sábado, 31 de agosto de 2013

PLANTÃO MÉDICO - Obrigado, turma do jaleco branco.


Plantão médico

Ninguém fez tanto por Dilma e por Padilha nos últimos meses como a turma do jaleco branco 

Leonardo Attuch, Brasil 247

Dilma Rousseff e Alexandre Padilha ganharam pulmões novos. Parecem prontos para uma maratona política depois de quase caírem na UTI. Dilma viveu seu inferno astral com as manifestações de junho. Padilha havia começado mal sua corrida para o governo de São Paulo, com os tropeços iniciais do programa Mais Médicos – especialmente a ampliação em dois anos dos cursos de medicina, sem diálogo com as instituições de ensino.

O que não estava no script era a ajuda que os dois receberiam exatamente daqueles que hoje fazem a maior oposição ao programa que pretende levar atendimento médico aos rincões do País. Nos últimos meses, ninguém fez tanto por Dilma e Padilha como a turma do jaleco branco. A reação selvagem à vinda de doutores estrangeiros, que atingiu seu ponto máximo no corredor polonês armado em Fortaleza contra médicos cubanos, agredidos e chamados de “escravos” numa manifestação que cobriu o Brasil de vergonha, mostrando ao País o que tem de pior, também revelou à população que Dilma e Padilha estão lutando o bom combate. Enfrentam uma reação corporativa, xenófoba e racista, mas estão do lado certo.

No Palácio do Planalto, sondagens internas já mostram uma nítida recuperação da popularidade de Dilma. E o fator qualitativo número 1, nessas mesmas pesquisas, é a coragem para enfrentar a classe médica – ou, na visão dos mais radicais, a “máfia de branco”. Coragem, aliás, foi uma palavra usada até na biografia de Dilma, e que ajudou a pautar sua ação na fase inicial do governo, com episódios como a “faxina” ministerial, a queda dos juros e a redução das tarifas de energia, mas que parecia esquecida nos últimos meses. Agora, com o Mais Médicos, voltou ao dicionário presidencial.

Em relação a Padilha, o sucesso do programa fará com que, pela primeira vez, desde o tucano José Serra, um ministro da Saúde tenha uma marca para mostrar à população. No imaginário, Serra foi o ministro que enfrentou os laboratórios farmacêuticos com os genéricos e a quebra de patentes da Aids. Padilha poderá dizer que foi aquele que levou atendimento médico a quem não tinha, inclusive em São Paulo, nas periferias e nas cidades mais remotas. Nas mãos de João Santana, é um material e tanto, para ninguém botar defeito.”

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

ECONOMIA - A incrível pirâmide da desigualdade global.

Milionários são apenas 0,6% da população, mas abocanham doze vezes mais riqueza que 69,3% dos habitantes da Terra. Concentração e consumismo podem tornar civilização insustentável

José Eustáquio Diniz Alves

130626-PirâmideGlobal
O relatório sobre a riqueza global, em 2012, do banco Credit Suisse (The Credit Suisse Global Wealth Report 2012) traz um quadro bastante amplo e esclarecedor da distribuição da riqueza (patrimônio) das pessoas adultas do mundo. A riqueza global foi estimada em US$ 223 trilhões em 2012 (meados do ano). Como havia 4,59 bilhões de pessoas adultas no mundo, a riqueza per capita por adulto foi de US$ 49 mil.
Mas, evidentemente, existe uma distribuição desigual desta riqueza. Na base da pirâmide estão as pessoas com a riqueza menor do que 10 mil dólares. Nesta imensa base havia 3,184 bilhões de adultos, em 2012, o que representava 69,3% do total de pessoas na maioridade no mundo. O montante de toda a “riqueza” deste enorme contingente foi de US$ 7,3 trilhões, o que representava somente 3,3% da riqueza global de US$ 223 trilhões. Ou seja, pouco mais de dois terços (2/3) dos adultos do mundo possuíam somente 3,3% do patrimônio global da riqueza. A riqueza per capita deste grupo foi de US$ 2.293.
No grupo de riqueza entre US$ 10 mil e US$ 100 mil, havia 1,035 bilhão de adultos, o que representava 22,5% do total de pessoas adultas no mundo. O montante de toda a riqueza deste contingente intermediário foi de US$ 32,1 trilhões, o que representava 14,4% da riqueza global. Ou seja, pouco menos de um quarto (1/4) dos adultos do mundo possuíam 14,4% do patrimônio global da riqueza. A riqueza per capita deste grupo foi de US$ 31 mil.
No grupo de riqueza entre cem mil e 1 milhão de dólares, havia 344 milhões de adultos, o que representava 7,5% do total de pessoas na maioridade no mundo. O montante de toda a riqueza deste contingente intermediário foi de US$ 95,9 trilhões, o que representava 43,1% da riqueza global. Ou seja, pouco menos de um décimo (1/10) dos adultos do mundo possuíam 43,1% do patrimônio global da riqueza. A riqueza per capita deste grupo foi de US$ 279 mil.
Os milionários, aqueles com patrimônio acima de um milhão de dólares eram somente 29 milhões de adultos, representando 0,6% do total, no mundo. Todavia, este pequeno grupo de pessoas concentrava 39,3% da riqueza mundial, um montante de US$ 87,5 trilhões, o que representava 39,3% da riqueza global. A riqueza per capita deste grupo foi de US$ 3,017 milhões.
O que mais chama a atenção na distribuição da riqueza é que os 29 milhões de adultos do alto da pirâmide possuíam um patrimônio superior a 12 vezes o patrimônio da base de 3,2 bilhões de pessoas. Os dados também mostram que os contingentes intermediários estão crescendo e que a riqueza global aumentou no passado e tende a aumentar nas próximas décadas. Em 2000, na virada do milênio, a riqueza global era de US$ 113,4 trilhões, uma média de US$ 30,7 mil por adulto, em um total de 3,6 bilhões de pessoas na situação de maioridade.
Contudo, todo o montante atual de US$ 223 trilhões de riqueza para 4,6 bilhões de adultos, em 2012, está sustentado em bases frágeis, pois a riqueza do ser humano (em sua forma piramidal) está alicerçada sobre bases naturais degradas pelas atividades antrópicas. A pirâmide da riqueza humana tem crescido e se ampliado sobre uma base de pauperização dos ecossistemas. Não é improvável, que em algum momento, a pirâmide possa afundar por falta de sustentação ecológica ou possa implodir por falta de justiça redistributiva em sua arquitetura social.
Enquanto o capital natural tem sido depredado, a riqueza global (e o consumo) dos seres humanos cresceu cerca de 50% no século 21, passando de uma média per capita de US$ 30,7 mil no ano 2000, para US$ 43,8 mil em 2010 e para US$ 49 mil, em 2012. Todavia, as necessidades e os sonhos humanos são ilimitados e os de baixo da pirâmide aspiram o padrão de consumo daqueles do meio e do topo do status social. Mas é impossível haver um crescimento ilimitado da riqueza material em um planeta finito e a história mostra que, em vários momentos, pirâmides que pareciam sólidas se transformam em castelos de areia.
Não é sem surpresa que os indignados do mundo estão se unindo, se mobilizando e corroendo as estruturas piramidais das sociedades árabes, espanhola, europeia, dos Estados Unidos, etc. Também não é sem surpresa que a indignação tenha chegado ao Brasil, pois existe um mal-estar geral com o modelo de desenvolvimento econômico, com o funcionamento da democracia, com a imobilidade urbana e social e com a relação humanidade/natureza. Evidentemente, este mal-estar aparece de maneira difusa e sem alternativas claras de novos rumos.
Mas o que o mundo precisa não é manter o processo de ampliação da pirâmide da riqueza e do consumo e, sim, construir relações mais horizontais, simples e justas entre as pessoas e entre as pessoas e o meio ambiente.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionaise Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE.

SÍRIA - O Irã, é o alvo real.


