independent, UK)
Os palestinos não conseguirão seu estado agora. Mas os palestinos provarão – se obtiverem votos suficientes na Assembleia Geral e se Mahmoud Abbas não sucumbir à sua subserviência característica ante o poder de EUA-Israel – que já fizeram por merecer ser estado. E estabelecerão para os árabes o que Israel gosta de chamar – enquanto amplia suas colônias em terra roubada – “fatos em campo”: nunca mais EUA e Israel estalarão os dedos e verão árabes bater continência perfilados. Os EUA perderam a aposta que fizeram para o Oriente Médio. Acabou: fim do “processo de paz”, do “mapa do caminho”, do “acordo de Oslo”. Esse fandango já é história.
Pessoalmente, acho que “Palestina” é estado-fantasia, já impossível, agora que Israel já roubou quase toda a terra dos árabes, para os projetos coloniais israelenses. Quem duvidar, que dê uma olhada na Cisjordânia. Colônias em massa, exclusivas para judeus, as daninhas restrições que impedem palestinos de construírem casas de mais de um piso, e a destruição, como castigo, do sistema de esgotos urbanos, os “cordões sanitários” ao lado da fronteira com a Jordânia, as estradas exclusivas para colonos israelenses, tudo isso converteu o mapa da Cisjordânia em pára-brisa esfacelado de carro detonado. Às vezes, suspeito que a única força que impede que haja ali a “Grande Israel” é a obstinação daqueles palestinos incansáveis.
Mas, agora, se fala afinal de temas maiores. Essa votação na ONU – na Assembleia Geral e no Conselho de Segurança; em certo sentido, nem faz diferença – dividirá o ocidente: EUA de um lado; árabes, de outro. Abrirá em fendas as divisões que há dentro da União Europeia, entre europeus do leste e europeus do oeste; entre Alemanha e França (Alemanha apoiando Israel pelas razões históricas de sempre; a França atormentada pelo sofrimento dos palestinos). E, claro, será como cunha cravada entre Israel e a União Europeia.
Décadas de poder, brutalidade e colonização, pelos militares israelenses; milhões de europeus, já conscientes da responsabilidade histórica que pesa sobre eles pelo holocausto de judeus e conhecedores da violência das nações muçulmanas, já não se deixam acovardar na crítica, por medo de serem ofendidos, acusados de antissemitismo. Há racismo no ocidente – e temo que sempre haverá – contra muçulmanos, africanos e judeus. Mas as colônias israelenses na Cisjordânia nas quais não podem viver árabes palestinos muçulmanos são o quê, além de expressão de racismo?
Israel sofre parte dessa tragédia, é claro. O insano governo israelense levou os israelenses por esse caminho de perdição, que se viu adequadamente sintetizado no medo que lhes causou a democracia na Tunísia e no Egito. O principal aliado de Israel é hoje a Arábia Saudita, o que é caso exemplar de toda essa insensatez. E a cruel recusa, por Israel, a desculpar-se pela matança de nove turcos, ano passado, em ataque contra a Flotilha da Paz em Gaza, e de cinco policiais egípcios durante incursão de palestinos em Israel.
Por tudo isso, adeus aos únicos aliados que Israel ainda tinha na região, Turquia e Egito, no curto espaço de 12 meses. No governo de Israel há hoje gente inteligente, potencialmente equilibrados, como Ehud Barak, e loucos, como o ministro dos Negócios Exteriores Avigdor Lieberman (…). Sarcasmos à parte, os israelenses merecem coisa melhor.
O estado de Israel talvez tenha sido criado por ato injusto – a Diáspora Palestina é prova disso – mas foi criado por ato legal. Os fundadores foram perfeitamente capazes de construir acordo com o rei Abdullah da Jordânia depois da guerra 1948-49 para dividir a Palestina entre judeus e árabes. Mas foi a ONU, que se reuniu para decidir o destino da Palestina dia 29/11/1947, quem deu a Israel sua legitimidade, com EUA como primeira nação a votar a favor de criar-se o estado de Israel. E agora – por uma suprema ironia da história –, Israel quer impedir que a ONU garanta legitimidade aos árabes palestinos e os EUA serão a primeira nação a votar contra essa legitimidade justa.
Israel não tem direito de existir? É a velha armadilha, estupidamente repetida pelos assim ditos “apoiadores de Israel”, também para mim, pessoalmente, muitas vezes repetida, embora, ultimamente, cada vez menos frequentemente. Cabe aos estados – que não são seres humanos – assegurar a outros estados o direito de existir. Para que indivíduos façam a mesma coisa, é indispensável que considerem um mapa. Porque, afinal, onde, exatamente, geograficamente, fica Israel?
Israel é a única nação do planeta que não sabe e não diz onde está sua fronteira leste. Acompanha a velha linha do armistício da ONU, a fronteira de 1967, que Abbas tanto ama e Netanyahu tanto odeia? Exclui toda a Cisjordânia palestina menos as colônias exclusivas para israelenses… Ou exclui toda a Cisjordânia?
Mostrem-me mapa do Reino Unido que inclua Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte, e o Reino Unido tem direito de existir. Mas mostrem-me mapa do RU que pretenda incluir no RU os 26 condados da Irlanda independente e mostre que Dublin seria cidade britânica, não cidade irlandesa, e direi não: essa nação não tem direito de existir nessas fronteiras inchadas. No caso de Israel, aí está a razão pela qual quase todas as embaixadas ocidentais, inclusive as embaixadas dos EUA e da Grã-Bretanha, estão instaladas em Telavive, não em Jerusalém.
No novo Oriente Médio, com o Despertar Árabe e a revolta de povos livres que exigem dignidade e liberdade, esse voto da ONU – aprovado pela Assembleia Geral, vetado pelos EUA se for para o Conselho de Segurança – constitui uma espécie de pino que faz girar tudo que a ele esteja ligado: vira-se aí uma página, e marca-se também o fracasso do império.
A política externa dos EUA tornou-se de tal modo presa a Israel, tão temerosos, tão assustadiços ante Israel tornaram-se quase todos os deputados, deputadas, senadores e senadoras dos EUA – a ponto de amarem mais Israel que os EUA –, que os EUA, essa semana, deixarão de ser a nação que gerou Woodrow Wilson e seus 14 princípios de autodeterminação, não o país que combateu o nazismo e o fascismo e o militarismo japonês, não o farol da liberdade que, como nos dizem, os seus Pais Fundadores representaram –, e se revelarão ao mundo como estado autista, intratável, acovardado, cujo presidente, depois de prometer novo afeto ao mundo muçulmano, é forçado a apoiar uma potência ocupante contra um povo que nada pede além do reconhecimento do estado independente ao qual tem perfeito direito.
Será o caso de dizer “pobre velho Obama”, como eu disse em outros tempos? Acho que não. Bom de retórica, vão, superficial, distribuindo fingido respeito em Istambul e no Cairo poucos meses depois de eleito, essa semana o mesmo Obama comprovará que a reeleição parece-lhe mais importante que o futuro do Oriente Médio; que sua ambição pessoal de continuar no poder supera, em importância, os sofrimentos de um povo que sobrevive sob ocupação. Nesse específico contexto, chega a ser bizarro que alguém que se apresenta como homem de tão altos princípios aja tão covardemente. Para o novo Oriente Médio, onde árabes exigem para eles os mesmos direitos e liberdades dos quais Israel e EUA dizem-se campeões, é tragédia profunda.
Na fonte de tudo estão os fracassos dos EUA, que não se ergueram para enfrentar Israel e que não insistiram em obter acordo de paz justo na “Palestina”, atrelados ao herói da guerra do Iraque, Blair. Os árabes também são responsáveis, por terem permitido que as ditaduras durassem tanto tempo, tentando conter dunas de areia com falsas fronteiras, velhos dogmas e petróleo (e que ninguém acredite que alguma “nova” “Palestina” seria um paraíso para seu próprio povo).
E Israel também é responsável, porque é dever de Israel acolher respeitosamente o pedido dos palestinos que requerem à ONU que reconheça o estado palestino e que cumpra todas as suas obrigações de garantir, com o reconhecimento, como de tantos outros estados-membros, segurança e paz também aos palestinos.
Mas nada disso acontecerá. O jogo está perdido. O poder político dos EUA no Oriente Médio será sacrificado aos pés de Israel. Servicinho vagabundo, esse, dos EUA, em nome da liberdade…
Os palestinos não conseguirão seu estado agora. Mas os palestinos provarão – se obtiverem votos suficientes na Assembleia Geral e se Mahmoud Abbas não sucumbir à sua subserviência característica ante o poder de EUA-Israel – que já fizeram por merecer ser estado. E estabelecerão para os árabes o que Israel gosta de chamar – enquanto amplia suas colônias em terra roubada – “fatos em campo”: nunca mais EUA e Israel estalarão os dedos e verão árabes bater continência perfilados. Os EUA perderam a aposta que fizeram para o Oriente Médio. Acabou: fim do “processo de paz”, do “mapa do caminho”, do “acordo de Oslo”. Esse fandango já é história.
Pessoalmente, acho que “Palestina” é estado-fantasia, já impossível, agora que Israel já roubou quase toda a terra dos árabes, para os projetos coloniais israelenses. Quem duvidar, que dê uma olhada na Cisjordânia. Colônias em massa, exclusivas para judeus, as daninhas restrições que impedem palestinos de construírem casas de mais de um piso, e a destruição, como castigo, do sistema de esgotos urbanos, os “cordões sanitários” ao lado da fronteira com a Jordânia, as estradas exclusivas para colonos israelenses, tudo isso converteu o mapa da Cisjordânia em pára-brisa esfacelado de carro detonado. Às vezes, suspeito que a única força que impede que haja ali a “Grande Israel” é a obstinação daqueles palestinos incansáveis.
Mas, agora, se fala afinal de temas maiores. Essa votação na ONU – na Assembleia Geral e no Conselho de Segurança; em certo sentido, nem faz diferença – dividirá o ocidente: EUA de um lado; árabes, de outro. Abrirá em fendas as divisões que há dentro da União Europeia, entre europeus do leste e europeus do oeste; entre Alemanha e França (Alemanha apoiando Israel pelas razões históricas de sempre; a França atormentada pelo sofrimento dos palestinos). E, claro, será como cunha cravada entre Israel e a União Europeia.
