terça-feira, 20 de setembro de 2011

MORALES DEFENDE REVOLUÇÃO NA ONU.

Presidente da Bolívia defende revolução na ONU


O presidente da Bolívia, Evo Morales, reivindicou nesta segunda (19) uma "revolução" na Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo ele, é preciso acabar com a "ditadura" do Conselho de Segurança (CS) da organização.

"Que Conselho de Segurança? Eu diria que é um Conselho de Insegurança", afirmou Morales em entrevista, após criticar os bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Líbia que foram autorizados pelo CS em março deste ano.

Ainda segundo ele, após tirar do poder o dirigente líbio Muamar Kadafi, "as potências ocidentais e dos Estados Unidos brigam para ver quem será o dono dos poços de petróleo" do país.

"Há muito interesse em continuar acumulando o capital em poucas mãos, em mãos das oligarquias, das multinacionais", detalhou Morales.

Cuba

Ainda sobre a necessidade de reformar as Nações Unidas e sobre a incapacidade do organismo para defender o direito internacional, o chefe de Estado destacou o desrespeito de Washington ao apelo mundial para que encerre o bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba.

Desde 1992, várias resoluções sobre a necessidade de pôr fim ao bloqueio são submetidas a votação na ONU e, a cada ano, mais países votam contra essa política dos EUA. Em 2010, 187 países apoiaram Cuba, e só Estados Unidos e Israel opuseram-se ao texto. Washington "não respeita e as Nações Unidas não fazem cumprir", enfatizou o presidente boliviano.

Morales desembarcou em Cuba durante a noite do último sábado (17). Após se encontrar com o presidente cubano, Raúl Castro, ele seguiria ainda hoje (19) para Nova York, para participar da 66° Assembleia Geral da ONU.

"Não tenho um discurso preparado, estou pensando em fazer algumas reflexões sobre a crise do capitalismo, sobre as intervenções inumanas como a da Líbia", comentou o chefe de Estado à agência La Prensa.

Crise

"Há uma crise financeira do império, do capitalismo, e, portanto, dos Estados Unidos", destacou Morales, expressando preocupação pelas agonias econômicas de Ocidente e sua repercussão nos países subdesenvolvidos.

O mandatário afirmou que, depois de ver os protestos em massa em vários países da Europa, se perguntou se as economias dos países do Sul devam depender dos mercados do chamado Velho Continente ou do estadunidense.

"Penso que é um problema muito sério para os países chamados em via de desenvolvimento, os subdesenvolvidos, dependerem do mercado norte-americano e do europeu", indicou.

Nesse sentido, ele defendeu a regionalização do mercado, sob políticas de solidariedade e complementaridade. "Este novo milênio não pode ser o milênio das oligarquias, das hierarquias, das monarquias (...) este deve ser o milênio dos povos", afirmou, ao pregar um socialismo comunitário, que – insistiu – deve ser desenvolvido e implementado em resposta à crise do capitalismo.

Integração

Na opinião de Morales, a América do Sul avançou bastante em função da integração, apesar das diferenças ideológicas dos governos, já que em cinco ou seis anos conseguiu-se dar forma à União de Nações Sul-americanas (Unasul).

O presidente destacou o papel de Unasul contra tentativas golpistas como a de 2008 na Bolívia, que pretendeu retirá-lo do poder, ao qual tinha chegado em 2005, com 53,74% dos votos.

"Antes, o que se fazia na América do Sul? Quando tinha algum problema, era a OEA, em nome dos Estados Unidos, ou algum representante dos Estados Unidos que ia resolver esses problemas internos", lembrou.

Morales chamou a atenção para o fato de cada país ter suas particularidades, mas, segundo ele, a meta de se libertarem cultural, social e economicamente os une. "Se não há libertação econômica ou financeira, seguramente vamos cair na dependência desses mercados e, às vezes, esses mercados nem sequer estão garantidos", considerou o mandatário.

Ele recordou que alguns países da América Latina ainda têm bases militares estrangeiras, em particular dos Estados Unidos. "E na Bolívia nos libertamos de bases militares", afirmou.

Clima

A respeito da 17ª Conferência das partes da Convenção sobre Mudança Climática, a realizar-se em dezembro próximo em Durban, África do Sul, Morales pôs em dúvida que nesse encontro possam ser resolvidas as diferenças entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos.

"Os inimigos da humanidade estão identificados. É o capitalismo, o imperialismo. Como mudar isso: essa é a batalha permanente", afirmou, depois de recordar a manobra dos Estados Unidos e de um grupo de países em Copenhague, há dois anos, para obstruir qualquer tentativa favorável a um segundo período de compromissos do Protocolo de Kioto. "Por que não debater, nas Nações Unidas, os direitos da Mãe Terra?", questionou.

O boliviano viajou a Cuba na companhia do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que "volta a Cuba para iniciar a quarta sessão de quimioterapia, enquanto Morales o faz para cumprir uma visita oficial", segundo uma nota oficial.

Com Prensa Latina

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