O Irã, e não a Síria, é o alvo real do Ocidente

Robert Fisk 
O governo iraniano está cada vez mais envolvido com a Síria — e isso não é tolerado pelo Ocidente.
síria
Publicado originalmente no Common Dreams 
Antes que a guerra mais estúpida na história do mundo moderno comece — eu estou, naturalmente, me referindo ao ataque à Síria que nós teremos de engolir –, é preciso dizer que os mísseis de cruzeiro que vão varrer uma das cidades mais antigas da humanidade não têm absolutamente nada a ver com a Síria.
Eles têm como objetivo prejudicar o Irã . Eles têm a intenção de atacar a República Islâmica agora que ela tem um novo e vibrante presidente – ao contrário do maluco Mahmoud Ahmadinejad –, que pode ser um pouco mais estável.
O Irã é inimigo de Israel. O Irã é, portanto, naturalmente, o inimigo da América. Então, é preciso disparar os mísseis do Irã em seu único aliado árabe.
Não há nada agradável sobre o regime de Damasco. Nem estou dizendo, aqui, que o regime deva ser ignorado por ataques de gás em massa. Mas eu sou velho o suficiente para lembrar que quando o Iraque, então aliado dos Estados Unidos, usou gás contra os curdos de Hallabjah em 1988, não invadimos Bagdá. Na verdade, o ataque teria que esperar até 2003, quando Saddam não tinha mais gás ou qualquer uma das outras armas que causam pesadelo.
E eu também me lembro que a CIA acusou o Irã, em 1988, de ser responsável pelo gás em Hallabjah, uma mentira que servia para atacar o inimigo da América contra o qual Saddam estava lutando em nosso nome. E milhares – não centenas – morreram em Hallabjah. Mas vá lá: dias diferentes, padrões diferentes.
E vale a pena notar que, quando Israel matou mais de 17 mil homens, mulheres e crianças no Líbano em 1982, em uma invasão supostamente provocada pela tentativa de assassinato, pela OLP, do embaixador israelense em Londres — foi o companheiro de Saddam, Abu Nidal, que organizou a matança, não a OLP, mas isso não importa agora –, a América meramente chamou os dois lados para exercer a “moderação”. E quando, alguns meses antes daquela invasão, Hafez al- Assad — pai de Bashar — enviou seu irmão até Hama para eliminar milhares de rebeldes da Irmandade Muçulmana, ninguém murmurou uma palavra de condenação.
De qualquer forma, há uma Irmandade diferente estes dias — e Obama não pôde nem mesmo dizer “bu!” quando seu presidente eleito foi deposto.
Mas espere. O Iraque — quando era o “nosso” aliado contra o Irã –também não usou gás contra o exército iraniano? Sim. Milhares de soldados iranianos na guerra de 1980-1988 foram envenenados até a morte por esta arma vil.
Eu viajei de volta para Teerã durante a noite em um trem militar cheio de soldados e senti o cheiro do material, abrindo as janelas nos corredores para liberar o gás. Esses jovens tinham feridas sobre feridas — literalmente . Ferimentos horríveis, indescritíveis. No entanto, quando os soldados foram enviados para hospitais ocidentais para tratamento, os jornalistas — com provas da ONU infinitamente mais convincente do que as apresentadas em Damasco — os chamavam “supostas” vítimas de gás.
Então, o que, em nome de Deus, estamos fazendo? Depois de milhares de pessoas morrerem na incrível tragédia da Síria, por que só agora, depois de meses e anos de prevaricação, estamos ficando chateados com algumas centenas de mortes? Terrível. Inconcebível. Sim, isso é verdade. Mas deveríamos ter sido empurrados para esta guerra em 2011. E 2012. Por que agora?
Eu acho que sei a razão. Eu creio que o exército implacável de Bashar al-Assad pode estar ganhando dos rebeldes a quem secretamente damos armas. Com a ajuda do Hezbollah libanês — aliado do Irã no Líbano –, o regime de Damasco derrotou os rebeldes em Qusayr e pode estar no processo de derrotá-los ao norte de Homs. O Irã está cada vez mais envolvido na proteção do governo sírio. Assim, uma vitória de Bashar é uma vitória do Irã. E vitórias iranianas não podem ser toleradas pelo Ocidente.
E já que estamos no assunto da guerra, o que aconteceu com aquelas magníficas negociações palestino-israelenses de que John Kerry se gabava? Enquanto expressamos a nossa angústia nos horríveis ataques de gás na Síria, a Palestina continua a ser engolida. A política do Likud de Israel — de negociar a paz até que não sobre mais nenhuma Palestina — continua em ritmo acelerado, razão pela qual o pesadelo do rei Abdullah da Jordânia só aumenta: de que a “Palestina” seja na Jordânia, e não na Palestina.

MÍDIA - Novo Roda Viva ou Velha Veja?


Novo Roda Viva ou Velha Veja?

Paulo Nogueira 
A polêmica em torno do programa de entrevista da Cultura.
Roda Viva
Roda Viva
Não pertenço ao traço que prestigiou o primeiro Roda Viva com Augusto Nunes.
Não que eu tenha deixado de ver o programa por causa dele. Também não pertencia ao traço que via o Roda Viva com Mário Sérgio Conti, e nem com seus antecessores.
Para ser franco, as únicas vezes em que vi o Roda Viva foi quando participei,  na época em que o apresentador era um amigo, Jorge Escosteguy.
Eu era diretor da Exame, e Scot me convidava sempre que o convidado era da área de economia. Havia um cachê simbólico e um jantar gratuito depois do programa, e a logística era fácil para mim. Da Abril à Cultura eram cinco minutos de carro.
Três ou quatro vezes no programa e logo passei a ver aquilo como um peso, uma ocupação desagradável para uma noite de segunda. Eu tinha pouco mais de 30 anos, e São Paulo oferecia possibilidades mais excitantes que o Roda Viva.
Comecei a dar desculpas. Tinha sempre um compromisso inadiável. Para atenuar um eventual problema para Scot de falta de entrevistadores, enviava representantes. “Tenho um cara brilhante para representar a Exame”, eu dizia.
Quase sempre o “cara brilhante” que eu indicava era o único, na redação, que se dispunha alegremente a ir ao programa, o editor Nelson Blecher.
O Roda Viva jamais fez parte de minha vida, exceto pelo que contei acima, mas não tive como não ler um artigo sobre o programa que me chegou pelo twitter com altas recomendações.
Era um texto do jornalista Nelson de Sá, da Folha, sobre a estreia de Augusto Nunes no Roda Viva.
Ele notava que aquilo parecia uma reedição dos debates sobre o Mensalão com que a Veja brinda os leitores em seu site.
Augusto, o ‘professor’ Villa e Miguel Reale Júnior (o primeiro convidado do novo Roda Viva) davam o ar de remake, notou Sá.
Só faltou Reinaldo Azevedo, completou.
Foi uma mera constatação. Mas bastou isso para um ataque feroz de Azevedo.
Ele inventou que Nelson de Sá quis bani-lo do Roda Viva. Isso jamais foi escrito no texto de Sá. Mas foi o pretexto para a capoeira verbal de Azevedo. Como não é propriamente um jornalista comprometido com fatos, vale tudo para Azevedo fazer seus pontos. Num texto destinado a santificar Thatcher, por exemplo, ele afirmou que ela morreu “pobre”. A pobreza de Thatcher inclui uma casa em Mayfair, o bairro mais caro de Londres, avaliada em 20 milhões de reais.
Uma leitura menos apaixonada dos dois textos, o de Sá e o de Azevedo, sugere exatamente o contrário: que Reinaldo Azevedo estava tentando cavar uns convites, na pele de mártir.
Deu certo.
Augusto Nunes se apressou em seu blog a dizer que Reinaldo Azevedo, seu “grande amigo”, será convidado diversas vezes.
Para entrevistar quem?
O Apedeuta? Lula, segundo se soube, era a primeira alternativa para a estreia de Augusto Nunes. Lula, o bebum de Rosemary, ou o presidente-retirante, como Nunes o chamou em seu blog.
Mas Lula, pelo visto, tinha outros planos para aquela noite de segunda. Dilma, a “Dois Neurônios”, segundo o blog de Nunes, era a segunda alternativa. Mas parece não ter se animado também a provar que é mais que dois neurônios.
Talvez não seja tão fácil assim a nova administração encontrar entrevistados no mundo da política que não sejam derivações de Serra e Malafaia.
Uma possibilidade a ser considerada é que Augusto Nunes dê um upgrade na presença de Reinaldo Azevedo e o promova de entrevistador a entrevistado.
Fica aqui a sugestão.