Décadas de poder, brutalidade e colonização, pelos militares israelenses; milhões de europeus, já conscientes da responsabilidade histórica que pesa sobre eles pelo holocausto de judeus e conhecedores da violência das nações muçulmanas, já não se deixam acovardar na crítica, por medo de serem ofendidos, acusados de antissemitismo. Há racismo no ocidente – e temo que sempre haverá – contra muçulmanos, africanos e judeus. Mas as colônias israelenses na Cisjordânia nas quais não podem viver árabes palestinos muçulmanos são o quê, além de expressão de racismo?
Israel sofre parte dessa tragédia, é claro. O insano governo israelense levou os israelenses por esse caminho de perdição, que se viu adequadamente sintetizado no medo que lhes causou a democracia na Tunísia e no Egito. O principal aliado de Israel é hoje a Arábia Saudita, o que é caso exemplar de toda essa insensatez. E a cruel recusa, por Israel, a desculpar-se pela matança de nove turcos, ano passado, em ataque contra a Flotilha da Paz em Gaza, e de cinco policiais egípcios durante incursão de palestinos em Israel.
Por tudo isso, adeus aos únicos aliados que Israel ainda tinha na região, Turquia e Egito, no curto espaço de 12 meses. No governo de Israel há hoje gente inteligente, potencialmente equilibrados, como Ehud Barak, e loucos, como o ministro dos Negócios Exteriores Avigdor Lieberman (…). Sarcasmos à parte, os israelenses merecem coisa melhor.
O estado de Israel talvez tenha sido criado por ato injusto – a Diáspora Palestina é prova disso – mas foi criado por ato legal. Os fundadores foram perfeitamente capazes de construir acordo com o rei Abdullah da Jordânia depois da guerra 1948-49 para dividir a Palestina entre judeus e árabes. Mas foi a ONU, que se reuniu para decidir o destino da Palestina dia 29/11/1947, quem deu a Israel sua legitimidade, com EUA como primeira nação a votar a favor de criar-se o estado de Israel. E agora – por uma suprema ironia da história –, Israel quer impedir que a ONU garanta legitimidade aos árabes palestinos e os EUA serão a primeira nação a votar contra essa legitimidade justa.
Israel não tem direito de existir? É a velha armadilha, estupidamente repetida pelos assim ditos “apoiadores de Israel”, também para mim, pessoalmente, muitas vezes repetida, embora, ultimamente, cada vez menos frequentemente. Cabe aos estados – que não são seres humanos – assegurar a outros estados o direito de existir. Para que indivíduos façam a mesma coisa, é indispensável que considerem um mapa. Porque, afinal, onde, exatamente, geograficamente, fica Israel?
Israel é a única nação do planeta que não sabe e não diz onde está sua fronteira leste. Acompanha a velha linha do armistício da ONU, a fronteira de 1967, que Abbas tanto ama e Netanyahu tanto odeia? Exclui toda a Cisjordânia palestina menos as colônias exclusivas para israelenses… Ou exclui toda a Cisjordânia?
Mostrem-me mapa do Reino Unido que inclua Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte, e o Reino Unido tem direito de existir. Mas mostrem-me mapa do RU que pretenda incluir no RU os 26 condados da Irlanda independente e mostre que Dublin seria cidade britânica, não cidade irlandesa, e direi não: essa nação não tem direito de existir nessas fronteiras inchadas. No caso de Israel, aí está a razão pela qual quase todas as embaixadas ocidentais, inclusive as embaixadas dos EUA e da Grã-Bretanha, estão instaladas em Telavive, não em Jerusalém.
No novo Oriente Médio, com o Despertar Árabe e a revolta de povos livres que exigem dignidade e liberdade, esse voto da ONU – aprovado pela Assembleia Geral, vetado pelos EUA se for para o Conselho de Segurança – constitui uma espécie de pino que faz girar tudo que a ele esteja ligado: vira-se aí uma página, e marca-se também o fracasso do império.
A política externa dos EUA tornou-se de tal modo presa a Israel, tão temerosos, tão assustadiços ante Israel tornaram-se quase todos os deputados, deputadas, senadores e senadoras dos EUA – a ponto de amarem mais Israel que os EUA –, que os EUA, essa semana, deixarão de ser a nação que gerou Woodrow Wilson e seus 14 princípios de autodeterminação, não o país que combateu o nazismo e o fascismo e o militarismo japonês, não o farol da liberdade que, como nos dizem, os seus Pais Fundadores representaram –, e se revelarão ao mundo como estado autista, intratável, acovardado, cujo presidente, depois de prometer novo afeto ao mundo muçulmano, é forçado a apoiar uma potência ocupante contra um povo que nada pede além do reconhecimento do estado independente ao qual tem perfeito direito.
Será o caso de dizer “pobre velho Obama”, como eu disse em outros tempos? Acho que não. Bom de retórica, vão, superficial, distribuindo fingido respeito em Istambul e no Cairo poucos meses depois de eleito, essa semana o mesmo Obama comprovará que a reeleição parece-lhe mais importante que o futuro do Oriente Médio; que sua ambição pessoal de continuar no poder supera, em importância, os sofrimentos de um povo que sobrevive sob ocupação. Nesse específico contexto, chega a ser bizarro que alguém que se apresenta como homem de tão altos princípios aja tão covardemente. Para o novo Oriente Médio, onde árabes exigem para eles os mesmos direitos e liberdades dos quais Israel e EUA dizem-se campeões, é tragédia profunda.
Na fonte de tudo estão os fracassos dos EUA, que não se ergueram para enfrentar Israel e que não insistiram em obter acordo de paz justo na “Palestina”, atrelados ao herói da guerra do Iraque, Blair. Os árabes também são responsáveis, por terem permitido que as ditaduras durassem tanto tempo, tentando conter dunas de areia com falsas fronteiras, velhos dogmas e petróleo (e que ninguém acredite que alguma “nova” “Palestina” seria um paraíso para seu próprio povo).
E Israel também é responsável, porque é dever de Israel acolher respeitosamente o pedido dos palestinos que requerem à ONU que reconheça o estado palestino e que cumpra todas as suas obrigações de garantir, com o reconhecimento, como de tantos outros estados-membros, segurança e paz também aos palestinos.
Mas nada disso acontecerá. O jogo está perdido. O poder político dos EUA no Oriente Médio será sacrificado aos pés de Israel. Servicinho vagabundo, esse, dos EUA, em nome da liberdade…
sábado, 24 de setembro de 2011
POLÍTICA - Pesquisa revela que 31% consideraram o governo FHC o mais corrupto.
Enquanto nos governos do PT a Polícia Federal é acionada para investigar as denúncias de corrupção, na era FHC, a referida polícia foi sucateada e o Procurador Geral da República, Geraldo Brindeiro ficou conhecido como o "engavetador", pois mandava arquivar todas as denúncias de corrupção contra o governo, inclusive aquela da compra de votos que permitiu a reeleição, em benefício próprio do FHC.
Pesquisa: 31% dizem que o governo FHC foi o mais corrupto.
O PSDB encomendou uma pesquisa para saber, a opinião dos eleitores, qual governo foi, ou é, o mais corrupto.Ficou decepcionado com o resultado:(31% disseram que o governo FHC era mais corrupto, contra 21% que viram mais corrupção sob Lula).
Leia a matéria publicado hoje na Folha
PSDB foca redes sociais e reúne 'pais do Real' em resgate a FHC
O PSDB decidiu investir pesado em comunicação, com ênfase nas redes sociais, e fará um seminário no Rio de Janeiro, em outubro, reunindo os "pais do Real", para resgatar o legado do governo Fernando Henrique Cardoso e lançar seu novo programa.As decisões foram tomadas a partir das conclusões de uma pesquisa comandada pelo cientista político e marqueteiro Antonio Lavareda, apresentada ontem à cúpula da legenda, em Brasília.
De acordo com o levantamento, o PSDB ainda tem bom recall das áreas de Saúde e Educação na gestão FHC.Além disso, a pesquisa apontou empate técnico, com dianteira numérica para os tucanos na gestão: para 15%, o PSDB tem quadros mais qualificados, contra 13% que atribuem a qualidade ao PT.
Apesar de os dados sobre corrupção serem favoráveis ao PT (31% disseram que o governo FHC era mais corrupto, contra 21% que viram mais corrupção sob Lula), o partido foi aconselhado por Lavareda a insistir no discurso da ética -qualidade apontada como mais importante num partido por 56% dos ouvidos.
O seminário do Rio, marcado para 28 de outubro, está sendo organizado pelo ITV (Instituto Teotonio Vilela), sob coordenação do economista Edmar Bacha.O evento terá outros "pais do Real", como Pedro Malan, André Lara Resende e Pérsio Arida, e os ex-presidentes do Banco Central Armínio Fraga e Gustavo Franco.O nome do seminário -"PSDB: o Legado e o Futuro"- já mostra a intenção revisionista do período FHC.
Bacha comanda o grupo que está atualizando o programa do PSDB. A ideia é centrar fogo em propostas para educação básica e saúde."Temos de recuperar nosso legado. Mostrar que, se o Brasil está melhor depois de Lula, é porque o PSDB combateu a inflação lá atrás e preparou as bases", afirmou o senador Aécio Neves (MG).
O tucano, que deve subir o tom de suas falas, disse que o PT não fez "nada de estruturante" pelo país e que deixa como legado "o aparelhamento e o uso da máquina".Segundo ele, o PSDB tem de focar na comunicação, sobretudo nas redes sociais, para se apresentar como opção.
As novas diretrizes devem dar o tom dos programas do partido na TV. Em São Paulo, amanhã, FHC dividirá o espaço com o governador Geraldo Alckmin. O ex-governador José Serra só aparecerá no programa eleitoral do fim do ano, em dezembro.
Do blog Os Amigos do Presidente Lula.
Pesquisa: 31% dizem que o governo FHC foi o mais corrupto.
O PSDB encomendou uma pesquisa para saber, a opinião dos eleitores, qual governo foi, ou é, o mais corrupto.Ficou decepcionado com o resultado:(31% disseram que o governo FHC era mais corrupto, contra 21% que viram mais corrupção sob Lula).
