domingo, 5 de setembro de 2010

ELEIÇÕES - A "bala de prata" poderá levar a eleição para o segundo turno?

Do blog do Luis Nassif

Análise do tracking do Vox Populi - 2

Por H. C. Paes.

Nassif, saiu o rastreamento diário da Vox:

Nada mudou na estimulada (53/24/8/1, indecisos 10, brancos e nulos 4), mas Dilma oscilou um ponto para cima na espontânea. Seus 43% de hoje significam uma consolidação de voto de 81%. Os outros candidatos continuam na mesma.

A se confirmarem essas oscilações nos próximos blocos, a tendência que emerge é de que: i) quando Dilma não sobe na estimulada, sobe na espontânea; e ii) quando Serra não perde votos para Dilma, ela ganha votos dos indecisos.

Este quinto rastreamento marca o primeiro ciclo de substituição em relação ao primeiro resultado. As entrevistas foram colhidas entre quarta e ontem, e presumivelmente captaram todo o impacto do factóide, inclusive os JNs de quinta e sexta.

Não sei se houve algum golpe particularmente baixo no JN de ontem. Hoje houve a capa da inominável - seja lá o que contiver, não a vi - e ainda sairá o Fantástico. Há também o golpismo de FHC e a reportagem sobre o meio-irmão búlgaro de Dilma.

A campanha de Serra deu o sete de setembro como prazo final para que se notasse algum efeito das táticas de campanha televisiva. Até agora, nada.

O rastreamento que sairá quarta deve dar o saldo final desse coreto. Se nada mudar, deve ser o sinal para a campanha serrista baixar o nível de vez.

A bala de prata terá de ser bastante eficaz. A vantagem de Dilma sobre seus rivais (61% dos válidos) é bem maior do que a de Lula em 2006 à mesma época (55%). Nas preferências nominais, ela tem uma vantagem de vinte pontos sobre os demais.

Simulemos o seguinte cenário minimalista:

i. Em vista da polarização do País, apenas dois por cento dos indecisos se juntam aos brancos e nulos, que acabam em seis por cento (historicamente, o menor nível). A maioria simples passa a ser de 47%, o que dá a Dilma seis pontos de vantagem.

ii. Os indecisos que sobram (8%) se distribuem equanimemente (ou seja, proporcionalmente às parcelas correspondentes do eleitorado) entre os demais candidatos. Isso leva a petista a 53% + 53%x8% = 57%; o tucano, a 26%; e a verde, a 9%. A vantagem de Dilma passa a ser de vinte pontos sobre a soma dos adversários, e de dez pontos sobre a maioria simples de válidos, que continua em 47%. Isso, nas pesquisas de opinião.

iii. Na eleição propriamente dita, a abstenção é normalmente uniforme entre os estratos demográficos, mas os problemas de documentação afetam mais os candidatos que têm base eleitoral entre os mais pobres. Dilma tem melhor penetração nas classes mais abastadas e educadas do que Lula. Suponhamos que esse efeito fique em cinco por cento. O problema é que esses votos perdidos de Dilma não vão para seus adversários, e sim para a abstenção. Ou seja, a maioria simples necessária também é rebaixada.

a. Suponhamos que, para uma abstenção de 20% , maior que a de 2006 para contar as regras mais rígidas de documentação, 16% sejam debitados de Dilma, 3% dos demais e 1% de gente que foi votar branco ou nulo mas não conseguiu (uma distribuição equânime corresponderia a uma perda de 11% para Dilma). Isso rebaixaria a maioria simples para 38% do total de eleitores (contando os cinco por cento que conseguiram votar branco e anular, a massa de votos seria de 80%, com 75% de votos válidos sobre o total de eleitores), e Dilma cairia para 41%; os demais cairiam para 34% e Dilma teria uma vantagem final de sete pontos sobre seus adversários (todos os valores são em cima do eleitorado total).

iv. Ou seja, na pior das hipóteses, Dilma tem dez milhões de eleitores de vantagem sobre a soma dos outros. Para a bala de prata funcionar, essa é a menor barreira a ser vencida, no caso de um cenário catastrófico de abstenção enviesada contra a petista.

v. Dada a consolidação de Dilma em 80%, temos treze milhões de eleitores que ainda não mencionam Dilma na espontânea. Pode-se presumir que sejam os mais vulneráveis à bala de prata.

vi. Para forçar o segundo turno, há, portanto, duas opções: fazer dez milhões de eleitores de Dilma se absterem (além dos que já se absteriam naturalmente ou por problemas de documentação), ou fazer que cinco milhões mudem de Dilma para Serra ou Marina, rachando o primeiro turno em 37% para os dois lados. Isso significaria uma abstenção recorde de 25% ou mais.

Isso é preocupante, devo dizer. Essa cálculo mostra que a vantagem de Dilma pode não ser tão confortável quanto parece. Cada voto não depositado favorece a oposição.

Rodrigo Vianna está certo. A Globo é capaz - tem audiência no JN suficiente - para influenciar dez milhões de pessoas.

Como não há pesquisas novas registradas no TSE até ontem, mas o tribunal não vai enforcar a segunda-feira, o mais cedo em que outro instituto pode divulgar pesquisa será o sábado 10. Até lá, o rastreamento da Vox reinará soberano.
Fonte:Blog do Luis Nassif.

Nenhum comentário: