Carlos Augusto de Araujo Dória, 82 anos, economista, nacionalista, socialista, lulista, budista, gaitista, blogueiro, espírita, membro da Igreja Messiânica, tricolor, anistiado político, ex-empregado da Petrobras. Um defensor da justiça social, da preservação do meio ambiente, da Petrobras e das causas nacionalistas.
sábado, 31 de março de 2012
POLÍTICA - Cordão da Mentira.
Do blog Com Texto Livre.
1º de abril: Cordão da Mentira vai escrachar apoiadores da ditadura
Depois dos assassinos e torturadores, agora é a vez dos apoiadores do golpe civil-militar de 1964 serem alvos de protestos.
Passando por jornais, empresas e lugares simbólicos do apoio civil à ditadura, o Cordão da Mentira irá desfilar pelo centro da cidade de São Paulo para apontar quais foram os atores civis que se uniram aos militares durante os anos de chumbo.
Os organizadores – coletivos políticos, grupos de teatro e sambistas da capital – afirmam ter escolhido o 1º de abril, Dia da Mentira e aniversário de 48 anos do golpe, para discutir a questão “de modo bem-humorado e radical”.
Ao longo do trajeto, os manifestantes cantarão sambas e marchinhas de autoria própria e realizarão intervenções artísticas que, segundo eles, pretendem colocar a pergunta: “Quando vai acabar a ditadura civil-militar?”.
O desfile do Cordão da Mentira acontecerá, portanto, neste domingo, 1º de abril, dia da mentira e do Golpe Militar de 1964. A concentração será às 11h30, na frente do Cemitério da Consolação.
Venham todos e todas fantasiados para o Cordão da Mentira!
Sugestões de fantasia: médico legista, advogado, político, padre, bispo, policial militar…e não esqueçam, nossas cores são o vermelho e o preto!
O último ensaio foi neste sábado, 31 de março, às 15h30, no Bar do Raí: Rua Dr. Vila Nova com Gen Jardim, na Vila Buarque.
TRAJETO
A concentração acontecerá às 11h30, em frente ao cemitério da Consolação.
Em seguida, o cordão passará pela rua Maria Antônia, onde estudantes da Universidade Mackenzie, dentre eles integrantes do CCC (Comando de Caça aos Comunistas), entraram em confronto com alunos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. Um estudante secundarista morreu.
Dali, os foliões-manifestantes seguem para a sede da TFP (Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade), uma das organizadoras da “Marcha da Família com Deus, pela Liberdade”, que 13 dias antes do golpe convocava o exército para se levantar “contra a desordem, a subversão, a anarquia e o comunismo”.
Depois de passar pelo Elevado Costa e Silva –que leva o nome do presidente em cujo governo foi editado o AI-5, o mais duro dos Atos Institucionais da ditadura– o bloco seguirá pela alameda Barão de Limeira, onde está a sede do jornal Folha de S.Paulo. Segundo Beatriz Kushnir, doutora em história social pela Unicamp, a Folha ficou conhecida nos anos 70 como o jornal de “maior tiragem” do Brasil, por contar em sua redação com o maior número de “tiras”, agentes da repressão.
A ação da polícia na Cracolândia, símbolo da continuidade das políticas repressivas no período pós-ditadura, bem como o Projeto Nova Luz, realizado pela Prefeitura de São Paulo, serão alvos dos protestos durante a passagem do cordão pela rua Helvétia.
Finalmente, será na antiga sede do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), na rua General Osório, que o Cordão da Mentira morrerá.
TRAJETO
R. Maria Antônia – Guerra da Maria Antônia
Av. Higienópolis – sede da TFP
R. Martim Francisco
R. Jaguaribe
R. Fortunato
R. Frederico Abranches
Parada no Largo da Santa Cecília
R. Ana Cintra – Elevado Costa e Silva
R. Barão de Campinas
R. Glete
R. Barão de Limeira – jornal Folha de S.Paulo
R. Duque de Caxias – Cracolândia/Projeto Nova Luz
R. Mauá
Dispersão: R. Mauá com a R. General Osório – antigo prédio do DOPS
Parceiros:
- Bloco Carnavalesco João Capota Na Alves
- Brava Cia.
- Buraco d’Oráculo
- Cia. Antropofágica
- Cia. Estável de Teatro
- Cia. Estudo de Cena
- Cia. do Latão
- Cia. São Jorge de Variedades
- Coletivo Contra a Tortura
- Coletivo Dolores Boca Aberta
- Coletivo Desentorpecendo A Razão
- Coletivo Merlino
- Coletivo Político Quem
- Coletivo Zagaia
- Comboio
- Comitê Paulista de Verdade Memória e Justiça
- CSP – Conlutas
- Engenho Teatral
- Esquina da Vila
- Grupo Folias
- Grupo Milharal
- Grupo Tortura Nunca Mais/SP
- Kiwi Companhia de Teatro
- Luta Popular
- Mães de Maio
- Ocupa Sampa
- Os Aparecidos Políticos
- Projeto Nosso Samba de Osasco
- Rua do Samba Paulista
- Samba Autêntico
- Sarau do Binho
- Sarau da Vila Fundão
- Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo – SASP
- Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo – SINTUSP
- Tanq_ ROSA Choq_
- Tribunal Popular
O Cordão da Mentira conta com um grupo de sambistas, bateria e grupos de teatro que apresentarão músicas e encenações especialmente produzidas para o desfile da mentira! Confira duas delas
MÍDIA - Blogueiro da Veja: "Não vou me adaptar".
O blogueiro da Veja, Reinaldo Azevedo, era o candidato oculto de uma chapa de direita (o nome já diz tudo, Reação) que disputou o DCE da USP em eleição que se encerrou ontem. A chapa, inflada por seus posts, numa ação que mostra em que nível a Veja chegou, o de ficar disputando eleição em DCE, teve apenas 2.660 votos de um conjunto de 13.134. Todas as outras chapas eram vinculadas a movimentos de esquerda, sendo que a vencedora, “Não vou me adaptar”, recebeu 6.964 votos.
A forma como a Veja e seu blogueiro “disputaram” a eleição foi o que motivou o recorde de votos neste processo eleitoral. Em média, participam de 7 a 8 mil alunos. Neste ano os votantes quase dobraram.
Como não há segundo turno nas eleições do DCE, houve um voto útil compreensível para derrotar a direita para a chapa “Não vou me adaptar”, onde boa parte dos integrantes têm vínculos com o PSoL e o PSTU.
Como Reinaldo ainda é jovem (deve estar com uns 50) ele tem tempo para aprender com a derrota. Este blog que já passou da fase de se envolver em disputas estudantis, parabeniza os vencedores e lhes deseja sucesso nas lutas que virão, pois o processo na USP da gestão Rodas não anda nada fácil.
Mas parabeniza principalmente a comunidade acadêmica, incluindo professores e funcionários, que souberam se mobilizar pra derrotar nas urnas a direita da universidade e seus propagandistas e “pensadores”.
Não sei o que está sendo pior para o Reinaldo, perder a eleição para o DCE da USP ou ver o que está acontendo com a dupla Demóstenes Torres e Policarpo Jr.
Fonte: Blog do Rovai
MÍDIA - Cachoeira - "Veja": Um murdoch brasileiro?
Do blog Democracia & Política
Por Brizola Neto, com artigo do site “Brasil 247”:
“Relações incestuosas e, portanto, desvirtuadas, entre jornalistas e fontes já causaram prisões e fecharam uma publicação secular. Na Inglaterra, ano passado. Diretora-executiva da “News Corp.”, o conglomerado de mídia do magnata Ruppert Murdoch, a jornalista Rebekah Brooks chegou a ser presa pela polícia inglesa, interrogada por 12 horas e libertada sob fiança somente após contar o que sabia a respeito do trabalho de apuração que incluía escutas ilegais sobre personalidades do país e aquisição de informações com policiais mediante pagamentos em dinheiro.
O jornal “The News of the World”, que veiculava o material obtido na maior parte das vezes por aqueles métodos, teve de ser fechado por Murdoch, depois de mais de cem anos de publicação, por força dos protestos dos leitores e do público em geral. Eles se sentiram ultrajados com o, digamos, jeitinho que a redação agia para obter seus furos. Os patrões Ruppert e seu filho James precisaram dar explicações formais ao Parlamento Britânico sobre as práticas obscuras. Ali, foram humilhados até mesmo por um banho de espuma a contragosto.
No Brasil, neste exato momento, a revista impressa de maior circulação do país [“Veja”] está com seus métodos de apuração igualmente colocados em xeque. Afinal, o caso das duzentas ligações telefônicas grampeadas pela Polícia Federal, nas investigações da “Operação Monte Carlo”, envolve num circuito fechado, e privilegiado, um contraventor especializado em se infiltrar em grandes estruturas do 'establishment', e o atual número dois da revista.
O jornalista Policarpo Jr., que acumula o cargo de diretor da sucursal de Brasília, pode até ser visto como o número três ou quatro na hierarquia interna, à medida em que, em seu último arranjo de poder, o diretor de redação Eurídes Alcântara estabeleceu o singular modelo de ter três editores-chefe na publicação. Mas com, pelo menos, quinze anos de serviços prestados à revista no coração do poder, Policarpo, reconhece-se, é “o cara”. Ele foi repórter especial e seu estilo agressivo de atuar influenciou a atual geração de profissionais de “Veja”. Eles são temidos por sua capacidade de "levantar" [ou criar?] escândalos, promover julgamentos morais e decretar o destino de reputações. A revista, a cada semana, se coloca como uma espécie de certificadora da moral e dos bons costumes no País, sempre pronta a baixar a marreta sobre o que julga fora dos seus padrões.
O problema, para “Veja”, é que o jogo de mão entre Policarpo Jr. e Carlinhos Cachoeira pode ter sido pesado, apesar de ainda não estar claro. O silêncio da revista a respeito não contribui em nada para o seu esclarecimento. A aparente relação de intimidade pessoal entre editor-chefe e o contraventor não apenas não é um fato como outro qualquer, como pode ser a ponta do maior escândalo de mídia já visto no Brasil. A não publicação, na edição de “Veja” que está nas bancas, da surpreendente descoberta de ligações perigosas entre o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) – que na terça-feira 26, sob intensa pressão, renunciou ao posto de líder do partido no Senado – e Cachoeira acentuou a percepção generalizada de que o bicheiro e o jornalista tinham um ou alguns pactos de proteção e ajuda. Será?
Em nome de ter a notícia em primeira mão, é admissível, do ponto de vista ético, ao profissional da mídia, manter relacionamentos privilegiados com quem ele considerar importante para esse fim. Inclusive, contraventores. O que não é eticamente aceitável é fazer com que esses relacionamentos derivem para a não publicação de notícias ou a divulgação parcial [ou distorcida] dos fatos.
O ex-governador José Serra, recentemente, foi apontado pelo ex-ministro em plena queda Wagner Rossi como um dos pauteiros (aquele que define os assuntos a serem abordados) da “Veja”. Pode ter sido um efeito de retórica do Rossi flagrado pela revista como dono de uma mansão incompatível com seu histórico de homem público. Mas jamais, como agora, houve a suspeita real de que um contraventor pudesse exercer o mesmo papel de, digamos, pauteiro externo da revista. A interrogação é procedente na medida em que, especialmente em Brasília, circulam rumores de que Policarpo comentaria abertamente com Cachoeira os assuntos que seriam abordados em edições futuras da revista e as angulações editoriais das reportagens.
Para qualquer um que trabalhe com informação, conhecer por antecipação o conteúdo da “Veja” é uma grande vantagem competitiva. Um assessor de imprensa, por exemplo. A posse desse tipo de ativo pode representar a diferença entre um bom contrato e nenhum contrato. Se se abre o espaço para a indicação de assuntos, então, ai o lobista entra no paraíso, passando a ter condições de posicionar seus interesses em espaços nobres que vão da capa à última folha do papel tipo bíblia de “Veja”, passando pela prestigiada sessão de entrevistas, as “páginas amarelas”. Será?
Na Inglaterra, em meio às primeiras informações sobre o real modo de agir dos jornalistas do “The News of the World”, a primeira reação da casa foi também a de silêncio. Em seguida, negativas. Mas os desdobramentos do caso, que incluíram o suicídio de um ex-alto funcionário do governo britânico, levantaram o véu da farsa e a verdade, finalmente, mostrou sua face.
Na versão tupi, a suspeita é de que tenha ocorrido, entre Policarpo e Cachoeira, bem mais do que acontece num relacionamento normal entre jornalista e fonte de informação. Cachoeira, via Policarpo, talvez tenha se tornado observador privilegiado da construção semanal da pauta política da revista, especialmente durante a eclosão do “escândalo do mensalão”, como afirmou ao blog “247” o ex-prefeito de Anápolis, Ernani de Paula.
Em nome de ter a notícia em primeira mão, é admissível, do ponto de vista ético, ao profissional da mídia manter relacionamentos privilegiados com quem ele considerar importante para esse fim. Mas quase nunca é aceitável fazer com que esses relacionamentos derivem para a não publicação de notícias ou a divulgação parcial dos fatos.
Normalmente, o mundo político espera uma edição da revista “Veja” para conhecer o conteúdo que ela apresenta sobre os outros. Neste final de semana, o que se quer saber é o que “Veja” falará dela mesma.”
FONTE: artigo do do site “Brasil 247” transcrito no blog “Tijolaço” (http://www.tijolaco.com/cachoeira-veja-um-murdoch-brasileiro/) [Imagens do Google adicionadas por este blog ‘democracia&política’].
MÍDIA - As enormes diferenças entre a opinião pública e a opinião publicada.
Do blog Sr.Com
As enormes diferenças entre a
opinião pública e a
opinião publicada.
Se você ler as análises sobre o Brasil de veículos mais profissionais, como a BBC de Londres e a Deutsche Welle da Alemanha, verá como são bem diferentes do que diz a mídia provinciana daqui.
Os grandes veículos de informação do mundo também não são santinhos. A diferença é que os de lá torcem por seus países e os daqui torcem contra. Os de lá zelam melhor as suas imagens e suas credibilidades.
É um festival de incompetência, de amadorismo e falta de auto-respeito. Uma demonstração pública de inutilidade, de rancor mesquinho. Queria que seus candidatos vencessem sem apresentar nenhuma proposta, só agredindo o adversário? Isso é mais do que amadorismo, é burrice mesmo.
O marketing de refrigerantes não faria essa estupidez e os que fizeram não conquistaram o que queriam. O mesmo que aconteceu: o inimigo público número da Veja (e seus parceiros Globo, Folha e Estadão) venceu duas eleições, saiu do governo com uma aprovação pública de 85% e ainda elegeu sua candidata.
Como você vê, a opinião pública é bem diferente da opinião publicada.
E pelo jeito o quarteto vai continuar cometendo os mesmos erros errados. Continuarão pensando que o ilustre e respeitável público é tão idiota quanto eles.
POLÍTICA - "É tempo de murici, cada um que se cuide"
Redação, Carta Maior
“O site do jornal O Globo dava ontem, em manchete garrafal, a quebra do sigilo bancário do demo, Demóstenes Torres, até há bem pouco tempo um parceiro, digamos assim, do jornalismo imparcial chancelado pelos Marinhos. A revista Veja, cuja afinidade de propósitos com Demóstenes, segundo consta, poderá ser aferida pela intensa troca de telefonemas entre a alta direção de sua sucursal, em Brasília, e o senador double de bicheiro,trata agora o amigo como uma carga incômoda, a ser jogada ao mar o mais rápido possível.O Estadão, para arrematar, refere-se a 1964 --que ajudou a eclodir-- como 'o golpe' de 64. Sintomático, a renovação do vocabulário se dá justamente na cobertura do cerco promovido por estudantes a integrantes da ditadura que comemoravam o golpe no Clube Militar, no Rio. Tempos interessantes.
Se vivo, possivelmente o coronel Tamarindo, protagonista da Guerra dos Canudos (1896-1897), repetiria aqui a frase famosa: 'É tempo de murici (*uma fruta da caatinga), que cada um cuide de si'. O bordão símbolo da debandada teria sido proferido pelo coronel Pedro Nunes Tamarindo ao constatar a desarticulação total das tropas no ataque a Canudos, após a morte do comandante Moreira César. Decorridos 48 anos do golpe militar de 1964, o conservadorismo brasileiro vive, sem dúvida, uma deriva decorrente da implosão da ordem neoliberal no plano externo e de três derrotas presidenciais sucessivas para o PT.
Não tem projeto, não tem lideranças --Demóstenes pretendia ser o candidato em 2014; Serra é contestado entre seus próprios pares, como se viu na prévia do PSDB, em SP. É tempo de murici. De volta, e afiado, Lula sintetizou bem esse período, personificando-0 no declínio do eterno candidato tucano: 'Serra é o político de ontem; com idéias de anteontem'. Mas as safras passam. Cabe ao governo, e às forças progressistas, ocupar o vazio com respostas que não sejam apenas a mitigação daquilo que os derrotados fariam, se não estivessem cada qual cuidando de si.”