A IMPORTÂNCIA DAS REDES SOCIAIS.

Redes sociais desmontam denúncia da Folha sobre o + Médicos

Jornal GGN - A análise dos jornais diários é sempre uma caixinha de surpresas quando se tem tanta informação rolando nas redes sociais. A Folha de hoje estampa denúncia de que os prefeitos de 11 cidades demitirão médicos locais para que cheguem os profissionais do Programa Mais Médicos. A denúncia é grave.
Uma leitura apurada da matéria leva por entendimentos diversos. Título de capa aponta para a certeza de que haverá demissões “de médicos locais para receber os de Dilma”, o subtítulo coloca que 11 cidades “decidem trocar profissionais para ficar com os do programa Mais Médicos, pagos pela União”. Pois bem. A denúncia chama a atenção. O texto da chamada afirma que prefeituras do Norte e Nordeste começaram a trocar médicos contratados pelo Mais Médicos. Ponto. E que prefeitos e secretários de saúde “dizem que a mudança é vantajosa”, pois os profissionais são custeados pelo governo federal enquanto os médicos locais são pagos pelas prefeituras, com salários que chegam a R$ 35 mil. Outro atrativo é a certeza de que o novo profissional irá trabalhar por três anos, pelo menos.
A personagem que dá corpo à denúncia, a médica Junice Moreira, diz que foi comunicada da demissão, afirmando que “disseram que eu tinha que dar lugar a um cubano”. O prefeito em questão, da cidade de Sapeaçu (BA), Jonival Lucas (PTB), afirmou que ela está saindo por não cumprir a carga horária e não por conta da adesão ao programa.
Na reportagem que abre o caderno Cotidiano, a Folha afirma que identificou 11 cidades de quatro estados diferentes que pretendem fazer demissões para receber os profissionais do Mais Médicos. Prefeitos reclamam da alta rotatividade e de altos salários que precisam pagar para conseguir segurar profissionais. Além disso, aponta para a falta de infraestrutura como um fator que desanima os médicos locais. O impacto dos salários em pequenas prefeituras fica evidenciado na matéria.
Na segunda página do mesmo caderno, vem a reportagem-denúncia de que a médica Junice estaria sendo demitida para dar lugar a "um cubano". Essa é a manchete da página, e o subtítulo reafirma o título. Começa com a triste notícia de que hoje, em Murici, povoado de Sapeaçu, será o último dia de trabalho da médica mineira, e sua demissão teria sido anunciada pela Coofsaúde, cooperativa que faz o pagamento dos médicos que ali trabalham por meio de contrato com a prefeitura. A cooperativa confirmou a saída da médica e que, em seu lugar, entrará um médico do programa. A brasileira se disse surpreendida pela notícia “pois não tinha feito nada errado”. E vai discorrendo sobre o caso, dizendo que é “adorada” pela população local.
Ouvido, o prefeito afirmou que a demissão não tem nada a ver com o programa, que já estavam procurando outro profissional para colocar no lugar da doutora Junice e o problema alegado para que a troca ocorresse era de que ela não estaria cumprindo a carga horário estabelecida, sendo que o substituto será um profissional brasileiro que já atuou naquela região. E sim, ele afirma que o programa traz benefícios aos municípios, pois desonera a folha de pagamento.
Em texto com uma coluna, a Folha fala dos outros municípios que irão trocar médicos locais por estrangeiros. Fala de Barbalha, no Ceará, que substituirá dois contratados por outros do Mais Médicos. De Camaragibe (CE), a informação de que o município tem direito a quatro médicos pelo programa, então demitirá dois para receber outros profissionais, e os dois restantes deixarão de receber pelo município para receber pelo governo federal. Não deixa claro se esses médicos locais, que receberão pelo governo, terão salário rebaixado. Isso é uma imposição? O jornal não explica esse ponto, e fica uma denúncia comprometida, já que o Programa Mais Médicos tem profissionais inscritos, por interesse próprio, e somente os que passaram pelo crivo da inscrição poderão ser indicados aos municípios. Assim fica a pergunta: como os médicos receberão do governo ,sem participação no programa via inscrição e escolha de município?
E mais, neste pequeno texto, outra informação importante: a de que, além da economia, aponta-se a obrigação de cumprir horários como outro benefício, já que os médicos serão acompanhados pelo governo federal.
E o outro lado, com Padilha afirmando que os quadros das prefeituras são monitorados para evitar que esse tipo de problema, apontado na matéria, ocorra. “Esse programa é Mais Médicos, não troca de médicos”, afirmou o  ministro em audiência no dia 14, na Câmara.
Um infográfico, em todo o centro da página, cujo título é “Substituição de Mão de Obra”, coloca os 11 municípios no mapa. Mas também traz outras informações: nos quatro estados o número total de médicos, o número de médicos por mil habitantes e os médicos previstos na primeira etapa do programa. E mais: traz uma relação médico/mil habitantes em outros países, o que acaba por endossar a necessidade do programa para essas regiões.
E as redes sociais com isso?
Nem bem a Folha trazia sua manchete com a denúncia, começou a circular no Facebook a denúncia de que a denúncia do jornal seria vazia. Segundo Vania Grossi, usuária da rede social, a Dra Junice teria três empregos, o que daria uma jornada semanal de 124 horas. A usuária afirma, também, que esse tipo de problema, de médico burlar o atendimento com vários empregos concomitantes, está acontecendo em sua cidade, e que eles estão sendo acionados para devolver o dinheiro recebido ao município.
As redes sociais dirão se a Folha tem ou não razão. Basta dar um tempinho para que as denúncias sobre essa denúncia sejam confirmadas ou refutadas. Em tempos de facilidade de informação, a Folha deveria ter se escudado com o contracheque da denunciante, para não dar espaço ao clamor das redes sociais.
Acompanhemos, pois!





ECONOMIA - Anúncio do PIB contraria "urubólogos"

Anúncio do PIB é um cala-boca nos pessimistas


mantega dilma 450 Anúncio do PIB é um cala boca nos pessimistas
Esta não é apenas uma boa notícia, como há tempos vinha procurando, é ótima: para calar a boca dos pessimistas (eu mesmo às vezes sou acometido por esta síndrome), o IBGE anunciou nesta sexta-feira que a economia brasileira cresceu 1,5% no segundo trimestre deste ano, bem acima da taxa registrada nos Estados Unidos, que ficou em 0,6%, e em outros países (ver outras informações aqui mesmo no R7).
Escrevo apenas para registrar uma consequência importante: este número pode animar os investidores daqui e de fora, o principal entrave da economia brasileira no momento, que afeta todos os outros índices. Criou-se um clima de fim de feira que desanimou muita gente, como se o Brasil não tivesse condições de recuperar os níveis de crescimento registrados até 2010 que chamaram a atenção do mundo e atraíram novos investidores.
A economia não é feita só de números, eu sei, mas também do humor de quem decide como e onde aplicar o seu dinheiro. Por aqui, este humor andava péssimo. Após a leitura do noticiário da nova e da velha mídia dava até vontade de desistir e nem sair de casa. Agora, nem parece tão utópica a previsão de um crescimento de 4% no próximo ano feita nesta semana pelo ministro da Fazenda Guido Mantega.
Depois de tantas más notícias e trapalhadas em diferentes áreas, a semana não poderia terminar melhor para o governo porque, depois de nove trimestres consecutivos de crescimento abaixo de 1%, o Brasil inverte os sinais, o que certamente refletirá também no campo político, tornando menos indócil a tal da base aliada.
Para se ter uma ideia do que mudou, surpreendendo todos os analistas e comentaristas econômicos, em relação ao mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 3,3%. Claro que não faltarão abutres para prever que estes números não representam uma nova tendência e podem não ser confirmados no próximo trimestre. Afinal, toda notícia boa por aqui sempre vem acompanhada de um inevitável "mas...".
Uma coisa é certa: o nosso País sempre nos surpreende, para o bem ou para o mal. O Brasil, positivamente, não obedece às regras dos velhos manuais.

