Pré-Sal entregue e Lula a beira da prisão: é a fase 2 do golpe
Um golpe não é, um golpe vai sendo. E o que aqueles que
coordenaram de forma distribuída a operação para derrubar Dilma e se
apropriar do Estado estão fazendo agora já fazia parte da estratégia
inicial. Nada é surpreendente e muito menos está sendo realizado de
forma destrambelhada.
No cálculo dos que estão por trás de toda a operação havia
a necessidade de uma legitimidade para que se pudesse agir em algumas
áreas. A entrega do Pré-Sal, a reforma da Previdência, a votação do
teto, os processos contra Lula, a reforma trabalhista já estavam sendo
sinalizadas e operadas. Mas ficaram para ser escancaradas depois da
eleição.
Se o PT saísse um pouco mais forte do processo eleitoral.
Algumas dessas coisas talvez fossem repensadas. Por exemplo, Lula talvez
não fosse condenado e preso.
Mas isso ficou pra trás.
Com a estrondosa derrota do petismo, os golpistas têm
caminho aberto pra estrangular de vez qualquer projeto de esquerda para
os próximos 10 anos. E isso passa necessariamente pela entrega do
Pré-Sal, que vai ajudar no financiamento imediato do Estado, mesmo que
jogando fora qualquer projeto de futuro para o Brasil. E na prisão de
Lula.
Se o golpe não conseguir dar uma ajeitada nas contas e
fazer o país retomar algum nível de crescimento e de recuperação do
emprego nos próximos 12 meses, Lula poderia voltar montado num cavalo
branco para o Palácio do Planalto.
E para que isso não ocorra, não basta mais torná-lo
inelegível. É preciso transformá-lo num bandido comum, como José Dirceu
foi transformado.
Após a prisão de Lula se iniciará a fase 3. Que será de
desarticulação total do ativismo e do movimento social. Vai faltar
cadeia para presos em manifestações e por serem considerados incitadores
de violência contra a ordem pública. Vão sobrar processos contra
blogueiros, jornalistas e ativistas digitais de esquerda que insistirem
em ficar na resistência.
Não vale a pena para Lula esperar o japonês da federal vir algemá-lo. Já disse aqui e
repito, é hora de começar a pensar em se exilar. Não há espaço possível
neste momento para uma resistência que mude essa situação. E as urnas
de alguma forma deixaram isso claro.
O papel da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo
passa a ser fundamental a partir de agora. Elas precisam ser
fortalecidas e têm que se começar a pensar se de alguma maneira não
devem se tornar uma plataforma também para as disputas eleitorais que
virão. E para enfrentar o golpe no voto.
Ainda é cedo para fazer este debate, mas não o é para começar a pensar nesta hipótese.
Até porque no projeto estratégico do golpismo está a destruição do PT e a cassação do seu registro. Claro, com Lula preso.
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