POLÍTICA - O efeito Demóstenes.
Efeito Demóstenes afeta DEM em SP, Rio e Bahia.
“Pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSDB, José Serra já repensa vice do DEM em chapa, enquanto os pré-candidatos democratas Rodrigo Maia, do Rio de Janeiro, e ACM Neto, de Salvador, temem interferência do caso entre o ex-líder do DEM no Senado e Carlinhos Cachoeira em suas campanhas
Brasil 247
A repercussão das relações entre o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e o bicheiro Carlinhos Cachoeira extrapolou o Congresso Nacional e as gravações que revelam a intimidade entre os dois amigos devem atrapalhar o já combalido Democratas nas eleições deste ano. Incomodados, candidatos a prefeito do partido em todo o país já cobram do presidente nacional da legenda, senador José Agripino Maia (RN), uma saída rápida para o caso. O tucano José Serra, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, também já repensa a possibilidade de compor chapa com um vice do DEM.
O desconforto geral está registrado em notas da coluna Poder Online, do portal IG. Depois de se solidarizarem com o ex-líder do partido no Senado, os colegas temem ter suas campanhas afetadas pela péssima repercussão do caso Demóstenes-Cachoeira, que piora a cada dia. Pré-candidatos do partido no Rio de Janeiro e em Salvador, respectivamente, os deputados federais Rodrigo Maia e ACM Neto estariam, inclusive, com raiva de Demóstenes.
A Executiva Nacional do DEM iria se reunir na próxima terça-feira para começar a discutir o destino do seu outrora grande expoente moral, mas o encontro foi cancelado por Agripino. Membros do partido em Goiás foram escalados para tentar convencê-lo a deixar a legenda antes da abertura de um processo que possa resultar na sua expulsão.”
POLÍTICA - Não é cedo coisa nenhuma.
Carlos Chagas
Digna de registro a entrevista do Lula à Folha de S. Paulo, ontem. Com todas as letras, ele rejeitou a hipótese de candidatar-se à presidência da República em 2014. Assim como, também, em 2018 e 2022. Enfatizou que a presidente Dilma só não disputará a reeleição se não quiser. Pronto para ajudar ele está, no governo e na reeleição da sucessora, como já fez e mais fará pela vitória de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo.
Voltar ao palácio do Planalto, nem pensar. Está na hora, assim, de o PT integrar-se mais no governo e, em vez de criar problemas, passar a dar suporte à presidente Dilma. Claro, só depois dela sinalizar que aceitará o encargo de concorrer novamente. Sem uma palavra óbvia, ficará a dúvida.
Para os que raciocinam ser ainda muito cedo para a abertura do processo, vai a lembrança da milenar lição árabe, sobre beber água limpa quem chega primeiro na fonte. Existem, no PT, grupos que gostariam senão de turvar a água, ao menos de bebê-la impura. Ressentem-se da pouca atenção que Dilma concede ao partido, ou melhor, da resistência da presidente em governar em condomínio com eles.
Nos tempos do Lula era diferente, mera questão de características pessoais. O risco de uma surpresa na próxima sucessão existirá caso os companheiros, por unanimidade, não se disponham a acatar esse novo mandamento do ex-presidente.
Um núcleo de campanha precisa ser criado ainda este ano, capaz de montar novo sistema de alianças partidárias e de avançar em colégios eleitorais onde as oposições tem prevalência, como São Paulo e Minas. Em suma, não é cedo coisa nenhuma…
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APENAS UM ESPETÁCULO LAMENTÁVEL
Lamentável. Jovens que nem haviam nascido em 1964, vociferando, cuspindo e jogando ovos em velhinhos saídos da máquina do tempo, empenhados em dar “bananas” aos manifestantes. Bem que poderíamos ter sido poupados do espetáculo encenado na Avenida Rio Branco, no Rio, defronte ao Clube Militar. Porque demonstraram o desejo de voltar à idade da pedra tanto os que exaltavam a Comissão da Verdade quanto os que se reuniram para comemorar o 48 aniversário do golpe militar. Faz parte da democracia exprimir livremente o pensamento. Mas precisava ser na mesma calçada?
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É BRIZOLA MESMO
Com a volta da presidente Dilma ao palácio do Planalto, na segunda-feira, imagina-se para a próxima semana a oficialização de Leonel Brizola Neto como ministro do Trabalho. Surpresas sempre acontecem, em especial neste governo, onde as notícias são consideradas inimigas quando transmitidas fora da hora. Parecem superadas, porém, as dificuldades que cercavam a nomeação do jovem deputado.
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A HORA ESTÁ PASSANDO
A cada dia que passa fechado em casa, o senador Demóstenes Torres torna mais difícil a preservação de sua imagem. Seu advogado insiste em que permaneça calado, mas a sucessão de denúncias exige a palavra que salva, em vez do silêncio que sufoca. No Senado, já se duvida de sua capacidade de reagir, em especial caso o Conselho de Ética, depois da Semana Santa, decida abrir processo contra ele.
Fonte: Tribuna da Internet.
POLÌTICA - Coalizões Municipais já começam a desmoralizar as "ditaduras partidárias".
Carlos Newton
Cada partido tem um dono, é praticamente assim que funciona a política brasileira. Em alguns partidos o dono manda muito, em outros manda menos. Mas esse panorama agora começa a mudar, de uma forma ou outra, em função da realidade de cada eleição municipal nas grandes cidades.
Como todos sabem, Lula é o dono e ditador do PT, Serra domina mais ou menos o PSDB, Roberto Freire é o dono e ditador do PPS, Michel Temer controla mais ou menos o PMDB, Francisco Dornelles é o dono e ditador do PP, Eduardo Campos domina mais ou menos o PSB, Carlos Lupi é o dono e ditador do PDT, e por aí em diante.
Com toda certeza, as eleições municipais estão a desmoralizar essas ditaduras e esses líderes que tentam subjugar o partidos. Basta conferir o que aconteceu domingo passado, no encontro que Lula manteve com o presidente nacional do PSB, o governador pernambucano Eduardo Campos.
Estavam em pauta as coalizões PT-PSB nas eleições municipais. Os dois líderes chegaram a ficar três horas negociando, na mais longa reunião de Lula desde que ficou doente, mas não conseguiram chegar a um acordo. Nada, nada, nada.
A pauta principal eram as prefeituras de Belo Horizonte, São Paulo, Recife e Campinas. Só problemas, nenhuma solução. Aliás, a confusão é geral. Basta dizer que em Belo Horizonte o candidato do PSB Marcio Lacerda está tendo apoio do PSDB e do PT, ao mesmo tempo.
Apesar de o PT de BH ter aprovado no seu encontro municipal tese em que diz não querer na aliança partidos que nacionalmente fazem oposição ao governo Dilma Rousseff, isso foi só para constar, porque o documento aprovado por 53,2% deixa a decisão para Lacerda resolver, vejam só quanto liberalidade…
Ao mesmo tempo, os diretórios municipal e estadual do PSB em São Paulo estão dispostos a apoiar José Serra, porque já participam do governo tucano de Alckmin e sabem que Serra não perde de jeito nenhum para o petista Fernando Haddad, queira Lula ou não.
Já no Paraná, a sólida aliança entre o governador tucano Beto Richa e o prefeito Luciano Ducci (PSB) dobrou o PSDB e “expulsou” do partido o ex-deputado federal Gustavo Fruet, que queria sair candidato em Curitiba. Para concorrer, Fruet foi para o PDT, vejam só que troca-troca.
Diante desse quadro surrealista, o máximo que Eduardo Campos conseguiu foi dizer a Lula que a decisão do PSB sobre a coalizão em São Paulo ficará para junho. E no dia seguinte, segunda-feira, em entrevista a rádios de Recife, Campos resumiu da seguinte forma a conversa com o dono do PT:
“Em São Paulo, eu disse a ele (Lula) que não há decisão antes de junho. O debate vai passar pela (direção) municipal, pela direção estadual e vai chegar até a nacional porque não há consenso”.
Mas acontece que os diretórios municipais são soberanos para definir candidaturas e coalizões. Os diretórios estadual e nacional só podem atuar se fizerem intervenção nos diretórios municipais, através de um ato ditatorial que ninguém aceita e arrebenta com a unidade do partido.
Traduzindo tudo isso: em junho, as candidaturas municipais de PT, PSB, PSDB etc. já estarão mais do que consolidadas, nem Eduardo Campos nem Lula conseguirão fazer qualquer mudança consensual. Esta é a realidade. Os partidos têm donos, mas àz vezes ficam rebeldes.
Fonte: Tribuna da Internet
sexta-feira, 30 de março de 2012
POLÍTICA - Lula deve viajar pelo país em campanhas pelo PT.
Marina Novaes Direto de São Paulo
Após a notícia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está livre do tumor na laringe, anunciada na última quarta-feira, o PT começa a planejar como será a participação dele em campanhas do partido em outros Estados. De acordo com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, a expectativa é que Lula possa voltar a viajar pelo Brasil a partir do fim de abril, para ajudar na articulação de candidatos a prefeito petistas em cidades consideradas "estratégicas".
Apesar da boa notícia para os candidatos petistas, a participação de Lula nas campanhas ainda será "dosada", já que o ex-presidente, embora esteja livre do câncer, ainda se recupera do tratamento que o fez perder 18 kg desde janeiro.
"Ele vai dosar a forma como vai participar das campanhas, (...) mas pelo que ele falou, provavelmente em meados de abril, mais para o final de abril, é que ele vai ter condição de participar das campanhas, no sentido de realizar viagens", disse Falcão.
Segundo Falcão, ao invés de subir em palanques, Lula deverá gravar vídeos de apoio aos prefeituráveis petistas, mas ainda será definido o número de políticos que poderão contar com a força do ex-presidente como cabo eleitoral. Ao todo, o PT trabalha para eleger pelo menos 70 prefeitos do partido nas 118 cidades com mais de 150 mil habitantes do País. "Então ele vai definir conosco como será sua participação", disse.
Em São Paulo, Lula articulou a candidatura de Fernando Haddad, ex-ministro da Educação, acabando com as aspirações da senadora e ex-prefeita Marta Suplicy, que chegou a anunciar sua intenção de concorrer à prefeitura da capital paulista. De acordo com Falcão, Lula irá conversar com Marta para discutir como ela poderá colaborar com a campanha de Haddad, mas não há dúvidas de que a senadora se engajará para eleger o colega.
"A Marta vai participar da campanha, como sempre participou de todas as campanhas do PT, mesmo quando ela ainda não era parlamentar", afirmou ele.
Fonte:;
MÍDIA - Veja defende "empresário" Cachoeira desde 2004.
Do Brasil 247 - 30 de Março de 2012 às 18:54
Antes mesmo do mensalão, Policarpo Júnior já atuava em sintonia com Carlinhos Cachoeira, a quem chamava de "empresário de jogos" na revista; filmes gravados ilegalmente foram usados à época contra deputados do Rio; na Monte Carlo, há 200 ligações entre eles
247 – A parceria entre o jornalista Policarpo Junior, editor-chefe e diretor da sucursal da revista Veja em Brasília, e o contraventor Carlinhos Cachoeira é anterior e vai além dos 200 telefonemas entre eles, grampeados pela Polícia Federal, feitos no período de 2008 a 2010.
Sob o título de Sujeira para Todo Lado, reportagem assinada por Policarpo em 3 de novembro de 2004, na edição 1.878, teve como efeito prático criar um clima político adverso à prisão de Carlos Cachoeira, cujo pedido neste sentido havia sido feito pela unanimidade dos 58 deputados estaduais do Rio de Janeiro. Eles aprovaram o relatório final da CPI da Loterj, mas a reportagem de Veja, feita com base em conversas gravadas por auxiliares de Cachoeira entre eles próprios e o então deputado federal pelo Rio de janeiro André Luiz, trata de cercar de suspeitas a atuação da própria Comissão. No texto se diz que Cachoeira só teve seu pedido de prisão requerido porque foi vítima de extorsão e se recusou a pagar R$ 4 milhões para sossegar os ânimos dos deputados estaduais. Uma vítima, portanto, e não um réu, como era o caso.
O então repórter Policarpo Junior chegou a essa conclusão de inversão do papel do “empresário de jogos” a partir da escuta de fitas gravadas cladestinamente por auxiliares do próprio Cachoeira, que “sugerem que André Luis agia em nome de um grupo de deputados. Um deles era Jorge Piciani, presidente da Assembléia Legislativa”, como está no texto de Veja. Não pareceu importante, ao jornalista, registrar que o nome de Piciani sequer fora citado em qualquer das conversas gravadas ilegalmente. Igualmente não adiantou o então presidente da Alerj responder à Veja que “se alguém tentou vender alguma facilidade, entendo que é bandido com bandido”. Mais forte que qualquer apuração, a tese da reportagem, como se diz no jargão interno de Veja, era a de que “o empresário de jogos Carlos Cachoeira”, como Policarpo o qualificava, era um empresário honesto envolvido num cerco de chantagens. E foi isso o que foi publicado. Sobre as acusações feitas contra Cachoeira na ocasião, nenhuma menção na referida reportagem. Veja teve o cuidado, ao contrário, de levar suas denúncias de tentativa de extorsão contra Cachoeira – cujas provas, repita-se, foram gravadas por auxiliares do mesmo Cachoeira – a reverberar na Câmara dos Deputados. Informado do caso pela revista, o então presidente da Câmara, João Paulo Cunha, comprometeu-se com a abertura de uma sindicância. “No fim do processo, caso comprove a tentativa de extorsão, André Luis pode ser cassado”, escreveu Policarpo. O certo é que, no papel de vítima, Cachoeira não foi preso na ocasião, ao contrário da recomendação da CPI fluminense. Ele só caiu em fevereiro deste ano, quando se soube que, no período imediatamente anterior, havia trocado nada menos que 200 telefonemas com seu interlocutor Policarpo. No ano seguinte à publicação da reportagem sobre a não comprovada tentativa de extorsão sobre Cachoeira, o mesmo Policarpo recebeu do “empresário” a fita que mostrava o diretor dos Correios recebendo propina de R$ 3 mil, fato que deu origem ao que se conhece hoje como escândalo do Mensalão. Não foi coincidência. Foi bom relacionamento.
MÍDIA - Censura na Globo.
Censura na Globo: Moreno apaga ironia sobre conexão Veja-Carlinhos Cachoeira
Na Globo, jornalista demotucano pode até estar envolvido em esquema de corrupção do calibre de Carlinhos Cachoeira, que está acima do bem e do mal, e não pode ser criticado, segundo uma nota na rádio Moreno, onde diz:
"Independentemente da condição de respeitabilidade que usufrui no meio o jornalista Policarpo Junior, não considero correto que um blog de jornalista agrida outro jornalista".
Chega até a ser escárnio, ler na tela de "O Globo" que "Reza o bom jornalismo que a denúncia em si não é notícia. Só depois de apurada e ouvida as partes envolvidas". Coisa que a Globo se lixa quando se trata de políticos que o jornal toma como inimigos políticos.
São "dois pesos e duas medidas", como se diz no popular.
Centenas de denúncias levianas e estapafúrdias contra políticos que apoiam os governos Lula e Dilma, ou contra os próprios Presidentes, nunca foram censuradas nas organizações Globo, por mais absurdas e desmentidas que fossem.
Já valeu até "reporcagens" baseadas apenas no gó-gó do ex-presidiário Rubney Quicoli, sem qualquer apuração que sustentasse denúncias mirabolantes "como reza o bom jornalismo".
Já uma única ironia sobre o editor da revista Veja, Policarpo Júnior, supostamente pego com a boca na botija em 200 ligações telefônicas com Carlinhos Cachoeira, escrita pelo jornalista Theofilo Silva, no blog Rádio Moreno, foi apagada, e substituída por um pedido de desculpas à revista Veja e seu editor.
A Globo só não consegue apagar e censurar as redes sociais. Eis o texto apagado que já caiu na rede:
A Cachoeira do Carlinhos
THEÓFILO SILVA
Corre um boato em Brasília que tem gente que “caiu na cachaça”, na cidade, que está tomando porres – de Scotch Blue Label, claro – fazendo festa, comemorando. O motivo seria a desgraça do Catão de Goiás, o implacável caçador de corruptos, senador Demóstenes Torres. Eles estariam eufóricos, porque o homem que os apontou, quando da operação Caixa de Pandora, aquela que afastou todo o governo do Distrito Federal, está provando do mesmo remédio que lhes ministrou, e é agora vítima da Operação Monte Carlo da polícia federal.