Leia a matéria publicado hoje na Folha
PSDB foca redes sociais e reúne 'pais do Real' em resgate a FHC
O PSDB decidiu investir pesado em comunicação, com ênfase nas redes sociais, e fará um seminário no Rio de Janeiro, em outubro, reunindo os "pais do Real", para resgatar o legado do governo Fernando Henrique Cardoso e lançar seu novo programa.As decisões foram tomadas a partir das conclusões de uma pesquisa comandada pelo cientista político e marqueteiro Antonio Lavareda, apresentada ontem à cúpula da legenda, em Brasília.
De acordo com o levantamento, o PSDB ainda tem bom recall das áreas de Saúde e Educação na gestão FHC.Além disso, a pesquisa apontou empate técnico, com dianteira numérica para os tucanos na gestão: para 15%, o PSDB tem quadros mais qualificados, contra 13% que atribuem a qualidade ao PT.
Apesar de os dados sobre corrupção serem favoráveis ao PT (31% disseram que o governo FHC era mais corrupto, contra 21% que viram mais corrupção sob Lula), o partido foi aconselhado por Lavareda a insistir no discurso da ética -qualidade apontada como mais importante num partido por 56% dos ouvidos.
O seminário do Rio, marcado para 28 de outubro, está sendo organizado pelo ITV (Instituto Teotonio Vilela), sob coordenação do economista Edmar Bacha.O evento terá outros "pais do Real", como Pedro Malan, André Lara Resende e Pérsio Arida, e os ex-presidentes do Banco Central Armínio Fraga e Gustavo Franco.O nome do seminário -"PSDB: o Legado e o Futuro"- já mostra a intenção revisionista do período FHC.
Bacha comanda o grupo que está atualizando o programa do PSDB. A ideia é centrar fogo em propostas para educação básica e saúde."Temos de recuperar nosso legado. Mostrar que, se o Brasil está melhor depois de Lula, é porque o PSDB combateu a inflação lá atrás e preparou as bases", afirmou o senador Aécio Neves (MG).
O tucano, que deve subir o tom de suas falas, disse que o PT não fez "nada de estruturante" pelo país e que deixa como legado "o aparelhamento e o uso da máquina".Segundo ele, o PSDB tem de focar na comunicação, sobretudo nas redes sociais, para se apresentar como opção.
As novas diretrizes devem dar o tom dos programas do partido na TV. Em São Paulo, amanhã, FHC dividirá o espaço com o governador Geraldo Alckmin. O ex-governador José Serra só aparecerá no programa eleitoral do fim do ano, em dezembro.
Do blog Os Amigos do Presidente Lula.
POLÍTICA - Censura ao filme "Sagrada Terra Especulada"
Cabe lembrar que empresas denunciadas patrocinam esse Festival do Cinema Brasileiro de Brasília.
O filme "sagrada terra especulada" tem 68 minutos. No regulamento não tem critério de minutagem. Pra retirar o filme a organização alegou que teria q ter 70 minutos,mas aceitaram filmes com duração menor antes. O filme faz duras críticas à especulação imobiliária selvagem que ocorre em Brasília a mando principalmente de Paulo Octávio. Empresas envolvidas patrocinam o Festival. Num dos únicos festivais onde a produção local entra automaticamente na mostra, inventaram critérios fora do regulamento pra tirar o filme. Estamos tentando colocar de volta. Políticos locais correm do assunto. Estamos nessa luta que o filme entre na mostra.
O filme "sagrada terra especulada" tem 68 minutos. No regulamento não tem critério de minutagem. Pra retirar o filme a organização alegou que teria q ter 70 minutos,mas aceitaram filmes com duração menor antes. O filme faz duras críticas à especulação imobiliária selvagem que ocorre em Brasília a mando principalmente de Paulo Octávio. Empresas envolvidas patrocinam o Festival. Num dos únicos festivais onde a produção local entra automaticamente na mostra, inventaram critérios fora do regulamento pra tirar o filme. Estamos tentando colocar de volta. Políticos locais correm do assunto. Estamos nessa luta que o filme entre na mostra.
POLÍTICA - Dilma peita o judiciário.
Orçamento de Dilma não reajusta salário do Judiciário
Enviado por luisnassif, sab, 24/09/2011 - 08:38
Por Nilson
De O Estado de S. Paulo
Dilma peita STF, mantém Orçamento e tenta controlar reajustes em série
Governo acredita que o Congresso está disposto a aprovar o aumento para o Judiciário; custo total é de R$ 8,350 bilhões
Rui Nogueira e Edna Simão
BRASÍLIA - Apesar de ter recebido um ofício em tom de intimação do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cezar Peluso, a presidente Dilma Rousseff decidiu que não vai refazer a proposta do Orçamento do ano que vem para incluir o reajuste salarial do Judiciário. O governo já sabe, porém, que o Congresso está disposto a aprovar o aumento, o que faz a equipe econômica temer pelo pior: que o reajuste desate reivindicações em série por aumentos em setores do funcionalismo que têm salários bem menores, como militares, Receita e da Polícia Federal.
O ofício de Peluso, encaminhado na quinta-feira da semana passada, pergunta se Dilma pretende incluir na proposta orçamentária para o próximo ano recursos para garantir os reajustes dos juízes e funcionários. Foi enviado um dia após a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, ter dito no Congresso que o governo não trabalha com a possibilidade de elevação das remunerações do Judiciário em 2012. O custo total do aumento do Judiciário é de R$ 8,350 bilhões. Isso faria com que os salários dos ministros do STF saltassem de R$ 26.723,13 para R$ 32 mil.
Depois de tirar do Orçamento o aumento pedido pelos juízes, o máximo que o Planalto aceitou, quando o Supremo reclamou do corte, foi enviar a proposta de reajuste para a Comissão Mista do Congresso. "Mas a proposta orçamentária oficial, a que o governo enviou no dia 31 de agosto, não será mexida pelo Planalto", disse um assessor da Presidência.
Recomposição. Para os representantes dos magistrados e dos servidores do Judiciário e do Ministério Público, eles não estão pedindo um reajuste, mas apenas uma "recomposição monetária" de um segmento que não tem reajuste desde 2006 - o que não é verdade, pois entre janeiro de 2002 e dezembro do ano passado, os ministros do STF tiveram um aumento real de 34%.
"Temos que ter um juiz para resolver isso (liberação do aumento) e o parlamentar é que fará esse papel", disse o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, Nelson Calandra. O coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e MPU no DF, Berilo José Leão Neto, disse que os parlamentares já estão "sensíveis" ao pedido de "recomposição". "Estou bastante confiante."
O grande temor do governo é de que o aceno do Congresso abra uma fila de categorias reivindicando o mesmo reajuste.
Diante da defasagem dos salários médios comparados com os do Judiciário (R$ 12 mil) e do Ministério Público (R$ 20 mil), a expectativa é de que os militares que recebem, em média, R$ 4,8 mil façam uma pressão enorme por reajuste. A mesma atitude deverá ser adotada pela Receita Federal e a Polícia Federal, que têm salários médios de R$ 16,8 mil e R$ 16,3 mil, respectivamente.
Enviado por luisnassif, sab, 24/09/2011 - 08:38
Por Nilson
De O Estado de S. Paulo
Dilma peita STF, mantém Orçamento e tenta controlar reajustes em série
Governo acredita que o Congresso está disposto a aprovar o aumento para o Judiciário; custo total é de R$ 8,350 bilhões
Rui Nogueira e Edna Simão
BRASÍLIA - Apesar de ter recebido um ofício em tom de intimação do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cezar Peluso, a presidente Dilma Rousseff decidiu que não vai refazer a proposta do Orçamento do ano que vem para incluir o reajuste salarial do Judiciário. O governo já sabe, porém, que o Congresso está disposto a aprovar o aumento, o que faz a equipe econômica temer pelo pior: que o reajuste desate reivindicações em série por aumentos em setores do funcionalismo que têm salários bem menores, como militares, Receita e da Polícia Federal.
O ofício de Peluso, encaminhado na quinta-feira da semana passada, pergunta se Dilma pretende incluir na proposta orçamentária para o próximo ano recursos para garantir os reajustes dos juízes e funcionários. Foi enviado um dia após a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, ter dito no Congresso que o governo não trabalha com a possibilidade de elevação das remunerações do Judiciário em 2012. O custo total do aumento do Judiciário é de R$ 8,350 bilhões. Isso faria com que os salários dos ministros do STF saltassem de R$ 26.723,13 para R$ 32 mil.
Depois de tirar do Orçamento o aumento pedido pelos juízes, o máximo que o Planalto aceitou, quando o Supremo reclamou do corte, foi enviar a proposta de reajuste para a Comissão Mista do Congresso. "Mas a proposta orçamentária oficial, a que o governo enviou no dia 31 de agosto, não será mexida pelo Planalto", disse um assessor da Presidência.
Recomposição. Para os representantes dos magistrados e dos servidores do Judiciário e do Ministério Público, eles não estão pedindo um reajuste, mas apenas uma "recomposição monetária" de um segmento que não tem reajuste desde 2006 - o que não é verdade, pois entre janeiro de 2002 e dezembro do ano passado, os ministros do STF tiveram um aumento real de 34%.
"Temos que ter um juiz para resolver isso (liberação do aumento) e o parlamentar é que fará esse papel", disse o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, Nelson Calandra. O coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e MPU no DF, Berilo José Leão Neto, disse que os parlamentares já estão "sensíveis" ao pedido de "recomposição". "Estou bastante confiante."
O grande temor do governo é de que o aceno do Congresso abra uma fila de categorias reivindicando o mesmo reajuste.
Diante da defasagem dos salários médios comparados com os do Judiciário (R$ 12 mil) e do Ministério Público (R$ 20 mil), a expectativa é de que os militares que recebem, em média, R$ 4,8 mil façam uma pressão enorme por reajuste. A mesma atitude deverá ser adotada pela Receita Federal e a Polícia Federal, que têm salários médios de R$ 16,8 mil e R$ 16,3 mil, respectivamente.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
QUAL É A ESPECIALIDADE DO NELSON MOTTA?
Do blog do Luis Nassif.
