Por raquel_
Da Folha.com
Allende pode ter levado 2 disparos diferentes, diz reportagem de TV
DA EFE
O ex-presidente chileno Salvador Allende, que morreu durante o assédio dos militares golpistas ao Palácio de La Moneda em 11 de setembro de 1973, pode ter levado dois disparos diferentes, segundo revelou na noite de segunda-feira (30) uma reportagem televisiva.
O programa "Informe Especial", da Televisión Nacional do Chile (TVN), divulgou um inédito relatório da promotoria militar sobre a morte do ex-mandatário socialista que abre a possibilidade de Allende não ter se suicidado, como a versão oficial sustentou durante 38.
O documento que pode refutar a tese de suicídio do líder foi encontrado de maneira fortuita no ano passado entre os escombros de uma casa derrubada que pertenceu ao coronel Horacio Ried, relator da Corte Marcial, hoje já falecido, e entregue à equipe jornalística da TVN.
O expediente, datado de 11 de setembro de 1973, é integrado pelo "trabalho no lugar do fato, a perícia balística, a perícia datiloscópica, as testemunhas e a autópsia".
O relatório da promotoria militar foi analisado pelo doutor uruguaio Hugo Rodríguez, autor de um método conhecido como a "autópsia histórica", que se aplica em casos nos quais os restos humanos não estão disponíveis para perícia.
O especialista, uma eminência mundial em medicina legista, concluiu que além do ferimento do fuzil AK-47, que provocou a explosão da parte superior da caixa craniana, há outra de uma arma de menor calibre que deixou um orifício em um dos fragmentos ósseos.
"Isso indica necessariamente que existiu outro projétil e que, além disso, esse outro projétil foi disparado antes do que provocou a explosão", afirmou Rodríguez, diretor do departamento de medicina legal da universidade uruguaia da República.
Esta revelação acontece uma semana depois de terem sido exumados os restos do presidente chileno a fim de realizar as perícias que em um prazo de três meses determinarão as circunstâncias de sua morte.
Após a difusão da reportagem, o advogado defensor de direitos humanos Eduardo Contreras declarou à "TVN" que "o programa confirma algumas verdades que já conhecíamos, que são a presença de militares e a existência real de mais de um disparo".
"A sorte de Allende estava lançada: suicídio ou homicídio, o presidente iria morrer nesse dia", assinalou Contreras, autor do requerimento para a exumação do cadáver de Salvador Allende.
Carlos Augusto de Araujo Dória, 82 anos, economista, nacionalista, socialista, lulista, budista, gaitista, blogueiro, espírita, membro da Igreja Messiânica, tricolor, anistiado político, ex-empregado da Petrobras. Um defensor da justiça social, da preservação do meio ambiente, da Petrobras e das causas nacionalistas.
terça-feira, 31 de maio de 2011
POLÍTICA - O desejo de um novo 1968.
"A palavra certa não é o que se quer: é o que se deseja. Há a convicção de que se esgotou a maneira usual de fazer política usual. Por isso, muitos dos que vão às praças ibéricas não se importam com as eleições que houve na Espanha e haverá em Portugal. O resultado delas pode beneficiar os políticos conservadores. Mas os manifestantes não se batem por uma política menos ruim, com redução de danos, menos opressiva. Lutam por outra coisa", escreve Renato Janine Ribeiro, professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo, em artigo publicado no jornal Valor, 30-05-2011.
Segundo ele, "a primavera ibérica pode dar em nada. Mas mostra, pelo menos, que o melhor da energia da sociedade, pelo menos de tempos em tempos, anseia por algo que seja político, mas completamente diferente de "tudo o que está aí". No Brasil o PT soube, por um tempo, captar essa energia. Isso terminou".
Eis o artigo.
Nesta sexta-feira de manhã, fui do aeroporto ao centro de Barcelona, para falar no encontro da Academia da Latinidade sobre o imaginário democrático. Quando chegava, outra participante, a tunisiana Hélé Beji, dava uma entrevista à televisão espanhola sobre a revolução em seu país. De repente, ouvimos os helicópteros da polícia catalã que começavam a tarefa, que terminou sangrenta, de retirar as pessoas que ocupavam a Plaça de Catalunya pedindo uma política melhor e diferente. Com o ruído, ficou impossível ela gravar. "Igualzinho ao que aconteceu na Tunísia", comentou.
Mais tarde, pelas 20h, estive na praça. Mais de cem pessoas tinham sido feridas ao meio-dia; ao entardecer, havia jovens e gente madura: muitos com flores nos cabelos, ou cartazes escritos a mão, geralmente com frases de Gandhi. A calma era absoluta. Eu imaginaria, se fosse no Brasil, um clima de pós-devastação, mas não foi o caso. Não era um ambiente de ressaca ou fim de festa. As coisas estavam sóbrias, mas não tristes.
O Mediterrâneo está passando de uma primavera a outra. Primeiro, foi a primavera árabe, que na verdade começou no inverno mas, enfim, a imagem que pegou é a da primavera, a primeira estação, a inaugural, a das flores, da vida e da beleza. Lá se rompeu um paradigma idiota, o do conflito das civilizações, caro a Huntington e aos conservadores. Está-se mostrando possível unir democracia e cultura islâmica como, por sinal, há tempos propõe Tariq Ramadan, outro pensador que frequenta as reuniões da Academia da Latinidade. Mas, agora, está sendo a primavera ibérica, que é bem diferente.