Os exultantes farristas seriam, entre muitos outros, o ex-governador de Brasília José Roberto Arruda e sua quadrilha. Desculpem, turma, aquela mesma que perdeu os cargos públicos e passou boas semanas no Presídio da Papuda – belo nome para um presídio. Dizem que tem corrupto chorando de emoção, abraçando a família, mandando rezar missas, pagando promessas, até soltando fogos, por se sentir vingado, vendo o colega de partido, que não teve condescendência com eles, ser acusado de crimes mais graves do que o deles. “Nada como um dia atrás do outro”, estão dizendo os ex-deputados expulsos do DEM pela pronta ação de Demóstenes na executiva do Partido. Vemos que nem toda desgraça produz somente dor. A euforia das vítimas do Savonarola do Senado é uma prova de que a vingança é mesmo um prato servido frio! Em sua cruzada ética pelo país, qualquer homem público acusado pela imprensa, polícia, promotoria, tinha em Demóstenes, o senador promotor, um rápido julgamento.
Vamos esquecer Demóstenes um pouco, e falar do seu querido amigo e professor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Shakespeare diz em uma de suas peças que: “O dinheiro é o melhor soldado, quando ele vai à frente todas as portas se abrem!”. Cachoeira seguia essa premissa, pois saiu derramando dinheiro pra tudo quanto é lado.
Será que o apelido Cachoeira é porque ele faz o dinheiro jorrar facilmente para as mãos de seus amigos: Demóstenes, Valdomiro, Leréia e outros? O Jornal Nacional mostrou um vídeo em que Cachoeira comenta que despejou três milhões de reais nos baldes do senador. E é só o começo, a polícia federal calcula que o montante chega a cinquenta milhões de reais!
Cachoeira conseguiu derramar seu dinheiro na Secretaria de Segurança Pública de Goiás, onde teria mais de 250 pessoas nomeadas, e outros servidores públicos trabalhando para ele, dentro da polícia federal, ministério público, poder judiciário, e por aí vai. Vários deles estão presos. Como água, que entra em todo canto, Cachoeira espalhou-se por dentro do Estado, minando as instituições públicas. Para acumular esse dinheiro, e comprar essas autoridades todas, Cachoeira explorava os jogos caça-níqueis por todo o estado de Goiás e entorno de Brasília. Para isso, contava com apoio do senador mais respeitado da República, o procurador de justiça Demóstenes Torres.
O fato é que, a Cachoeira do Carlinhos inundou o Estado, derramando dinheiro sobre todos aqueles que facilitavam seus crimes. Sem concorrentes, controlando um negócio ilícito, de lucro fácil, o contraventor podia comprar qualquer um. Um dos outros envolvidos por Cachoeira estaria o poderoso editor da revista Veja, Policarpo Júnior, que falou com Cachoeira mais de duzentas vezes por telefone. Se você compra a imprensa e as autoridades públicas, o que mais falta para ser o dono do Estado?
O grande problema do Cachoeira é que, numa Cachoeira quanto mais água ela jorra, mais incontrolável ela fica, então, do mesmo jeito que ela pode banhar os seres que vivem em torno dela, também pode afogá-los. De certa forma, foi isso que aconteceu com essa turma toda, a Cachoeira que os engordou, acabou por afogá-los! Tem tanta gente afogada nessa história, que ainda não deu tempo de ver os corpos! Eles vão começar a aparecer agora! Demóstenes é o primeiro deles.
Theófilo Silva é articulista colaborador da Rádio do Moreno.
Fonte: Blog Os Amigos do Presidente Lula.
POLÍTICA - Entrevista com Lula.
Entrevista - Lula
Recebi uma bomba de Hiroshima dentro de mim
NA PRIMEIRA ENTREVISTA APÓS O DESAPARECIMENTO DO CÂNCER, LULA FALA DO MEDO DA MORTE E AFIRMA QUE AGORA QUER EVITAR UMA AGENDA 'ALUCINADA'
CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que teve mais medo de perder a voz do que de morrer após a descoberta do câncer na laringe. "Se eu perdesse a voz, estaria morto."
Um dia depois da notícia de que o tumor desapareceu, ele recebeu a Folha para uma entrevista exclusiva num quarto do hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde faz sessões de fonoaudiologia.
Lula comparou a uma "bomba de Hiroshima" o tratamento que fez, com sessões de químio e radioterapia.
Ele emocionou-se ao lembrar da luta do vice-presidente José Alencar (1931-2011), que morreu de câncer há exatamente um ano. "Hoje é que eu tenho noção do que o Zé Alencar passou."
Quase 16 quilos mais magro e com a voz um pouco mais rouca que o normal, o ex-presidente ainda sente dor na garganta e diz que sonha com o dia em que poderá comer pão "com a casca dura".
A entrevista foi acompanhada por Roberto Kalil, seu médico pessoal e "guru", pelo fotógrafo Ricardo Stuckert e pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.
Folha - Como o sr. está?
Luiz Inácio Lula da Silva - O câncer está resolvido porque não existe mais aqui [aponta para a garganta]. Mas eu tenho que fazer tratamento por um tempo ainda. Tenho que manter a disciplina para evitar que aconteça alguma coisa. Aprendi que tanto quanto os médicos, tanto quanto as injeções, tanto quanto a quimioterapia, tanto quanto a radioterapia, a disciplina no tratamento, cumprir as normas que tem que cumprir, fazer as coisas corretamente, são condições básicas para a gente poder curar o câncer.
Foi difícil abrir mão...
Hoje é que eu tenho noção do que o Zé Alencar passou. [Fica com a voz embargada e os olhos marejados]. Eu, que convivi com ele tanto tempo, não tinha noção do que ele passou. A gente não sabe o que é pior, se a quimioterapia ou a radioterapia. Uns dizem que é a químio, outros que é a rádio. Para mim, os dois são um desastre. Um é uma bomba de Hiroshima e, o outro, eu nem sei que bomba é. Os dois são arrasadores.
O sr. teve medo?
A palavra correta não é medo. É um processo difícil de evitar, não tem uma única causa. As pessoas falam que é o cigarro [que causa a doença], falam que é um monte de coisa que dá, mas tá cheio de criancinha que nasce com câncer e não fuma.
Qual é a palavra correta?
A palavra correta... É uma doença que eu acho que é a mais delicada de todas. É avassaladora. Eu vim aqui com um tumor de 3 cm e de repente estava recebendo uma Hiroshima dentro de mim. [Em alguns momentos] Eu preferiria entrar em coma.
Kalil [interrompendo] - Pelo amor de Deus, presidente!
Em coma?
Eu falei para o Kalil: eu preferiria me trancar num freezer como um carpaccio. Sabe como se faz carpaccio? Você pega o contrafilé, tira a gordura, enrola a carne, amarra o barbante e coloca o contrafilé no freezer e, quando ele está congelado, você corta e faz o carpaccio. A minha vontade era me trancar no freezer e ficar congelado até...
Sentia dor?
Náusea, náusea. A boca não suporta nada, nada, nada, nada. A gente ouvindo as pessoas [que passam por um tratamento contra o câncer] falarem não tem dimensão do que estão sentindo.
Teve medo de morrer?
Eu tinha mais preocupação de perder a voz do que de morrer. Se eu perdesse a voz, estaria morto. Tem gente que fala que não tem medo de morrer, mas eu tenho. Se eu souber que a morte está na China, eu vou para a Bolívia.
O sr. acredita que existe alguma coisa depois da morte?
Eu acredito. Eu acredito que entre a vida que a gente conhece [e a morte] há muita coisa que ainda não compreendemos. Sou um homem que acredita que existam outras coisas que determinam a passagem nossa pela Terra. Sou um homem que acredita, que tem muita fé.
Mesmo assim, teve um medo grande?
Medo, medo, eu vivo com medo. Eu sou um medroso. Não venha me dizer: 'Não tenha medo da morte'. Porque eu me quero vivo. Uma vez ouvi meu amigo [o escritor] Ariano Suassuna dizer que ele chama a morte de Caetana e que, quando vê a Caetana, ele corre dela. Eu não quero ver a Caetana nem...
Qual foi o pior momento neste processo?
Foi quando eu soube. Vim trazer a minha mulher para um exame e a Marisa e o Kalil armaram uma arapuca e me colocaram no tal de PET [aparelho que rastreia tumores]. Eu tinha passado pelo otorrino, o otorrino tinha visto a minha garganta inflamada.
Eu já estava há 40 dias com a garganta inflamada e cada pessoa que eu encontrava me dava uma pastilha No Brasil, as pessoas têm o hábito de dar pastilha para a gente. Não tinha uma pessoa que eu encontrasse que não me desse uma pastilha: 'Essa aqui é boa, maravilhosa, essa é melhor'. Eu já tava cansado de chupar pastilha.
No dia do meu aniversário, eu disse: 'Kalil, vou levar a Marisa para fazer uns exames'. E viemos para cá. O rapaz fez o exame, fez a endoscopia, disse que estava muito inflamada a minha garganta. Aí inventaram essa história de eu fazer o PET. Eu não queria fazer, eu não tinha nada, pô. Aí eu fui fazer depois de xingar muito o Kalil.
Depois, fui para uma sala onde estava o Kalil e mais uns dez médicos. Eu senti um clima meio estranho. O Kalil estava com uma cara meio de chorar. Aí eu falei: 'Sabe de uma coisa? Vocês já foram na casa de alguém para comunicar a morte? Eu já fui. Então falem o que aconteceu, digam!' Aí me contaram que eu tinha um tumor. E eu disse: 'Então vamos tratar'.
Existia a possibilidade de operar o tumor, em vez de fazer o tratamento que o senhor fez.
Na realidade, isso nem foi discutido. Eles chegaram à conclusão de que tinha que fazer o que tinha que fazer para destruir o bicho [quimioterapia seguida de radioterapia], que era o mais certo. Eu disse: 'Vamos fazer'
O meu papel, então, a partir dessa decisão, era cumprir, era obedecer, me submeter a todos os caprichos que a medicina exigia. Porque eu sabia que era assim. Não pode vacilar. Você não pode [dizer]: 'Hoje eu não quero, não tô com vontade'.
O senhor rezava, buscou ajuda espiritual?
Eu rezo muito, eu rezo muito, independentemente de estar doente.
Fez alguma promessa?
Não.
Existia também uma informação de que o senhor procurou ajuda do médium João de Deus.
Eu não procurei porque não conhecia as pessoas, mas várias pessoas me procuraram e eu sou muito agradecido. Várias pessoas vieram aqui, ainda hoje há várias pessoas me procurando. E todas as que me procurarem eu vou atender, conversar, porque eu acho que isso ajuda.
E como será a vida do sr. a partir de agora? Vai seguir com suas palestras?
Eu não quero tomar nenhuma decisão maluca. Eu ainda estou com a garganta muito dolorida, não posso dizer que estou normal porque, para comer, ainda dói.
Mas acho que entramos na fase em que, daqui a alguns dias, eu vou acordar e vou poder comer pão, sem fazer sopinha. Vou poder comer pão com aquela casca dura. Vai ser o dia!
Eu vou tomando as decisões com o tempo. Uma coisa eu tenho a certeza: eu não farei a agenda que já fiz. Nunca mais eu irei fazer a agenda alucinante e maluca que eu fiz nesses dez meses desde que eu deixei o governo. O que eu trabalhei entre março e outubro de 2011... Nós visitamos 30 e poucos países.
Eu não tenho mais vontade para isso, eu não vou fazer isso. Vou fazer menos coisas, com mais qualidade, participar das eleições de forma mais seletiva, ajudar a minha companheira Dilma [Rousseff] de forma mais seletiva, naquilo que ela entender que eu possa ajudar. Vou voltar mais tranquilo. O mundo não acaba na semana que vem.
Quando é que o senhor começa a participar da campanha de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo?
Eu acho o Fernando Haddad o melhor candidato. São Paulo não pode continuar na mesmice de tantas e tantas décadas. Eu acho que ele vai surpreender muita gente. E desse negócio de surpreender muita gente eu sei. Muita gente dizia que a Dilma era um poste, que eu estava louco, que eu não entendia de política. Com o Fernando Haddad será a mesma coisa.
O senhor vai pedir à senadora Marta Suplicy para entrar na campanha dele também?
Eu acho que a Marta é uma militante política, ela está na campanha.
Tem falado com ela?
Falei com ela faz uns 15 dias. Ela me ligou para saber da saúde. Eu disse que, quando eu sarar, a gente vai conversar um monte.
E em 2014? O senhor volta a disputar a Presidência?
Para mim não tem 2014, 2018, 2022. Deixa eu contar uma coisa para vocês: eu acabei de deixar a Presidência da República, tem apenas um ano e quatro meses que eu deixei a Presidência.
Poucos brasileiros tiveram a sorte de passar pela Presidência da forma exitosa com que eu passei. E repetir o que eu fiz não será tarefa fácil. Eu sempre terei como adversário eu mesmo. Para que é que eu vou procurar sarna para me coçar se eu posso ajudar outras pessoas, posso trabalhar para outras pessoas?
E depois é o seguinte: você precisa esperar o tempo passar. Essas coisas você não decide agora. Um belo dia você não quer uma coisa, de repente se apresenta uma chance, você participa.
Mas a minha vontade agora é ajudar a minha companheira a ser a melhor presidenta, a trabalhar a reeleição dela. Eu digo sempre o seguinte: a Dilma só não será candidata à reeleição se ela não quiser. É direito dela, constitucional, de ser candidata a presidente da República. E eu terei imenso prazer de ser cabo eleitoral.
Postado por Jussara Seixas
POLÍTICA - Ação entre amigos.
Ação entre amigos: projeto de Demóstenes no Senado virou rentável negócio de Cachoeira.
Reportagem de Vinicius Sassine, no Correio Braziliense, mostra que uma das principais bandeiras de Demóstenes Torres (DEM-GO) no Senado serviu a um dos ramos de negócio de Carlinhos Cachoeira.
Amigo íntimo do bicheiro/empresário, o senador foi relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do projeto que alterou o Código Penal e a Lei de Execução Penal para permitir o monitoramento eletrônico de presos por meio de pulseiras ou tornozeleiras eletrônicas. Demóstenes incluiu uma emenda no texto que ampliou a possibilidade de uso dos equipamentos.
Diálogo telefônico usado pela Polícia Federal (PF) para a Operação Monte Carlo, obtido pelo Correio, revela que Cachoeira intermediou a compra de 2 mil tornozeleiras eletrônicas, em maio do ano passado: “Carlinhos pede para pegar um negócio em Brasília, 2 mil peças, tornozeleiras de presídios”, cita a PF na transcrição da conversa entre o bicheiro e um funcionário.
Ex-secretário de Segurança Pública e ex-procurador-geral de Justiça em Goiás, Demóstenes é um contumaz defensor do monitoramento eletrônico de detentos com alta periculosidade. Em 2010, pediu apoio aos líderes partidários no Senado para aprovarem o Projeto de Lei nº 175, de 2007, relatado por ele na CCJ. A proposta foi aprovada em maio de 2010 e sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mês seguinte.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Detalhe curioso nessa história toda é que agora Carlinhos Cachoeira até corre o risco de ser contemplado com um tornozeleira eletrônica de sua própria fabricação.
Quando a Demóstenes Torres, jamais ganhará um brinquedinho desses. Como é senador, tem foro privilegiado e será julgado no Supremo, caso seus colegas de plenário não aprovem sua cassação. E aí o processo demora tanto que os crimes acabam prescrevendo, como já está acontecendo com o mensalão, em que as penas mais leves já foram consideradas extintas.
Fonte: Tribuna da Internet.
POLÍTICA - O retorno do Lula.
Lula: o retorno.
Carlos Chagas
Não terá havido um só brasileiro deixando de comemorar as boas notícias dadas pelo Lula a respeito de sua recuperação. Festejamos todos, petistas e tucanos, flamenguistas e corintianos. Feliz, mas cauteloso, o ex-presidente se disse pronto para voltar a fazer política, mesmo com a ressalva de que de agora em diante cuidará mais da saúde.
Aqui surgem as primeiras indagações. Claro que ele se dedicará de corpo e alma à campanha de Fernando Haddad. Ainda que sem ter lido Proust, sairá em busca do tempo perdido, oxigenando a candidatura até agora estagnada.
Dificilmente, porém, o Lula sairá por todos os estados onde o PT apresenta candidatos à prefeitura das capitais. Um ou outro, como exceção, verá o primeiro companheiro em seus palanques. Mensagens gravadas substituirão sua presença nos demais.
Por diversas vezes, antes de adoecer, o ex-presidente sustentou que em 2014 a vez seria de Dilma buscar a reeleição, um direito dela apoiado por ele. A pergunta que não quer calar, porém, refere-se à possibilidade de alteração nesse quadro.
Pode ser que a presidente não queira, hipótese factível apenas na teoria. Como pode ser que diante do inusitado dos últimos meses, precisamente por estar recuperado, o Lula venha ceder aos apelos que já se ouvem em consideráveis grupos do PT, no sentido do “volte logo”. Em 2014, portanto.
A iniciativa poderia partir da própria presidente, numa reverência a mais sobre quem efetivamente lidera o partido. No reverso da medalha existem argumentos para que o ex-presidente seja poupado.
Quatro anos, no mínimo, de atividades intensas, deixariam nele marcas profundas. Além do que, demonstra a experiência, o retorno muitas vezes prejudica. Como fator a ser analisado no devido tempo está a performance dos adversários. Caso o PSDB se afirme nas próximas eleições municipais, ao tempo em que candidatura Aécio Neves venha a tornar-se consenso absoluto no ninho dos tucanos, o que fariam os companheiros para tentar manter o poder? Estimulariam Dilma à reeleição ou, na razão direta do crescimento do nome do ex-governador de Minas, buscariam derrotá-lo com munição pesada, ou seja,o Lula?
Essas dúvidas não precisam ser solucionadas de pronto. Pelo contrário, devem ser cultivadas ao sabor dos acontecimentos e das circunstâncias. Inclusive à luz das alianças partidárias.
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TE CUIDA, SUPLICY
Apenas para elocubrar: estimulando a reeleição de Dilma, o mais provável é que o Lula dispute as eleições para o Senado, por São Paulo. Como haverá uma vaga, apenas, tomando-se como indiscutível a vitória do ex-presidente, voltam-se as atenções para quem termina o mandato. No caso, o também companheiro Eduardo Suplicy. Nem haveria possibilidade de prévias junto às bases do PT para saber qual o candidato. Talvez por isso o atual senador forme na primeira linha do coro que começou a entoar o “Lula, volta logo”. (Para o palácio do Planalto…)
Fonte: Tribuna da Internet
MÍDIA - O conselho do imortal Merval Pereira.
Do blog do Mello.
Coluna de Merval, o Imortal, Pereira dá dica para advogado de Demóstenes: É só alegar que ele é psicopata
Depois que a casa cai, aparecem os engenheiros de obras fracassadas. É divertido observar o comportamento acuado, quase infantil, da mídia corporativa diante da queda do senador Demóstenes Torres.
Completamente aturdido, Merval, o Imortal, Pereira foi ao psicanalista Joel Birman para tentar entender como aquele homem tão puro, defensor da ética, rolou cachoeira abaixo [o destaque em negrito é meu]:
Segundo o psicanalista Joel Birman, professor da UFRJ e da UERJ, o senador Demóstenes é um mitômano que acreditou na sua própria fantasia.
Ele vestiu uma máscara e ela acabou se colando em seu corpo. Ao dizer “Eu não sou mais o Demóstenes”, está revelando uma personalidade psicologicamente quebrada, como se dissesse “Eu não sei mais quem é o Demóstenes”.
Está também se fazendo de vítima para seus pares, a fim de evitar um julgamento político na Comissão de Ética do Senado.
Essa vitimização é importante, ressalta Joel Birman, no sentido de revelar uma estratégia de defesa. Esse personagem que ele criou para si próprio não era uma mentira de Demóstenes, ele incorporou esse personagem e acreditava nele.
Podia acusar com veemência seus colegas senadores apanhados em desvios, como o senador Renan Calheiros, enquanto mantinha o relacionamento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira por que, como todo psicopata, não misturava as personalidades.
A de homem público era essa, criada por ele, para colocá-lo com destaque entre seus pares na defesa da ética na política, mesmo que tivesse no particular uma conduta antiética.
Portanto, Kakay (o advogado de Demóstenes) já tem uma boia de salvação, caso fracasse a tentativa de anular todo o processo com a história de que as gravações não poderiam ter sido feitas sem anuência do STF pelo fato de Demóstenes ser senador. É só dizer que o falso moralista é doido.
MÍDIA - Triste fim de Policarpo da Veja.
Do Blog do Mello
Triste fim de Policarpo da Veja, ou fim da Veja? 200 ligações entre Cachoeira e diretor da revista colocam a questão.
Fato é que ninguém se comunica 200 vezes com um desconhecido, ou com alguém de pouca familiaridade.
Em seu blog, Luis Nassif denunciou que foram "mais de 200 telefonemas trocados entre ele [o contraventor Carlinhos Cachoeira] e o diretor da sucursal de Brasília da Veja Policarpo Jr".
A denúncia é do dia 25. Há quatro dias Veja, Policarpo e seu cão amestrado Reinaldo Azevedo fazem silêncio sobre o assunto. O que temem?
Vou fazer como Ali Kamel e testar hipóteses:
•Será que se há uma ligação tão estreita entre Demóstenes Torres, Carlinhos Cachoeira e a revista Veja, o tal grampo sem áudio que envolvia o àquela altura presidente do STF Gilmar Mendes não foi uma combinação entre eles e está registrado na PF?
•Será que Policarpo era um dos 15 a quem Carlinhos Cachoeira presenteou com um Nextel à prova de escutas, como o do Demóstenes?
•Será que Gilmar Mendes também pertencia ao Clube dos 15? Afinal, se o tal grampo sem áudio não provou nada (pelo contrário) serviu ao menos para provar que Gilmar Mendes era assim um assessor de luxo de Demóstenes.
•Será que a ciranda do Cachoeira vai banhar Demóstenes, Veja e chegar a Gilmar Mendes?
A seguir, o tal grampo sem áudio:
Gilmar Mendes – Oi, Demóstenes, tudo bem? Muito obrigado pelas suas declarações.
Demóstenes Torres – Que é isso, Gilmar. Esse pessoal está maluco. Impeachment? Isso é coisa para bandido, não para presidente do Supremo. Podem até discordar do julgado, mas impeachment...
Gilmar – Querem fazer tudo contra a lei, Demóstenes, só pelo gosto...
Demóstenes – A segunda decisão foi uma afronta à sua, só pra te constranger, mas, felizmente, não tem ninguém aqui que embarcou nessa "porra-louquice". Se houver mesmo esse pedido, não anda um milímetro. Não tem sentido.
Gilmar – Obrigado.
Demóstenes – Gilmar, obrigado pelo retorno, eu te liguei porque tem um caso aqui que vou precisar de você. É o seguinte: eu sou o relator da CPI da Pedofilia aqui no Senado e acabo de ser comunicado pelo pessoal do Ministério da Justiça que um juiz estadual de Roraima mandou uma decisão dele para o programa de proteção de vítimas ameaçadas para que uma pessoa protegida não seja ouvida pela CPI antes do juiz.
Gilmar – Como é que é?
Demóstenes – É isso mesmo! Dois promotores entraram com o pedido e o juiz estadual interferiu na agenda da CPI. Tem cabimento?
Gilmar – É grave.
Demóstenes – É uma vítima menor que foi molestada por um monte de autoridades de lá e parece que até por um deputado federal. É por isso que nós queremos ouvi-la, mas o juiz lá não tem qualquer noção de competência.
Gilmar – O que você quer fazer?
Demóstenes – Eu estou pensando em ligar para o procurador-geral de Justiça e ver se ele mostra para os promotores que eles não podem intervir em CPI federal, que aqui só pode chegar ordem do Supremo. Se eles resolverem lá, tudo bem. Se não, vou pedir ao advogado-geral da Casa para preparar alguma medida judicial para você restabelecer o direito.
Gilmar – Está demais, não é, Demóstenes?
Demóstenes – Burrice também devia ter limites, não é, Gilmar? Isso é caso até de Conselhão.
(risos)
Gilmar – Então está bom.
Demóstenes – Se eu não resolver até amanhã, eu te procuro com uma ação para você analisar. Está bom?
Gilmar – Está bom. Um abraço, e obrigado de novo.
Demóstenes – Um abração, Gilmar. Até logo.
Vamos aguardar até onde vão parar as águas de Cachoeira.
ANOS DE CHUMBO - O que intriga na manifestação de ontem.
Hildegard Angel
O que intriga nas imagens da manifestação de ontem, com os jovens caras-pintadas sendo expulsos na marra da calçada diante do Clube Militar, à base de gás lacrimogêneo e cacete, é que quem estava ali se opondo ao processo de construção da verdade no Brasil não eram eles, eram aqueles que os policiais protegiam...
O que intriga nas manifestações de ontem é que, se havia alguma provocação, ela partiu inicialmente justamente daqueles que se reuniam para um ato que celebrava o 31 de março, depois de a presidenta, no ano passado, ter proibido qualquer festividade e alusão ao golpe! A antecipação da reunião para o dia 29 foi uma falácia de quem desobedecia uma ordem expressa da comandante em chefe de nossas Forças Armadas. Uma descarada insubordinação, que contou, no entanto, com todo o apoio da nossa polícia para a sua realização e para dar segurança aos participantes do evento. E dá-lhe gás no rosto dos manifestantes que protestavam contra isso!
O que intriga é o silêncio das autoridades maiores diante dessas imagens, que estão na TV, nas redes sociais, por toda a parte, com militares dando "banana" para manifestantes, enquanto cuidadosamente eram conduzidos nos braços dos PMs para se reunirem, desrespeitando a presidenta Dilma.
Já se sabia que haveria o evento dos militares, assim como já se sabia que haveria a manifestação dos caras-pintadas, a imprensa já divulgara amplamente. Ambas poderiam ter sido previamente evitadas. Ou o confronto poderia ter sido previamente evitado, impedindo-se os manifestantes, desde cedo, de se aproximarem tanto do prédio. Quis-se o confronto. Era o que se pretendia. Era este o objetivo.
Sabemos que nosso governador, ele também, é um cara-pintada de alma. E um aliado de primeiríssima hora da presidenta Dilma. Então, quem deu as ordens obedecidas ontem?
Isso intriga.
Bom que saibam, e saibam mesmo, que respeito nossas Forças Armadas, acho que elas devem ser equipadas, prestigiadas, admiradas e merecem salários justos. Se tivesse patente, também lhes bateria continência. Aplaudo o trabalho que elas fazem, fundamental na defesa de nossas fronteiras, considero-as mesmo admiráveis. Mas não concordo com esse véu escuro que estenderam sobre elas e, agora, tantas décadas passadas, recusam-se ainda a recolhê-lo. Véu mascarado sob o emblema do "corporativismo".
A grande maioria dos militares é decente, justa, sincera. Não merecem os jovens militares de agora arcar com os graves erros cometidos por aqueles do passado, que, caso a verdade no Brasil não passe por esse inevitável processo de construção, lhes pesarão para sempre sobre os ombros, junto com os galardões de suas nobres conquistas de hoje e do futuro.
JUSTIÇA - Os homens da lei que se achavam acima da lei.
Alguns togados ainda se mostram surpresos e inconformados com o que está acontecendo. E reagem com ira a cada nova denúncia sobre as suas atividades pouco republicanas, agora tornadas públicas, ameaçando processar jornais e jornalistas.
Habituados a julgar os outros, certos da impunidade eterna de seres superiores, simplesmente não aceitam também ser investigados e julgados, a partir das iniciativas da ministra Eliana Calmon, que simplesmente colocou para funcionar a corregedoria do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e fazer o que sempre deveria ter feito.
Ao levantar o véu (ou as togas) da magistratura, Calmon mexeu num vespeiro. A cada dia surgem novas notícias de abusos, privilégios, benefícios pagos indevidamente, obrigando os próprios tribunais estaduais a tomar providências.
Esta semana, por exemplo, o Tribunal de Justiça de São Paulo mandou suspender o pagamento de verbas ilegais pagas a desembargadores a título de licença-prêmio.
Juízes indicados pela OAB na cota do quinto constitucional para compor as cortes estavam contando o tempo de exercício da advocacia para calcular o valor das licenças-prêmio a que os magistrados têm direito.
Só que tem um pequeno detalhe: na mesma decisão, o TJ-SP isentou os magistrados da obrigação de devolverem o dinheiro recebido ilegalmente durante anos_ o nosso dinheiro, é bom lembrar _ alegando que eles agiram de "boa-fé".
Como assim? Se por acaso a Receita Federal me pagar um valor de devolução de imposto de renda superior ao que teria direito, posso simplesmente embolsar a grana? Ou devo comunicar o erro e reembolsar o Tesouro Nacional?
Da mesma forma, o leitor acha justo que os homens da lei que recebem o teto salarial do funcionalismo público, algo em torno de R$ 26 mil por mês, tenham agora também direito a receber vale-refeição _ e ainda por cima com efeito retroativo?
Este vale, assim como o vale-transporte, foi criado para complementar a remuneração de trabalhadores de baixa renda, assim como o auxílio-moradia é pago para o funcionário público deslocado da sua cidade de origem.
No caso dos 300 e tantos desembargadores de São Paulo, que trabalham no Tribunal de Justiça de São Paulo e moram em São Paulo, que sentido faz o pagamento de auxílio-moradia?
Para que eles precisam de vales disso e daquilo com o salário que recebem? Chegam a ser humilhantes estes penduricalhos que aumentam a renda de quem já está no topo da pirâmide social.
A cada enxadada que dá a corregedora-geral Eliana Calmon, aparecem mais minhocas que estavam postas em sossego sob o solo dos tribunais, colocando em risco a imagem do nosso Judiciário, que deveria dar o exemplo do cumprimento da lei, teoricamente igual para todos, e do zelo com o dinheiro público.
Fonte: Blog R7 do Ricardo Kotscho.
POLÍTICA - O "empregadinho" do Cachoeira.
Strike: Gravações mostram Demóstenes como “empregadinho” de Cachoeira.
Segue matéria que pesquei em O Globo. As conversas de Demóstenes com Cachoeira são altamente reveladoras da relação de ambos. O senador se comporta como um serviçal do contraventor. Um nojo.
Gravações feitas pela PF revelam Demóstenes a serviço de Cachoeira, por Jaílton de Carvalho, em O Globo
– Escutas telefônicas revelam que o ex-líder do DEM no Senado pôs o mandato a serviço do contraventor
BRASÍLIA – Gravações de escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal (PF) em 2009 revelam que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) faz lobby no Congresso Nacional para o contraventor Carlinhos Cachoeira. As gravações comprovam a relação de íntima amizade de interesses entre os dois. O contraventor chama o senador de doutor. Já Cachoeira é chamado de professor pelo parlamentar.
Confira alguns trechos das gravações da PF:
Demóstenes e Cachoeira falam de tramitação de projeto que criminaliza o jogo ilegal, mas também legaliza as loterias estaduais.
Cachoeira – (…) Anota uma lei aí. Você podia dar uma olhada. Ela tá na Câmara. 7228 2002. PL. (projeto de lei)
Demóstenes – PL 7228. De que ano?
Cachoeira – 2002. Do Maguito Vilela.
Demóstenes – OK. Fala sobre o que?
Cachoeira – Sobre aquele assunto que eu toquei com você aí. Essa aí acho que está em estado bem adiantado. Dá uma olhada aí.
Demóstenes – Vou levantar agora e depois te ligo ai.
24/04/2009
Demóstenes volta a falar do projeto de interesse de Cachoeira.
Cachoeira – (…) Escuta. Aquele negócio que eu pedi para você olhar lá. Já checaram lá? Aquela lei do Maguito?
Demóstenes – Já checaram lá. Ela está na Câmara (…)
Cachoeira – Pois é, você tinha que trabalhar isso aí com o Michel (Temer), né? Pra por em votação. Isso aí seria interessantíssimo né (…)
Demóstenes – (…) É lá isso pode passar por votação simbólica. Como passou no Senado. Se foi modificado, volta para o Senado, você entendeu? (…) Tem que pegar aquele pessoal que está trabalhando no negócio e verificar se o texto te agrada e também se satisfaz aquele presidente lá do negócio, porque senão ele consegue barrar lá. Então trabalha nesse negócio para gente ver como é que faz. Eu vou lá e consigo pautar.
Cachoeira – Ah excelente então. Vamos falar então. Obrigado Doutor.
29/04/2009
Demóstenes e Cachoeira ainda discutem o projeto e o senador alerta para problemas para a atividade do contraventor, mas ele diz que não há problema algum.
Cachoeira – Oi, Doutor
Demóstenes – Fala Professor. Eu peguei o texto ontem da lei para analisar. É aquela que transforma contravenção em crime. Que importância tem a aprovação disso?
Cachoeira – É bom demais, mas aí também regulamenta as estaduais.
Demóstenes – Regulamenta não. Vou mandar o texto procê. O que tá aprovado lá é o seguinte: “transforma em crime qualquer jogo que não tenha autorização”. Então inclusive te pega né? Então vou mandar o texto pra você. Se você quiser votar, tudo bem, eu vou atrás. Agora a única coisa que tem é criminalização, transforma de contravenção em crime, não regulariza nada.
Cachoeira – Não, regulariza sim, uai. Tem a 4-A e a 4-B. Foi votada na Comissão de Constituição e Justiça.
(…)
Demóstenes – Tudo bem, mas e para depois, para regulamentar? Que aí são duas etapas, em vez de uma só. Vou fazer o que você quer, mas isso aí para mim não regulamenta nada.
01/04/2009
Demóstenes Torres conversa com Carlos Cachoeira sobre negócios na Infraero e falam de encontro do ex-presidente da estatal com Dadá, Idalberto Matias (ex-sargento da FAB que faz arapongagem).
