Olá, Escrevo hoje para falar algo fundamental sobre jornalismo e para te contar que, mais do que assistir, você pode fazer parte de uma revolução que está em curso.
No Brasil e no mundo, até bem pouco tempo atrás, o jornalismo se dividia em três lados: quem faz, quem banca e quem compra. Os jornalistas acompanhavam fatos históricos, guerras, decisões oficiais, greves, revoltas e acontecimentos cotidianos, apuravam denúncias, investigavam, reportavam o que se passava e publicavam as notícias.
Do outro lado, os leitores, ávidos por ter mais detalhes do que estava acontecendo e desejando se informar sobre fatos que não tinham tempo ou ferramentas para apurar, consumiam os jornais.
Quem bancava os parques gráficos, as redações, os salários dos jornalistas e a infraestrutura eram os anunciantes, que lucravam com a exposição de seus produtos e marcas. Há uns 600 anos, desde que Gutenberg inventou a prensa, com pequenas variações aqui e ali, funciona assim. Só que isso está mudando, e é agora.
Você já sabe que a internet mudou tudo, mas não vamos tratar do meio. Já se falou muito de como a web é uma grande revolução na imprensa. É claro, isso tem sua parcela de verdade. Mas a mudança mais importante no funcionamento do jornalismo não é de ordem tecnológica: ela é financeira.
Quando a prensa de tipos móveis de chumbo foi criada, reproduzir textos se tornou infinitamente mais fácil e rápido e isso ajudou a democratizar a informação. O objetivo de Gutenberg não era só criar uma máquina, mas democratizar o conhecimento.
Com o modelo de financiamento coletivo, o que era uma relação tríplice vira uma conta de dois fatores: os jornalistas fazem o trabalho, e os leitores, além de consumir, financiam. Esta é a mudança que realmente importa!
Estamos vivendo algo muito transformador, porque é uma revolução que dá sequência à primeira. O que pode aproximar o jornalismo de sua essência, torná-lo um instrumento eficaz de fiscalização do poder, é seu financiamento pelo público.
No Brasil, o Intercept não inventou essa roda: quando o TIB nasceu, há 5 anos, já havia alguns veículos independentes se bancando com financiamento coletivo. Mas hoje nós podemos dizer com orgulho: nossa comunidade de apoiadores é a maior do país. Somos 10 mil pessoas — e seguimos crescendo.
O financiamento não é algo separado do que o Intercept é: não é uma “salinha do comercial” na nossa redação. Ele é parte do TIB, algo que é feito também por jornalistas, um verdadeiro movimento que une leitores e profissionais.
O resultado disso é conhecido por todos: você testemunhou a política brasileira ser sacudida quando revelamos os segredos da Lava Jato. Na semana passada, Sergio Moro foi considerado oficialmente parcial graças a esse trabalho.
Viu que, na última quarta-feira, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pediu demissão ao ser investigado por transformar o Ibama em quase uma exportadora de madeira ilegal? Em março do ano passado, o Intercept já havia revelado essa história.
O que houver para investigar, denunciar e tornar público, nós faremos: sem anunciantes, sem “conflitos de interesses”.
Tudo isso nos leva ao primeiro ponto desta conversa: você. Quando você consome o jornalismo que fazemos, está se informando e isso é ótimo. Mas quando você se torna, além de leitor, um membro, você nos liberta de ter anunciantes e torna possível a mudança iniciada por Gutenberg.
O jornalismo está prestes a voltar à sua essência, e você pode fazer isso acontecer com menos do que pagaria para um jornal com anunciantes. Podemos contar com você?
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