Por que a diferença? Porque a questão é a de uma nova política. Ou deveríamos falar em duas novas políticas. A fusão do islamismo com a democracia é muito importante. Curiosamente, desde que se provou que o Iraque não tinha armas de destruição maciça e que o pretexto de Bush para invadir aquele país rico em petróleo era falso, a direita norte-americana assumiu o discurso da mudança de regime - isto é, da implantação da democracia no mundo islâmico, a começar pelos países ocupados, Iraque e Afganistão. Mas foi uma democracia não-preparada, com colaboracionistas locais de pouca credibilidade e desrespeito por culturas que os ocupantes desconheciam. O que ora sucede na margem sul do Mediterrâneo são movimentos autônomos, que incomodam as potências ocidentais por questões geopolíticas, mas têm raízes nas suas próprias sociedades. Se derem certo, o que não está garantido, mudará a política mundial.
Já na Espanha e em Portugal se quer outra coisa. Na verdade, a palavra certa não é o que se quer: é o que se deseja. Há a convicção de que se esgotou a maneira usual de fazer política usual. Por isso, muitos dos que vão às praças ibéricas não se importam com as eleições que houve na Espanha e haverá em Portugal. O resultado delas pode beneficiar os políticos conservadores. Mas os manifestantes não se batem por uma política menos ruim, com redução de danos, menos opressiva. Lutam por outra coisa.
Penso que as gerações que não tiveram, como a minha, a oportunidade de ser jovens em 1968 acabaram mitificando - mas com razão - aquele ano. Vejam: desde que entramos na era das revoluções, timidamente com a inglesa de 1688, decididamente com a americana de 1776 e a francesa de 1789, elas têm duas características. Primeiro, são imprevisíveis. Mas, segunda, depois de acontecerem, são explicáveis. Dá para encontrar suas causas, usualmente econômicas, talvez sociais. Dá para mostrar que era impossível continuar o sistema colonial, ou feudal, ou o atraso russo.
A grande exceção foi 1968. Não há explicação para a enorme explosão que tomou conta do mundo. Sua causa mais provável pode ter sido, simplesmente, o tédio. Uma semana antes de começar, com a invasão do dormitório feminino de Nanterre pelos rapazes, um jornalista francês, Pierre Viansson-Ponté, publicava um artigo com o título "A França está entediada". Não havia uma crise econômica notável, desemprego significativo, guerra colonial, nada disso. Mas as pessoas não aguentavam mais alguma coisa vaga, porém insuportável.
Nem os revoltosos do maio francês sabiam o que estavam fazendo. Muitos usavam os slogans marxistas e acreditavam fazer uma revolução bolchevista, com as adaptações requeridas por ocorrer num país desenvolvido, culto e com forte sociedade civil. O que chamamos de "maio de 1968" só nasceu uns dois anos depois, à medida que foi sendo evocado - depois que o Partido Comunista deixou claro que não faria a revolução. Prevaleceu então a lembrança anárquica, criativa, sobre a crônica do que realmente sucedera. Foi um caso excepcional de invenção da memória, com toda a riqueza que essa pode trazer.
Desde então ressurge, cada poucos anos, um anseio por um 1968 - claro, pelo 68 mítico. É um desejo de utopia. Surge sem causa ou, se há causas, não são suficientes para explicar a consequência. A primavera ibérica pode dar em nada. Mas mostra, pelo menos, que o melhor da energia da sociedade, pelo menos de tempos em tempos, anseia por algo que seja político, mas completamente diferente de "tudo o que está aí". No Brasil o PT soube, por um tempo, captar essa energia. Isso terminou. Mas continua havendo, mundo afora, esse desejo, que nem os ecologistas conseguem absorver. Descartá-lo como "utópico", no mau sentido, é esquecer que só ele pode renovar a política. Acreditar que possa ser tomado pelos partidos existentes é uma ilusão. O fato é que, até hoje, essa energia trouxe resultados aquém dos esperados, mas além dos previstos.
Segundo ele, "a primavera ibérica pode dar em nada. Mas mostra, pelo menos, que o melhor da energia da sociedade, pelo menos de tempos em tempos, anseia por algo que seja político, mas completamente diferente de "tudo o que está aí". No Brasil o PT soube, por um tempo, captar essa energia. Isso terminou".
Eis o artigo.
Nesta sexta-feira de manhã, fui do aeroporto ao centro de Barcelona, para falar no encontro da Academia da Latinidade sobre o imaginário democrático. Quando chegava, outra participante, a tunisiana Hélé Beji, dava uma entrevista à televisão espanhola sobre a revolução em seu país. De repente, ouvimos os helicópteros da polícia catalã que começavam a tarefa, que terminou sangrenta, de retirar as pessoas que ocupavam a Plaça de Catalunya pedindo uma política melhor e diferente. Com o ruído, ficou impossível ela gravar. "Igualzinho ao que aconteceu na Tunísia", comentou.
Mais tarde, pelas 20h, estive na praça. Mais de cem pessoas tinham sido feridas ao meio-dia; ao entardecer, havia jovens e gente madura: muitos com flores nos cabelos, ou cartazes escritos a mão, geralmente com frases de Gandhi. A calma era absoluta. Eu imaginaria, se fosse no Brasil, um clima de pós-devastação, mas não foi o caso. Não era um ambiente de ressaca ou fim de festa. As coisas estavam sóbrias, mas não tristes.
O Mediterrâneo está passando de uma primavera a outra. Primeiro, foi a primavera árabe, que na verdade começou no inverno mas, enfim, a imagem que pegou é a da primavera, a primeira estação, a inaugural, a das flores, da vida e da beleza. Lá se rompeu um paradigma idiota, o do conflito das civilizações, caro a Huntington e aos conservadores. Está-se mostrando possível unir democracia e cultura islâmica como, por sinal, há tempos propõe Tariq Ramadan, outro pensador que frequenta as reuniões da Academia da Latinidade. Mas, agora, está sendo a primavera ibérica, que é bem diferente.