Demóstenes – Seguinte, recebi um bilhete aqui do Eurípedes. Teve hoje aqui para tratar com o negócio e encontrou com o Dadá com o ex-presidente da Infraero José Carlos Pereira, que não resolve nada. Eles estão atrás daquele trem para ver se anda. Você podia cobrar do Dadá para ver se anda ou se não anda (…)
Cachoeira – O Dadá é o seguinte: tem umas pessoas que ele não larga de jeito nenhum. E essse b. desse ex-presidente da Infraero…
04/04/2009
Demóstenes ainda tratando de negócio na Infraero com Cachoeira
Demóstenes – O negócio da Infraero, conversei com a pessoa que teve lá. Disse o seguinte: o nosso amigo marcou um encontro com ele em uma padaria, não sei o que. E levou o ex-presidente, cê entendeu? E que aí o trem lá não andou nada. Eles nem sabem o que tá acontecendo. Falaram que eu não falei com o presidente sobre o assunto. Eu falei: ´não, mas eu falei ué´. Aí o que eles querem? Que eu volte lá. Quer dizer. O trem lá não andou porra nenhuma, cê entendeu?
Cachoeira – Mas tem que ser você mesmo. Você que precisava ligar para ele (…) Essa ai da padaria eu não sabia não.
06/04/2099
Demóstenes atende pedido de Cachoeira para ir falar com desembargador Alan Sebastião de Sena, do TJ de Goiás.
Demóstenes – Fala Professor. Acabei de chegar lá do desembargador. O homem disse que vai olhar o negócio e tal. Disse que um deles já tinha estado lá com ele viu? (…) Tem tudo para seguir esse caminho aí. Condenar o delegado e absolver os outros. Vai depender das provas. Se a prova for desse jeito que eu falei e tal, o outro vai também…
Cachoeira – Ele vai julgar rápido?
Demóstenes – Vai julgar rápido. Mandou pegar o papel. Já pegou o negócio lá. Diz que vai fazer o mais rápido possível.
12/05/2009
Demóstenes avisa Cachoeira que vai ter que demitir dois servidores fantasmas, mas depois os recontratará.
Demóstenes – Fala Professor… Ó, é o seguinte: tem uma notícia ruim. Tem que demitir aqui. É a Kênia. E o outro rapaz lá. Tão aqui nos gabinetes procurando servidores fantasmas. Você entendeu ? Então, para evitar problema, no futuro a gente volta a resolver isso aí, falou?
Cachoeira – Tá bom.
Demóstenes – Caça às bruxas aqui. Mas daqui a uns dois, três meses a coisa aquieta e a gente retorna, falou?
Cachoeira – Ok, Doutor.
22/06/2009 – Demóstenes pede avião fretado para Cachoeira. Pede para o contraventor pagar a conta. Cachoeira aproveita para pedir para senador voltar a falar com magistrado em Goiás.
Demóstenes – (…) por falar nisso tem que pagar aquele trem do Voar. Do Voar não, da Sete né?
Cachoeira – Tá, tu me fala aí. Eu falo com o, com o Vilnei. Quanto foi lá?
Demóstenes – Quanto foi? Três mil.
Cachoeira – Tá eu passo pro Nilo. Deixa eu te falar. Aquele negócio tá concluso aí, aquele negócio do desembargador Alan, você lembra? A procuradora entregou aí para ele. Podia dar uma olhada com ele. Você podia dar um pulinho lá para mim?
Demóstenes – Mesma situação daquele rapaz?
Cachoeira – Ele tá concluso já pro Alan.
(…)
Demóstenes – Tá tranquilo. Eu faço.
MÍDIA - Comentário do jornalista Celso de Castro Barbosa sobre sua demissão,
Carta do jornalista Celso Barbosa sobre a matéria que postamos: "MÍDIA - Ação do comando do PSDB numa redação."
“Senhoras e senhores conselheiros da Revista de História da Biblioteca Nacional e da Sabin,
sou Celso de Castro Barbosa, brasileiro, jornalista profissional, 54 anos, há 36 em atividade. A essa altura da minha carreira julgava ter visto de tudo. Quanta ingenuidade…
Entre 5 de setembro de 2011 e 29 de fevereiro de 2012 fui o editor de texto da revista, subordinado à editora assistente Viviani Fernandes de Lima e ao editor e professor Luciano Figueiredo.
Depois de ler ‘A Privataria Tucana’, livro do premiado repórter Amaury Ribeiro Jr., destaque em todas as listas dos mais vendidos no país, sugeri a publicação de uma resenha no site da revista, haja vista o silêncio estridente com que livro foi recebido pela grande imprensa.
Sugestão aceita, o texto foi publicado em 24 de janeiro de 2012, permanecendo à disposição dos leitores por nove dias até ser censurado e retirado do ar. Fato que me fez lembrar da ditadura militar, quando os gorilas de plantão ordenavam o recolhimento de alguma publicação que não lhes agradasse, mas, por conta da burocracia própria dos incompetentes, demoravam tanto a cumprir a ordem que os leitores recolhiam antes.
O que passo a contar agora não encontra paralelo em tudo o que vi e vivi em ambiente de redação. Em 1º de fevereiro fui chamado à sala do editor, que me comunicou o seguinte: que concordava com praticamente todas as observações da minha resenha; que o sr. Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central no governo FHC, mobilizara o alto escalão tucano para protestar contra o texto; que redigiria uma nota assumindo toda a culpa pelo episódio.
Sob meu protesto, pois entendia e continuo entendendo que ninguém é culpado de rigorosamente nada, disse ao editor que achava absurda a ideia de alguém assumir culpa. Afinal vivemos num país democrático, cuja constituição garante a todos os brasileiros o direito a opinião, sem falar da liberdade de imprensa. Disse ainda que o PSDB tinha todo o direito de reclamar, assim como o PT, que também não foi poupado na resenha. O editor insistiu em assumir o que chamou de culpa e, sem mais, nossa conversa chegou ao fim.
No dia seguinte, ao ler O Globo, o que primeiro me chamou a atenção na longa matéria sobre o imbróglio foi o fato de Luciano Figueiredo não ter assumido culpa ou responsabilidade alguma. O que chegou ao jornal foi uma nota mentirosa da Sabin, onde se lê que, ao contrário do procedimento padrão da revista, meu texto não fora lido nem avaliado pelos editores. Ou seja, que publiquei por minha conta.
Definitivamente, isto não é verdade. Meu texto foi, sim, lido e avaliado pelo editor do site, por minha chefe imediata e, ainda que depois de publicado, pelo próprio Luciano Figueiredo, que voltou de férias no dia 16. Com a publicação no dia 24 e permanência no ar na primeira página do site durante nove dias ele teve tempo mais que suficiente para ler, reler, avaliar e reavaliar.
Quem leu a matéria do Globo, reproduzida em jornais de todo o Brasil, há de concordar que fui exposto de forma vil, sem direito a defesa. Somente uma semana depois pude me manifestar na seção de cartas. Fui chamado, entre outros absurdos, de servidor público a serviço do aparelhamento do Estado. Lembro que embora cumprisse nove horas diárias de trabalho, não tinha sequer carteira assinada na Revista de História.
Gostar de um livro, senhoras e senhores conselheiros, não é crime. Já foi. Não é mais. Quanto à ameaça de processo por parte do PSDB, continuo aguardando uma decisão. Soube que desde que o livro foi lançado, em dezembro do ano passado, o presidente do partido ameaça processar o autor, mas, até agora, nada.
Esse episódio me levou a refletir sobre o papel de quem está no comando, especialmente porque tenho parâmetros. Fui chefiado por Marcos Sá Corrêa, para mim eterno exemplo de profissional correto e brilhante e de homem admirável. Não sou petista, muito menos entusiasta do governo Dilma e não tenho simpatia pela pessoa da presidente. Um fato, no entanto, me leva a admirá-la, ainda que parcialmente. O de não ter delatado seus companheiros de organização política, nos anos 1970, nem sob tortura.
Admiração semelhante tenho por Roberto Marinho, que protegeu seus empregados sempre que foram atacados. Na ditadura e na democracia.
No caso da resenha, o que fez o professor Luciano Figueiredo? Fugiu de responsabilidades exclusivamente suas, ofereceu minha cabeça numa bandeja e sequer assinou a nota mentirosa da Sabin. É como se ele nada tivesse a ver com o episódio. E ele tem tudo a ver com o episódio. Não estou exagerando quando afirmo que imaginei já ter visto de tudo. De fato, é a primeira vez que vejo alguém mentir, mentir por escrito, e enviar a mentira, muito fácil de desmontar, aos jornais como fez o presidente da Sabin. Naturalmente, em defesa de minha honra, buscarei retratação e reparação.
Na verdade, apesar do pouco tempo de convivência, não foi essa a primeira manifestação de conduta, digamos, heterodoxa, do editor. Em dezembro ele já dera um sinal de sua maneira particularíssima de comandar, ao exorbitar do papel de editor e mandar que eu ajeitasse uma carta que pretendia enviar aos participantes de um festival de história que organizou em nome da revista. Tratava-se do comunicado de um calote. Os participantes, que se deslocaram até Diamantina simplesmente não receberiam o pagamento combinado. Luciano Figueiredo gostou tanto do texto final que me enviou esta mensagem: “Excelente. Até eu gostaria de receber um furo desse, edulcorado com essa prosópia.” A propósito, até a minha demissão, o editor jamais fez qualquer restrição ao meu trabalho como editor de texto da revista. Ao contrário.
Juntando os dois episódios – carta calote e nota da Sabin – apurei meu faro de repórter de forma a me proteger e saber com quem de fato estava lidando. Em consulta à página da Plataforma Lattes, do Cnpq, fiquei sabendo que o professor Luciano Figueiredo é contratado da Universidade Federal Fluminense em regime de dedicação exclusiva. Em consulta ao Gabinete do Reitor da UFFfui informado de que é vedado aos professores contratados sob este regime quaisquer atividades remuneradas, mesmo que relacionadas às suas áreas. E em consulta ao Ministério Público, fiquei sabendo que é crime acumular as duas funções.
Estou relatando esses fatos, senhoras e senhores conselheiros, porque considero o episódio da resenha muito grave, não só para a revista, mas para a democracia. E aproveito a oportunidade para propor uma reflexão. O que é mais grave: Luciano Figueiredo dirigir a Revista de História ou dar aulas na Universidade?
Na minha modesta opinião é muito mais grave ele dar aulas. Todos sabemos da grave crise educacional que o país vive há décadas. E de um professor, penso, não se espera que transmita apenas conhecimento. Ele também deve transmitir valores. Valores que o editor da Revista de História não cultiva e despreza.
Sem mais,
Celso de Castro Barbosa”
“Senhoras e senhores conselheiros da Revista de História da Biblioteca Nacional e da Sabin,
sou Celso de Castro Barbosa, brasileiro, jornalista profissional, 54 anos, há 36 em atividade. A essa altura da minha carreira julgava ter visto de tudo. Quanta ingenuidade…
Entre 5 de setembro de 2011 e 29 de fevereiro de 2012 fui o editor de texto da revista, subordinado à editora assistente Viviani Fernandes de Lima e ao editor e professor Luciano Figueiredo.
Depois de ler ‘A Privataria Tucana’, livro do premiado repórter Amaury Ribeiro Jr., destaque em todas as listas dos mais vendidos no país, sugeri a publicação de uma resenha no site da revista, haja vista o silêncio estridente com que livro foi recebido pela grande imprensa.
Sugestão aceita, o texto foi publicado em 24 de janeiro de 2012, permanecendo à disposição dos leitores por nove dias até ser censurado e retirado do ar. Fato que me fez lembrar da ditadura militar, quando os gorilas de plantão ordenavam o recolhimento de alguma publicação que não lhes agradasse, mas, por conta da burocracia própria dos incompetentes, demoravam tanto a cumprir a ordem que os leitores recolhiam antes.
O que passo a contar agora não encontra paralelo em tudo o que vi e vivi em ambiente de redação. Em 1º de fevereiro fui chamado à sala do editor, que me comunicou o seguinte: que concordava com praticamente todas as observações da minha resenha; que o sr. Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central no governo FHC, mobilizara o alto escalão tucano para protestar contra o texto; que redigiria uma nota assumindo toda a culpa pelo episódio.
Sob meu protesto, pois entendia e continuo entendendo que ninguém é culpado de rigorosamente nada, disse ao editor que achava absurda a ideia de alguém assumir culpa. Afinal vivemos num país democrático, cuja constituição garante a todos os brasileiros o direito a opinião, sem falar da liberdade de imprensa. Disse ainda que o PSDB tinha todo o direito de reclamar, assim como o PT, que também não foi poupado na resenha. O editor insistiu em assumir o que chamou de culpa e, sem mais, nossa conversa chegou ao fim.
No dia seguinte, ao ler O Globo, o que primeiro me chamou a atenção na longa matéria sobre o imbróglio foi o fato de Luciano Figueiredo não ter assumido culpa ou responsabilidade alguma. O que chegou ao jornal foi uma nota mentirosa da Sabin, onde se lê que, ao contrário do procedimento padrão da revista, meu texto não fora lido nem avaliado pelos editores. Ou seja, que publiquei por minha conta.
Definitivamente, isto não é verdade. Meu texto foi, sim, lido e avaliado pelo editor do site, por minha chefe imediata e, ainda que depois de publicado, pelo próprio Luciano Figueiredo, que voltou de férias no dia 16. Com a publicação no dia 24 e permanência no ar na primeira página do site durante nove dias ele teve tempo mais que suficiente para ler, reler, avaliar e reavaliar.
Quem leu a matéria do Globo, reproduzida em jornais de todo o Brasil, há de concordar que fui exposto de forma vil, sem direito a defesa. Somente uma semana depois pude me manifestar na seção de cartas. Fui chamado, entre outros absurdos, de servidor público a serviço do aparelhamento do Estado. Lembro que embora cumprisse nove horas diárias de trabalho, não tinha sequer carteira assinada na Revista de História.
Gostar de um livro, senhoras e senhores conselheiros, não é crime. Já foi. Não é mais. Quanto à ameaça de processo por parte do PSDB, continuo aguardando uma decisão. Soube que desde que o livro foi lançado, em dezembro do ano passado, o presidente do partido ameaça processar o autor, mas, até agora, nada.
Esse episódio me levou a refletir sobre o papel de quem está no comando, especialmente porque tenho parâmetros. Fui chefiado por Marcos Sá Corrêa, para mim eterno exemplo de profissional correto e brilhante e de homem admirável. Não sou petista, muito menos entusiasta do governo Dilma e não tenho simpatia pela pessoa da presidente. Um fato, no entanto, me leva a admirá-la, ainda que parcialmente. O de não ter delatado seus companheiros de organização política, nos anos 1970, nem sob tortura.
Admiração semelhante tenho por Roberto Marinho, que protegeu seus empregados sempre que foram atacados. Na ditadura e na democracia.
No caso da resenha, o que fez o professor Luciano Figueiredo? Fugiu de responsabilidades exclusivamente suas, ofereceu minha cabeça numa bandeja e sequer assinou a nota mentirosa da Sabin. É como se ele nada tivesse a ver com o episódio. E ele tem tudo a ver com o episódio. Não estou exagerando quando afirmo que imaginei já ter visto de tudo. De fato, é a primeira vez que vejo alguém mentir, mentir por escrito, e enviar a mentira, muito fácil de desmontar, aos jornais como fez o presidente da Sabin. Naturalmente, em defesa de minha honra, buscarei retratação e reparação.
Na verdade, apesar do pouco tempo de convivência, não foi essa a primeira manifestação de conduta, digamos, heterodoxa, do editor. Em dezembro ele já dera um sinal de sua maneira particularíssima de comandar, ao exorbitar do papel de editor e mandar que eu ajeitasse uma carta que pretendia enviar aos participantes de um festival de história que organizou em nome da revista. Tratava-se do comunicado de um calote. Os participantes, que se deslocaram até Diamantina simplesmente não receberiam o pagamento combinado. Luciano Figueiredo gostou tanto do texto final que me enviou esta mensagem: “Excelente. Até eu gostaria de receber um furo desse, edulcorado com essa prosópia.” A propósito, até a minha demissão, o editor jamais fez qualquer restrição ao meu trabalho como editor de texto da revista. Ao contrário.
Juntando os dois episódios – carta calote e nota da Sabin – apurei meu faro de repórter de forma a me proteger e saber com quem de fato estava lidando. Em consulta à página da Plataforma Lattes, do Cnpq, fiquei sabendo que o professor Luciano Figueiredo é contratado da Universidade Federal Fluminense em regime de dedicação exclusiva. Em consulta ao Gabinete do Reitor da UFFfui informado de que é vedado aos professores contratados sob este regime quaisquer atividades remuneradas, mesmo que relacionadas às suas áreas. E em consulta ao Ministério Público, fiquei sabendo que é crime acumular as duas funções.
Estou relatando esses fatos, senhoras e senhores conselheiros, porque considero o episódio da resenha muito grave, não só para a revista, mas para a democracia. E aproveito a oportunidade para propor uma reflexão. O que é mais grave: Luciano Figueiredo dirigir a Revista de História ou dar aulas na Universidade?