SÍRIA E OS RUSSOS

Prezados,

Notaram o recuo da postura de beligerância imediata dos falcões da OTAN em menos de 24 horas ?   Mudaram o discurso: EUA; UK e França.   Será apenas pela pressão da oposição interna  ?

Penso que, além das cizânias entre sunitas, salafistas, alauítas, xiitas, sempre estimuladas pelo ocidente desde o processo de criação da Arábia Saudita (vide Lawrence da Arábia), deve-se considerar o intuito da OTAN de empurrar a marinha russa para dentro do Mar Negro e varrer a presença russa e iraniana daquele antigo protetorado ocidental.

Sabemos que a marinha russa usa a base síria de Tartus, no Mediterrâneo, desde os tempos da União Soviética, o que lhe permite incursionar além do Estreito de Bósforo. Tirar-lhe este poder, seria como a tentativa malograda, encetada por Obama ainda no seu 1º mandato, de levar o seu escudo de mísseis à Polônia e aos países eslavos fronteiriços ou, até mesmo, ex-integrantes da antiga URSS.

Ademais, há estreita e longeva cooperação tecnológica, militar e comercial da Rússia com Syria e o Iran.  Há, também, uma crescente projeção social, cultural e política do Iran sobre o Iraque, efeito colateral da defenestração do sunita Sadam pelo inábil aprendiz de feiticeiro geopolítico que são os EUA. O melífluo inglês era bem mais eficaz.

Certo é que, recentemente, a Arábia Saudita (maior apoiadora e financiadora dos rebeldes sunitas e franquias da Al Quaeda) tentou barganhar a segurança dos russos na Chechênia pelo abandono de seu aliado sírio. Sabe-se que a Rússia não barganha com terrorismo.e nem aceita ultimatos.

Se o regime sírio perpetrasse a insanidade da guerra química o faria contra Israel, unindo todos os árabes em torno de si, não  contra seu povo.

MÍDIA - Globo censura.


Globo censura: “Medicina cubana revoluciona"

:
A frase acima e todo o comentário informativo do jornalista Jorge Pontual, correspondente da Globo em Nova York, foram retirados do site do programa Em Pauta, da Globo News; censura bruta; na tevê, foi ao ar, mas só porque ele falava ao vivo; Pontual, ao lado de Eliane Cantanhêde, deu uma aula sobre o assunto; disse que entrevistou pesquisadora americana Julia Silver para o programa Sem Fronteiras; dali extraiu informações que a Globo detestou; sistema de medicina comunitária foi criado por Che Guevara; médicos cubanos livraram 600 mil africanos da cegueira; Organização Mundial de Saúde recomenda modelo cubano para todo o mundo; "agora, os brasileiros vão desfrutar dessa medicina que revoluciona o modelo tradicional"; tudo foi cortado; furo é do site Tijolaço; assista ao video censurado

LIVRO: " O PRÍNCIPE DA PRIVATARIA"

Contraponto 12.084 - "Livro bomba: O príncipe da privataria"

  Livro bomba: O príncipe da privataria 

 

Do Blog do Miro - quinta-feira, 29 de agosto de 2013

 



Do sítio da Editora Geração:


Uma grande reportagem, 400 páginas, 36 capítulos, 20 anos de apuração, um repórter da velha guarda, um personagem central recheado de contradições, poderoso, ex-presidente da República, um furo jornalístico, os bastidores da imprensa, eis o conteúdo principal da mais nova polêmica do mercado editorial brasileiro: O Príncipe da Privataria – A história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e Fernando Henrique Cardoso ganhou sua reeleição (Geração Editorial, R$ 39,90).


  
Ilustração do ContrapontoPIG
O Príncipe da Privataria 

Com uma tiragem inicial de 25 mil exemplares, um número altíssimo para o padrão nacional, O Príncipe da Privataria é o 9° título da coleção História Agora da Geração Editorial, do qual faz parte o bombástico A Privataria Tucana e o mais recente Segredos do Conclave.


O personagem principal da obra é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o autor é o jornalista Palmério Dória, (Honoráveis Bandidos – Um retrato do Brasil na era Sarney, entre outros títulos). A reportagem retrata os dois mandatos de FHC, que vão de 1995 a 2002, as polêmicas e contraditórias privatizações do governo do PSDB e revela, com profundidade de apuração, quais foram os trâmites para a compra da reeleição, quem foi o “Senhor X” – a misteriosa fonte que gravou deputados confessando venda de votos para reeleição – e quem foram os verdadeiros amigos do presidente, o papel da imprensa em relação ao governo tucano, e a ligação do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) com a CIA, além do suposto filho fora do casamento, um ”segredo de polichinelo” guardado durante anos…


Após 16 anos, Palmério Dória apresenta ao Brasil o personagem principal do maior escândalo de corrupção do governo FHC: o “Senhor X”. Ele foi o ex-deputado federal que gravou num minúsculo aparelho as “confissões” dos colegas que serviram de base para as reportagens do jornalista Fernando Rodrigues publicadas na Folha de S. Paulo em maio de 1997. A série “Mercado de Voto” mostrou da forma mais objetiva possível como foi realizada a compra de deputados para garantir a aprovação da emenda da reeleição. “Comprou o mandato: 150 deputados, uma montanha de dinheiro pra fazer a reeleição”, contou o senador gaúcho, Pedro Simon. Rodrigues, experiente repórter investigativo, ganhou os principais prêmios da categoria no ano da publicação.


Nos diálogos com o “Senhor X”, deputados federais confirmavam que haviam recebido R$ 200 mil para apoiar o governo. Um escândalo que mexeu com Brasília e que permanece muito mal explicado até hoje. Mais um desvio de conduta engavetado na Era FHC.

Porém, em 2012, o empresário e ex-deputado pelo Acre, Narciso Mendes – o “Senhor X” –, depois de passar por uma cirurgia complicada e ficar entre a vida e a morte, resolveu contar tudo o que sabia.


O autor e o coautor desta obra, o também jornalista da velha guarda Mylton Severiano, viajaram mais de 3.500 quilômetros para um encontro com o “Senhor X”. Pousaram em Rio Branco, no Acre, para conhecer, entrevistar e gravar um homem lúcido e disposto a desvelar um capítulo nebuloso da recente democracia brasileira.


O “Senhor X” aparece – inclusive com foto na capa e no decorrer do livro. Explica, conta e mostra como se fazia política no governo “mais ético” da história. Um dos grandes segredos da imprensa brasileira é desvendado.


20 anos de apuração


Em 1993, o autor começa a investigar a vida de FHC que resultaria neste polêmico livro. Nessas últimas duas décadas, Palmério Dória entrevistou inúmeras personalidades, entre elas o ex-presidente da República Itamar Franco, o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes e o senador Pedro Simon, do PMDB. Os três, por variadas razões, fizeram revelações polêmicas sobre o presidente Fernando Henrique e sobre o quadro político brasileiro.


Exílio na Europa

Ao contrário do magnata da comunicação Charles Foster Kane, personagem do filme Cidadão Kane, de Orson Welles, que, ao ser chantageado pelo seu adversário sobre o seu suposto caso extraconjugal nas vésperas de uma eleição, decide encarar a ameaça e é derrotado nas urnas devido a polêmica, FHC preferiu esconder que teria tido um filho de um relacionamento com uma jornalista.

