sábado, 24 de agosto de 2013

MÍDIA - Quem forma a opinião pública?


QUEM FORMA A OPINIÃO PÚBLICA?
De Florianópolis, Raul Longo apresenta opinião de Marilza de Melo Foucher de Paris.

Afinal, qual a real opinião pública? Aquela que apontava mais de 60% de aprovação do governo Dilma poucas semanas antes das manifestações de junho, ou a que despencou para menos da metade em aprovação, logo depois do início daquelas manifestações e agora galopantemente se recupera a cada nova pesquisa?
A quem interessa essa volubilidade?
Acompanhando-se a variação dos ânimos dos chamados formadores de opinião pública, evidencia-se que a eles não. Nem um pouco! Na noite desta sexta-feira, 24 de agosto, por exemplo, a manifestação foi contra a Editora Abril e foi raivosa, violenta.
Mais exatamente o alvo era a revista VEJA que tão efusivamente comemorou o início das manifestações, até que o “Oba! Oba!” virou “Epa! Epa!” quando se deram conta de que a marcha dos manifestantes mudou de direção e ao invés de ir contra o Palácio Alvorada se voltou contra o Palácio Bandeirantes.
E a Globo, então? Até a TV Pública da Argentina deu risada do descabelamento do Arnaldo Jabor, tonto como um peru bêbado, tendo de mudar de opinião em 48 horas. Primeiro contra, depois a favor e novamente contra quando a opinião pública deixou de ser a da Globo para se tornar contra a Globo.
Mas como é que funciona isso? Se eles são os formadores da opinião pública, como é que a opinião pública se forma contra a mídia?
É o que devem se perguntar os anunciantes desses veículos. Afinal, natural que esperem das vultosas verbas investidas nos espaços publicitários, uma opinião pública favorável aos seus produtos e serviços. Mas pelo jeito não deve ser o que acontece.
Como se entender, então, o Banco Itaú que apesar de aferir rendimentos recordes ao longo da última década, é um dos grandes investidores em opinião pública desfavorável aos governos Lula e Dilma?
Também apontado como sonegador de impostos, como a Globo, o caso do Itaú pode ser compreendido pelo histórico político de seus já falecidos donos: Olavo Setúbal e Herbert Levy, ambos da ARENA da ditadura militar. E também por fatos mais recentes como o das privatizações do governo Fernando Henrique no setor financeiro que alavancou o Itaú para a condição de mais rentável banco brasileiro.
No entanto, se o mundo das finanças é tão nebuloso que por inescrutáveis razões em todas as imagens de prática de vandalismo durante as manifestações, há uma evidente e inexplicável preferência por agências do Itaú, surpreendendo até um policial que não conseguiu entender porque deixaram ilesa uma agência do Bradesco, de bem mais fácil acesso, e outra do Santander exatamente ao lado da arrebentada vidraça do Itaú; no que se refere a mídia quem melhor explicou foi Roberto Marinho ao confessar a um repórter da BBC que Collor de Melo na presidência foi a mídia quem pôs e tirou.
Pelo jeito a opinião pública não gostou daquilo, pois nunca mais aceitou indicações políticas da mídia e vá se saber se o consumo por impulso se dá pelos anúncios publicitários.
Há quem considere exagero isso de indicar o tropeço no Collor, lembrando da eleição e reeleição do FHC, mas ali a opinião pública foi motivada pela temporária contenção da inflação. Desde que os eleitores se deram conta do alto custo do plano real em desemprego, dívida externa e apagão energético; não houve mídia que revertesse a vitória de Luís Ignácio Lula da Silva nem mesmo com Mensalão. E com ou sem Joaquim Barbosa não conseguem mais nem convencer o eleitorado paulistano que elegeu o Haddad apesar de ser o mais sensível do país às opiniões formadas pela mídia.
Aliás, a rapaziada que na noite de sexta saiu pra cima da revista VEJA lá na Avenida Marginal, é paulistana. Daí que alguns acabam até achando que a Mídia não teve nada a ver com os manifestos de Junho e a coisa toda só aconteceu porque alguém quis copiar o pai na campanha das “Direta Já” ou imitar o irmão “Cara Pintada”, convocando o resto da turma pelo face book.
Será mesmo que quem, hoje, forma a opinião pública é a própria opinião pública? Pode até ser, mas esse processo não irá gerar uma volubilidade frustrante aos próprios manifestantes?

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