Na minha modesta opinião é muito mais grave ele dar aulas. Todos sabemos da grave crise educacional que o país vive há décadas. E de um professor, penso, não se espera que transmita apenas conhecimento. Ele também deve transmitir valores. Valores que o editor da Revista de História não cultiva e despreza.
Sem mais,
Celso de Castro Barbosa”
quinta-feira, 29 de março de 2012
ANOS DE CHUMBO - "Pra não esquecer a ditadura".
Era impressionante a quantidade de gente. Quem estivesse parado no centro da Praça de Maio, no último sábado, se veria cercado por uma multidão em qualquer direção que olhasse. Era 24 de março, Dia Nacional da Memória pela Verdade e Justiça. O mesmo dia 24 de março em que, em 1976, deu-se o golpe militar que deu origem à sangrenta ditadura que esteve no poder na Argentina até 1983 e deixou um saldo de 30 mil mortos e desaparecidos.
Por Kelly Cristina Spinelli, em Terra Magazine
A data foi transformada em feriado há seis anos e tem sido levada a sério por gente de toda a idade que se junta para protestar e pedir justiça. Os argentinos, muitos ao lado de seus partidos políticos, saem às ruas aos milhares, entoam hinos em que dizem que não foram vencidos, que querem justiça, que não vão esquecer.
No último sábado, como tradicionalmente acontece, foram dois os momentos de marchas. O primeiro, mais cedo, formado por organizações independentes que criticam o governo de Cristina Kirchner. O segundo, mais tarde, alinhado à Casa Rosada.
Ao longo do dia, viu-se a entrada de grupos como as avós e as mães da Praça de Maio e a fundação H.I.J.O.S, todas organizações de direitos humanos que lutam pelo julgamento dos criminosos da ditadura. O Dia da Memória se converte em celebração pública do trabalho dessas organizações, que há muitos anos têm pressionado a sociedade a se retratar por seu passado, promovendo processos, incitando reportagens, restituindo filhos desaparecidos às suas verdadeiras famílias, apontando suspeitos.
E não é só o trabalho delas que fica evidente: há que se valorizar os jovens argentinos por sua força política. Ao longo dos anos, eles militaram em muitos escrachos (movimentos que apontavam publicamente os acusados que continuavam sem julgamento - os escrachos ocorreram também no Chile e Uruguai), entre outras ações que promoveram para chamar a atenção da opinião pública.
O cenário resultante é promissor: o país tem sido reconhecido por enfrentar o espectro da ditadura com firmeza, apesar das muitas dificuldades encontradas nesse caminho. Mais de 270 criminosos foram condenados (apesar de as organizações reclamarem que só 43 deles tiveram prisão efetiva) e até o final do ano contabilizava-se mais de 800 suspeitos ainda sendo processados.
Como a maior parte das condenações e julgamentos têm acontecido de 2008 pra cá, espera-se que esses números aumentem muitos mais. Por aqui, já se pede a prisão de civis que participaram ativamente de destacamentos do exército durante a ditadura, e no último sábado, falou-se em responsabilizar empresas que apoiaram economicamente o regime.
O Brasil, por sua vez, mal começou a engatinhar. A revista The Economist apontou recentemente a lentidão brasileira em julgar os crimes da ditadura em comparação a outros países sul-americanos. Há alguns dias noticiou-se, por sinal, que os militares das Forças Armadas, apesar da proibição da presidenta Dilma Rousseff, pretendem fazer festa para celebrar o golpe militar de 31 de março de 1964. O evento está marcado para quinta-feira, dia 29.
Ainda assim, no ano passado, foi aprovada a Comissão da Verdade, que agora espera que a presidenta nomeie seus integrantes para começar a funcionar. Deve investigar, no período de dois anos, crimes praticados no Brasil entre 1946 a 1988 que ferem direitos humanos. Há militares reagindo furiosos, apesar de a comissão não ter poder de levar acusados à prisão.
O jornal The New York Times criticou a Comissão da Verdade por ter valor simbólico, já que os apontados pelas investigações seguem protegidos pela Lei de Anistia, de 1979, que perdoou os criminosos políticos do Brasil. Mas ela é um primeiro passo, e será acompanhada por uma nova discussão sobre a revogação dessa lei. A causa está prevista para ser reaberta essa semana no Supremo Tribunal Federal.
Nos últimos dias, também vimos jovens brasileiros repetindo os escrachos dos países vizinhos e apontando publicamente os repressores brasileiros. E convocou-se um protesto para o mesmo dia da festa de comemoração do golpe militar, na frente do Clube Militar na Cinelândia, no Rio de Janeiro. Não são manifestações do porte das que acontecem no Dia da Memória argentino, mas são indícios. Estará o país do futuro começando a olhar para seu passado?
Por Kelly Cristina Spinelli, em Terra Magazine
A data foi transformada em feriado há seis anos e tem sido levada a sério por gente de toda a idade que se junta para protestar e pedir justiça. Os argentinos, muitos ao lado de seus partidos políticos, saem às ruas aos milhares, entoam hinos em que dizem que não foram vencidos, que querem justiça, que não vão esquecer.
No último sábado, como tradicionalmente acontece, foram dois os momentos de marchas. O primeiro, mais cedo, formado por organizações independentes que criticam o governo de Cristina Kirchner. O segundo, mais tarde, alinhado à Casa Rosada.
Ao longo do dia, viu-se a entrada de grupos como as avós e as mães da Praça de Maio e a fundação H.I.J.O.S, todas organizações de direitos humanos que lutam pelo julgamento dos criminosos da ditadura. O Dia da Memória se converte em celebração pública do trabalho dessas organizações, que há muitos anos têm pressionado a sociedade a se retratar por seu passado, promovendo processos, incitando reportagens, restituindo filhos desaparecidos às suas verdadeiras famílias, apontando suspeitos.
E não é só o trabalho delas que fica evidente: há que se valorizar os jovens argentinos por sua força política. Ao longo dos anos, eles militaram em muitos escrachos (movimentos que apontavam publicamente os acusados que continuavam sem julgamento - os escrachos ocorreram também no Chile e Uruguai), entre outras ações que promoveram para chamar a atenção da opinião pública.
O cenário resultante é promissor: o país tem sido reconhecido por enfrentar o espectro da ditadura com firmeza, apesar das muitas dificuldades encontradas nesse caminho. Mais de 270 criminosos foram condenados (apesar de as organizações reclamarem que só 43 deles tiveram prisão efetiva) e até o final do ano contabilizava-se mais de 800 suspeitos ainda sendo processados.
Como a maior parte das condenações e julgamentos têm acontecido de 2008 pra cá, espera-se que esses números aumentem muitos mais. Por aqui, já se pede a prisão de civis que participaram ativamente de destacamentos do exército durante a ditadura, e no último sábado, falou-se em responsabilizar empresas que apoiaram economicamente o regime.
O Brasil, por sua vez, mal começou a engatinhar. A revista The Economist apontou recentemente a lentidão brasileira em julgar os crimes da ditadura em comparação a outros países sul-americanos. Há alguns dias noticiou-se, por sinal, que os militares das Forças Armadas, apesar da proibição da presidenta Dilma Rousseff, pretendem fazer festa para celebrar o golpe militar de 31 de março de 1964. O evento está marcado para quinta-feira, dia 29.
Ainda assim, no ano passado, foi aprovada a Comissão da Verdade, que agora espera que a presidenta nomeie seus integrantes para começar a funcionar. Deve investigar, no período de dois anos, crimes praticados no Brasil entre 1946 a 1988 que ferem direitos humanos. Há militares reagindo furiosos, apesar de a comissão não ter poder de levar acusados à prisão.
O jornal The New York Times criticou a Comissão da Verdade por ter valor simbólico, já que os apontados pelas investigações seguem protegidos pela Lei de Anistia, de 1979, que perdoou os criminosos políticos do Brasil. Mas ela é um primeiro passo, e será acompanhada por uma nova discussão sobre a revogação dessa lei. A causa está prevista para ser reaberta essa semana no Supremo Tribunal Federal.
Nos últimos dias, também vimos jovens brasileiros repetindo os escrachos dos países vizinhos e apontando publicamente os repressores brasileiros. E convocou-se um protesto para o mesmo dia da festa de comemoração do golpe militar, na frente do Clube Militar na Cinelândia, no Rio de Janeiro. Não são manifestações do porte das que acontecem no Dia da Memória argentino, mas são indícios. Estará o país do futuro começando a olhar para seu passado?
POLÍTICA - Esse Aécio é um cara-de-pau.
Aécio Neves não toma jeito, nem se emenda.
Aspirante a ser candidato tucano a presidência da República em 2014, já em campanha três anos antes, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) não toma jeito. Nesta 4ª feira ocupou a tribuna do Senado para mais um daqueles seus pronunciamentos - poucos, reconheça-se, em 2011, seu 1º ano de mandato - que não correspondem nem à expectativa de seus colegas da oposição.
Ele recheou seu discurso com ataques ao governo da presidenta Dilma Rousseff acusando-o de ter como marca o desrespeito ao Legislativo."A falta de respeito com o Congresso se transformou em marca registrada do governo", afirmou o parlamentar mineiro.
O senador Aécio pensa que o Brasil não tem memória. Olha só quem fala de desrespeito ao Legislativo! Aécio governou Minas Gerais por oito anos com leis delegadas, espécie de decretos que não passam pela Assembléia Legislativa; se chegam lá, não são votados; se votados, são meramente homologados. Quando governador de 2003 a 2010 Aécio assinou mais de 400 dessas leis.
O senador pensa que o Brasil não tem memória
Para tanto, ele cooptou a maioria da Assembléia Legislativa e parte da mídia mineiras. E agora vem querer dar lições a presidenta Dilma? Neste prounciamento o senador viu miragem, assinalou, ainda, que a presidenta da República virou refém de sua base aliada e passou o mandato resolvendo crises.
"De crise em crise, de queda em queda de autoridade, se perdeu boa parte do mandato, se perdeu momento propício de popularidade em alta, para fazer mudanças necessárias", considerou Aécio.
Ora, transformar crises naturais em crise de governabilidade é não entender o que significa democracia, conflito de interesses e busca de consensos e acordos mínimos para avançar e fazer o país ir adiante. É coisa de quem governa por leis delegadas...
Coisa de quem governa por leis delegadas
É ignorar que o governo Dilma tem uma ampla base de apoio plural - e não cooptada como a dele quando governador - e respeita plenamente o Parlamento e a autonomia de cada poder. E que, principalmente no Executivo, nem todas as decisões são consensuais, e muito menos respondem a todos os interesses que os partidos da base representam.
Casos, para ficar em poucos exemplos, do Código Florestal (agora na Câmara) e mesmo dos royalties do petróleo (Senado), ou da reforma tributária, que a oposição impede de tramitar. É desconhecer que toda a ação do Executivo em áreas como estas, por exemplo, envolve ampla gama de questões setoriais, ruralistas, regionais, royalties, questões que dependem de negociações e concessões mútuas.
Fonte: Blog do Zé Dirceu
Aspirante a ser candidato tucano a presidência da República em 2014, já em campanha três anos antes, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) não toma jeito. Nesta 4ª feira ocupou a tribuna do Senado para mais um daqueles seus pronunciamentos - poucos, reconheça-se, em 2011, seu 1º ano de mandato - que não correspondem nem à expectativa de seus colegas da oposição.
Ele recheou seu discurso com ataques ao governo da presidenta Dilma Rousseff acusando-o de ter como marca o desrespeito ao Legislativo."A falta de respeito com o Congresso se transformou em marca registrada do governo", afirmou o parlamentar mineiro.
O senador Aécio pensa que o Brasil não tem memória. Olha só quem fala de desrespeito ao Legislativo! Aécio governou Minas Gerais por oito anos com leis delegadas, espécie de decretos que não passam pela Assembléia Legislativa; se chegam lá, não são votados; se votados, são meramente homologados. Quando governador de 2003 a 2010 Aécio assinou mais de 400 dessas leis.
O senador pensa que o Brasil não tem memória
Para tanto, ele cooptou a maioria da Assembléia Legislativa e parte da mídia mineiras. E agora vem querer dar lições a presidenta Dilma? Neste prounciamento o senador viu miragem, assinalou, ainda, que a presidenta da República virou refém de sua base aliada e passou o mandato resolvendo crises.
"De crise em crise, de queda em queda de autoridade, se perdeu boa parte do mandato, se perdeu momento propício de popularidade em alta, para fazer mudanças necessárias", considerou Aécio.
Ora, transformar crises naturais em crise de governabilidade é não entender o que significa democracia, conflito de interesses e busca de consensos e acordos mínimos para avançar e fazer o país ir adiante. É coisa de quem governa por leis delegadas...
Coisa de quem governa por leis delegadas
É ignorar que o governo Dilma tem uma ampla base de apoio plural - e não cooptada como a dele quando governador - e respeita plenamente o Parlamento e a autonomia de cada poder. E que, principalmente no Executivo, nem todas as decisões são consensuais, e muito menos respondem a todos os interesses que os partidos da base representam.
Casos, para ficar em poucos exemplos, do Código Florestal (agora na Câmara) e mesmo dos royalties do petróleo (Senado), ou da reforma tributária, que a oposição impede de tramitar. É desconhecer que toda a ação do Executivo em áreas como estas, por exemplo, envolve ampla gama de questões setoriais, ruralistas, regionais, royalties, questões que dependem de negociações e concessões mútuas.
Fonte: Blog do Zé Dirceu
MÍDIA - Ação do comando do PSDB numa redação.
Por dispensar mais comentários, transcrevo na íntegra, abaixo, a nota publicada hoje pela coluna do jornalista Elio Gaspari na Folha de S.Paulo e em O Globo sob o título PATRULHA E CENSURA.
É sobre a demissão do jornalista Celso de Castro Barbosa e do editor, historiador Luciano Figueiredo, da revista História, publicação da Biblioteca Nacional. As dispensas ocorreram depois que o repórter escreveu uma crítica ao livro "A Privataria Tucana", de autoria do também jornalista Amaury Ribeiro Jr.
O livro é a mais completa radiografia das privatizações promovidas pelos governos tucanos (1995-2002). É, também, o 1º que traz as mais completas provas e documentos que mostram correligionários tucanos, amigos, parentes próximos e afins do sempre candidato tucano (a prefeito, governador, presidente...) José Serra teriam recebido vultosas propinas e vantagens naquele processo.
José Serra tentou desqualificar o livro, classificou-o como 'lixo", mas nada conseguiu. Lançado há meses, A Privataria Tucana continua um dos campeões nacionais de vendagem.
As demissões de Celso de Castro Barbosa e de Luciano Figueiredo, lamentáveis sob todos os aspectos, ocorreram depois que o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE) denunciou e fez um escarcéu contra a crítica. Abaixo, a íntegra da nota publicada por Elio nos jornais que trazem sua coluna hoje:
PATRULHA E CENSURA
Diga qual foi a publicação onde aconteceu isso:
Tendo publicado em seu site uma resenha favorável a um livro, ela foi denunciada pela direção de um partido político e daí resultaram os seguintes acontecimentos:
1) A resenha foi expurgada.
2) O autor do texto foi dispensado.
3) Semanas depois o editor da revista foi demitido.
Isso aconteceu na revista "História", o livro resenhado foi "A Privataria Tucana", a denúncia partiu do doutor Sérgio Guerra, presidente do PSDB, o jornalista dispensado foi Celso de Castro Barbosa e o editor demitido foi o historiador Luciano Figueiredo.
Em nove anos de poder, não há registro de que o comissariado petista com suas teorias de intervenção na imprensa tenha conseguido desempenho semelhante.
Fonte: Blog do Zé Dirceu
É sobre a demissão do jornalista Celso de Castro Barbosa e do editor, historiador Luciano Figueiredo, da revista História, publicação da Biblioteca Nacional. As dispensas ocorreram depois que o repórter escreveu uma crítica ao livro "A Privataria Tucana", de autoria do também jornalista Amaury Ribeiro Jr.
O livro é a mais completa radiografia das privatizações promovidas pelos governos tucanos (1995-2002). É, também, o 1º que traz as mais completas provas e documentos que mostram correligionários tucanos, amigos, parentes próximos e afins do sempre candidato tucano (a prefeito, governador, presidente...) José Serra teriam recebido vultosas propinas e vantagens naquele processo.
José Serra tentou desqualificar o livro, classificou-o como 'lixo", mas nada conseguiu. Lançado há meses, A Privataria Tucana continua um dos campeões nacionais de vendagem.
As demissões de Celso de Castro Barbosa e de Luciano Figueiredo, lamentáveis sob todos os aspectos, ocorreram depois que o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE) denunciou e fez um escarcéu contra a crítica. Abaixo, a íntegra da nota publicada por Elio nos jornais que trazem sua coluna hoje:
PATRULHA E CENSURA
Diga qual foi a publicação onde aconteceu isso:
Tendo publicado em seu site uma resenha favorável a um livro, ela foi denunciada pela direção de um partido político e daí resultaram os seguintes acontecimentos:
1) A resenha foi expurgada.