Turismo sexual? O palpite infeliz de Nelson Motta
Para colunista do Globo e do Estadão, as centenas de milhares de turistas que não poderão assistir aos jogos da Copa nos estádios, por conta do óbvio limite de espaço, só terão como opção fazer "turismo sexual".
Dois pesos e duas medidas
Há cerca de um ano, Maria Rita Kehl foi demitida por Ricado Gandour sob alegação de que não se detinha ao tema para o qual havia sido contratada - ela trouxe uma opinião política, mas tinha que se deter à psicanálise, disciplina que, para o diretor de conteúdo do Estadão, não pode se pronunciar sobre nada que não aconteça no divã.
Qual é mesmo a especialdiade de Nelson Motta?
Turismo sexual? O palpite infeliz de Nelson Motta
Para colunista do Globo e do Estadão, as centenas de milhares de turistas que não poderão assistir aos jogos da Copa nos estádios, por conta do óbvio limite de espaço, só terão como opção fazer "turismo sexual".
Dois pesos e duas medidas
Há cerca de um ano, Maria Rita Kehl foi demitida por Ricado Gandour sob alegação de que não se detinha ao tema para o qual havia sido contratada - ela trouxe uma opinião política, mas tinha que se deter à psicanálise, disciplina que, para o diretor de conteúdo do Estadão, não pode se pronunciar sobre nada que não aconteça no divã.
Qual é mesmo a especialdiade de Nelson Motta?
ATÉ A VALE TERIA SE APROPIADO DE TERRAS DA UNIÃO.
PF investiga participação da Vale em grilagem de terras públicas
A Polícia Federal (PF) investiga a participação da mineradora Vale em uma suposta fraude para a aquisição de terras públicas pertencentes ao Estado de Minas Gerais. A área, localizada na região Norte, tem um potencial estimado em 10 bilhões de toneladas de minério de ferro.
Nesta terça-feira (20), o Ministério Público Estadual e a PF desarticularam um esquema de grilagem chefiado pelo secretário extraordinário de Regularização Fundiária, Manoel Costa. As investigações demonstraram que a Vale teria repassado pelo menos R$ 40 milhões a pessoas ligadas a quadrilha.
A operação policial resultou na prisão de oito pessoas, além de 20 mandados de busca e apreensão. Funcionários do Instituto de Terras do Estado de Minas Gerais registravam terras públicas em nome de laranjas e depois as revendiam a preços milionários.
Em muitos casos, eram forjados documentos para facilitar a desapropriação de agricultores e posseiros. A expulsão dos produtores rurais contava com a participação de policiais civis. Documentos comprovam que a Vale adquiriu uma propriedade, que pertencia ao Estado, localizada entre os municípios de Salinas e Grão Mogol.
Estimativas da PF indicam que os danos aos cofres públicos somam mais de R$ 200 milhões. A empresa Floresta Empreendimentos também se beneficiou das irregularidades.
Fonte: Radioagência NP
A Polícia Federal (PF) investiga a participação da mineradora Vale em uma suposta fraude para a aquisição de terras públicas pertencentes ao Estado de Minas Gerais. A área, localizada na região Norte, tem um potencial estimado em 10 bilhões de toneladas de minério de ferro.
Nesta terça-feira (20), o Ministério Público Estadual e a PF desarticularam um esquema de grilagem chefiado pelo secretário extraordinário de Regularização Fundiária, Manoel Costa. As investigações demonstraram que a Vale teria repassado pelo menos R$ 40 milhões a pessoas ligadas a quadrilha.
A operação policial resultou na prisão de oito pessoas, além de 20 mandados de busca e apreensão. Funcionários do Instituto de Terras do Estado de Minas Gerais registravam terras públicas em nome de laranjas e depois as revendiam a preços milionários.
Em muitos casos, eram forjados documentos para facilitar a desapropriação de agricultores e posseiros. A expulsão dos produtores rurais contava com a participação de policiais civis. Documentos comprovam que a Vale adquiriu uma propriedade, que pertencia ao Estado, localizada entre os municípios de Salinas e Grão Mogol.
Estimativas da PF indicam que os danos aos cofres públicos somam mais de R$ 200 milhões. A empresa Floresta Empreendimentos também se beneficiou das irregularidades.
Fonte: Radioagência NP
POLÍTICA - De frente para as potências.
"Dilma é a primeira voz a cobrar fiscalização da ONU também às potências nucleares", escreve Jânio de Freitas, jornalista, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 23-09-2011.
Eis o artigo.
O discurso franco, direto e sólido com que Dilma Rousseff abriu a Assembleia Geral da ONU recebeu ontem, em pronunciamento seu na Reunião de Alto Nível Sobre Segurança Nuclear, uma continuação com as mesmas qualidades para uma cobrança sem precedente às potências nucleares. E particularmente importante por sua projeção sobre o futuro brasileiro.
Não há razão, como disse Dilma, para que as potências nucleares não sejam submetidas à fiscalização, por parte da comissão tecno-científica da ONU, a que os demais países estão sujeitos.
Lembrou o pronunciamento que, além de tal omissão conceder status especial àquelas potências no mundo, há notícia de que a combinação de cortes forçosos de gasto e alto custo de manutenção dos arsenais nucleares tem, como consequência, a insuficiência na manutenção de ogivas e depósitos.
Um perigo alarmante. Não só para os detentores dos arsenais. Para o mundo.
Dilma Rousseff é a primeira voz a cobrar a fiscalização também às potências, o que suscita a possibilidade de que sua atitude derive em um movimento incipiente dos países desnuclearizados, e ainda assim sob risco.
O limite de Dilma, porém, não é a fiscalização sem discriminações e privilégios de poder: "O desarmamento nuclear é fundamental para a segurança, pilar do Tratado de Não Proliferação cuja observância as potências devem ao mundo".
Desarmamento é a meta, portanto. Fundamental para a segurança, sim. Lembrar quais são as potências nucleares, no entanto, contrapõe-se à constatação seguinte: "É importante ter num horizonte previsível a eliminação completa e irreversível das armas nucleares".
Não há como contar com a concordância, para sequer esboçar um horizonte previsível, de Estados Unidos, França, Israel, Grã-Bretanha, Rússia, potências de ansiedade belicista, e ainda a China convicta da necessidade de prevenir-se para a reação do Ocidente neste século que se promete chinês.
No que respeita ao Brasil, o pronunciamento de Dilma Rousseff vale como certificação de que em seu governo não prosperará projeto que objetive um arsenal nuclear.
A menos que se faça sob segredo total, como se deu no governo Sarney, com a ação coligada, vinda desde a ditadura, de militares e cientistas de Brasil, Israel e África do Sul ainda do apartheid.
Nessa projeção implícita em seu pronunciamento, Dilma Rousseff distingue-se de Lula. Foram muitas e claras as demonstrações da fraqueza, industriosa ou por falta de convicções próprias, dadas por Lula em questões militares ou de militares.
Desde a complacência com desfeitas como as do então ministro-general Francisco Albuquerque (aquele que tomou lugares em avião lotado da TAM) a negócios precipitados e "projetos" do desmedido Nelson Jobim. Há mais um motivo para compreender-se a presença de Celso Amorim no Ministério da Defesa.
Eis o artigo.
O discurso franco, direto e sólido com que Dilma Rousseff abriu a Assembleia Geral da ONU recebeu ontem, em pronunciamento seu na Reunião de Alto Nível Sobre Segurança Nuclear, uma continuação com as mesmas qualidades para uma cobrança sem precedente às potências nucleares. E particularmente importante por sua projeção sobre o futuro brasileiro.
Não há razão, como disse Dilma, para que as potências nucleares não sejam submetidas à fiscalização, por parte da comissão tecno-científica da ONU, a que os demais países estão sujeitos.
Lembrou o pronunciamento que, além de tal omissão conceder status especial àquelas potências no mundo, há notícia de que a combinação de cortes forçosos de gasto e alto custo de manutenção dos arsenais nucleares tem, como consequência, a insuficiência na manutenção de ogivas e depósitos.
Um perigo alarmante. Não só para os detentores dos arsenais. Para o mundo.
Dilma Rousseff é a primeira voz a cobrar a fiscalização também às potências, o que suscita a possibilidade de que sua atitude derive em um movimento incipiente dos países desnuclearizados, e ainda assim sob risco.
O limite de Dilma, porém, não é a fiscalização sem discriminações e privilégios de poder: "O desarmamento nuclear é fundamental para a segurança, pilar do Tratado de Não Proliferação cuja observância as potências devem ao mundo".
Desarmamento é a meta, portanto. Fundamental para a segurança, sim. Lembrar quais são as potências nucleares, no entanto, contrapõe-se à constatação seguinte: "É importante ter num horizonte previsível a eliminação completa e irreversível das armas nucleares".
Não há como contar com a concordância, para sequer esboçar um horizonte previsível, de Estados Unidos, França, Israel, Grã-Bretanha, Rússia, potências de ansiedade belicista, e ainda a China convicta da necessidade de prevenir-se para a reação do Ocidente neste século que se promete chinês.
No que respeita ao Brasil, o pronunciamento de Dilma Rousseff vale como certificação de que em seu governo não prosperará projeto que objetive um arsenal nuclear.
A menos que se faça sob segredo total, como se deu no governo Sarney, com a ação coligada, vinda desde a ditadura, de militares e cientistas de Brasil, Israel e África do Sul ainda do apartheid.
Nessa projeção implícita em seu pronunciamento, Dilma Rousseff distingue-se de Lula. Foram muitas e claras as demonstrações da fraqueza, industriosa ou por falta de convicções próprias, dadas por Lula em questões militares ou de militares.
Desde a complacência com desfeitas como as do então ministro-general Francisco Albuquerque (aquele que tomou lugares em avião lotado da TAM) a negócios precipitados e "projetos" do desmedido Nelson Jobim. Há mais um motivo para compreender-se a presença de Celso Amorim no Ministério da Defesa.
POLÍTICA - Dia D de Dilma.
"A decisão de revisão dos juros, em 31.08.2011, parece inaugurar novo período na história econômica do país. Período em que medidas de proteção ao mercado interno e regras que limitam fluxos financeiros internacionais pautarão o novo nacionalismo brasileiro", escreve Marco Aurélio Cabral, professor da Universidade Federal Fluminense, em artigo publicado no jornal Valor, 23-09-2011.