FHC leva a sério o risco de perder a eleição. Num plano audacioso e em parceria com a maior emissora de televisão do país, a Rede Globo, a jornalista Miriam Dutra e o suposto filho, ainda bebê, são “exilados” na Europa. Palmério Dória não faz um julgamento moralista de um caso extraconjugal e suas consequências, mas enfatiza o silêncio da imprensa brasileira para um episódio conhecido em 11 redações de 10 consultadas. Não era segredo para jornalistas e políticos, mas como uma blindagem única nunca vista antes neste país foi capaz de manter em sigilo em caso por tantos anos?


O fato só foi revelado muito mais tarde, e discretamente, quando Fernando Henrique Cardoso não era mais presidente e sua esposa, Dona Ruth Cardoso, havia morrido. Com um final inusitado: exame de DNA revelou que o filho não era do ex-presidente que, no entanto, já o havia reconhecido.


Na obra, há detalhes do projeto neoliberal de vender todo o patrimônio nacional. “Seu crime mais hediondo foi destruir a Alma Nacional, o sonho coletivo”, relatou o jornalista que desvendou o processo privativista da Era FHC, Aloysio Biondi, no livro Brasil Privatizado.

O Príncipe da Privataria conta ainda os bastidores da tentativa de venda da Petrobras, em que até a produção de identidade visual para a nova companhia, a Petrobrax, foi criada a fim de facilitar o entendimento da comunidade internacional. Também a entrega do sistema de telecomunicações, as propinas nos leilões das teles e de outras estatais, os bancos estaduais, as estradas, e até o suposto projeto de vender a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. “A gente nem precisa de um roubômetro: FHC com a privataria roubou 10 mil vezes mais que qualquer possibilidade de desvio do governo Lula”, denuncia o senador paranaense Roberto Requião.


Sobre autor:

Palmério Dória é repórter. Nasceu em Santarém, Pará, em 1949 e atualmente mora em São Paulo, capital. Com carreira iniciada no final da década de 1960 já passou por inúmeras redações da grande imprensa e da “imprensa nanica”. Publicou seis livros, quatro de política: A Guerrilha do Araguaia; Mataram o Presidente — Memórias do pistoleiro que mudou a História do Brasil ; A Candidata que Virou Picolé (sobre a queda de Roseana Sarney na corrida presidencial de 2002, em ação orquestrada por José Serra); e Honoráveis Bandidos — Um retrato do Brasil na Era Sarney ; mais dois livros de memórias: Grandes Mulheres que eu Não Comi, pela Casa Amarela; e Evasão de Privacidade, pela Geração Editorial.

Ficha Técnica:

O Príncipe da Privataria
Autor: Palmério Dória
Coleção: História Agora – 9 vol.
Gênero: Reportagem
Acabamento: Brochura
Formato: 16 x 23 cm
Págs: 400
Peso: 552g
ISBN: 9788581302010
Preço: R$ 39,90
Editora: Geração

A AUTOCRÍTICA DOS BLACK BLOCS.


A autocrítica dos black blocs

Kiko Nogueira 
Os manifestantes fazem um exame de consciência e reclamam que sua conduta tem rendido fracassos e isolamento.
black blocs
Os manifestantes adeptos da chamada estratégia Black Bloc estão no meio de uma encruzilhada existencial. Nem a direita e nem a esquerda os vêem com simpatia. A origem do movimento é antiglobalização. Apareceram na Alemanha, na década de 80. Tinham um cunho anarquista. Sem liderança específica, se dizem uma organização horizontal.
Nos protestos, eles serviram, de certo modo, como escudo para o Movimento Passe Livre durante os enfrentamentos com a PM. Pouco depois começaram a aparecer os problemas. As pessoas que tinham certa consciência da tática BB (atacar símbolos do capital, como bancos ou filiais do McDonald’s), se viram acompanhadas de jovens apolíticos, violentos e a fim de depredar qualquer coisa, protegidos pelo anonimato da multidão. Como diferenciar uns dos outros?
Recentemente, a filósofa Marilena Chauí declarou que os black blocs tinham inspiração fascista. “Não é anarquismo”, disse ela. “Não usam violência revolucionária”. Eles também tiveram de lidar com uma virada na opinião pública. No Rio de Janeiro, se eles eram vistos com simpatia no início, agora os moradores dos edifícios lhes atiram garfos e colheres.
A situação chegou a tal ponto que os BB cariocas fizeram um exame de consciência e publicaram uma autocrítica em sua página no Facebook. “A destruição do patrimônio público e privado à “la bangu”, tem sido frenquente e muitas vezes de forma injustificável! Banca de jornal atacada? Por quê? Pra quê?”, diz o texto. “Estamos isolados, ao ponto de tacarem talheres dos prédios”.
O “comunicado oficial” do Black Bloc RJ:
Nas últimas semanas temos notado um aumento na rejeição da ação Black Bloc por parte da população em geral e até de alguns outros grupos que também possuem reivindicações que nós consideramos sérias. Alguns falarão: “E daí?” “Bando de Coxinhas” e etc… Será? Sabemos que boa parte dessa rejeição é devido à mídia, que é declaradamente contra o movimento, mas também é verdade que pseudo-ativistas que dizem usar a tática Black Bloc tem contribuído MUITO para esta má fama. Muitos destes para nós, não se diferenciam dos numerosos coxinhas que encheram a Presidente Vargas no famosos dia 20, pelo simples fato de não saberem o porquê de estarem nas ruas, “Querem se divertir” ou “Querem brigar com a PM” como ouvi outro dia. E desde quando esse foi o objetivo? A rejeição do povo não é boa, porque nós somos o povo e deveríamos representá-los.
A destruição do patrimônio público e privado à “la bangu”, tem sido frenquente e muitas vezes de forma injustificável! Banca de jornal atacada? Por quê? Pra quê? É compreensível quando arrancamos placas de trânsito e queimamos lixeiras para fazer barricadas contra o avanço da polícia porque nós sabemos o que eles fazem, mas o que temos visto é um descontrole, um corre-corre, perdoem-nos o termo, imbecil, que só faz dispersar o grupo tornando a palavra BLOCO, uma piada! E muitas vezes desse corre-corre temos como resultado carros danificados, lixo na rua, e patrimônio privado e público destruído sem justificativa alguma. E as pessoas que fazem isso ainda não perceberam que elas só estão facilitando o trabalho da oposição seja ela mídia, governo, polícia, etc… e atrapalhando outras pessoas assim como a gente ou você que está lendo esse texto agora, que trabalha e luta para tentar ser feliz. E os verdadeiros marginais continuam rindo em paz. É impressionante termos que tocar nesse assunto novamente, mesmo depois de produzirmos um vídeo que teve mais de 500 mil acessos só na primeira semana.
A cena dos “meninos” tirando fotos no Largo do Machado após quebrarem vidros de automóveis, derrubar banheiros químicos e destruir placas de rua foi patética. Se alguém conseguir nos apontar algum resultado positivo nisso, damos um prêmio!! E sinceramente, para nós não há a mínima diferença entre eles e os coxinhas que tiraram fotos com a cara pintada para colocar no Facebook no início das manifestações. Sabemos que isso foi tudo, menos uma ação BB, e sabemos que não foi ação de manifestantes que sabem a luta que é manter isso aqui de pé, mas como sempre, caiu na conta do Black Bloc, e mais uma vez, enfraqueceu o movimento, ao ponto de estarmos isolados. Quem está nas ruas e tem o mínimo de bom senso, sabe sobre o que estamos falando. 
O ponto precípuo da tática Black Bloc é dar resultados, antes de qualquer filosofada anárquica dos dissidentes de plantão. Se o que tem sido adotado até então não tem rendido mais frutos e sim fracassos, é hora de rever tal conduta, não? 
Para que o movimento fique mais forte, pessoas que não concordam com as ações BB, mas que gostariam de protestar, devem ter seu espaço, sim. Os coxinhas devem ter seu espaço! Assim como os demais grupos. Devemos lembrar antes de mais nada, que NÃO SOMOS DONOS DAS MANIFESTAÇÕES ALHEIAS e públicas, portando, não somos nós que devemos conduzi-las, nem devemos ser o motivo para que estas terminem antes que seus objetivos principais sejam concluídos, ainda mais por causa de adolescentes que ainda não conseguem controlar seus hormônios. 
Segundo, servimos de proteção aos manifestantes contra a ação repressiva da polícia, mas se o povo não concorda com nossa atuação não temos motivo de agir junto delas, nem razão para estarmos ali e por isso reafirmo que estamos isolados, ao ponto de tacarem talhares dos prédios. 
Quando nós fazemos nossas convocações, aí sim, devemos tomar as rédeas. O aumento do diálogo nas convocações é também fundamental. Essa notificação não é uma cartilha de como agir ou uma tentativa de impor coisa alguma. Simplesmente, é a visão de quem está nas ruas sempre dando a cara à tapa e tem visto mais fiascos do que vitórias ultimamente com o crescimento do grupo. E acreditem, isso cansa! Por isso ressaltamos, se metade do grupo tiver essa noção, a AUTO GESTÃO coletiva aparecerá espontaneamente e ela tem que aparecer. As ações estranhas à tática devem ser contidas pelo grupo, coloquem isso nas cabeças de vocês, se não o movimento apodrecerá de dentro para fora. E todos os fatores externos que querem nos derrubar sabem disso e estão rindo. A grande maioria cai que nem um patinho nas armadilhas feitas pelos nossos verdadeiros inimigos e simplesmente não conseguem ver isso.
Devemos rever a tática Black Bloc urgentemente e para isso, na próxima convocação, antes de sair de casa, pense nisso tudo que você acabou de ler aqui, para que tenhamos um diálogo produtivo, assim como uma ação produtiva. Pessoas que são contra a mudança das ações atuais, que concordam com as atitudes imaturas dos últimos protestos, favor não comparecer. Daqui em diante, só iremos comparecer nas nossas próprias convocações e quando formos convidados e/ou apoiados pelo grupo organizador. Portanto, coxinhas sintam-se à vontade para marcar o protesto que quiserem. Estamos mudando para tornar o Black Bloc RJ maior e mais forte, além de fugir desse caminho que temos seguido, o de um grupo de maratonistas sem ideal e sem união!
Para finalizar, ressaltamos a importância do diálogo para que haja organização e união entre os Black Bloc, portanto, dialoguem, dêem sugestão, critiquem o que houver de errado, porque acreditamos em uma horizontalidade – mesmo que teoricamente não sejamos um grupo – e que todos têm o direito – principalmente como cidadãos – de se expressarem e por fim e de tamanha importância, acreditamos piamente em uma grande melhora/evolução proveniente da consciência de cada um. Reflitam!