Por que a diferença? Porque a questão é a de uma nova política. Ou deveríamos falar em duas novas políticas. A fusão do islamismo com a democracia é muito importante. Curiosamente, desde que se provou que o Iraque não tinha armas de destruição maciça e que o pretexto de Bush para invadir aquele país rico em petróleo era falso, a direita norte-americana assumiu o discurso da mudança de regime - isto é, da implantação da democracia no mundo islâmico, a começar pelos países ocupados, Iraque e Afganistão. Mas foi uma democracia não-preparada, com colaboracionistas locais de pouca credibilidade e desrespeito por culturas que os ocupantes desconheciam. O que ora sucede na margem sul do Mediterrâneo são movimentos autônomos, que incomodam as potências ocidentais por questões geopolíticas, mas têm raízes nas suas próprias sociedades. Se derem certo, o que não está garantido, mudará a política mundial.
Já na Espanha e em Portugal se quer outra coisa. Na verdade, a palavra certa não é o que se quer: é o que se deseja. Há a convicção de que se esgotou a maneira usual de fazer política usual. Por isso, muitos dos que vão às praças ibéricas não se importam com as eleições que houve na Espanha e haverá em Portugal. O resultado delas pode beneficiar os políticos conservadores. Mas os manifestantes não se batem por uma política menos ruim, com redução de danos, menos opressiva. Lutam por outra coisa.
Penso que as gerações que não tiveram, como a minha, a oportunidade de ser jovens em 1968 acabaram mitificando - mas com razão - aquele ano. Vejam: desde que entramos na era das revoluções, timidamente com a inglesa de 1688, decididamente com a americana de 1776 e a francesa de 1789, elas têm duas características. Primeiro, são imprevisíveis. Mas, segunda, depois de acontecerem, são explicáveis. Dá para encontrar suas causas, usualmente econômicas, talvez sociais. Dá para mostrar que era impossível continuar o sistema colonial, ou feudal, ou o atraso russo.
A grande exceção foi 1968. Não há explicação para a enorme explosão que tomou conta do mundo. Sua causa mais provável pode ter sido, simplesmente, o tédio. Uma semana antes de começar, com a invasão do dormitório feminino de Nanterre pelos rapazes, um jornalista francês, Pierre Viansson-Ponté, publicava um artigo com o título "A França está entediada". Não havia uma crise econômica notável, desemprego significativo, guerra colonial, nada disso. Mas as pessoas não aguentavam mais alguma coisa vaga, porém insuportável.
Nem os revoltosos do maio francês sabiam o que estavam fazendo. Muitos usavam os slogans marxistas e acreditavam fazer uma revolução bolchevista, com as adaptações requeridas por ocorrer num país desenvolvido, culto e com forte sociedade civil. O que chamamos de "maio de 1968" só nasceu uns dois anos depois, à medida que foi sendo evocado - depois que o Partido Comunista deixou claro que não faria a revolução. Prevaleceu então a lembrança anárquica, criativa, sobre a crônica do que realmente sucedera. Foi um caso excepcional de invenção da memória, com toda a riqueza que essa pode trazer.
Desde então ressurge, cada poucos anos, um anseio por um 1968 - claro, pelo 68 mítico. É um desejo de utopia. Surge sem causa ou, se há causas, não são suficientes para explicar a consequência. A primavera ibérica pode dar em nada. Mas mostra, pelo menos, que o melhor da energia da sociedade, pelo menos de tempos em tempos, anseia por algo que seja político, mas completamente diferente de "tudo o que está aí". No Brasil o PT soube, por um tempo, captar essa energia. Isso terminou. Mas continua havendo, mundo afora, esse desejo, que nem os ecologistas conseguem absorver. Descartá-lo como "utópico", no mau sentido, é esquecer que só ele pode renovar a política. Acreditar que possa ser tomado pelos partidos existentes é uma ilusão. O fato é que, até hoje, essa energia trouxe resultados aquém dos esperados, mas além dos previstos.
ECONOMIA - Cristina KIrchner faz sua versão dos "mercales" de Hugo Chaves.
A 15 estações do centro de Buenos Aires, o trem de subúrbio da linha San Martín custa a alcançar 60 quilômetros por hora e vai arranhando os trilhos visivelmente mal conservados até chegar ao município de José C. Paz, um reduto ultrakirchnerista de 263 mil habitantes. É uma viagem que não atrai turistas, só trabalhadores cansados que sequer fecham as portas manuais dos vagões quando terminam de embarcar. Mas o trem revela uma Argentina de dois tempos diferentes. Ele sai da centenária estação do Retiro, de estilo francês, atravessa ruas arborizadas e extensos gramados onde garotas adolescentes jogam hóquei sobre patins. Passa por distritos como W. Morris e Hurlingham, que entregam o passado de colônia econômica dos ingleses.
A reportagem é de Daniel Rittner e publicada pelo jornal Valor, 30-05-2011.
A paisagem é europeizada, com casinhas geminadas de dois andares na metade inicial do percurso. Aos poucos, o cenário ganha elementos mais latino-americanos, como uma favela em formação bem ao lado da ferrovia. Na chegada a José C. Paz, o visual é conhecido por qualquer habitante da periferia de uma metrópole situada abaixo da linha do Equador: lixo atirado nas calçadas, tênis pendurados na fiação elétrica, viralatas perambulando, ruas de terra, lojas de eletrodomésticos com alto falantes na porta e uma permanente sensação de insegurança.
Ali, a pouco mais de uma hora de onde turistas brasileiros caminham nas ruas da Recoleta brincando de passear pela Europa, a presidente Cristina Kirchner inaugurou há duas semanas o primeiro de uma série de mercados populares para a classe baixa, os "sacolões" da Cristina.
A ideia do governo é abrir os chamados "mercados concentradores" nos subúrbios das grandes cidades, levando produtores e cooperativas de alimentos a vender diretamente para a população, sem a "intermediação" de distribuidores e varejistas. O ministro da Economia, Amado Boudou, sugeriu recentemente à população "caminhar para encontrar bons preços" e assegurou que a presidente do Banco Central comprava abacate no mercadão central de Buenos Aires para poupar seus pesos.