Segundo ele, "para desgosto dos "mercados", contudo, não parece haver qualquer componente ideológico ou politiqueiro por detrás disso. Apenas o velho e bom pragmatismo de proteção do bem coletivo diante de inevitável aumento da ameaça externa".
Eis o artigo.
Contrariados como meninos mimados, participantes do "mercado" se exasperam nas críticas às supostas interferências políticas sobre o Banco Central, com alardes sombrios sobre o futuro próximo de todos os brasileiros. Ocorre que Banco Central independente é suposto como aquele que resiste a pressões políticas, seja de governos ou de "mercados", para o benefício dos interesses difusos, usualmente silenciosos no debate sobre juros. Nestes termos, ao reduzir juros em 31 de agosto, o Poder Executivo parece alinhar expectativas do "mercado" com o pragmatismo do agravamento da situação econômica internacional. Crises históricas são fenômenos distintos de pânico nos "mercados". Desdobram-se em acontecimentos aparentemente contraditórios se percebidos como simples sobe e desce de indicadores. Vistas de longe, as ondas longas do historiador Fernand Braudel parecem apontar para crises que se somam no momento presente dos fatos. Crises políticas e econômicas que se realimentam e se desenvolvem lentamente. E o pior. Inevitavelmente, para nós brasileiros.
Não se resolve nada ao fingir que o problema não existe e que há "normalidade" nos "mercados". A revisão do produto nos EUA para este ano aponta para taxas de crescimento negativas ao término de 2011.
Aproximadamente metade dos espanhóis jovens encontra-se desempregada. Não há recuperação do Japão por conta do acidente nuclear. Pelo contrário, a chance mais concreta é que venhamos a assistir proliferação de favelas em Tóquio.
Diante disso, pragmatismo explica porque o objetivo de manutenção dos investimentos industriais previstos não é tarefa simples nestes tempos e, portanto, tanto o crescimento quanto o emprego devem ser defendidos pelo Estado brasileiro. O mesmo senso de realidade parece justificar a reorientação da política monetária em favor do enfrentamento da guerra cambial, que beneficia minoria próspera e mina a vitalidade competitiva de pequenos e grandes empresários brasileiros.
Cumpre-se lembrar que meio por cento de redução na taxa básica de juros implica em economia de cerca de R$ 7 bilhões ao ano no pagamento de juros, contribuição mais do que significativa no esforço de melhoria do resultado nominal. Caso mantida gradualismo na queda do diferencial das taxas reais interna e internacional até os níveis de 3% a 5% do "prêmio Brasil", seria necessário cerca de um ano com reduções em juros. Ao cabo deste período, estaríamos economizando cerca de R$ 70 bilhões anuais, esforço do tamanho do montante que será gasto em educação pública no país em 2011.
O Brasil de hoje se encontra em situação bem diferente daquela enfrentada ao final do século passado, quando convivia alta inflação e baixo crescimento. Após uma década de geração de empregos e renda, a fração de brasileiros sem cobertura do sistema bancário caiu, compreendendo-se hoje cerca de 40% da população (estima-se que em 1999 eram cerca de dois terços).
Da mesma maneira, a inflação que vier a resultar no futuro, se vier, pode ser reduzida considerando-se que outras instituições podem participar do esforço de contenção de preços. A Petrobrás já o faz com o preço da gasolina, vilão do passado. Mas poderiam ajudar também as agências reguladoras, em esforço coordenado de desindexação de contratos de concessão. As compensações à vista para as empresas poderiam ser canalizadas para redução de dívidas, principalmente em moeda estrangeira.
Da mesma maneira, a necessidade de redução nos juros poderia ser menor se fossem ativados mecanismos de exportação de capital via apoio financeiro público à aquisição de empresas no exterior por operadores brasileiros. Dado que a crise afeta poderosa e negativamente o segmento de bens de capital e, dado que este segmento gera inovações tecnológicas relevantes para competitividade das cadeias produtivas, espera-se que surjam oportunidades para transferência de tecnologia obtida nos países centrais para grupos industriais brasileiros. Neste contexto, os Ministérios de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e de Ciência e Tecnologia (MCT) poderiam acumular, de forma integrada e coordenada, inteligência tecnológica e competitiva para identificação de setores e tecnologias prioritárias. O BNDES-Exim poderia operacionalizar recursos financeiros para aquisições no exterior com emprego do Fundo Soberano.
Há ainda a opção de se introduzirem controles cambiais, sendo esta alternativa de mais difícil implementação que a penalização dos capitais de curto prazo via impostos sobre movimentações financeiras.
Finalmente, os mecanismos responsáveis pela expansão da oferta, infraestrutura e indústria, devem ser ancorados em estratégias de longo prazo, obedecendo-se a critérios de planejamento da ocupação racional e sustentável do território brasileiro. Com isso, possíveis aumentos de preços poderão ser neutralizados pelo crescimento homogêneo da renda e do emprego, principalmente nas regiões mais pobres do país.
A importância histórica do Copom de agosto de 2011 parece ser a de encerrar período marcado pela retomada do desenvolvimento (2003-2010), iniciando-se novo período de implementação de projeto nacional de desenvolvimento - só que desta vez em ambiente democrático e inclusivo, ao contrário dos nossos rivais chineses.
Em síntese, a decisão de revisão dos juros, em 31.08.2011, parece inaugurar novo período na história econômica do país. Período em que medidas de proteção ao mercado interno e regras que limitam fluxos financeiros internacionais pautarão o novo nacionalismo brasileiro. Para desgosto dos "mercados", contudo, não parece haver qualquer componente ideológico ou politiqueiro por detrás disso. Apenas o velho e bom pragmatismo de proteção do bem coletivo diante de inevitável aumento da ameaça externa.
Fonte: IHU
Segundo ele, "para desgosto dos "mercados", contudo, não parece haver qualquer componente ideológico ou politiqueiro por detrás disso. Apenas o velho e bom pragmatismo de proteção do bem coletivo diante de inevitável aumento da ameaça externa".
Eis o artigo.
Contrariados como meninos mimados, participantes do "mercado" se exasperam nas críticas às supostas interferências políticas sobre o Banco Central, com alardes sombrios sobre o futuro próximo de todos os brasileiros. Ocorre que Banco Central independente é suposto como aquele que resiste a pressões políticas, seja de governos ou de "mercados", para o benefício dos interesses difusos, usualmente silenciosos no debate sobre juros. Nestes termos, ao reduzir juros em 31 de agosto, o Poder Executivo parece alinhar expectativas do "mercado" com o pragmatismo do agravamento da situação econômica internacional. Crises históricas são fenômenos distintos de pânico nos "mercados". Desdobram-se em acontecimentos aparentemente contraditórios se percebidos como simples sobe e desce de indicadores. Vistas de longe, as ondas longas do historiador Fernand Braudel parecem apontar para crises que se somam no momento presente dos fatos. Crises políticas e econômicas que se realimentam e se desenvolvem lentamente. E o pior. Inevitavelmente, para nós brasileiros.
Não se resolve nada ao fingir que o problema não existe e que há "normalidade" nos "mercados". A revisão do produto nos EUA para este ano aponta para taxas de crescimento negativas ao término de 2011.
Aproximadamente metade dos espanhóis jovens encontra-se desempregada. Não há recuperação do Japão por conta do acidente nuclear. Pelo contrário, a chance mais concreta é que venhamos a assistir proliferação de favelas em Tóquio.
Diante disso, pragmatismo explica porque o objetivo de manutenção dos investimentos industriais previstos não é tarefa simples nestes tempos e, portanto, tanto o crescimento quanto o emprego devem ser defendidos pelo Estado brasileiro. O mesmo senso de realidade parece justificar a reorientação da política monetária em favor do enfrentamento da guerra cambial, que beneficia minoria próspera e mina a vitalidade competitiva de pequenos e grandes empresários brasileiros.
Cumpre-se lembrar que meio por cento de redução na taxa básica de juros implica em economia de cerca de R$ 7 bilhões ao ano no pagamento de juros, contribuição mais do que significativa no esforço de melhoria do resultado nominal. Caso mantida gradualismo na queda do diferencial das taxas reais interna e internacional até os níveis de 3% a 5% do "prêmio Brasil", seria necessário cerca de um ano com reduções em juros. Ao cabo deste período, estaríamos economizando cerca de R$ 70 bilhões anuais, esforço do tamanho do montante que será gasto em educação pública no país em 2011.
O Brasil de hoje se encontra em situação bem diferente daquela enfrentada ao final do século passado, quando convivia alta inflação e baixo crescimento. Após uma década de geração de empregos e renda, a fração de brasileiros sem cobertura do sistema bancário caiu, compreendendo-se hoje cerca de 40% da população (estima-se que em 1999 eram cerca de dois terços).
Da mesma maneira, a inflação que vier a resultar no futuro, se vier, pode ser reduzida considerando-se que outras instituições podem participar do esforço de contenção de preços. A Petrobrás já o faz com o preço da gasolina, vilão do passado. Mas poderiam ajudar também as agências reguladoras, em esforço coordenado de desindexação de contratos de concessão. As compensações à vista para as empresas poderiam ser canalizadas para redução de dívidas, principalmente em moeda estrangeira.
Da mesma maneira, a necessidade de redução nos juros poderia ser menor se fossem ativados mecanismos de exportação de capital via apoio financeiro público à aquisição de empresas no exterior por operadores brasileiros. Dado que a crise afeta poderosa e negativamente o segmento de bens de capital e, dado que este segmento gera inovações tecnológicas relevantes para competitividade das cadeias produtivas, espera-se que surjam oportunidades para transferência de tecnologia obtida nos países centrais para grupos industriais brasileiros. Neste contexto, os Ministérios de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e de Ciência e Tecnologia (MCT) poderiam acumular, de forma integrada e coordenada, inteligência tecnológica e competitiva para identificação de setores e tecnologias prioritárias. O BNDES-Exim poderia operacionalizar recursos financeiros para aquisições no exterior com emprego do Fundo Soberano.
Há ainda a opção de se introduzirem controles cambiais, sendo esta alternativa de mais difícil implementação que a penalização dos capitais de curto prazo via impostos sobre movimentações financeiras.
