domingo, 11 de setembro de 2011

POLÍTICA - Espanhol é guru da direita latino-americana!

Por Marcos Doniseti



Na contramão da onda rosa, líderes orientados pelo marqueteiro Antonio Sola foram eleitos no México e Haiti

Estrategista deve emplacar presidente da Guatemala no pleito de hoje e pretende atuar no Brasil em 2012

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Se a América Latina tem hoje no marketing petista tipo exportação de João Santana uma referência para as campanhas de esquerda, do outro lado do ringue, em nome dos conservadores do continente, está o estrategista espanhol Antonio Sola.

Vencedor no México com Felipe Calderón em 2006, com o azarão Michel Martelly neste ano no Haiti e prestes a emplacar o general reformado Otto Pérez Molina no pleito de hoje na Guatemala, Sola ironiza: apesar da onda vermelha ou rosa no continente, ele tem trabalho.

Na consultoria Ostos & Sola, uma associação com a também espanhola Glória Ostos, ele é o que leva o braço do marketing político que fatura entre US$ 10 e US$ 12 milhões ao ano.

A empresa tem sede em Madri -bastante próxima do Partido Popular espanhol-, filiais em Miami e trabalhos na África. Mas é na América Latina que a coisa tomou mais impulso. Sola e sua equipe, além dos países citados anteriormente, trabalham no Equador, para pleitos regionais da Colômbia em outubro e na República Dominicana.

Sola viajou recentemente a Buenos Aires para se encontrar com o ex-presidente Eduardo Duhalde, que queria que ele capitaneasse sua campanha contra Cristina Kirchner. Ele declinou, diz, por excesso de trabalho.

A esmagadora maioria dos clientes são candidatos conservadores, com quem, diz, "trabalha bastante à vontade pelas afinidades profissionais e pessoais".

O espanhol de origem andaluz faz estilo bom moço, de sorriso fácil, mas não se queixa, e até desfruta, da reputação de "gênio do mal", odiado pelos esquerdistas.

O caso mais emblemático é o mexicano, quando colou no esquerdista do PRD Antonio Manuel López Obrador o slogan "é um perigo para o México", há cinco anos.

Naturalizou-se mexicano para não ser deportado. O que diz de ser vinculado a campanhas sujas? "Não me incomoda de jeito nenhum. Acredito que as campanhas de contraste são altamente positivas e constroem democracia. Ajudam a decidir o voto. Como no Brasil sabem por conta do futebol, é tão importante saber atacar como saber defender".

E ele segue na metáfora: "Acho que se deve jogar duro. Se fazemos uma jogada mais dura, que nos sancionem, que mostrem cartão amarelo".

Sola, de 39 anos e fazendo campanhas políticas desde os 18, aceita a provocação de ser chamado de antípoda político de João Santana. "Adoraria que pudéssemos competir em uma grande liga de mundial de consultores políticos porque creio que isso ajudaria a construir melhores ofertas políticas e opções melhores de governo", responde, profissionalíssimo.

A meta da empresa é desembarcar no Brasil em 2012. Sola esteve neste ano no Rio e em São Paulo com políticos do PSDB e afirma que a estratégia de penetração vai ser trabalhar com um sócio brasileiro. "O Brasil tem muitos talentos e creio que temos coisas que aportar."

A atuação da empresa na Venezuela é tratada com discrição, uma prevenção contra represálias e cobranças de visto de trabalho. Sola diz que está em conversações com pré-candidatos da oposição do país, mas não revela nomes. A sua conta no Twitter dá uma pista: tem uma entusiasta menção à campanha da deputada Maria Corina Machado, rumo às primárias oposicionistas em fevereiro.
Corina está longe de ser uma favorita da contenda, até agora, mas subiu de 3% a 7% no último mês, segundo levantamento da empresa venezuelana Datanálisis.

Sola sabe que vencer nas urnas na Venezuela no ano que vem -contra um dos melhores marqueteiros da história recente do continente, o próprio Hugo Chávez- seria sua consagração.

Fonte: Luis Nassif online

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