A inflação continuou subindo. Então, se Maomé não vai até a montanha, a montanha vai até Maomé. Nas próximas semanas, o segundo mercado concentrador será aberto em Resistencia, capital da Província de Chaco, uma das mais pobres do país.
Todos os produtos são vendidos a preços tabelados pelo governo. As comparações com os "mercales", supermercados bolivarianos criados por Hugo Chávez na Venezuela, são inevitáveis.
Mas, com uma inflação dos alimentos acima de 40% ao ano, os clientes argentinos não estão nem aí para estudos de política comparada quando têm a oportunidade de comprar um quilo de batatas pelo equivalente a R$ 0,32, merzula a R$ 5,60 o quilo ou um litro de leite a R$ 0,80.
"Bem ou mal, isso mostra que estão preocupados e fazendo alguma coisa pela gente", afirma José Gatica, 28 anos, que saía do Mercado Concentrador ao lado da mulher e três filhos pequenos, em um dia de semana à tarde, abastecido com cinco quilos de batata, dois de pimentão e outros dois de cebola. Gatica é pedreiro e, como quatro em cada dez trabalhadores argentinos, não tem carteira assinada.
Para esse pessoal, os reajustes salariais negociados pelos poderosos sindicatos argentinos não recompõem o poder aquisitivo corroído pela inflação, há cinco anos no patamar de dois dígitos, e a iniciativa do governo de criar "sacolões" populares é bem-vinda. "Comer carne todos os dias virou um hábito só para os ricos", diz a aposentada Juana Ramírez, na fila de um açougue que vende cortes populares a preços combinados com a Secretaria de Comércio Interior, do polêmico Guillermo Moreno.
No ano passado, os preços da carne quase dobraram e o consumo por habitante caiu 14%, para o menor índice desde a crise de 2002. Por isso, Juana não se intimida com a fila de mais de 80 pessoas, que lhe consome uma meia hora. "Aqui eu compro um quilo de bife à milanesa por 21 pesos. Fora daqui, sai por 38."
Diferentemente dos mercales de Chávez, os produtores que vendem barato nos "sacolões" argentinos não saem perdendo - seja porque ganham em escala, seja porque fazem um favor ao governo que lhes pode ajudar em outro negócio.
O empresário Alberto Samid, dono da rede de açougues La Lonja, explicou à mídia local sua decisão de abrir uma unidade no mercado de José C. Paz: "A ideia é acompanhar esse projeto para que as pessoas de menos recursos tenham acesso. Com essa loja não ganho dinheiro, mas não é grave. Como tenho 81 açougues que funcionam muito bem, posso me dar ao luxo de sair no zero a zero ou até de perder um pouco de dinheiro em uma ou duas lojas".
"Não chegamos a ter prejuízo porque faturamos bem com a quantidade", despista Yamil Maggi, gerente do comércio que vende peixes no mercado. Orgulhoso do trabalho, Maggi aponta os retratos que adornam as paredes: eles mostram caminhões da indústria pesqueira Albatroz, de Mar del Plata, em várias cidades do interior. Eram percursos feitos no âmbito do "Pescado para Todos", programa oficial lançado para fomentar o consumo de peixes e mariscos a preços populares. O favorito dos clientes é a merluza. "Equivale a mais de 70% das vendas", diz o gerente. "É produto de qualidade, a empresa é exportadora."
O galpão que abriga o mercado concentrador de José C. Paz pertence à prefeitura e já existia desde 2007. Tem oito mil metros quadrados, uma praça de alimentação com lanchonetes modestas, quase 100 estandes de roupas, CDs e DVDs piratas, algumas lojas de tatuagens e até um sex shop. "Reparamos celulares molhados e celulares chineses", avisa um cartaz no corredor principal, que indica uma loja de bugigangas eletrônicas.
O administrador do mercado, Martín Ledesma, disse que as negociações com a Casa Rosada para sediar o projeto do governo começaram em setembro. A Secretaria de Comércio Interior aluga os espaços. Em um primeiro momento, 20 produtores ou cooperativas aderiram à iniciativa. Em breve, serão instalados quiosques para vender embutidos e até carne de cordeiro. "O objetivo é que os produtores ponham suas mercadorias na mesa dos consumidores, sem intermediários, a preços justos e razoáveis", explica ele.
Se a popularidade da presidente no município aumentar junto com o fluxo de gente, ela ganhou muitos votos. "No sábado anterior à inauguração dos postos de alimentos, passaram por aqui de oito a nove mil pessoas. No sábado seguinte, foram 12 mil. E vamos chegar logo a 20 mil", afirma Ledesma. Os preços não vão subir? Isso vai durar ou termina depois das eleições presidenciais de 23 de outubro?
"A intenção é manter os preços acordados com o governo e dar às pessoas a possibilidade de ter produtos da cesta básica por um valor bem acessível. E, pelo que tenho conversado com os produtores, eles vieram para ficar. Muitos fizeram investimentos em freezers, em câmaras frigoríficas. Isso não é coisa que se tira de um dia para o outro."
A reportagem é de Daniel Rittner e publicada pelo jornal Valor, 30-05-2011.
A paisagem é europeizada, com casinhas geminadas de dois andares na metade inicial do percurso. Aos poucos, o cenário ganha elementos mais latino-americanos, como uma favela em formação bem ao lado da ferrovia. Na chegada a José C. Paz, o visual é conhecido por qualquer habitante da periferia de uma metrópole situada abaixo da linha do Equador: lixo atirado nas calçadas, tênis pendurados na fiação elétrica, viralatas perambulando, ruas de terra, lojas de eletrodomésticos com alto falantes na porta e uma permanente sensação de insegurança.