2) O autor do texto foi dispensado.
3) Semanas depois o editor da revista foi demitido.
Isso aconteceu na revista "História", o livro resenhado foi "A Privataria Tucana", a denúncia partiu do doutor Sérgio Guerra, presidente do PSDB, o jornalista dispensado foi Celso de Castro Barbosa e o editor demitido foi o historiador Luciano Figueiredo.
Em nove anos de poder, não há registro de que o comissariado petista com suas teorias de intervenção na imprensa tenha conseguido desempenho semelhante.
Fonte: Blog do Zé Dirceu
POLÍTICA - Falar com Lula faz bem para alma.
Ricardo Kotscho.
Já passava das nove da noite quando o telefone tocou. Era o Sandro, filho do Lula: "Meu pai quer falar com você". Antes dele, entrou na linha a amiga Marisa para reclamar que eu não tinha ligado, e ficamos um tempão conversando, enquanto o ex-presidente falava em outra linha.
Claro que eu já sabia da bela notícia de que o tumor na laringe de Lula tinha desaparecido, mas eles queriam me contar. Somos amigos faz mais de trinta anos. "Por que você não ligou pra nós?", cobrou Marisa, que sempre cuidou de mim nas muitas viagens que fizemos juntos ao longo da vida.
Lula tinha acabado de aparecer nos telejornais falando como Marisa tinha sido importante na sua recuperação. Só ela não viu porque estava atendendo ao telefone que não parava de tocar.
Pois é, não liguei para a casa deles porque imaginei que meio mundo estava fazendo isso e não queria incomodar. Ao ouvir a felicidade de Lula de própria voz, depois dos exames que fez nesta quarta-feira, fiquei emocionado como eles e me lembrei dos muitos momentos difíceis que passamos juntos nas campanhas eleitorais e no governo.
No fim, dá tudo certo, a gente costumava dizer um para o outro nestas horas duras, que não foram poucas, desde que Lula trocou a pacata vida de operário pela de líder político.
Deu certo mais uma vez. Aos muitos amigos comuns que me ligaram nos últimos dias e semanas para saber como estava o Lula, posso garantir, independentemente de boletins médicos, que o astral dele está muito bom e que não vê a hora de voltar à lida política.
Me perguntou o que achei e contou que ficou contente com o encontro que teve na véspera com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Eles são adversários políticos, mas nunca deixaram de ser amigos, ainda mais nestas horas.
Lula ainda precisa de alguns dias para recuperar a força e a voz que perdeu por causa do tratamento de radioterapia, mas agora falta pouco, e ele não vê a hora de entrar com tudo nas campanhas do PT, principalmente na de São Paulo, que virou seu grande desafio.
O amigo ex-presidente sempre viveu de desafios, de remar contra a maré, contrariar o senso comum, mirar o impossível. Falar com ele faz bem para o coração e a alma, ainda mais num dia em que mais uma vez Lula sai vencedor de uma dura batalha.
Fiquei na dúvida se deveria escrever aqui no Balaio sobre essa nossa conversa, mas não queria deixar de dividir com todos os leitores a alegria que sinto por ter falado agora há pouco com esta grande figura num dia tão importante na vida dele e, com certeza, na de todos nós, brasileiros, que acreditamos no Brasil.
Valeu, amigo Lula, bola pra frente, vida que segue.
Já passava das nove da noite quando o telefone tocou. Era o Sandro, filho do Lula: "Meu pai quer falar com você". Antes dele, entrou na linha a amiga Marisa para reclamar que eu não tinha ligado, e ficamos um tempão conversando, enquanto o ex-presidente falava em outra linha.
Claro que eu já sabia da bela notícia de que o tumor na laringe de Lula tinha desaparecido, mas eles queriam me contar. Somos amigos faz mais de trinta anos. "Por que você não ligou pra nós?", cobrou Marisa, que sempre cuidou de mim nas muitas viagens que fizemos juntos ao longo da vida.
Lula tinha acabado de aparecer nos telejornais falando como Marisa tinha sido importante na sua recuperação. Só ela não viu porque estava atendendo ao telefone que não parava de tocar.
Pois é, não liguei para a casa deles porque imaginei que meio mundo estava fazendo isso e não queria incomodar. Ao ouvir a felicidade de Lula de própria voz, depois dos exames que fez nesta quarta-feira, fiquei emocionado como eles e me lembrei dos muitos momentos difíceis que passamos juntos nas campanhas eleitorais e no governo.
No fim, dá tudo certo, a gente costumava dizer um para o outro nestas horas duras, que não foram poucas, desde que Lula trocou a pacata vida de operário pela de líder político.
Deu certo mais uma vez. Aos muitos amigos comuns que me ligaram nos últimos dias e semanas para saber como estava o Lula, posso garantir, independentemente de boletins médicos, que o astral dele está muito bom e que não vê a hora de voltar à lida política.
Me perguntou o que achei e contou que ficou contente com o encontro que teve na véspera com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Eles são adversários políticos, mas nunca deixaram de ser amigos, ainda mais nestas horas.
Lula ainda precisa de alguns dias para recuperar a força e a voz que perdeu por causa do tratamento de radioterapia, mas agora falta pouco, e ele não vê a hora de entrar com tudo nas campanhas do PT, principalmente na de São Paulo, que virou seu grande desafio.
O amigo ex-presidente sempre viveu de desafios, de remar contra a maré, contrariar o senso comum, mirar o impossível. Falar com ele faz bem para o coração e a alma, ainda mais num dia em que mais uma vez Lula sai vencedor de uma dura batalha.
Fiquei na dúvida se deveria escrever aqui no Balaio sobre essa nossa conversa, mas não queria deixar de dividir com todos os leitores a alegria que sinto por ter falado agora há pouco com esta grande figura num dia tão importante na vida dele e, com certeza, na de todos nós, brasileiros, que acreditamos no Brasil.
Valeu, amigo Lula, bola pra frente, vida que segue.
quarta-feira, 28 de março de 2012
POLÍTICA - Quem armou para tirar Zé Dirceu do governo Lula?
Do Blog do Rovai
A história política é repleta de senões e detalhes é preciso ficar atento a eles. Há uma cena que sempre me vem à mente quando o caso do mensalão volta à tona. Ao fim da entrevista do presidente Lula com os “blogueiros sujos” foi sugerida uma foto oficial. Antes de fazê-la, senti Lula pegando-me pelo braço e ao mesmo tempo dizendo: “Deixa eu dizer uma coisa, deixa eu dizer uma coisa…”, o que fez com que os “sujos” se reunissem em torno dele. Sem que ninguém tivesse tocado no assunto, disparou. “Uma coisa que quero combinar com vocês é que depois que eu desencarnar vou contar tudo o que sei dessa história do mensalão. Sabem por quê? Porque o Zé Dirceu pode ter muitos defeitos, mas o que fizeram com ele nessa história foi um absurdo… Depois de desencarnar, quero dar uma entrevista para vocês para falar disso, combinado?”
Hoje depois de ler algumas matérias relacionando o caso Demóstenes e Cachoeira ao episódio do mensalão, recordei-me de uma reportagem publicada no Jornal Nacional em março de 2004, mais precisamente no dia 30 de março.
Ela trazia o conteúdo de um grampo que envolvia Carlinhos Cachoeira e o subprocurador da República, José Roberto Santoro. Aliás, o mesmo subprocurador do famoso Caso Lunus, que atropelou a candidatura de Roseana Sarney.
Não estou aqui a fazer insinuações nem ilações. Mas nesse grampo da época Santoro diz textualmente como o leitor poderá ver mais abaixo, que:
“Ele (Cláudio Fontelles, procurador à época) vai chegar aqui e vai dizer o sacana do Santoro resolveu acabar com o governo do PT, e pra isso arrumou um jornalista (Mino Pedrosa, da Veja), juntaram-se com um bicheiro, e resolveram na calada da noite tomar depoimento. Não foi nem durante o dia, foi às 3h da manhã. (…) Ele vai vir aqui, e vai ver, tomando um depoimento pra, desculpe a expressão, pra ferrar o chefe da Casa Civil da Presidência da República, o homem mais poderoso do governo, ou seja, pra derrubar o governo Lula.”
Foi a partir desse episódio de Waldomiro Diniz que José Dirceu começou a cair.
Mais à frente, outro grampo, neste caso de Maurício Marinho, diretor dos Correios, publicado pela Revista Veja, detonou o escândalo do Mensalão. Roberto Jefferson, então presidente do partido de Marinho, o PTB, resolveu sair atirando e afirmando que o esquema tinha relação com uma mesada para deputados federais.
E escolheu José Dirceu como alvo.
A revelação de que Demóstenes era quase como um “sócio” de Cachoeira e de que o caso está na gaveta do procurador Roberto Gurgel desde 2009 são elementos suficientes para que essa história do mensalão comece a ser relida a partir de outros ângulos. Um deles:
“Quem armou para arrancar Zé Dirceu do governo Lula?”
Segue a degravação do JN do dia 20 de março, que revela depoimento de Cachoeira ao subprocurador da República José Roberto Santoro, antes de o caso se tornar um escândalo. Ao ler essa degravação a luz dos novos acontecimentos o leitor talvez imagine o tamanho da pulga que está atrás da orelha deste blogueiro sujo.
APRESENTADORA FÁTIMA BERNARDES : Surge uma nova fita do caso Waldomiro Diniz. Ela registra um depoimento extra-oficial que o dono de casas de jogos, Carlos Cachoeira, prestou ao subprocurador da República, José Roberto Santoro, antes de o escândalo vir a público pela revista Época.
APRESENTADOR WILLIAM BONNER : O objetivo do subprocurador era obter oficialmente, de Cachoeira, a fita em que Waldomiro pede dinheiro a ele. O depoimento teria durado quatro horas, mas somente 28 minutos foram gravados.
APRESENTADORA FÁTIMA BERNARDES : O Jornal Nacional obteve a fita, sábado passado, de um intermediário que se disse a mando de Carlos Cachoeira. Ao investigarmos o intermediário, constatamos que ele, de fato, tinha relações próximas com Cachoeira. A fita foi levada à perícia, que atestou que ela não apresentava montagem.
APRESENTADOR WILLIAM BONNER : Ontem, a Procuradoria da República, ao oferecer denúncia no caso do contrato da G-Tech com a Caixa, pediu o perdão judicial para Carlos Cachoeira, com a alegação de que ele estaria colaborando com a Justiça. Hoje, quando o Jornal Nacional finalmente conseguiu falar com Cachoeira, ele negou ser o autor da gravação, como o intermediário tinha dito. E disse nada saber sobre ela. O intermediário não soube explicar a atitude de Cachoeira.
APRESENTADORA FÁTIMA BERNARDES : Como a fita foi aprovada pela perícia, o Jornal Nacional decidiu divulgá-la. Procedendo assim, considera que está contribuindo para a elucidação de todos os aspectos que o escândalo tem. A fita teria sido gravada, segundo o intermediário, na noite do dia 12 de fevereiro. O procurador Santoro admite que os diálogos existiram, mas disse que o depoimento ocorreu no dia 8 de fevereiro. Dele, participaram, além de Santoro e Cachoeira, o procurador Marcelo Serra Azul, um delegado da Polícia Federal, Jácomo Santoro, um advogado de Cachoeira e a mulher dele.
APRESENTADOR WILLIAM BONNER : Na fita, o procurador Santoro se mostra preocupado com o adiantado da hora. Eram 3h da manhã. Diz a Cachoeira que seu superior hierárquico, o procurador Cláudio Fontelles, costuma chegar cedo ao trabalho. Que se o encontrasse ali, poderia estranhar a reunião e veria um subprocurador geral da República empenhado em derrubar o governo do PT.
REPÓRTER : A fita foi examinada pelo perito Ricardo Molina. No laudo, ele certifica que a gravação não apresenta indícios de montagem. O subprocurador José Roberto Santoro ouviu o depoimento de Cachoeira e pediu que ele entregasse a fita de vídeo em que o ex-assessor do Palácio do Planalto, Waldomiro Diniz, aparece pedindo propina, porque, segundo ele, seria uma prova lícita.
GRAVAÇÃO:
SANTORO : Faz o seguinte: entrega a fita, não depõe, diz que vai depor mais tarde pra ver o que que aconteceu, porque aí você acautela que você colaborou com a Justiça, entregou a fita, acautelou prova lícita o cacete a quatro. Então. E aí vem o cafofo
REPÓRTER : A fita de vídeo, a que se referia o subprocurador, foi gravada por Cachoeira em 2002.
GRAVAÇÃO:
Um por cento.
No total?
REPÓRTER : O subprocurador já tinha uma cópia dessa gravação, que segundo ele havia sido entregue pelo senador Antero Paes de Barros, do PSDB de Mato Grosso, mas queria uma cópia do próprio Cachoeira. Ele, porém, durante horas recusou-se a entregar espontaneamente a gravação. Como alternativa, Cachoeira propôs que a Polícia Federal fizesse uma busca para apreender a fita.
GRAVAÇÃO:
CACHOEIRA: Eu entrego o endereço, entrego tudo… Combino o local.
SANTORO: Você sabe o que vai acontecer com essa fita?
CACHOEIRA: Ham?
SANTORO: A busca e apreensão vai ser feita pela Polícia Federal, a Polícia Federal vai lá bater. É isso? A primeira coisa que vai ser, vai ser periciada e a primeira pessoa que vai ter acesso a essa fita é o Lacerda, o segundo é o ministro da Justiça e o terceiro é o Zé Dirceu. E o quarto o presidente.
CACHOEIRA: Ah, é desse jeito?
REPÓRTER : Em vários trechos da fita, Santoro procura encerrar logo a conversa. Diz que quer evitar o encontro com o procurador geral da República, superior dele. No diálogo, Santoro diz que o procurador poderia ver motivações políticas na investigação realizada naquelas condições.
GRAVAÇÃO:
SANTORO: Daqui a pouco o Procurador Geral vai dizer assim, porra, você tá perseguindo o governo que me nomeou Procurador Geral, Santoro, que sacanagem é essa? Você tá querendo ferrar o assessor do Zé Dirceu, o que que você tem a ver com isso aí eu vou dizer: não, eu não tenho nada, tô ajudando, porra, ajudando como, você é um subprocurador Geral, você não tem que ficar na madrugada na Procuradoria tomando depoimento dos outros.
CACHOEIRA: É claro.
SANTORO: Ele vai chegar aqui e vai dizer o sacana do Santoro resolveu acabar com o governo do PT, e pra isso arrumou um jornalista, juntaram-se com um bicheiro, e resolveram na calada da noite tomar depoimento. Não foi nem durante o dia, foi às 3h da manhã.
REPÓRTER :O jornalista a que se refere Santoro é Mino Pedrosa, dono de uma empresa de comunicação e que foi assessor de Cachoeira. Num diálogo, fica claro que Pedrosa foi uma das duas pessoas que tiveram acesso à fita com a conversa entre Waldomiro e Cachoeira. Em outro trecho, Santoro volta a mostrar preocupação com o tempo.
GRAVAÇÃO:
SANTORO: Daqui a pouco o Procurador Geral chega, que ele chega 6h da manhã. Ele vai ver o carro, ele vai vir aqui na minha sala. Ele vai vir aqui, e vai ver, tomando um depoimento pra, desculpe a expressão, pra ferrar o chefe da Casa Civil da Presidência da República, o homem mais poderoso do governo, ou seja, pra derrubar o governo Lula. A primeira coisa que ele vai dizer é o seguinte,o Santoro é meu inimigo, porque ele podia, como meu amigo, ter ligado pra mim e ter dito assim, olha, vai dar porcaria pro Zé Dirceu”. E eu não fiz isso. Não vou fazer mais, por quê? Porque chega. (ouviram?)
REPÓRTER : E adiante, mais uma vez, revela preocupação com a possibilidade da chegada do procurador geral, Claudio Fonteles.
GRAVAÇÃO:
SANTORO: Ó, estourou o meu limite, daqui a pouco o Cláudio chega, chega às 6h da manhã, vai ver teu carro na garagem, vai ser o que tem e vai ver um subprocurador geral empenhado em derrubar o governo do PT , você vê,3h da manhã, bicho…
REPÓRTER : O subprocurador José Roberto Santoro reconheceu que a conversa existiu, mas disse que a gravação é só de uma parte do diálogo, e que esse trecho está fora de contexto. José Roberto Santoro, o depoimento foi marcado à noite porque esse foi o horário escolhido por Carlinhos Cachoeira. Os outros depoimentos dados por ele também foram à noite. Sobre os trechos em que fala das conseqüências políticas e da possível reação do procurador-geral, Santoro disse que isso foi uma forma de pressionar Cachoeira, já que era tarde e ele se recusava a entregar a fita ou dar um depoimento consistente.
O subprocurador disse que insistiu para receber a fita de Cachoeira, porque a Justiça poderia ter dúvidas sobre a validade da cópia entregue pelo senador Antero Paes de Barros.
