sexta-feira, 10 de setembro de 2010

POLÍTICA - Dilma pode fazer governo melhor do que Lula.

Entrevista com o ministro Alexandre Padilha.

O senhor participou ativamente da definição das alianças que estão dando sustentação à candidatura da ministra Dilma. Queria que o senhor fizesse uma avaliação das articulações regionais da campanha, em especial as que aconteceram em Minas e no Maranhão e que foram um tanto polêmicas.

Neste momento a avaliação é muito positiva. É lógico que depois das eleições é que serão feitas as avaliações das articulações regionais e locais com maior precisão. Mas naquilo que cabe à construção das alianças, tem sido muito positivo, porque essas alianças regionais construídas é que possibilitaram essa grande aliança nacional de apoio a Dilma. E que tem dado, inclusive, nesses dois estados que você citou (Maranhão e Minas Gerais), uma grande dianteira da candidatura dela nas pesquisas. No Maranhão, hoje Dilma coloca 60 pontos percentuais à frente do candidato de oposição. Em Minas Gerais, há pesquisas que apontam de 20 a 30 pontos percentuais de Dilma à frente do candidato de oposição. Então, a avaliação que podemos fazer neste momento é que essas alianças ajudaram a consolidar a aliança nacional. Tenho convicção de que elas também foram decisivas para se construir essa aliança grande nacional que tem dado sustentação para a candidatura da Dilma e que também têm garantido para o governo tranqüilidade, tanto na Câmara quanto no Senado, para que ele possa concluir a sua obra até o dia 31 de dezembro.

Ministro, o senhor tem dimensão hoje de quantos prefeitos no Brasil apoiam a candidatura Dilma?

Não tenho como numerar, porque a cada dia mais prefeitos e prefeitas têm vindo apoiar a Dilma. Isso é fruto de uma política federativa republicana construída desde 2003 nos governos do presidente Lula. Tanto prefeitos como governadores passaram a se sentir parte desse país que está sendo construído, parceiros de fato, nas políticas públicas, nas ações, na ampliação de investimento público no país.

O senhor acha que a Dilma, se eleita, vai fazer um governo diferente do presidente Lula. O senhor acha que ela vai conseguir fazer um governo mais à esquerda do que o do presidente Lula?

Não existe governo mais à esquerda do que um que tirou 30 milhões de pessoas da pobreza e que realizou conferências que envolveram milhões de pessoas, por exemplo. Acho que a Dilma vai conseguir fazer aquilo que o Lula tem dito, vai fazer um governo melhor do que o dele, pois as bases e as condições econômicas e sociais já foram construídas no Brasil para que se possa avançar cada vez mais.
Hoje, nossas relações com o mundo já estão sólidas e as bases estão construídas. Estamos ocupando um espaço de potência. Com a questão do pré-sal, então, poderemos investir na educação e em grandes coisas que o país precisa.
O Banco Mundial tem um estudo, que com certeza você conhece, que aponta que a cada 10% da ampliação de cobertura de acesso à banda larga, temos um crescimento potencial de 1,3% do PIB. E o governo tem um Plano Nacional de Banda Larga. São ações como essa que vão fazer com que nosso crescimento econômico seja melhor, pois será distribuído nacionalmente. Esse é o grande desejo do Lula para a Dilma. Ele espera que ela faça melhor que ele.

Os ministros estão fazendo um balanço das ações de cada ministério pra entregar para a Casa Civil como legado deste governo para a transição. O que é preciso mudar na articulação política?

Se eleita, a Dilma vai ter conquistado o cargo com a maior coligação que o PT já teve. Em nenhuma eleição que disputou o Lula teve apoio de tantos partidos, como tem a candidatura da Dilma. Além disso, ela está tendo o apoio de um grande número de parlamentares e prefeitos. E ainda conta com a maior coligação social da história. Ela começou a campanha com o apoio das seis centrais sindicais, coisa que nem o Lula que foi uma grande liderança sindical teve. Ou seja, nós acreditamos que a Dilma vai sair desse processo como uma grande liderança e com grande votação, podendo, inclusive, suplantar o presidente Lula em número de votos. Essa é a primeira vantagem, são condições eleitorais que o presidente Lula não teve. Além disso, Dilma tem a vantagem do amadurecimento do conceito de construção de governabilidade que aconteceu no governo do presidente Lula. É uma ideia de governabilidade que faz com que o peso das relações que são normais, como a ocupação de cargos no espaço político, se reduza perante uma relação política consolidada.

No governo do presidente Lula, também houve o amadurecimento do primeiro para o segundo mandato, de que a coalizão deve ser construída com os líderes partidários, com os presidentes dos partidos. Se vencer, Dilma vai assumir o governo com a experiência do conceito de coalizão bastante amadurecido. Com condições melhores de avançar cada vez mais.

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Ministro Padilha: “discurso de Lula foi antibioticoterapia profilática de largo espectro”
09 de setembro de 2010 às 20:57 Nenhum Comentário
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, concedeu na tarde de hoje entrevista de aproximadamente 30 minutos para este blogueiro. Na primeira parte, que segue, tratei com ele da questão das quebras de sigilo. Na segunda , que publicarei no fim da noite, ele aborda questões relacionadas à sua atividade na articulação política.