Ali, a pouco mais de uma hora de onde turistas brasileiros caminham nas ruas da Recoleta brincando de passear pela Europa, a presidente Cristina Kirchner inaugurou há duas semanas o primeiro de uma série de mercados populares para a classe baixa, os "sacolões" da Cristina.
A ideia do governo é abrir os chamados "mercados concentradores" nos subúrbios das grandes cidades, levando produtores e cooperativas de alimentos a vender diretamente para a população, sem a "intermediação" de distribuidores e varejistas. O ministro da Economia, Amado Boudou, sugeriu recentemente à população "caminhar para encontrar bons preços" e assegurou que a presidente do Banco Central comprava abacate no mercadão central de Buenos Aires para poupar seus pesos.
A inflação continuou subindo. Então, se Maomé não vai até a montanha, a montanha vai até Maomé. Nas próximas semanas, o segundo mercado concentrador será aberto em Resistencia, capital da Província de Chaco, uma das mais pobres do país.
Todos os produtos são vendidos a preços tabelados pelo governo. As comparações com os "mercales", supermercados bolivarianos criados por Hugo Chávez na Venezuela, são inevitáveis.
Mas, com uma inflação dos alimentos acima de 40% ao ano, os clientes argentinos não estão nem aí para estudos de política comparada quando têm a oportunidade de comprar um quilo de batatas pelo equivalente a R$ 0,32, merzula a R$ 5,60 o quilo ou um litro de leite a R$ 0,80.
"Bem ou mal, isso mostra que estão preocupados e fazendo alguma coisa pela gente", afirma José Gatica, 28 anos, que saía do Mercado Concentrador ao lado da mulher e três filhos pequenos, em um dia de semana à tarde, abastecido com cinco quilos de batata, dois de pimentão e outros dois de cebola. Gatica é pedreiro e, como quatro em cada dez trabalhadores argentinos, não tem carteira assinada.
Para esse pessoal, os reajustes salariais negociados pelos poderosos sindicatos argentinos não recompõem o poder aquisitivo corroído pela inflação, há cinco anos no patamar de dois dígitos, e a iniciativa do governo de criar "sacolões" populares é bem-vinda. "Comer carne todos os dias virou um hábito só para os ricos", diz a aposentada Juana Ramírez, na fila de um açougue que vende cortes populares a preços combinados com a Secretaria de Comércio Interior, do polêmico Guillermo Moreno.
No ano passado, os preços da carne quase dobraram e o consumo por habitante caiu 14%, para o menor índice desde a crise de 2002. Por isso, Juana não se intimida com a fila de mais de 80 pessoas, que lhe consome uma meia hora. "Aqui eu compro um quilo de bife à milanesa por 21 pesos. Fora daqui, sai por 38."
Diferentemente dos mercales de Chávez, os produtores que vendem barato nos "sacolões" argentinos não saem perdendo - seja porque ganham em escala, seja porque fazem um favor ao governo que lhes pode ajudar em outro negócio.
O empresário Alberto Samid, dono da rede de açougues La Lonja, explicou à mídia local sua decisão de abrir uma unidade no mercado de José C. Paz: "A ideia é acompanhar esse projeto para que as pessoas de menos recursos tenham acesso. Com essa loja não ganho dinheiro, mas não é grave. Como tenho 81 açougues que funcionam muito bem, posso me dar ao luxo de sair no zero a zero ou até de perder um pouco de dinheiro em uma ou duas lojas".
"Não chegamos a ter prejuízo porque faturamos bem com a quantidade", despista Yamil Maggi, gerente do comércio que vende peixes no mercado. Orgulhoso do trabalho, Maggi aponta os retratos que adornam as paredes: eles mostram caminhões da indústria pesqueira Albatroz, de Mar del Plata, em várias cidades do interior. Eram percursos feitos no âmbito do "Pescado para Todos", programa oficial lançado para fomentar o consumo de peixes e mariscos a preços populares. O favorito dos clientes é a merluza. "Equivale a mais de 70% das vendas", diz o gerente. "É produto de qualidade, a empresa é exportadora."
O galpão que abriga o mercado concentrador de José C. Paz pertence à prefeitura e já existia desde 2007. Tem oito mil metros quadrados, uma praça de alimentação com lanchonetes modestas, quase 100 estandes de roupas, CDs e DVDs piratas, algumas lojas de tatuagens e até um sex shop. "Reparamos celulares molhados e celulares chineses", avisa um cartaz no corredor principal, que indica uma loja de bugigangas eletrônicas.
O administrador do mercado, Martín Ledesma, disse que as negociações com a Casa Rosada para sediar o projeto do governo começaram em setembro. A Secretaria de Comércio Interior aluga os espaços. Em um primeiro momento, 20 produtores ou cooperativas aderiram à iniciativa. Em breve, serão instalados quiosques para vender embutidos e até carne de cordeiro. "O objetivo é que os produtores ponham suas mercadorias na mesa dos consumidores, sem intermediários, a preços justos e razoáveis", explica ele.
Se a popularidade da presidente no município aumentar junto com o fluxo de gente, ela ganhou muitos votos. "No sábado anterior à inauguração dos postos de alimentos, passaram por aqui de oito a nove mil pessoas. No sábado seguinte, foram 12 mil. E vamos chegar logo a 20 mil", afirma Ledesma. Os preços não vão subir? Isso vai durar ou termina depois das eleições presidenciais de 23 de outubro?
"A intenção é manter os preços acordados com o governo e dar às pessoas a possibilidade de ter produtos da cesta básica por um valor bem acessível. E, pelo que tenho conversado com os produtores, eles vieram para ficar. Muitos fizeram investimentos em freezers, em câmaras frigoríficas. Isso não é coisa que se tira de um dia para o outro."
CRISE FINANCEIRA MUNDIAL - A impunidade persiste.
