E se por algum acaso Aécio Neves desistir de se candidatar à Presidência da República e preferir voltar para o aconchego do governo de Minas, o que é mais garantido para ele, quem o PSDB teria para colocar em seu lugar? Serra de novo? Alckmin de novo? Quem? Marconi Perillo?
E se por outro acaso Geraldo Alckmin não quiser ou não puder ser candidato à reeleição ao governo de São Paulo, quem o PSDB teria para prolongar seu poder no maior Estado do país, que já vai completar 20 anos? Serra de novo? Alberto Goldman? O neto do Mário Covas?
Será que algum líder tucano já pensou nisso nas intermináveis refregas internas que agora envolvem até a disputa de diretórios municipais?
Candidato a todos os cargos disputados pelo partido nos últimos dez anos, José Serra não deixou espaço para a criação de novas lideranças e não legou herdeiros políticos.
A maior prova disso é a volta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso às lides partidárias cotidianas, das quais ele queria distância e vice-versa. Dez anos depois de deixar o poder, FHC continua sendo o único líder de expressão nacional no partido, tanto que escolheu o mineiro Aécio Neves desta vez para ser o candidato tucano a presidente da República, quebrando a longa hegemonia do PSDB paulista _ e ninguém chiou.
Serra pode até não ter gostado, mas não tem muita saída, a não ser buscar abrigo nos braços de Roberto Freire e da Mobilização Democrática que inventou para fazer a campanha de Eduardo Campos, de braços dados com Jarbas Vasconcelos e tentando atrair Ronaldo Caiado, o fundador da UDR, um dos poucos sobreviventes do DEM para montar um palanque em Goiás.
Campos seria a grande novidade desta eleição para quem já está cansado da eterna disputa pelo poder central entre PT e PSDB, que já vai completar também 20 anos, mas com estas companhias o governador pernambucano não chega propriamente a representar uma esperança de renovação.
É tão grave o quadro para o PSDB em São Paulo, berço do partido que nasceu quando rompeu com o PMDB de Orestes Quércia, que no último Datafolha apenas 8% dos paulistas apoiam atualmente os tucanos. Para se ter uma ideia das dificuldades políticas para montar o palanque de 2014, basta dizer que o vice-governador Guilherme Afif, do antigo DEM e um dos criadores do PSD de Gilberto Kassab, deve ser oficializado nesta segunda-feira como novo ministro do governo Dilma.
Se até o PPS de Freire, eterna força auxiliar, já abandonou o barco tucano, e o DEM está sumindo do mapa, quem sobrará para as alianças nacionais de Aécio e as estaduais de Alckmin?
Sabemos todos que em política o que mais conta nesta hora, além do tempo de TV e da grana do Fundo Partidário, é a expectativa de poder.
Pelo artigo que escreveu hoje no "Estadão", nem o ex-presidente FHC parece alimentar muitas esperanças de uma mudança neste quadro. "Se os ganhos sociais produzidos pela estabilização forem erodidos pela inflação (ainda estamos distantes disso) o panorama pode mudar".
Poder mudar sempre pode, claro, mas FHC não está botando muita fé de que só o discurso contra a inflação, sem dizer o que faria se estivesse no governo, será suficiente para o PSDB entrar no jogo em condições de chegar pelo menos ao segundo turno.
Sem novos lideres, o partido também viu envelhecer e sumir a sua militância, e tudo isso junto não anima possíveis doadores de campanha que não costumam rasgar dinheiro com candidatos pouco competitivos.
Tanto no plano federal como no estadual, o PSDB vive hoje o momento mais difícil desde a sua fundação. Aos 81 anos, viajando pelo mundo para fazer palestras, FHC já não parece disposto a carregar esta cruz sozinho. Nem seria justo esperar isto do ex-presidente. E quem virá depois dele para tocar o adernado barco tucano?
Se os caros leitores tiverem alguma boa sugestão de tucanos para assumirem esta tarefa, por favor escrevam para o Balaio.
Blog do Ricardo Kotscho.
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