sábado, 21 de dezembro de 2013

POLÍTICA - O secretário do Eduardo Campos.

As barbaridades do secretário de Eduardo Campos

  
"O policial exerce um fascínio no dito sexo frágil. Eu não sei por que é que mulher gosta tanto de farda. Todo policial militar mais antigo tem duas famílias, tem uma amante, duas. É um negócio. Eu sou um policial feio, feio pra c***, a gente ia pra Floresta (no Sertão), para estes lugares. Quando chegávamos lá, colocávamos o colete, as meninas ficavam tudo sassaricadas. Às vezes tinham namorado, às vezes eram mulheres casadas. Pra elas é o máximo tá dando pra um policial. Dentro da viatura, então, o fetiche vai lá em cima, é coisa de doido".
Foi desta forma, acreditem, que o Secretário de Defesa Social de Pernambuco, delegado Wilson Damázio, respondeu à pergunta da repórter Fabiana Moraes, do Jornal do Commercio de Recife, sobre as denúncias de estupros contra meninas praticados por policiais militares.
Outro trecho da entrevista:
"Desvio de conduta a gente tem em todo lugar. Tem na casa da gente, tem um irmão que é homossexual, tem outro que é ladrão, entendeu? Lógico que a homossexualidade não quer dizer bandidagem, mas foge do padrão de comportamento da família brasileira tradicional. Então, em todo lugar tem coisa errada, e a polícia...né? A linha em que a polícia anda, ela é muito tênue, não é?"
No mesmo dia da publicação destas inacreditáveis declarações, após nota assinada por 25 entidades da sociedade civil e da oposição que repudiaram as declarações "machistas" e "homofóbicas" do secretário da Defesa Social, Wilson Damázio pediu desculpas à sociedade pernambucana e deixou o cargo: "Para proteger o governo e o seu legado, informo que já coloquei o cargo à disposição do governador Eduardo Campos", que rapidamente o aceitou de volta.
O estrago na imagem do governo do presidenciável pernambucano, no entanto, já estava feito. A entrevista correu como rastilho de pólvora pelas redes sociais, ganhou destaque nos portais de alguns grandes jornais nacionais e mostrou a contradição entre a teoria e a prática dos nossos políticos.
Enquanto  Eduardo Campos roda pelo país pregando a "nova política", ao lado da refinada ambientalista Marina Silva, fiel defensora dos bichos e das matas, um secretário que trabalhava num importante cargo do seu governo desde abril de 2010, ou seja, faz três anos e meio, diz estas barbaridades típicas dos velhos coronéis sertanejos, carregadas de preconceitos e leviandades, como  se as mulheres fossem as responsáveis pelas violências que sofrem dos policiais que deveriam prover sua segurança.
Será que, durante este tempo todo, o governador e os secretários pernambucanos não perceberam nada de estranho no comportamento e no modo de pensar deste capitão do mato redivivo?
Quando o assunto ferveu em Recife, Eduardo e Marina estavam em Salvador, na Bahia, participando da filiação da ex-ministra do STJ Eliana Calmon ao PSB. Por essas ironias da vida, durante a cerimônia, Eduardo aproveitou para criticar a "aliança conservadora" do governo da presidente Dilma Rousseff, em contraposição às forças políticas "historicamente presentes nas lutas democráticas", representadas por ele mesmo e a sua aliada Mariana _ e, até ontem, claro, pelo delegado Wilson Damázio, que não é propriamente um sinal de modernidade democrática.
Com todo o respeito ao meu amigo governador Eduardo Campos, este triste episódio não permitiria que ele respondesse protocolarmente à carta de demissão do secretário, agradecendo a Damázio "pelos bons serviços prestados". Dele, em nome da "nova política", poderíamos esperar outra atitude, condenando a agressão cometida por seu auxiliar contra as mulheres pernambucanas. A política também é feita de símbolos e de atitudes emblemáticas, exige um mínimo de coerência.
Em defesa de Haddad
Pelo tipo de gente que anda atacando ferozmente o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que já critiquei neste espaço, vejo-me como cidadão na obrigação de sair em sua defesa e torcer para que ele supere logo o atual momento de dificuldades em sua administração, conseguindo a aprovação do aumento do IPTU, que considero socialmente muito justo e fundamental para enfrentar as mazelas históricas da cidade.
Se os abutres e aproveitadores estão de um lado, eu estarei sempre do outro. Força, prefeito.

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