SÍRIA - "8 mil mártires suicidas" no exército.


Síria usará Kamikazes contra EUA e Reino Unido

Pelo menos 8 mil “mártires suicidas” estão listados para derrubar aviões estadunidenses com o apoio do Irã e do Hezbolá, afirmou um oficial leal ao regime de Al Assad, citado no The Guardian

Redação, Pragmatismo Político
síria aviões kamikaze
Síria pretende usar Kamikazes para deter aviões e porta-aviões dos EUA (Foto: AFP)
A Força Aérea Síria está considerando o uso de pilotos Kamikaze para deter o possível ataque do ocidente liderado por EUA e Reino Unido. A informação foi confirmada por um oficial da defesa anti-aérea Síria ao jornal britânico The Guardian.
O oficial de 30 anos garante que 13 pilotos já confirmaram um compromisso essa semana para integrar um grupo de “mártires suicidas” que terão a missão de abater aviões de combate dos Estados Unidos.
“Se EUA e Reino Unido lançam um míssil, lançaremos quatro. E se seus aviões de combate sobrevoarem nosso território, enfrentarão um poder de fogo infernal”
Leia também
‘The Guardian’ afirma que o oficial está em contato com o jornal há 12 meses e sempre forneceu informações confiáveis sobre os combates entre as tropas de Bashar al Assad e os grupos rebeldes.
“Temos mais de 8.000 mártires suicidas no exército sírio, treinados e dispostos a levar a cabo operações de sacrifício sob quaisquer circunstâncias para deter os estadunidenses e britânicos. De minha parte, garanto disposição para voar contra um porta-avião dos EUA e evitar que ataquem a Síria”, assegura.
“Irã e combatentes dos Hezbolá estão conosco. Teremos uma aliança defensiva. Somos a resistência do mundo árabe”, enfatiza.
A respeito dos ataques químicos da semana passada nos arredores de Damasco, o oficial negou a participação das tropas sírias e disse que a notícia foi recebida pelos oficiais de maneira chocante. “Por que iríamos utilizar armas químicas em Al Guta, quando no lugar do ataque estavam alojadas forças governamentais?”
O post Síria usará Kamikazes contra EUA e Reino Unido apareceu primeiro em Pragmatismo Político.

OS MÉDICOS CUBANOS EM ANGOLA.

Os médicos cubanos, dentro e fora dos hospitais

Roberto Amado
A artista plástica Maria do Socorro, de Luanda, recorda como foi a experiência dos cubanos em Angola.
médicos cubanos
Angola também obteve ajuda de profissionais de saúde de Cuba. Principalmente depois da revolução e da guerra de fronteira com a África do Sul, no final da década de 1970, começo da de 1980. Nessa época, um grande contingente de médicos cubanos foi mandado para lá, com o objetivo de ajudar a melhorar situação precária da medicina do país.
Maria do Socorro é uma artista plástica angolana que vive em Luanda, capital do país. Ela se lembra dos tempos em que os médicos cubanos a assistiram, principalmente depois que seu filho sofreu um acidente de carro, em 1982.
“Tive consciência do que era enfrentar um pais onde até uma aspirina era uma conquista. Foi então que conheci e me consultei pela primeira vez com um médico cubano. Trajava um uniforme alvíssimo, com sapatos velhos e puídos. Dele, ouvi promessas de fazer tudo que estivesse ao seu alcance. A dor de ver o filho com o rosto destroçado amenizou-se. E o alivio foi ainda maior quando me deparei conversando com ele sobre a luta de ser mãe solteira”, conta.
Naquela época, segundo Maria do Socorro, não se sabia que país estaria por surgir daqueles escombros. ”Vivíamos emocionalmente envolvidos com a vitória de ser independentes, com a soberania e com o desafio de estar tudo por fazer, valendo-se apenas do conhecimento empírico de cada um, debilitados e fragilizados pela guerra, de costas para o mundo ocidental e de luto por tantos que morreram”, diz.
Com a guerra, muita gente fugiu de Angola, que passou a viver sob a ameaça da invasão iminente pela África do Sul. ”Os médicos cubanos chegaram em 1975, logo após a independência, e encontraram uma situação precária, com a fuga de tantas famílias”, diz José Duarte Marques Baptista, oficial reformado das forças armadas angolanas e arquiteto, ex-docente da Universidade Agostinho Neto. Cuba apoiou a revolução angolana. “Os médicos cubanos vieram para cobrir todo o território, estabelecendo-se nas áreas mais remotas, atendendo militares e civis. Não impunham condições de trabalho, se sujeitando a viver nas áreas mais remotas e inóspitas”, diz Baptista.
Socorro conta que a medicina, na época, era “surrealista”. “Afinal, estávamos em guerra e os militares na linha da frente tinham seus hospitais de campanha onde se faziam amputações e cirurgias de alto risco, em hospitais sem medicamentos, as macas rasgadas, corredores entupidos, muitas doenças e miséria. Os enfermeiros foram chamados a fazer cirurgias no campo de guerra ao lado de médicos cubanos”.
Quando os conflitos bélicos amenizaram (sem terminarem de vez), os cubanos passaram a se dedicar mais à população em geral, estabelecendo-se nos povoados e cidades. “Eles atendiam nos hospitais ou nas suas casas. Eram humildes, viviam com o estritamente necessário, atendiam a qualquer hora da noite e visitavam os pacientes nos bairros pobres. Estavam habituados a todo o tipo de restrições em Cuba e sabiam exatamente como se faz uma omelete sem ovo. Procuravam saber tudo sobre nós, pois nenhum deles tinha saído da ilha”.
E fora dos hospitais? “Eram amigos incansáveis, festeiros, mulherengos”, lembra Socorro. “Reis das cantadas mais bregas e óbvias. Farristas, eles e elas, com seus bigodes e lenços e calças arregaçadas. E apesar de falarem espanhol, se faziam entender. Riem e choram como nós, dançam como nós”.
“Tenho saudade e um profundo respeito por eles e gostaria de vê-los de volta com o mesmo espírito, porque nosso povo até hoje padece. Devo-lhes muito e não vou conseguir nunca pagar o tempo, a atenção e a alegria que me emprestaram”.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