'Perguntar para desmascarar a elite', o método do diretor de Inside Job
Charles Ferguson, o ganhador do Oscar com Inside Job, o grande documentário sobre a crise sauda a irrupção do movimento 15-M e prepara um filme sobre a vida de Julian Assange.
Charles Ferguson nos ajudou a compreender melhor a crise financeira, apontou com o dedo quem foram os responsáveis. Mas enganam-se aqueles que pensam que Ferguson é de esquerda. É um milionário. Centrista. Liberal. Por mais que saude mobilizações como a de 15-M, o diretor de Inside Job não é nenhum revolucionário anticapitalista ou anti-sistema. É sim um homem que detesta aqueles que se enriquecem de forma ilícita.
Inside Job continua fazendo barulho. O boca a boca continua arrastando semana a semana expectadores aos cinemas. O documentário, didático, esclarecedor, incisivo, transforma a imagem que se tem de Wall Street. Ferguson retrata o grupo de homens que arruinaram conscientemente uma série de empresas para poder engrossarem suas contas correntes privadas. “Jogando” Banco Imobiliário arrastaram com a sua ganância milhares de pessoas humildes para a pobreza e que sofrem até hoje. Os ladrões de colarinho branco não pagam por seus delitos na prisão, lembrou Ferguson ao receber o Oscar de melhor documentário no dia 27 de fevereiro de 2011 no teatro Kodak de Los Angeles: “Desculpem, devo começar dizendo que três anos depois da terrível crise financeira causada por uma grande fraude, não há sequer um executivo financeiro que tenha ido para a cadeia, e isso é ruim”.
Fergurson concedeu entrevista ao El País, 29-05-2011. A tradução é do Cepat.
Você se considera um outsider?
- Obviamente sou um outsider para o mundo financeiro. Mas que tipo de outsider se pode ser quando se ganha um Oscar! (ri)
Sua trajetória da vida não é usual. Do Vale do Silício para Hollywood, dois mundos que se tocam, mas estão distantes. Charles H. Ferguson é um matemático que recebeu seu doutorado em ciência política, tornou-se um empresário de tecnologia e acabou descobrindo sua veia inciva de documentarista. Estudou matemática na Universidade de Berkeley (Califórnia). Recebeu seu Ph.D. em ciência política no prestigiado Massachusetts Institute of Technology – MIT. E se lançou numa carreira como consultor de várias companhias de tecnologia, entre outras, Apple, Motorola e Texas Instruments. “Foi uma fase extremamente interessante”, conta . “Passei muito bem a maior parte do tempo. Dediquei grande parte de minha vida para isso, me pagaravam bem para pensar e sugerir . Gosto do setor da tecnologia, encontrei-me com gente muito inteligente, extremadamente individualista, muitas vezes algo excêntrico... acabei decidindo que não queria isso para toda a minha vida, mas não lamento ter feito isso, desfrutei. Encontrei muitos outsiders ambiciosos. É interessante ver como a ambição em muitos casos se orienta para o negócio privado, mas há outros empreendedores que fazem coisas pelo bem comum”.
Esse é um dos motivos que lhe levaram a se interessar pela vida de Julian Assange. “Wiki Leaks é uma star urp, Assange é um empreendedor tecnológico, e seu projeto não visa o lucro. É um mundo que me resulta familiar e que aprecio explorar”.
Depois de ganhar o Oscar de melhor documentário com Inside Job, Ferguson prepara agora para a cadeia de televisão norte-americana HBO o longa metragem (ficção, não se trata de um documentário) sobre a figura de Assange: “Mas não posso falar sobre isso, estou apenas começando”.
O cineasta norteamericano disse que o líder do WikiLeaks lhe lembra de outros empreendedores no mundo da tecnologia: “Gente como Steve Jobs e Bill Gates tem em comum com Assange que todos abandonaram os estudos. É algo muito comum entre hackers e empreendedores tecnológicos. Começam seus estudos, sentem que estudar lhes parece algo chato e deixam”.
Em 1994, depois de trabalhar como consultor de empresas de ponta, assim como para o Departamento de Defesa norteamericano e a Casa Branca, Ferguson decidiu fundar sua propria empresa, Vermeer Technologies. A aventura não podia ser mais exitosa: colocou em funcionamento a Front Page, uma ferramenta para desenvolver sítios web e dois anos depois em 1996 a vendeu para a Microsoft por mais de 133 milhões de euros. Bingo!
A partir desse momento, se dedicou à pesquisa acadêmica e a escrever livros. Andava Ferguson desnorteado lá pelo ano de 2004, quando numa noite, segundou relatou The New Yorker Times, jantou com um repórter da revista New Yorker que lhe contou o que realmente estava acontecendo no Afeganistão. Descreveu um panorama do que acontecia muito diferente do que o governo Bush vendia para a opinião pública. Em vez de narrar a história através dos soldados, apostou em entrevistar o altos cargos próximos daqueles que organizaram a invasão. Uma fórmula que de, certo modo, repetiria em Inside Job: perguntar para a elite para desmascará-la. O secretario de Defesa Donald Rumsfeld e o seu adjunto Paul D. Wolfowitz sairam “queimados” do No end no sight, documentário que pagou do seu bolso (dois milhões de dólares) e que levou o prêmio especial do jurado do Festival de Sundance.
Ato contínuo passou a focar o setor financeiro. E olhar de novo “para cima”, tentar chegar até a elite. Ferguson submete os entrevistados a autênticos interrogatórios, põe o vilão contra as cordas; apenas que no seu caso, o vilão não é ficção, mas sim de carne e osso, vai levando-os às cordas e mais de um caí em contradições diante das câmaras.
Deve ter feito grandes amigos no setor financeiro...
- Bom, curiosa e supreendentemente há duas partes no mundo financeiro e uma delas gostou do filme. Por exemplo, Jamie Dimon do JP Morgan e William C. Dudley que foi o economista chefe da Federal Reserve.
