sexta-feira, 12 de outubro de 2018

POLÍTICA - Esse Ciro nunca me enganou.

FHC, Ciro e a “neutralidade” criminosa diante de Bolsonaro. Por Kiko Nogueira



O Brasil que os neutros vão herdar
Não há nada mais abjeto que a omissão.
FHC está embarcando para a Europa por estes dias, coerente com uma biografia crescentemente desprezível.
Ciro Gomes já se encontra em Paris.
As milícias bolsonaristas fizeram mais de cinquenta ataques nos últimos dias. Escolas estão sendo pichadas com suásticas.
Alvos são mulheres, nordestinos, gays, negros, “comunistas”.
Uma professora foi chamada de “preta” e “galinha”.
Ciro, que xingou Bolsonaro de “nazista filho da puta” num comício, agora escolhe o tinto que harmoniza melhor com o peru ao molho de foie gras.
Segundo um estafeta escreveu, num texto confuso e prolixo, a culpa é do PT, que não reconheceu que o pedetista “era o único em condições de vencer, com folga, o fascista e seus seguidores”.
Brizola estaria morrendo de vergonha com a mesquinharia.
Há um abismo civilizatório entre Haddad e seu oponente.
Os pregadores do voto nulo ou da abstenção sabem disso. O resto é conversa mole.
Neutralidade é um luxo ao qual qualquer democrata não pode se dar agora.
O isencionismo nesses tempos é um crime moral.
Existe apenas uma posição política que qualquer pessoa mentalmente sã pode tomar.
Ficar no muro é se alinhar com quem matou o mestre de capoeira Moa do Katendê e com quem se coloca como “representante de uma nova lei, que autoriza violência e justiça com as próprias mãos como um princípio de governo”, na definição do psicanalista e professor da USP Christian Dunker.
“Nós devemos tomar partido. A neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. O silêncio encoraja o torturador, não o atormentado”, discursou Elie Wiesel, sobrevivente de campos de concentração (Auschwitz e Buchenwald), ao ganhar o Nobel da Paz.
“Às vezes devemos interferir. Quando vidas humanas estão ameaçadas, quando a dignidade humana está em risco, as fronteiras nacionais e as sensibilidades se tornam irrelevantes”.
Uma frente progressista pode morrer na praia por causa da pequenez de seus líderes.

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