POLÍTICA - O planejamento do PT para 2014.



 
Coluna Econômica

Quando ocorreram as manifestações de rua de junho – impulsionadas pelas redes sociais – houve pânico à direita e à esquerda. Inicialmente, o PT foi tomado de sobressalto. Julgou-se que perderia a liderança das manifestações de rua e a ascendência sobre o público mais jovem.
Hoje se entende que o início das manifestações não obedeceu a um comando único, mas foi fruto de uma ansiedade coletiva por maior participação popular. E o partido que não atentar para esse sentimento, dança.
***
Dentro do partido, a visão é a de que as manifestações já trouxeram consequências positivas. Do lado do governo federal, aceleraram o Mais Médicos; do lado da prefeitura de São Paulo, a ampliação dos corredores de ônibus. No Congresso, em apenas uma semana o Senado aprovou projetos de lei ampliando a participação popular na feitura de leis. No governo Dilma, devolveu-se protagonismo à Secretaria de Governo, incumbida das relações com movimentos sociais e sindicatos.
***
No momento, o PT está envolvido com as próximas eleições partidárias. Até ontem, havia 300 mil filiados habilitados a votar. As condições para tal era ter participado ao menos de  uma atividade partidária e estar em dia com o pagamento.
Passadas as eleições internas, o foco do partido será 2014.
***
A estratégia do partido estará voltada preferencialmente para Minas.
Não há maiores preocupações em relação a Marina Silva. Avalia-se que dificilmente conseguirá quórum para registrar o partido.
De fato, ontem mesmo o grupo de Marina pressionou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para tentar o registro mesmo sem dispor do total das assinaturas. Juízes do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo anotaram, no partido de Marina, um ritmo de inscrições inferior até a de pré-partidos inexpressivos. O partido de Paulinho, da Força Sindical, tem conseguido mais assinaturas que o dela.
Para conseguir o registro, Marina teria que se valer de uma virada de mesa incabível no atual momento político.
***
Do lado de Eduardo Campos, observa-se uma enorme indecisão. A aposta de Campos seria em um desarranjo forte da economia. A desvalorização do real adiou qualquer previsão de estouro nas contas externas. Além disso, não tem o apoio das principais lideranças de seu partido.
***
Aécio é o adversário – considera-se no PT – mas tomado de indecisões. Nota-se uma enorme dificuldade em opinar sobre temas do momento ou apresentar um discurso novo.
É em cima desse cenário que o PT pretende desenvolver seu discurso. A ideia será apresentar os avanços anotados nas três gestões petistas – duas de Lula e uma de Dilma – e pedir o apoio para a consolidação do avanço em uma quarta gestão.
Mas admite que falta um discurso unificador. Nas campanhas de Lula havia a inclusão social como mote central. Agora, ainda não surgiu uma bandeira alternativa.
Para Minas, haverá foco especial, no tema da redução da conta de luz. Em outubro, o partido planeja um amplo plebiscito em 500 cidades de Minas, indagando se a população apoia  ou não a redução da conta. Junto, material mostrando que, no caso de Minas, o maior peso na conta é o ICMS estadual.
A intenção é contrabalançar a propaganda interna, que atribuiu a não redução da tarifa em Minas à não renovação das concessões elétricas da Cemig.

POLÍTICA - "É abominável protestar contra médicos cubanos"

Lula: É “abominável” protestar contra médicos cubanos que vieram nos fazer um favor

 
POR MARINA DIAS
 
Eram 22h15 desta quarta-feira (28) quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não leria seu discurso. Durante evento para comemorar os 30 anos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em São Bernardo do Campo (SP), preferiu falar de improviso e defender o programa Mais Médicos, aposta do governo federal. Lula classificou como "abominável" protestar contra profissionais da saúde que chegaram ao Brasil "para fazer um favor" ao país.
 
"A gente está contratando esses médicos para irem aos lugares onde os médicos brasileiros não querem ir", defendeu Lula. "Sou totalmente solidário à companheira Dilma e ao companheiro Alexandre Padilha [ministro da Saúde], que tiveram a coragem de trazer os médicos estrangeiros", completou.
 
Neste momento, Lula aproveitou para criticar a derrubada da CPMF, em 2007, durante seu governo. Para ele, a solução dos médicos estrangeiros foi necessária porque "tiraram 50 bilhões de reais por ano da saúde" com o fim do imposto.
 
O ex-presidente saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff quanto à crise econômica e afirmou que confia nas respostas de sua sucessora frente às manifestações de junho em todo o país.
 
"É importante saber que não estamos imunes à crise. É verdade que o PIB (Produto Interno Bruto) não está crescendo o tanto que a gente queria, mas não vai ser vergonhoso como o de muitos países ricos. O importante é que a massa salarial está crescendo e que o desemprego chegou a um dos menores índices da história".
 
Dirceu e Delúbio
 
Somente quatro cadeiras separavam o ex-ministro da Casa Civil e condenado pelo Mensalão, José Dirceu, e Lula. Os dois, porém, não conversaram em público durante o evento e o ex-presidente fez apenas uma referência rápida a Dirceu enquanto falava sobre o fim da CPMF. O presidente da CUT, Vagner Freitas, por sua vez, fez uma saudação especial ao ex-ministro e ao ex-tesoureiro do PT e da CUT, Delúbio Soares, também condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do Mensalão.
 
"Queria cumprimentar dois companheiros que iluminam a militância do PT, não têm medo de fazer política, de sair na rua com a cabeça erguida e dizer: 'nós mudamos o Brasil'. Zé Dirceu e Delúbio Soares, é orgulho enorme o que temos de vocês". Os dois, presentes na plateia, foram bastante aplaudidos.
 
Durante seu discurso, Lula lembrou a trajetória da central e disse que teve o "prazer" de ver o que considera o momento mais difícil da CUT, quando um operário tornou-se presidente da República. "Nunca um presidente desse país teve o privilégio de ter tido a relação que tive com os movimentos sindicais".
 
Manifestações
 
Lula falou mais uma vez que o povo não deve "negar a política". "Duro seria se esse povo estivesse na miséria que estava há vinte anos e não tivesse forças para reivindicar".
 
Participaram do evento, além de dirigentes e ex-dirigentes da CUT, a ministra Maria do Rosário (Secretaria Especial de Direitos Humanos), o presidente estadual e o presidente nacional do PT, Edinho Silva e Rui Falcão, respectivamente, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, entre outros petistas. Dilma mandou um vídeo de menos de dois minutos em que parabenizou a CUT por sua "história" e "realizações".

MAIS MÉDICOS E A POSTURA DOS GRANDES JORNAIS.