Finalmente, os mecanismos responsáveis pela expansão da oferta, infraestrutura e indústria, devem ser ancorados em estratégias de longo prazo, obedecendo-se a critérios de planejamento da ocupação racional e sustentável do território brasileiro. Com isso, possíveis aumentos de preços poderão ser neutralizados pelo crescimento homogêneo da renda e do emprego, principalmente nas regiões mais pobres do país.
A importância histórica do Copom de agosto de 2011 parece ser a de encerrar período marcado pela retomada do desenvolvimento (2003-2010), iniciando-se novo período de implementação de projeto nacional de desenvolvimento - só que desta vez em ambiente democrático e inclusivo, ao contrário dos nossos rivais chineses.
Em síntese, a decisão de revisão dos juros, em 31.08.2011, parece inaugurar novo período na história econômica do país. Período em que medidas de proteção ao mercado interno e regras que limitam fluxos financeiros internacionais pautarão o novo nacionalismo brasileiro. Para desgosto dos "mercados", contudo, não parece haver qualquer componente ideológico ou politiqueiro por detrás disso. Apenas o velho e bom pragmatismo de proteção do bem coletivo diante de inevitável aumento da ameaça externa.
Fonte: IHU
MÍDIA - A gente se liga em você.
Por Marco Aurélio Mello
No Blog DoLaDoDeLá
Tenho dito que existe um movimento interno no jornalismo da TV Globo para resgatar sua credibilidade. Primeiro, porque sem que as pessoas confiem no noticiário o negócio deixa de prosperar. Segundo, porque a derrota na campanha eleitoral de 2010 teve um gosto amargo para a emissora do Jardim Botânico. A "bolinha de papel" foi o ápice de um processo de radicalização interna (que começou em 2003), e que virou um dos casos mais escandalosos da história da televisão brasileira, caso que só encontra paralelo com a tentativa de fraude nas eleições ao governo do Rio, em 1982, e com a manipulação do debate na Campanha Eleitoral de 1989. Portanto, é natural que alguma intervenção fosse feita.Ela começou com uma "dança das cadeiras" discreta, como sempre foi, desde os tempos do "bom velhinho". "Ali Kamel" foi encostado e Carlos Henrique Schroder reassumiu os cordéis das marionetes. O primeiro passo foi criar instâncias intermediárias entre a redação e o ex-todo-poderoso, isolando-o. Em seguida, as trocas. Na Globo News, no Bom Dia Brasil e nos telejornais locais. Dizem que outras novidades estão em gestação.
Agora chegou a vez do esporte. Luiz Fernando Lima, o chefão do departamento, respirava por aparelhos, desde que subestimou o interesse da Record pelo direitos do Pan e das Olimpíadas de Londres em 2012. A derrota foi seu fim. Contribuiu para o desgaste a fragilidade que o departamento mostrou nas discussões sobre os direitos do "Brasileirão". A sorte foi aparecer o Tiago Leifert pelas mãos, pasmem, do Boni. Senão a crise seria bem mais grave.
Mas a sangria de Luiz Fernando será um processo lento, quase indolor. A idéia de Schroder é trocá-lo mais adiante, mas é preciso calma. A primeira baixa de sua equipe é a queda para cima de seu fiel escudeiro em São Paulo, Marco Mora (parece que sua saúde debilitada também contribuiu). O Plano é que Marquinho cuide apenas de eventos. E não são poucos (F-1, maratonas, ligas, etc...) Talvez assim, sem tanta pressão, não precise mais gritar e maltratar tanto os colegas. Para seu lugar agora está designado César Seabra.
Seabra tem prestígio. Toca de primeira. É muito ligado a Schroder e terá o papel de reestruturar o departamento em São Paulo e evitar as consequências da dilapidação sofrida, depois de perder profissionais importantes para a Record. Afinal, há dois eventos em que a Globo não poderá fracassar por falta de quadros e know-how: a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, e as Olimpiadas de 2016, também aqui.
A tendência é que São Paulo sirva como um laboratório, para preparar Seabra a assumir o lugar de Luiz Fernando mais adiante. Como todos bem sabemos, a Globo não abre mão de pessoas que alcançaram postos-chaves, a não ser que elas decidam deixar a empresa por livre e espontânea vontade. São profissionais que conhecem os tapetes e tudo o que há por baixo deles.
Na Globo News, de onde saiu, Seabra deixou a marca da renovação. O canal tem servido, inclusive, para a emissora ousar a exercitar o debate, tão cerceado nos últimos tempos. Posso dar dois exemplos. O programa "Entre Aspas", que em outubro de 2010 trouxe para o estúdio o ex-secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, que desmascarou a tese da própria emissora, que acusava a Petrobras e o Governo de manobra contábil.
O mais recente foi o episódio de [ante]ontem, no "Em Pauta", que teve como convidado o jornalista "Caco Barcellos". Assunto que desenvolvo com mais calma, em outro post.
No Blog DoLaDoDeLá
Tenho dito que existe um movimento interno no jornalismo da TV Globo para resgatar sua credibilidade. Primeiro, porque sem que as pessoas confiem no noticiário o negócio deixa de prosperar. Segundo, porque a derrota na campanha eleitoral de 2010 teve um gosto amargo para a emissora do Jardim Botânico. A "bolinha de papel" foi o ápice de um processo de radicalização interna (que começou em 2003), e que virou um dos casos mais escandalosos da história da televisão brasileira, caso que só encontra paralelo com a tentativa de fraude nas eleições ao governo do Rio, em 1982, e com a manipulação do debate na Campanha Eleitoral de 1989. Portanto, é natural que alguma intervenção fosse feita.Ela começou com uma "dança das cadeiras" discreta, como sempre foi, desde os tempos do "bom velhinho". "Ali Kamel" foi encostado e Carlos Henrique Schroder reassumiu os cordéis das marionetes. O primeiro passo foi criar instâncias intermediárias entre a redação e o ex-todo-poderoso, isolando-o. Em seguida, as trocas. Na Globo News, no Bom Dia Brasil e nos telejornais locais. Dizem que outras novidades estão em gestação.
Agora chegou a vez do esporte. Luiz Fernando Lima, o chefão do departamento, respirava por aparelhos, desde que subestimou o interesse da Record pelo direitos do Pan e das Olimpíadas de Londres em 2012. A derrota foi seu fim. Contribuiu para o desgaste a fragilidade que o departamento mostrou nas discussões sobre os direitos do "Brasileirão". A sorte foi aparecer o Tiago Leifert pelas mãos, pasmem, do Boni. Senão a crise seria bem mais grave.
Mas a sangria de Luiz Fernando será um processo lento, quase indolor. A idéia de Schroder é trocá-lo mais adiante, mas é preciso calma. A primeira baixa de sua equipe é a queda para cima de seu fiel escudeiro em São Paulo, Marco Mora (parece que sua saúde debilitada também contribuiu). O Plano é que Marquinho cuide apenas de eventos. E não são poucos (F-1, maratonas, ligas, etc...) Talvez assim, sem tanta pressão, não precise mais gritar e maltratar tanto os colegas. Para seu lugar agora está designado César Seabra.
Seabra tem prestígio. Toca de primeira. É muito ligado a Schroder e terá o papel de reestruturar o departamento em São Paulo e evitar as consequências da dilapidação sofrida, depois de perder profissionais importantes para a Record. Afinal, há dois eventos em que a Globo não poderá fracassar por falta de quadros e know-how: a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, e as Olimpiadas de 2016, também aqui.
A tendência é que São Paulo sirva como um laboratório, para preparar Seabra a assumir o lugar de Luiz Fernando mais adiante. Como todos bem sabemos, a Globo não abre mão de pessoas que alcançaram postos-chaves, a não ser que elas decidam deixar a empresa por livre e espontânea vontade. São profissionais que conhecem os tapetes e tudo o que há por baixo deles.
Na Globo News, de onde saiu, Seabra deixou a marca da renovação. O canal tem servido, inclusive, para a emissora ousar a exercitar o debate, tão cerceado nos últimos tempos. Posso dar dois exemplos. O programa "Entre Aspas", que em outubro de 2010 trouxe para o estúdio o ex-secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, que desmascarou a tese da própria emissora, que acusava a Petrobras e o Governo de manobra contábil.
O mais recente foi o episódio de [ante]ontem, no "Em Pauta", que teve como convidado o jornalista "Caco Barcellos". Assunto que desenvolvo com mais calma, em outro post.
EUA - Novo linchamento judicial.
Carlos A. Lungarzo
Em Jackson, no estado de Georgia, no Sul profundo americano, região chamada de Biblia Belt (cinturão da Bíblia), por causa da superstição e o fanatismo místico, e seu profundo e visceral racismo, um afrodescendente de 42 anos, Troy Anthony Davis (1968-2011) foi executado na madrugada da 5ª feira 22 de setembro, com uma injeção letal, no presídio da cidade.
Davis sofreu o sadismo doentio do sistema penal-judicial americano, representado por 20 anos de espera por sua execução, enquanto todas as protestas de milhões de pessoas no planeta, e os sucessivos recursos eram ignorados. Como sempre, o réu é submetido a um último ato de cinismo e crueldade. Em épocas ainda piores que as atuais, os esposos comunistas Julius e Ethel Rosenberg (1953) foram eletrocutados com eletrodos mal grudados, sem o uso do fluído condutor, para que a corrente passasse lentamente, e suas cabeças pegassem fogo quando ainda estavam vivos. Hoje, quando se usa o “humanitário” método da injeção, isso não é possível. Então, os juízes demoraram 4 horas o momento da execução, no intuito de que o prisioneiro se desesperasse. Mas isso não aconteceu.
De maneira calma e corajosa, Troy esperou a morte, olhando nos olhos dos parentes do policial cujo homicídio se lhe atribui sem nenhuma prova, e apenas com testemunhas que acabaram se retratando (7 de 9). Nada que italianos e brasileiros não conheçam. Com o olhar fixo, Troy disse calmamente que ele era inocente, e foi levado à sala onde se lhe aplicou a injeção.