Você ouviu falar das mobilizações que tem acontecido na Espanha. A plataforma que as convocou, Democracia Real Já o fez a partir do seguinte lema: “Não somos mercadorias em mãos de políticos e banqueiros”.
- Ouvi sim falar deles. É complicado responder, não conheço bem a situação na Espanha. O que está claro é que a Europa Ocidental e em particular os países do sul estão tendo grandes problemas políticos e econômicos. De certo modo, tem sido explorados pelo sistema financeiro e por suas lideranças políticas.
Acredita que este movimento crescerá?
- Sem dúvida, oxalá venham mais movimentos como o da Espanha. No Estados Unidos se vê pouca reação. O desemprego está em torno de 10%, o número oficial é de cerca de 15%, é muito alto, além disso se tem o problema das hipotecas. E quantos protestos acontecem nos EUA? Muito pouco. E quando houve de mudança política? Muito pouca. Estou surpreso e decepcionado. Eu não sei o que acontecerá com os protestos na Espanha e em outros países europeus, mas espero que saia algo de bom.
Do seu filme se deduz que o governo dos Estados Unidos está controlado por Wal Street e que continuamos nas mãos dos que provocaram a crise. Nessas condições, o que esperar?
- Infelizmente, são muitos os que estão inquietos, incluindo muita gente do setor financeiro, mas que não se manifesta publicamente. Algumas pessoas muito bem situadas e muito ricas do setor financeiro me dizem que em 10 anos poderá voltar acontecer o mesmo. Provavelmente não acontecerá “amanhã”, mas voltará a acontecer.
E o que deveríamos fazer?
- Deveríamos confrontarmo-nos com os nossos dirigentes e pedir mudanças, sair às ruas. Gostaria de ver isso nos Estados Unidos.
Ferguson disse que seu filme não conseguiu tudo o que ele gostaria, mas teve algumas conseqüências diretas. O Governo anunciou que vai investigar os responsáveis pela crise, disse ele. As faculdades da economia americana, que o documentário acusa de conluio com o setor financeiro, estão tentando resolver os seus conflitos de interesse.
Sobre o caso do ex-presidente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Khan, um dos homens abordado pelo documentário, disse não acredita que tudo seja uma armadilha política. Sobre Bin Laden prefere não opinar.
O homem que sacudiu mentes com o seu filme, acha que o seu país entrou em uma perigosa deriva nos últimos 30 anos em direção a uma desigualdade crescente com o florescimento de fortunas desproporcionais conseguidas por meios desprovidos de qualquer ética. Dito isto, considera-se, basicamente, um centrista. "Eu acho que os mercados e as empresas podem desempenhar um papel produtivo e construtivo no mundo, vi isto no mundo da tecnologia”.
O empreendedor que “viajou” do Vale do Silício para Hollywood termina a conversa com um argumento semelhante ao que partilhou com aqueles que o viram receber o Oscar. "Acredito que aqueles que fazem enormes quantidades de dinheiro com atividades fraudulentas que levam a uma enorme crise financeira e a recessão deveriam ser punido por isso”.
Fonte: IHU
Charles Ferguson, o ganhador do Oscar com Inside Job, o grande documentário sobre a crise sauda a irrupção do movimento 15-M e prepara um filme sobre a vida de Julian Assange.
Charles Ferguson nos ajudou a compreender melhor a crise financeira, apontou com o dedo quem foram os responsáveis. Mas enganam-se aqueles que pensam que Ferguson é de esquerda. É um milionário. Centrista. Liberal. Por mais que saude mobilizações como a de 15-M, o diretor de Inside Job não é nenhum revolucionário anticapitalista ou anti-sistema. É sim um homem que detesta aqueles que se enriquecem de forma ilícita.
Inside Job continua fazendo barulho. O boca a boca continua arrastando semana a semana expectadores aos cinemas. O documentário, didático, esclarecedor, incisivo, transforma a imagem que se tem de Wall Street. Ferguson retrata o grupo de homens que arruinaram conscientemente uma série de empresas para poder engrossarem suas contas correntes privadas. “Jogando” Banco Imobiliário arrastaram com a sua ganância milhares de pessoas humildes para a pobreza e que sofrem até hoje. Os ladrões de colarinho branco não pagam por seus delitos na prisão, lembrou Ferguson ao receber o Oscar de melhor documentário no dia 27 de fevereiro de 2011 no teatro Kodak de Los Angeles: “Desculpem, devo começar dizendo que três anos depois da terrível crise financeira causada por uma grande fraude, não há sequer um executivo financeiro que tenha ido para a cadeia, e isso é ruim”.
Fergurson concedeu entrevista ao El País, 29-05-2011. A tradução é do Cepat.
Você se considera um outsider?
- Obviamente sou um outsider para o mundo financeiro. Mas que tipo de outsider se pode ser quando se ganha um Oscar! (ri)
Sua trajetória da vida não é usual. Do Vale do Silício para Hollywood, dois mundos que se tocam, mas estão distantes. Charles H. Ferguson é um matemático que recebeu seu doutorado em ciência política, tornou-se um empresário de tecnologia e acabou descobrindo sua veia inciva de documentarista. Estudou matemática na Universidade de Berkeley (Califórnia). Recebeu seu Ph.D. em ciência política no prestigiado Massachusetts Institute of Technology – MIT. E se lançou numa carreira como consultor de várias companhias de tecnologia, entre outras, Apple, Motorola e Texas Instruments. “Foi uma fase extremamente interessante”, conta . “Passei muito bem a maior parte do tempo. Dediquei grande parte de minha vida para isso, me pagaravam bem para pensar e sugerir . Gosto do setor da tecnologia, encontrei-me com gente muito inteligente, extremadamente individualista, muitas vezes algo excêntrico... acabei decidindo que não queria isso para toda a minha vida, mas não lamento ter feito isso, desfrutei. Encontrei muitos outsiders ambiciosos. É interessante ver como a ambição em muitos casos se orienta para o negócio privado, mas há outros empreendedores que fazem coisas pelo bem comum”.