Mais Médicos, cubanos e a postura dos grandes jornais

Jornal GGN - Médicos estrangeiros ocuparam as redes sociais na terça-feira, 27, e voltaram para as páginas dos jornais Folha e Estadão, com desdobramento do ocorrido em Fortaleza (CE), onde foram hostilizados por manifestantes de jaleco branco. Facebook e Twitter receberam notas de repúdio contra a ação dos ‘prováveis’ médicos brasileiros, reproduzindo matérias e colunas de sites, blogs e jornais.
Um fato interessante na cobertura de hoje das hostilidades sofridas pelos médicos cubanos, é o tom das matérias nos dois jornais. Se antes havia críticas à vinda desses profissionais, com farto material sobre alegações de trabalho escravo e veementes declarações dos dirigentes dos conselhos de medicina, a tônica agora é outra. O exagero dos protestos de ‘médicos’ brasileiros acabou por torná-los figuras pouco apreciadas dentro das críticas ao Programa Mais Médicos, fazendo com que os grandes jornais baixassem o tom e velassem a mordacidade depois do episódio em Fortaleza. Um exemplo pode ser dado na abordagem de hoje da Folha, que anuncia em seu texto que a foto (a mesma que rodou nas redes sociais) de Juan Delgado foi capa de sua edição de terça, mas esquece da alfinetada dada aos médicos cubanos, em que repórter narra a dificuldade no entendimento do português por parte dos entrevistados, mas se esquece de dizer que a conversa se deu em meio ao calor da manifestação.
Mas ainda há pontos importantes, que deveriam ser criticados exaustivamente, que ficam perdidos no meio da matéria. O Estadão, por exemplo, traz a informação de que o Sindicato dos Médicos de Pernambuco decidiu denunciar ao Conselho Regional de Medicina os tutores dos cursos ministrados aos médicos estrangeiros. A alegação é que fere o código de ética da categoria, que reza que um profissional “não deve se posicionar contra um movimento legítimo da categoria”. O tema foi inserido na matéria que diz que Governo ameaça ir à Justiça contra os conselhos regionais.
No ponto a ponto, eis a abordagem geral do tema nos dois jornais paulistas.
O foco principal da Folha, ao contrário do Estadão, que deu o tema e a entrevista em destaque menor, é o médico cubano, Juan Delgado, que teve sua foto em evidência nas redes sociais.  Na entrevista ele se diz surpreso com  manifestação e afirma que só ocuparão os lugares “que eles não vão”. O médico se disse impressionado com as manifestações, e a Folha traz a informação que o ato foi administrado pelo Sindicato dos Médicos do Ceará, coisa que o Estadão faz com mais destaque, em entrevista. E ainda, a declaração de Juan de que “isso não está certo, não somos escravos”, rebatendo o coro feito por ‘profissionais’ brasileiros da saúde, e mais: “seremos escravos da saúde, dos pacientes doentes, de quem estaremos ao lado todo o tempo necessário”. Para Juan, os médicos brasileiros deveriam fazer o mesmo que eles: “ir a lugares mais pobres prestar assistência”, mesmo assim, o cubano não acredita que todos os médicos brasileiros rejeitem a presença dos estrangeiros e entende que assistência pode ser possível mesmo em lugares com infraestrutura precária.
A Folha traz, após a entrevista com Juan Delgado, a informação de que o presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, José Maria Pontes, teria dito que as vaias não foram dirigidas aos cubanos, mas aos gestores do programa, sendo que os gritos de ‘escravo, escravo, escravo’ não foi no sentido pejorativo, mas sim no sentido de defesa, “de que eles estão submetidos a trabalho escravo e que estamos lutando para mudar aquele vínculo”. O Estadão já trata isso em matéria ao pé da página, informações adicionais sobre os próximos passos da categoria, uma assembleia geral com a pauta “resposta às últimas ações de luta contra as recentes medidas do governo federal”.
O Estadão estampa foto de médicos cubanos recebendo flores, em ato de desagravo, após episódio em Fortaleza. As flores foram entregues ontem, no momento em que saíam da aula, em claro contraponto à ação do dia anterior, aquela tão execrada nas redes sociais. A matéria traz a declaração do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que se referiu aos médicos como sendo ‘xenófobos’, criticando a postura dos cerca de 50 ‘profissionais’ da área que participaram da manifestação. Os ‘médicos’, na desagradável ação, chamaram os cubanos de ‘escravos’, e fizeram um “verdadeiro corredor polonês da xenofobia, atacando médicos que vieram de outros países para atender a população naqueles municípios onde nenhum profissional quis fazer atendimento”, esbravejou Padilha.
O Estadão ainda traz que várias entidades populares, o PT e o SUS soltaram nota contra o protesto dos ‘profissionais cearenses’, e fizeram apelo às entidades médicas “para que respeitem os cubanos e outros estrangeiros, que sejam acolhidos como merecem”. Segundo o Estadão, Padilha afirmou que governo vai insistir no Programa Mais Médicos, tirando dele qualquer conotação ideológica e partidária, “até porque o primeiro governo a buscar médicos em Cuba para atender no Brasil foi do PSDB”, alfinetou ele, “Fernando Henrique era presidente da República e o governador do Tocantins (Siqueira Campos, hoje no PSDB, que trouxe os médicos) era do PFL”, completou o ministro. Padilha ainda afirmou, no Estadão, que o governo recebeu apelo de prefeitos de todos os partidos.
Outro ponto polêmico da ação dos ‘médicos’ de Fortaleza foi a de criar uma situação tal que foi preciso pedir reforço policial e, também, a informação de que José Maria Pontes, presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, liderou a manifestação. A Folha insere na reportagem, o Estadão traz em matéria separada.
Do lado dos médicos cubanos, as declarações recolhidas pelo Estadão, de que estão tranquilos com o futuro e que eles estão em contato com a língua desde novembro passado quando se aventou a possibilidade da vinda de médicos estrangeiros ao Brasil.
Um fato interessante, que demonstra a maior integração dos jornais com as redes sociais, foi a menção à revolta na web, quando a jornalista potiguar, Micheline Borges, que afirmou em seu Facebook que “cubanas têm ‘cara de doméstica’”. Tanto Estadão quanto Folha fizeram menção ao fato e a segunda foi mais longe, encontrando a personagem, que declarou que falou “em um momento infeliz” e que não tem preconceito com ninguém. A Micheline não aguentou a pressão e apagou seu perfil no Facebook.
Ainda sobre o Mais Médicos, os dois trazem a informação de que governo pode processar conselho que negar registro aos médicos estrangeiros do Programa.  O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, disse ontem que o governo pode tomar medidas judiciais aos que negarem o registro provisório pois “existe uma lei no Brasil que prevê para esse programa o registro provisório, se negar é negar a aplicação da lei”, disse ele. A Folha tratou o tema em um tripinha do lado direito da página, e o Estadão deu grande destaque, em matéria de seis colunas abaixo da matéria principal, com mais informações sobre as ações do lado dos médicos.
No Estadão a importante informação de que o Sindicato dos Médicos de Pernambuco decidiu denunciar ao Conselho Regional de Medicina os tutores do curso que está sendo ministrado pelos médicos estrangeiros, com a alegação que estão descumprindo o artigo 49 do Código de Ética Médica que determina que o profissional não deve se posicionar contra um movimento legítimo da categoria. A informação do Estadão é emblemática, é importante e fica perdida no meio da matéria.
Adams afirmou que podem fazer objeção pública, questionar a legalidade da lei, podem até entrar com Ação Direta de Inconstitucionalidade (como entraram), “tudo é permitido, mas eles não podem descumprir a lei”, declarou, “se não, nós vamos entrar numa anarquia”, concluiu.
Outro ponto abordado pelos dois jornais, de forma mais sucinta, é o fato de que o Ministério Público Federal, no Distrito Federal, ter decidido instaurar inquérito civil para apurar denúncia de supostas violações de direitos humanos de cubanos participantes do programa. Foram solicitadas informações aos ministros da Saúde, da Educação, à Organização Pan-Americana de Saúde e Organização Mundial de Saúde.