O que o senhor está achando da história das quebras de sigilo?

Nós queremos saber de toda a verdade. O presidente Lula orientou a Receita Federal e a Polícia Federal, para transformar essa apuração em prioridade absoluta dos seus órgãos. Queremos saber o que motivava as pessoas, em setembro de 2009, a cometer esses crimes. Queremos saber quem cometeu esses crimes e o destino das informações obtidas. Nós somos os principais interessados em saber toda a verdade e não vamos permitir a tentativa da oposição de transformar isso num palanque eleitoral.

O presidente Lula é o maior interessado em descobrir do começo ao fim essa história. Querer dar qualquer conotação eleitoral política a um crime cometido em setembro do ano passado, onde não estava nem definido qual era o candidato do PSDB, que estava em disputa interna, ou ainda querer estabelecer relação disso com a candidatura Dilma, quando ela não tinha nem comitê. Nós, do governo, não vamos permitir que esse desespero da oposição venha atrapalhar o processo de investigação que vai ser feito até o fim.

A população brasileira pode ter a garantia de duas coisas. A primeira é a de que na Receita Federal tudo será feito para dar tranqüilidade ao sigilo fiscal do cidadão. Segundo, a população brasileira vai saber dessa história do começo ao fim. Não vamos deixar nada sem esclarecimento. A Polícia Federal vai usar todos os recursos para esclarecer essa história.

O presidente da República falou grosso no programa eleitoral da candidata Dilma do dia 7 de Setembro. O governo já tem informação de que esse sigilo teria sido quebrado por gente ligada a outra campanha e não a campanha da Dilma?

A Polícia Federal é quem vai identificar, nós não vamos entrar no terreno da especulação. Queremos a resolução desse crime e o presidente da República tem tomado duas medidas em relação a isso. Como estadista, tem deixado claro que o papel dele é não permitir que o crime contamine a apuração para que a gente saiba de fato que crime foi esse. Para poder evitar que isso aconteça com mais 2000 pessoas, com mais 100 pessoas, com mais uma pessoa que seja, como aconteceu em setembro do ano passado.

A outra atitude dele, enquanto militante político, foi a de defender a sua candidata a presidente. E agiu do jeito que lhe parecia correto para manter o nível da campanha. O presidente falou grosso, porque ele fala grosso quando precisa. Como médico infectologista, falo que ele fez uma “antibioticoterapia profilática de largo espectro”. E o que significa isso? Quando você tem risco de ter algum tipo de infecção, quando vai fazer uma cirurgia ou um procedimento cirúrgico, você dá esse antibiótico preventivo de largo espécie para proteger o corpo. Neste caso, ele fez isso para proteger sua candidata de qualquer tipo de calúnia e difamação.

Então o presidente, na sua condição de ator político e militante, fez uma fala chamando a população para manter o nível da campanha. Além disso, é preciso dizer que os ataques a Dilma não estão ocorrendo só agora nesse episódio do sigilo. Temos que lembrar também dos ataques ocorridos à pessoa da Dilma, a figura da Dilma. Tem montagem de fotos e versões sobre a vida dela que estão circulando por aí, que o presidente Lula sente na pele, porque ele sofreu preconceito com ataques semelhantes aos que Dilma vem sofrendo. Na democracia tem que se fazer com que a disputa aconteça num ambiente de debates de propostas e não em cima de ataques pessoais.

Ministro, o senhor disse que não vai especular sobre isso. Mas o presidente do PT, José Eduardo Dutra, solicitou à PF que ouça o jornalista Amauri Ribeiro Junior. Insisto, o senhor trabalha com a hipótese de que o início dessa história possa vir a ser Minas Gerais e não Mauá?

Não trabalho com hipóteses, Renato. A quem cabe trabalhar com hipóteses é a Polícia Federal. Só quero dizer que acredito na PF e nas instituições que o país consolidou em todos esses anos. Tenho toda a convicção de que a verdade virá à tona, do começo ao fim.

Vou reformular a pergunta, e aí não se trata de especulação. O governador Serra disse que teria falado com o Presidente Lula e o próprio Lula já confirmou, dando uma versão um pouco diferente, o senhor tinha ouvido algo dessa história antes dela vir a público?

A primeira vez que ouvi algo dessa história foi em junho, julho deste ano, quando começaram a aparecer reportagens das mais variadas sobre essa questão. E o presidente esclareceu que em janeiro o que chegou até ele foi uma reclamação de que comentários e histórias estavam sendo publicadas na internet. Ele deixou muito claro que não cabe a ele censurar a internet, que a internet é um lugar público. Não faltam casos sobre acusações contra o presidente e sua família na internet, por exemplo. Comecei a ouvir isso (história da quebra de sigilo) quando saíram as primeiras reportagens. Nós do governo e certamente a Polícia Federal, que tem muita capacidade, nós vamos guiar todo esse processo de investigação em cima de evidências e não de especulações. Agora, que a verdade vai vir à tona vai vir. Vai aparecer a verdade do começo ao fim nesse episódio.
Fonte: Blog do Rovai.

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