Como os aparatos policiais e militares, especialmente em países violentos, procuram apenas vingança, os “espetadores” que assistiram o morboso espetáculo devem ter pensado que não importava se Troy era culpável ou não. Ele pagaria pelo verdadeiro assassino. Veja.
Troy foi defendido durante anos por Anistia Internacional, e celebridades do mundo todo, incluindo o ex-presidente Carter e o Papa Bento 16, pediram seu indulto. No Brasil, o caso passou despercebido. A continuação, transcrevo o comunicado da Anistia.
Comunicado Anistia Internacional
Segue o texto oficial da Anistia Internacional, que reproduz integramente o documento original de nossa organização. Por falta de tempo, tenho usado a tradução do jornal Expresso, de Portugal, que parece correta. Os grifos e os textos entre [] são meus.
Início do Texto
EUA executaram Troy Davis
Amnistia Internacional
A Amnistia Internacional condenou a decisão das autoridades do Estado da Geórgia de executarem o prisioneiro no corredor da morte, Troy Davis.
Troy Davis, de 42 anos, que se encontrava no corredor da morte desde 1991, foi executado por injeção letal na prisão do Estado da Geórgia em Jackson, no dia 21 de Setembro, apesar das sérias dúvidas em torno da sua condenação.
No mesmo dia, o Irão enforcou publicamente um jovem de 17 anos condenado pelo homicídio de um popular atleta, apesar das proibições internacionais sobre a execução de adolescentes, enquanto a China executou um paquistanês condenado por tráfico de drogas apesar dos crimes de droga não se incluírem nos crimes "mais graves" do direito internacional.
"Este é um dia triste para os direitos humanos em todo o mundo. Ao executarem estes indivíduos, estes países estão a mover-se contra a corrente global da abolição da pena de morte", afirmou Guadalupe Marengo, Vice-diretor da Amnistia Internacional para a América.
"Os países que mantêm a pena de morte defendem muitas vezes a sua posição reivindicando que o uso que fazem da pena de morte é consistente com a legislação de direitos humanos internacional. As suas ações no dia 21 de Setembro contradizem flagrantemente estas reivindicações", afirmou a Vice-diretora.
Os ativistas da Amnistia Internacional fizeram uma extensa campanha contra a pena de morte. Nos últimos dias, foram enviadas, às autoridades da Geórgia, quase um milhão de assinaturas em nome de Troy Davis, apelando para comutarem a sua sentença de morte. Foram realizadas vigias e eventos em aproximadamente 300 locais por todo o mundo.
Troy Davis foi condenado à morte em 1991, pelo homicídio do polícia Mark Allen Macphail em Savannah, no estado da Geórgia. O caso contra Troy Davis baseou-se principalmente em declarações de testemunhas. Desde o seu julgamento em 1991, sete das nove testemunhas chave retiraram ou alteraram o seu testemunho, algumas alegando coerção policial.
O adolescente iraniano Alireza Molla-Soltani foi enforcado na manhã de 21 de Setembro diante de uma multidão na cidade de Karaj. Foi condenado à morte no mês anterior por apunhalar Ruhollah Dadashi, um popular atleta, durante uma disputa na sequência de um acidente de viação a 17 de Julho. O jovem de 17 anos disse que entrou em pânico e apunhalou Ruhollah Dadashi em legítima defesa depois do atleta o atacar num local escuro, de acordo com os relatos dos media locais.
Zahid Husain Shah, detido em 2008 por tráfico de drogas, foi executado na China por injeção letal no dia 21 de Setembro.
No mesmo dia, Lawrence Brewer foi também executado em Huntsville, no Texas. Foi condenado à morte pelo seu papel no homicídio de James Byrd Jr., em Junho de 1998.
A Amnistia Internacional opõe-se à pena de morte em todos os casos, sem exceção.
"A pena de morte é um sintoma de uma cultura de violência e não uma solução", acrescentou Guadalupe Marengo. "Devemos manter a esperança e as execuções angustiantes levadas a cabo no dia 21 de Setembro devem levar os membros da Amnistia Internacional e outros ativistas a quererem continuarem a luta contra a pena de morte".
Para além dos EUA, da China e do Irão, a campanha da Amnistia Internacional para a abolição da pena de morte foca-se na Bielorrússia.
A Amnistia Internacional está a trabalhar com o Centro de Direitos Humanos Viasna, uma Organização Não Governamental, na Bielorrússia [no Brasil conhecida por seu nome em inglês, Belarus], apelando ao Presidente Lukashenko para suspender imediatamente as execuções e comutar as sentenças de todos os indivíduos que se encontram no corredor da morte.
[NOTA minha: Para acessar o site de Viasna, na Belarus, clique no nome desta ONG. O texto está em inglês.]
Desde que o país declarou a independência em 1991, estima-se que 400 pessoas tenham sido executadas na Bielorrússia. Depois de um ano sem execuções, as autoridades bielorrussas executaram dois homens em 2010 e condenaram três pessoas à morte e outros dois homens foram alegadamente executados entre 14 e 19 de Julho de 2011, apesar de não ter havido confirmação oficial das suas mortes. A Bielorrússia é o ultimo país na Europa e na antiga União Soviética que ainda realiza execuções.
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Final do Texto
As nove testemunhas disseram inicialmente que tinham visto Troy atirando no policial, mas, vários anos depois, quando a causa foi julgada em segunda instância, sete deles reconheceram que tinham sido ameaçados e extorquidos pela polícia para declarar contra Davis. Para que o julgamento parecesse normal, o juiz e o promotor escolheram mais de metade de jurados negros, mas estes confessaram depois que, por causa da perseguição racial no Sul americano, e a situação indefensa de afroamericanos pobres, eles votaram pela condenação pois se sentiam incapazes de suportar as ameaças do promotor e dos juízes contra os membros de suas famílias.
Diretos Humanos nos EEUU
Quando se criou o estado americano, composto pelas colônias originais, os “pais da pátria” deixaram claro tanto em seus discursos individuais como na Declaração da Independência, que a nova nação estaria regida por princípios básicos: a crença em Deus (um lema que aparece nas notas de dólar), a supremacia da propriedade privada ilimitada sobre qualquer outro direito, e o privilégio de submeter pelas armas quaisquer outros povos ou etnias. Isto teve sua versão mais explícita na teoria do Destino Manifesto, de 1985, que justificava a agressão americana em qualquer lugar que fosse acessível a suas tropas.
Essa visão totalitária planejada no momento mesmo da criação do estado não possui equivalentes. Outros estados notoriamente racistas, como a África do Sul do apartheid, e o Estado de Israel, desenvolveram seu racismo na medida em que avançavam seus projetos de agressão contra etnias maioritárias (negras e árabes, respectivamente), mas o projeto racista não foi formulado de maneira explícita na fundação desses países.
Além disso, a força econômica e militar dos EEUU tem tornado muito difícil a luta contra a violação dos direitos humanos básicos. A formação de grandes grupos sociais fundamentalistas, a exaltação do colonialismo e do racismo, e a poderosa propaganda de ódio da mídia, mantiveram como únicos direitos humanos o porte de armas e a livre expressão. Embora o segundo seja um direito legítimo, ele foi pensado para combinar os interesses dos magnatas da mídia. Aliás, toda norma jurídica, sem exceção, pode ser violada, como mostra o caso dos prisioneiros de Guantánamo.
Enquanto certos países são estigmatizados por seu terrorismo de estado e a comissão de horríveis genocídios, como Ruanda e Sudão, os EEUU são vistos com normalidade por grande parte da população mundial que não sofreu suas invasões, pois, afinal, são brancos, cristãos e ricos. Além disso, centos de milhões de pessoas possuem negócios, nexos acadêmicos e técnicos e outros tipos de parceria como os americanos.
A citação de Anistia Internacional do terrível crime contra Troy está acompanhada de relatos sobre execuções no Irão, na China e na Belarus, e outro de um americano. Isto não é por acaso. Os EEUU estão no terceiro lugar de terrorismo de estado “legalizado” no planeta. Embora seu exercício da morte e a tortura sejam menores que em alguns países de Ásia e América do Sul, a impunidade que significa criar leis para cometer esses atos coloca grande parte do planeta em risco de sofrer genocídios derivados das invasões americanas e, consequentemente, tortura, como em Abu Ghraib, e execuções, como as que se praticam quase continuamente nos estados do Sul e em alguns outros.
Para algumas sociedades sul-americanas, mergulhadas em problemas só nacionais, a morte de Troy Anthony Davis nem foi percebida. Entretanto, nos países mais organizados do mundo, o fato provocou uma onda de terror e repúdio. Milhares de pessoas se estão organizando contra a pena de morte em todo o planeta. Convém lembrar que o Brasil não tem pena de morte para civis desde a ditadura, mas nunca foi derrogada a infame e paleolítica lei que permite aplicar a pena de morte em caso de Guerra. Talvez, Brasil nunca mais entre em nenhuma guerra, mas, mesmo assim, este privilégio dos militares para decidir sobre as vidas humanas em nome da guerra, é uma mácula terrível para um país que pretende ser civilizado. A Argentina, apesar de sua proclamada política de Direitos Humanos, somente derrogou a pena de morte em caso de Guerra há dois ou três anos.
Tudo isto deve nos fazer refletir sobre a barbárie que ainda vivemos, e começou a ser lentamente combatida desde 1945. O que falta é muito mais do que já se fez. O mais importante é que ONU produza uma convenção contra a Pena de Morte, assim como existe uma convenção contra a tortura.
Em Jackson, no estado de Georgia, no Sul profundo americano, região chamada de Biblia Belt (cinturão da Bíblia), por causa da superstição e o fanatismo místico, e seu profundo e visceral racismo, um afrodescendente de 42 anos, Troy Anthony Davis (1968-2011) foi executado na madrugada da 5ª feira 22 de setembro, com uma injeção letal, no presídio da cidade.
Davis sofreu o sadismo doentio do sistema penal-judicial americano, representado por 20 anos de espera por sua execução, enquanto todas as protestas de milhões de pessoas no planeta, e os sucessivos recursos eram ignorados. Como sempre, o réu é submetido a um último ato de cinismo e crueldade. Em épocas ainda piores que as atuais, os esposos comunistas Julius e Ethel Rosenberg (1953) foram eletrocutados com eletrodos mal grudados, sem o uso do fluído condutor, para que a corrente passasse lentamente, e suas cabeças pegassem fogo quando ainda estavam vivos. Hoje, quando se usa o “humanitário” método da injeção, isso não é possível. Então, os juízes demoraram 4 horas o momento da execução, no intuito de que o prisioneiro se desesperasse. Mas isso não aconteceu.
De maneira calma e corajosa, Troy esperou a morte, olhando nos olhos dos parentes do policial cujo homicídio se lhe atribui sem nenhuma prova, e apenas com testemunhas que acabaram se retratando (7 de 9). Nada que italianos e brasileiros não conheçam. Com o olhar fixo, Troy disse calmamente que ele era inocente, e foi levado à sala onde se lhe aplicou a injeção.
Como os aparatos policiais e militares, especialmente em países violentos, procuram apenas vingança, os “espetadores” que assistiram o morboso espetáculo devem ter pensado que não importava se Troy era culpável ou não. Ele pagaria pelo verdadeiro assassino. Veja.
Troy foi defendido durante anos por Anistia Internacional, e celebridades do mundo todo, incluindo o ex-presidente Carter e o Papa Bento 16, pediram seu indulto. No Brasil, o caso passou despercebido. A continuação, transcrevo o comunicado da Anistia.
Comunicado Anistia Internacional
Segue o texto oficial da Anistia Internacional, que reproduz integramente o documento original de nossa organização. Por falta de tempo, tenho usado a tradução do jornal Expresso, de Portugal, que parece correta. Os grifos e os textos entre [] são meus.
Início do Texto
EUA executaram Troy Davis
Amnistia Internacional
A Amnistia Internacional condenou a decisão das autoridades do Estado da Geórgia de executarem o prisioneiro no corredor da morte, Troy Davis.
Troy Davis, de 42 anos, que se encontrava no corredor da morte desde 1991, foi executado por injeção letal na prisão do Estado da Geórgia em Jackson, no dia 21 de Setembro, apesar das sérias dúvidas em torno da sua condenação.
No mesmo dia, o Irão enforcou publicamente um jovem de 17 anos condenado pelo homicídio de um popular atleta, apesar das proibições internacionais sobre a execução de adolescentes, enquanto a China executou um paquistanês condenado por tráfico de drogas apesar dos crimes de droga não se incluírem nos crimes "mais graves" do direito internacional.
"Este é um dia triste para os direitos humanos em todo o mundo. Ao executarem estes indivíduos, estes países estão a mover-se contra a corrente global da abolição da pena de morte", afirmou Guadalupe Marengo, Vice-diretor da Amnistia Internacional para a América.
"Os países que mantêm a pena de morte defendem muitas vezes a sua posição reivindicando que o uso que fazem da pena de morte é consistente com a legislação de direitos humanos internacional. As suas ações no dia 21 de Setembro contradizem flagrantemente estas reivindicações", afirmou a Vice-diretora.
Os ativistas da Amnistia Internacional fizeram uma extensa campanha contra a pena de morte. Nos últimos dias, foram enviadas, às autoridades da Geórgia, quase um milhão de assinaturas em nome de Troy Davis, apelando para comutarem a sua sentença de morte. Foram realizadas vigias e eventos em aproximadamente 300 locais por todo o mundo.
Troy Davis foi condenado à morte em 1991, pelo homicídio do polícia Mark Allen Macphail em Savannah, no estado da Geórgia. O caso contra Troy Davis baseou-se principalmente em declarações de testemunhas. Desde o seu julgamento em 1991, sete das nove testemunhas chave retiraram ou alteraram o seu testemunho, algumas alegando coerção policial.
O adolescente iraniano Alireza Molla-Soltani foi enforcado na manhã de 21 de Setembro diante de uma multidão na cidade de Karaj. Foi condenado à morte no mês anterior por apunhalar Ruhollah Dadashi, um popular atleta, durante uma disputa na sequência de um acidente de viação a 17 de Julho. O jovem de 17 anos disse que entrou em pânico e apunhalou Ruhollah Dadashi em legítima defesa depois do atleta o atacar num local escuro, de acordo com os relatos dos media locais.
Zahid Husain Shah, detido em 2008 por tráfico de drogas, foi executado na China por injeção letal no dia 21 de Setembro.
No mesmo dia, Lawrence Brewer foi também executado em Huntsville, no Texas. Foi condenado à morte pelo seu papel no homicídio de James Byrd Jr., em Junho de 1998.
A Amnistia Internacional opõe-se à pena de morte em todos os casos, sem exceção.
"A pena de morte é um sintoma de uma cultura de violência e não uma solução", acrescentou Guadalupe Marengo. "Devemos manter a esperança e as execuções angustiantes levadas a cabo no dia 21 de Setembro devem levar os membros da Amnistia Internacional e outros ativistas a quererem continuarem a luta contra a pena de morte".
Para além dos EUA, da China e do Irão, a campanha da Amnistia Internacional para a abolição da pena de morte foca-se na Bielorrússia.
A Amnistia Internacional está a trabalhar com o Centro de Direitos Humanos Viasna, uma Organização Não Governamental, na Bielorrússia [no Brasil conhecida por seu nome em inglês, Belarus], apelando ao Presidente Lukashenko para suspender imediatamente as execuções e comutar as sentenças de todos os indivíduos que se encontram no corredor da morte.
[NOTA minha: Para acessar o site de Viasna, na Belarus, clique no nome desta ONG. O texto está em inglês.]
Desde que o país declarou a independência em 1991, estima-se que 400 pessoas tenham sido executadas na Bielorrússia. Depois de um ano sem execuções, as autoridades bielorrussas executaram dois homens em 2010 e condenaram três pessoas à morte e outros dois homens foram alegadamente executados entre 14 e 19 de Julho de 2011, apesar de não ter havido confirmação oficial das suas mortes. A Bielorrússia é o ultimo país na Europa e na antiga União Soviética que ainda realiza execuções.
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Final do Texto
As nove testemunhas disseram inicialmente que tinham visto Troy atirando no policial, mas, vários anos depois, quando a causa foi julgada em segunda instância, sete deles reconheceram que tinham sido ameaçados e extorquidos pela polícia para declarar contra Davis. Para que o julgamento parecesse normal, o juiz e o promotor escolheram mais de metade de jurados negros, mas estes confessaram depois que, por causa da perseguição racial no Sul americano, e a situação indefensa de afroamericanos pobres, eles votaram pela condenação pois se sentiam incapazes de suportar as ameaças do promotor e dos juízes contra os membros de suas famílias.
Diretos Humanos nos EEUU
Quando se criou o estado americano, composto pelas colônias originais, os “pais da pátria” deixaram claro tanto em seus discursos individuais como na Declaração da Independência, que a nova nação estaria regida por princípios básicos: a crença em Deus (um lema que aparece nas notas de dólar), a supremacia da propriedade privada ilimitada sobre qualquer outro direito, e o privilégio de submeter pelas armas quaisquer outros povos ou etnias. Isto teve sua versão mais explícita na teoria do Destino Manifesto, de 1985, que justificava a agressão americana em qualquer lugar que fosse acessível a suas tropas.
Essa visão totalitária planejada no momento mesmo da criação do estado não possui equivalentes. Outros estados notoriamente racistas, como a África do Sul do apartheid, e o Estado de Israel, desenvolveram seu racismo na medida em que avançavam seus projetos de agressão contra etnias maioritárias (negras e árabes, respectivamente), mas o projeto racista não foi formulado de maneira explícita na fundação desses países.
Além disso, a força econômica e militar dos EEUU tem tornado muito difícil a luta contra a violação dos direitos humanos básicos. A formação de grandes grupos sociais fundamentalistas, a exaltação do colonialismo e do racismo, e a poderosa propaganda de ódio da mídia, mantiveram como únicos direitos humanos o porte de armas e a livre expressão. Embora o segundo seja um direito legítimo, ele foi pensado para combinar os interesses dos magnatas da mídia. Aliás, toda norma jurídica, sem exceção, pode ser violada, como mostra o caso dos prisioneiros de Guantánamo.
Enquanto certos países são estigmatizados por seu terrorismo de estado e a comissão de horríveis genocídios, como Ruanda e Sudão, os EEUU são vistos com normalidade por grande parte da população mundial que não sofreu suas invasões, pois, afinal, são brancos, cristãos e ricos. Além disso, centos de milhões de pessoas possuem negócios, nexos acadêmicos e técnicos e outros tipos de parceria como os americanos.
A citação de Anistia Internacional do terrível crime contra Troy está acompanhada de relatos sobre execuções no Irão, na China e na Belarus, e outro de um americano. Isto não é por acaso. Os EEUU estão no terceiro lugar de terrorismo de estado “legalizado” no planeta. Embora seu exercício da morte e a tortura sejam menores que em alguns países de Ásia e América do Sul, a impunidade que significa criar leis para cometer esses atos coloca grande parte do planeta em risco de sofrer genocídios derivados das invasões americanas e, consequentemente, tortura, como em Abu Ghraib, e execuções, como as que se praticam quase continuamente nos estados do Sul e em alguns outros.
Para algumas sociedades sul-americanas, mergulhadas em problemas só nacionais, a morte de Troy Anthony Davis nem foi percebida. Entretanto, nos países mais organizados do mundo, o fato provocou uma onda de terror e repúdio. Milhares de pessoas se estão organizando contra a pena de morte em todo o planeta. Convém lembrar que o Brasil não tem pena de morte para civis desde a ditadura, mas nunca foi derrogada a infame e paleolítica lei que permite aplicar a pena de morte em caso de Guerra. Talvez, Brasil nunca mais entre em nenhuma guerra, mas, mesmo assim, este privilégio dos militares para decidir sobre as vidas humanas em nome da guerra, é uma mácula terrível para um país que pretende ser civilizado. A Argentina, apesar de sua proclamada política de Direitos Humanos, somente derrogou a pena de morte em caso de Guerra há dois ou três anos.
Tudo isto deve nos fazer refletir sobre a barbárie que ainda vivemos, e começou a ser lentamente combatida desde 1945. O que falta é muito mais do que já se fez. O mais importante é que ONU produza uma convenção contra a Pena de Morte, assim como existe uma convenção contra a tortura.
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