APRESENTADORA FÁTIMA BERNARDES :O procurador geral da República, Cláudio Fontelles, disse que não iria se manifestar porque, pela Constituição, todos os integrantes do Ministério Público têm autonomia e independência funcional. O jornalista Mino Pedrosa disse que teve acesso à fita, mas que devolveu a Cachoeira sem ter feito cópia ou ter entregue a gravação a outra pessoa.
APRESENTADOR WILLIAM BONNER : A revista Época, editada pela Editora Globo, informou que obteve a fita do senador Antero de Barros no dia 4 de fevereiro e que imediatamente mandou fazer uma perícia nela. Constatada a ausência de fraude, a revista ouviu os envolvidos. E obteve, em entrevista, a confissão de Waldomiro Diniz de que, de fato, tinha pedido dinheiro a Carlos Cachoeira para campanhas eleitorais e propina para um amigo. Diante disso, a revista Época publicou a reportagem que revelou ao Brasil o escândalo Waldomiro – como agora o caso é chamado – e cumpriu seu dever com os leitores e com o país, sua única motivação.
APRESENTADORA FÁTIMA BERNARDES : A direção da Caixa Econômica Federal entrou com representação no Ministério Público Federal, questionando o trabalho feito pelo procurador Marcelo Serra Azul no inquérito que investigou a renovação de contrato entre a Caixa e a GTech, empresa americana que opera o sistema de loterias no Brasil. O inquérito denunciou o presidente da Caixa, Jorge Mattoso, por gestão fraudulenta e corrupção na negociação de renovação do contrato. Jorge Mattoso negou que vá se afastar do cargo ou demitir funcionários também denunciados pelo promotor.
A história política é repleta de senões e detalhes é preciso ficar atento a eles. Há uma cena que sempre me vem à mente quando o caso do mensalão volta à tona. Ao fim da entrevista do presidente Lula com os “blogueiros sujos” foi sugerida uma foto oficial. Antes de fazê-la, senti Lula pegando-me pelo braço e ao mesmo tempo dizendo: “Deixa eu dizer uma coisa, deixa eu dizer uma coisa…”, o que fez com que os “sujos” se reunissem em torno dele. Sem que ninguém tivesse tocado no assunto, disparou. “Uma coisa que quero combinar com vocês é que depois que eu desencarnar vou contar tudo o que sei dessa história do mensalão. Sabem por quê? Porque o Zé Dirceu pode ter muitos defeitos, mas o que fizeram com ele nessa história foi um absurdo… Depois de desencarnar, quero dar uma entrevista para vocês para falar disso, combinado?”
Hoje depois de ler algumas matérias relacionando o caso Demóstenes e Cachoeira ao episódio do mensalão, recordei-me de uma reportagem publicada no Jornal Nacional em março de 2004, mais precisamente no dia 30 de março.
Ela trazia o conteúdo de um grampo que envolvia Carlinhos Cachoeira e o subprocurador da República, José Roberto Santoro. Aliás, o mesmo subprocurador do famoso Caso Lunus, que atropelou a candidatura de Roseana Sarney.
Não estou aqui a fazer insinuações nem ilações. Mas nesse grampo da época Santoro diz textualmente como o leitor poderá ver mais abaixo, que:
“Ele (Cláudio Fontelles, procurador à época) vai chegar aqui e vai dizer o sacana do Santoro resolveu acabar com o governo do PT, e pra isso arrumou um jornalista (Mino Pedrosa, da Veja), juntaram-se com um bicheiro, e resolveram na calada da noite tomar depoimento. Não foi nem durante o dia, foi às 3h da manhã. (…) Ele vai vir aqui, e vai ver, tomando um depoimento pra, desculpe a expressão, pra ferrar o chefe da Casa Civil da Presidência da República, o homem mais poderoso do governo, ou seja, pra derrubar o governo Lula.”
Foi a partir desse episódio de Waldomiro Diniz que José Dirceu começou a cair.
Mais à frente, outro grampo, neste caso de Maurício Marinho, diretor dos Correios, publicado pela Revista Veja, detonou o escândalo do Mensalão. Roberto Jefferson, então presidente do partido de Marinho, o PTB, resolveu sair atirando e afirmando que o esquema tinha relação com uma mesada para deputados federais.
E escolheu José Dirceu como alvo.
A revelação de que Demóstenes era quase como um “sócio” de Cachoeira e de que o caso está na gaveta do procurador Roberto Gurgel desde 2009 são elementos suficientes para que essa história do mensalão comece a ser relida a partir de outros ângulos. Um deles:
“Quem armou para arrancar Zé Dirceu do governo Lula?”
Segue a degravação do JN do dia 20 de março, que revela depoimento de Cachoeira ao subprocurador da República José Roberto Santoro, antes de o caso se tornar um escândalo. Ao ler essa degravação a luz dos novos acontecimentos o leitor talvez imagine o tamanho da pulga que está atrás da orelha deste blogueiro sujo.
APRESENTADORA FÁTIMA BERNARDES : Surge uma nova fita do caso Waldomiro Diniz. Ela registra um depoimento extra-oficial que o dono de casas de jogos, Carlos Cachoeira, prestou ao subprocurador da República, José Roberto Santoro, antes de o escândalo vir a público pela revista Época.
APRESENTADOR WILLIAM BONNER : O objetivo do subprocurador era obter oficialmente, de Cachoeira, a fita em que Waldomiro pede dinheiro a ele. O depoimento teria durado quatro horas, mas somente 28 minutos foram gravados.
APRESENTADORA FÁTIMA BERNARDES : O Jornal Nacional obteve a fita, sábado passado, de um intermediário que se disse a mando de Carlos Cachoeira. Ao investigarmos o intermediário, constatamos que ele, de fato, tinha relações próximas com Cachoeira. A fita foi levada à perícia, que atestou que ela não apresentava montagem.
APRESENTADOR WILLIAM BONNER : Ontem, a Procuradoria da República, ao oferecer denúncia no caso do contrato da G-Tech com a Caixa, pediu o perdão judicial para Carlos Cachoeira, com a alegação de que ele estaria colaborando com a Justiça. Hoje, quando o Jornal Nacional finalmente conseguiu falar com Cachoeira, ele negou ser o autor da gravação, como o intermediário tinha dito. E disse nada saber sobre ela. O intermediário não soube explicar a atitude de Cachoeira.
APRESENTADORA FÁTIMA BERNARDES : Como a fita foi aprovada pela perícia, o Jornal Nacional decidiu divulgá-la. Procedendo assim, considera que está contribuindo para a elucidação de todos os aspectos que o escândalo tem. A fita teria sido gravada, segundo o intermediário, na noite do dia 12 de fevereiro. O procurador Santoro admite que os diálogos existiram, mas disse que o depoimento ocorreu no dia 8 de fevereiro. Dele, participaram, além de Santoro e Cachoeira, o procurador Marcelo Serra Azul, um delegado da Polícia Federal, Jácomo Santoro, um advogado de Cachoeira e a mulher dele.
APRESENTADOR WILLIAM BONNER : Na fita, o procurador Santoro se mostra preocupado com o adiantado da hora. Eram 3h da manhã. Diz a Cachoeira que seu superior hierárquico, o procurador Cláudio Fontelles, costuma chegar cedo ao trabalho. Que se o encontrasse ali, poderia estranhar a reunião e veria um subprocurador geral da República empenhado em derrubar o governo do PT.
REPÓRTER : A fita foi examinada pelo perito Ricardo Molina. No laudo, ele certifica que a gravação não apresenta indícios de montagem. O subprocurador José Roberto Santoro ouviu o depoimento de Cachoeira e pediu que ele entregasse a fita de vídeo em que o ex-assessor do Palácio do Planalto, Waldomiro Diniz, aparece pedindo propina, porque, segundo ele, seria uma prova lícita.
GRAVAÇÃO:
SANTORO : Faz o seguinte: entrega a fita, não depõe, diz que vai depor mais tarde pra ver o que que aconteceu, porque aí você acautela que você colaborou com a Justiça, entregou a fita, acautelou prova lícita o cacete a quatro. Então. E aí vem o cafofo
REPÓRTER : A fita de vídeo, a que se referia o subprocurador, foi gravada por Cachoeira em 2002.
GRAVAÇÃO:
Um por cento.
No total?
REPÓRTER : O subprocurador já tinha uma cópia dessa gravação, que segundo ele havia sido entregue pelo senador Antero Paes de Barros, do PSDB de Mato Grosso, mas queria uma cópia do próprio Cachoeira. Ele, porém, durante horas recusou-se a entregar espontaneamente a gravação. Como alternativa, Cachoeira propôs que a Polícia Federal fizesse uma busca para apreender a fita.
GRAVAÇÃO:
CACHOEIRA: Eu entrego o endereço, entrego tudo… Combino o local.
SANTORO: Você sabe o que vai acontecer com essa fita?
CACHOEIRA: Ham?
SANTORO: A busca e apreensão vai ser feita pela Polícia Federal, a Polícia Federal vai lá bater. É isso? A primeira coisa que vai ser, vai ser periciada e a primeira pessoa que vai ter acesso a essa fita é o Lacerda, o segundo é o ministro da Justiça e o terceiro é o Zé Dirceu. E o quarto o presidente.
CACHOEIRA: Ah, é desse jeito?
REPÓRTER : Em vários trechos da fita, Santoro procura encerrar logo a conversa. Diz que quer evitar o encontro com o procurador geral da República, superior dele. No diálogo, Santoro diz que o procurador poderia ver motivações políticas na investigação realizada naquelas condições.
GRAVAÇÃO:
SANTORO: Daqui a pouco o Procurador Geral vai dizer assim, porra, você tá perseguindo o governo que me nomeou Procurador Geral, Santoro, que sacanagem é essa? Você tá querendo ferrar o assessor do Zé Dirceu, o que que você tem a ver com isso aí eu vou dizer: não, eu não tenho nada, tô ajudando, porra, ajudando como, você é um subprocurador Geral, você não tem que ficar na madrugada na Procuradoria tomando depoimento dos outros.
CACHOEIRA: É claro.
SANTORO: Ele vai chegar aqui e vai dizer o sacana do Santoro resolveu acabar com o governo do PT, e pra isso arrumou um jornalista, juntaram-se com um bicheiro, e resolveram na calada da noite tomar depoimento. Não foi nem durante o dia, foi às 3h da manhã.
REPÓRTER :O jornalista a que se refere Santoro é Mino Pedrosa, dono de uma empresa de comunicação e que foi assessor de Cachoeira. Num diálogo, fica claro que Pedrosa foi uma das duas pessoas que tiveram acesso à fita com a conversa entre Waldomiro e Cachoeira. Em outro trecho, Santoro volta a mostrar preocupação com o tempo.
GRAVAÇÃO:
SANTORO: Daqui a pouco o Procurador Geral chega, que ele chega 6h da manhã. Ele vai ver o carro, ele vai vir aqui na minha sala. Ele vai vir aqui, e vai ver, tomando um depoimento pra, desculpe a expressão, pra ferrar o chefe da Casa Civil da Presidência da República, o homem mais poderoso do governo, ou seja, pra derrubar o governo Lula. A primeira coisa que ele vai dizer é o seguinte,o Santoro é meu inimigo, porque ele podia, como meu amigo, ter ligado pra mim e ter dito assim, olha, vai dar porcaria pro Zé Dirceu”. E eu não fiz isso. Não vou fazer mais, por quê? Porque chega. (ouviram?)
REPÓRTER : E adiante, mais uma vez, revela preocupação com a possibilidade da chegada do procurador geral, Claudio Fonteles.
GRAVAÇÃO:
SANTORO: Ó, estourou o meu limite, daqui a pouco o Cláudio chega, chega às 6h da manhã, vai ver teu carro na garagem, vai ser o que tem e vai ver um subprocurador geral empenhado em derrubar o governo do PT , você vê,3h da manhã, bicho…
REPÓRTER : O subprocurador José Roberto Santoro reconheceu que a conversa existiu, mas disse que a gravação é só de uma parte do diálogo, e que esse trecho está fora de contexto. José Roberto Santoro, o depoimento foi marcado à noite porque esse foi o horário escolhido por Carlinhos Cachoeira. Os outros depoimentos dados por ele também foram à noite. Sobre os trechos em que fala das conseqüências políticas e da possível reação do procurador-geral, Santoro disse que isso foi uma forma de pressionar Cachoeira, já que era tarde e ele se recusava a entregar a fita ou dar um depoimento consistente.
O subprocurador disse que insistiu para receber a fita de Cachoeira, porque a Justiça poderia ter dúvidas sobre a validade da cópia entregue pelo senador Antero Paes de Barros.
APRESENTADORA FÁTIMA BERNARDES :O procurador geral da República, Cláudio Fontelles, disse que não iria se manifestar porque, pela Constituição, todos os integrantes do Ministério Público têm autonomia e independência funcional. O jornalista Mino Pedrosa disse que teve acesso à fita, mas que devolveu a Cachoeira sem ter feito cópia ou ter entregue a gravação a outra pessoa.
APRESENTADOR WILLIAM BONNER : A revista Época, editada pela Editora Globo, informou que obteve a fita do senador Antero de Barros no dia 4 de fevereiro e que imediatamente mandou fazer uma perícia nela. Constatada a ausência de fraude, a revista ouviu os envolvidos. E obteve, em entrevista, a confissão de Waldomiro Diniz de que, de fato, tinha pedido dinheiro a Carlos Cachoeira para campanhas eleitorais e propina para um amigo. Diante disso, a revista Época publicou a reportagem que revelou ao Brasil o escândalo Waldomiro – como agora o caso é chamado – e cumpriu seu dever com os leitores e com o país, sua única motivação.
APRESENTADORA FÁTIMA BERNARDES : A direção da Caixa Econômica Federal entrou com representação no Ministério Público Federal, questionando o trabalho feito pelo procurador Marcelo Serra Azul no inquérito que investigou a renovação de contrato entre a Caixa e a GTech, empresa americana que opera o sistema de loterias no Brasil. O inquérito denunciou o presidente da Caixa, Jorge Mattoso, por gestão fraudulenta e corrupção na negociação de renovação do contrato. Jorge Mattoso negou que vá se afastar do cargo ou demitir funcionários também denunciados pelo promotor.
MEIO AMBIENTE - Código florestal: um retrocesso à vista.
O texto final do relatório do Código Florestal, conforme informações do Valor Econômico, está muito longe do que passou no Senado, aprovado por acordo. O relator, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), teria feito nada menos do que 29 mudanças no projeto. Ele, agora, volta a ser votado na Câmara. E o governo batalha para que no reexame nesta Casa, seja aprovado o texto dos senadores.
Dentre as 29 modificações de Piau, a que mais desagrada os ambientalistas é a que delega aos Estados a responsabilidade na decisão sobre a mata ciliar nas margens de rios com largura superior a 10 metros. Não será fácil às autoridades locais fazer frente a ruralistas e a devastadores que não querem os limites de reposição estabelecidos pelo texto aprovado no Senado. Este segmento não quer - nem ao menos - repor minimamente o que devastou.
É nesse contexto que o Código Florestal corre o risco de voltar à versão inicial da Câmara, bem ao gosto dos ruralistas. Já o disse antes e o repito agora: o que chama a atenção é o silêncio da mídia. Pior, é o silêncio dos ambientalistas e verdes. Esses últimos deixaram o governo só na defesa do projeto aprovado no Senado. O texto desta Casa é o possível na correlação de forças existente hoje.
Haja vista como o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD) tirou o corpo quando a presidenta Dilma Rousseff lhe pediu o apoio dos 47 deputados do PSD na Câmara. Kassab argumentou não ter controle sobre sua bancada. Temo que mais de 350 deputados votem a favor dessas mudanças propostas pelo relator. Estamos diante de um possível retrocesso e tanto.
Fonte: Blog do Zé Dirceu.
Dentre as 29 modificações de Piau, a que mais desagrada os ambientalistas é a que delega aos Estados a responsabilidade na decisão sobre a mata ciliar nas margens de rios com largura superior a 10 metros. Não será fácil às autoridades locais fazer frente a ruralistas e a devastadores que não querem os limites de reposição estabelecidos pelo texto aprovado no Senado. Este segmento não quer - nem ao menos - repor minimamente o que devastou.
É nesse contexto que o Código Florestal corre o risco de voltar à versão inicial da Câmara, bem ao gosto dos ruralistas. Já o disse antes e o repito agora: o que chama a atenção é o silêncio da mídia. Pior, é o silêncio dos ambientalistas e verdes. Esses últimos deixaram o governo só na defesa do projeto aprovado no Senado. O texto desta Casa é o possível na correlação de forças existente hoje.
Haja vista como o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD) tirou o corpo quando a presidenta Dilma Rousseff lhe pediu o apoio dos 47 deputados do PSD na Câmara. Kassab argumentou não ter controle sobre sua bancada. Temo que mais de 350 deputados votem a favor dessas mudanças propostas pelo relator. Estamos diante de um possível retrocesso e tanto.
Fonte: Blog do Zé Dirceu.
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