Mídia golpista brasileira faz escola na América Latina.
Na Venezuela, na Bolívia, na Nicarágua, no Equador e na Colômbia os exemplos de falta de ética e de compromissos mínimos com o jornalista têm proliferado.
Neste dias, a mídia colombiana tem dito que a estatal petroleira da Venezuela, PDVSA, teria destinado recursos “milionários” para financiar atividades políticas de dirigentes na Colômbia, como as da senadora progressista Piedad Córdoba.
"Entre as pessoas financiadas pela Monómeros — filial da PDVSA na Colômbia — estariam a senadora Piedad Córdoba, a quem destinaram grandes somas de dinheiro par financiar suas atividades políticas e suas viagens em busca do acordo humanitário", afirmou o jornal El Espectador.
El Espectador afirma que, devido às pressões do governo de Hugo Chávez para que os recursos do petróleo fossem parar em mãos de dirigentes políticos, "os diretores colombianos renunciaram ao cargo e foram substituídos na presidência da junta diretora por um conhecido dirigente chavista".
Já o jornal El Tiempo afirmou ter acesso à documentação interna da empresa Monómeros que prova que o dinheiro do petróleo venezuelano foi usado por Piedad Córdoba.
Chávez e o presidente do Equador, Rafael Correa, disseram a mídia "nefasta" nas mãos de grupos financeiros deve ser limitada.
Os dois presidentes e o presidente paraguaio Fernando Lugo — já chamado por alguns setores da mídia torpe de “bispo vermelho — participaram de uma entrevista coletiva conjunta realizada na estação central de ferrovia Carlos Antonio López de Asunción.
"Assim como uma imprensa livre é fundamental para a democracia, uma imprensa ruim pode ser nefasta para a democracia", afirmou Correa.
O presidente equatoriano ressaltou que "a imprensa na América Latina deixa muito a desejar", concretamente no Equador, disse.
Ele explicou que existe uma "relação nefasta entre o poder econômico e o poder informativo, e isso é terrível para uma democracia".
Correa destacou que, "dos seis ou sete canais nacionais de televisão que o Equador tem, pelo menos cinco têm ligação com os bancos".
São "meios de comunicação que não defendem a verdade, que defendem o bolso", acrescentou
E ressaltou: "É preciso pôr limite a isso".
Ele lembrou que o projeto da nova Constituição que será votado no dia 28 de setembro no Equador "proíbe os grupos econômicos e financeiros, como em muitos países desenvolvidos, que tenham meios de comunicação".
E acrescentou que uma das tarefas fundamentais da democracia é "democratizar os meios de comunicação".
"É terrível essa relação entre poder econômico e poder informativo", disse.
Correa defendeu a criação de veículos de comunicação públicos e a imposição de "limites a esse poder econômico, proibindo-o de ter poder informativo".
Já Chávez lembrou que "o espectro radioelétrico é do Estado", o que significa que "é propriedade social".
O presidente venezuelano explicou o caso da decisão do governo de não renovar a licença do canal golpista RCTV e afirmou que nesse caso a única coisa que aconteceu foi que "acabou a concessão e o dono do espectro, que é o Estado, decidiu não renovar essa concessão".
Lugo, por sua vez, afirmou que seu governo aposta em uma "informação transparente".
"Não temos nada a esconder" e, por isso, o Paraguai não deve ser conhecido mais "como o país que esconde informação", acrescentou.
Um caso exemplar foi o desmentido do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, de que a instituição tenha questionado o resultado do plebiscito revogatório da Bolívia — como tem afirmado a mídia torpe.
Em comunicado, Insulza manifestou "surpresa e irritação" com as notícias publicadas pela mídia boliviana, nas quais se informa que a OEA teria questionado o legítimo resultado do plebiscito de domingo, que foi supervisionado pelo organismo.
Insulza afirmou que "a OEA reconheceu plenamente validade do plebiscito revogatório que confirma o presidente Evo Morales e os oito governadores regionais, embora ainda se esperam os resultados oficiais".
O presidente Evo Morales disse que a mídia boliviana é mentirosa.
"Venham de onde vierem, acusações, tergiversações dirigidas de fora ou venham de programas, políticas, impostas desde fora, não vão influir em nossos povos", disse Morales.
Segundo ele, além da "direita conservadora" do país a principal derrotada nas urnas no domingo foi "a mídia mentirosa".
"Se a mídia falar bem de Evo Morales, vou ficar preocupado", ironizou.
No Brasil, é importante lembrar que a mídia torpe tem usado uma mentira depois da outra.
O modelo de jornalismo desta mídia no Brasil tem a ver com a natureza do regime militar instaurado pelo golpe de 1964.
O setor possivelmente é o que define melhor o papel de uma ''elite orgânica'', de “orientação empresarial”, que atuou intensamente na desestabilização do regime democrático pré-1964 para pôr no lugar a ''ordem empresarial'' após o ''golpe de classe'' — conforme explicou o cientista político René Armand Dreifuss, no importante livro A conquista do Estado — ação política, poder e golpe de classe.
O estilo de jornalismo também sofreu modificações profundas, que, em sua essência, sobrevivem firmes e fortes até hoje.
Por meio de decretos com variadas formas, o exercício da profissão foi limitado ao cumprimento de regras condizentes com a natureza ditatorial do regime — entre elas a censura prévia, a proibição de notícias “subversivas” e a substituição do jornalista pelo jornalista de “profissão”.
Vocações literárias e evocações filosóficas foram substituídas por uma narrativa simples e linguagem empobrecida.
Fonte:Blog O outro lado da notícia - Por Osvaldo
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