Esse é um dos motivos que lhe levaram a se interessar pela vida de Julian Assange. “Wiki Leaks é uma star urp, Assange é um empreendedor tecnológico, e seu projeto não visa o lucro. É um mundo que me resulta familiar e que aprecio explorar”.
Depois de ganhar o Oscar de melhor documentário com Inside Job, Ferguson prepara agora para a cadeia de televisão norte-americana HBO o longa metragem (ficção, não se trata de um documentário) sobre a figura de Assange: “Mas não posso falar sobre isso, estou apenas começando”.
O cineasta norteamericano disse que o líder do WikiLeaks lhe lembra de outros empreendedores no mundo da tecnologia: “Gente como Steve Jobs e Bill Gates tem em comum com Assange que todos abandonaram os estudos. É algo muito comum entre hackers e empreendedores tecnológicos. Começam seus estudos, sentem que estudar lhes parece algo chato e deixam”.
Em 1994, depois de trabalhar como consultor de empresas de ponta, assim como para o Departamento de Defesa norteamericano e a Casa Branca, Ferguson decidiu fundar sua propria empresa, Vermeer Technologies. A aventura não podia ser mais exitosa: colocou em funcionamento a Front Page, uma ferramenta para desenvolver sítios web e dois anos depois em 1996 a vendeu para a Microsoft por mais de 133 milhões de euros. Bingo!
A partir desse momento, se dedicou à pesquisa acadêmica e a escrever livros. Andava Ferguson desnorteado lá pelo ano de 2004, quando numa noite, segundou relatou The New Yorker Times, jantou com um repórter da revista New Yorker que lhe contou o que realmente estava acontecendo no Afeganistão. Descreveu um panorama do que acontecia muito diferente do que o governo Bush vendia para a opinião pública. Em vez de narrar a história através dos soldados, apostou em entrevistar o altos cargos próximos daqueles que organizaram a invasão. Uma fórmula que de, certo modo, repetiria em Inside Job: perguntar para a elite para desmascará-la. O secretario de Defesa Donald Rumsfeld e o seu adjunto Paul D. Wolfowitz sairam “queimados” do No end no sight, documentário que pagou do seu bolso (dois milhões de dólares) e que levou o prêmio especial do jurado do Festival de Sundance.
Ato contínuo passou a focar o setor financeiro. E olhar de novo “para cima”, tentar chegar até a elite. Ferguson submete os entrevistados a autênticos interrogatórios, põe o vilão contra as cordas; apenas que no seu caso, o vilão não é ficção, mas sim de carne e osso, vai levando-os às cordas e mais de um caí em contradições diante das câmaras.
Deve ter feito grandes amigos no setor financeiro...
- Bom, curiosa e supreendentemente há duas partes no mundo financeiro e uma delas gostou do filme. Por exemplo, Jamie Dimon do JP Morgan e William C. Dudley que foi o economista chefe da Federal Reserve.
Você ouviu falar das mobilizações que tem acontecido na Espanha. A plataforma que as convocou, Democracia Real Já o fez a partir do seguinte lema: “Não somos mercadorias em mãos de políticos e banqueiros”.
- Ouvi sim falar deles. É complicado responder, não conheço bem a situação na Espanha. O que está claro é que a Europa Ocidental e em particular os países do sul estão tendo grandes problemas políticos e econômicos. De certo modo, tem sido explorados pelo sistema financeiro e por suas lideranças políticas.
Acredita que este movimento crescerá?
- Sem dúvida, oxalá venham mais movimentos como o da Espanha. No Estados Unidos se vê pouca reação. O desemprego está em torno de 10%, o número oficial é de cerca de 15%, é muito alto, além disso se tem o problema das hipotecas. E quantos protestos acontecem nos EUA? Muito pouco. E quando houve de mudança política? Muito pouca. Estou surpreso e decepcionado. Eu não sei o que acontecerá com os protestos na Espanha e em outros países europeus, mas espero que saia algo de bom.
Do seu filme se deduz que o governo dos Estados Unidos está controlado por Wal Street e que continuamos nas mãos dos que provocaram a crise. Nessas condições, o que esperar?
- Infelizmente, são muitos os que estão inquietos, incluindo muita gente do setor financeiro, mas que não se manifesta publicamente. Algumas pessoas muito bem situadas e muito ricas do setor financeiro me dizem que em 10 anos poderá voltar acontecer o mesmo. Provavelmente não acontecerá “amanhã”, mas voltará a acontecer.
E o que deveríamos fazer?
- Deveríamos confrontarmo-nos com os nossos dirigentes e pedir mudanças, sair às ruas. Gostaria de ver isso nos Estados Unidos.
Ferguson disse que seu filme não conseguiu tudo o que ele gostaria, mas teve algumas conseqüências diretas. O Governo anunciou que vai investigar os responsáveis pela crise, disse ele. As faculdades da economia americana, que o documentário acusa de conluio com o setor financeiro, estão tentando resolver os seus conflitos de interesse.
Sobre o caso do ex-presidente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Khan, um dos homens abordado pelo documentário, disse não acredita que tudo seja uma armadilha política. Sobre Bin Laden prefere não opinar.
O homem que sacudiu mentes com o seu filme, acha que o seu país entrou em uma perigosa deriva nos últimos 30 anos em direção a uma desigualdade crescente com o florescimento de fortunas desproporcionais conseguidas por meios desprovidos de qualquer ética. Dito isto, considera-se, basicamente, um centrista. "Eu acho que os mercados e as empresas podem desempenhar um papel produtivo e construtivo no mundo, vi isto no mundo da tecnologia”.
O empreendedor que “viajou” do Vale do Silício para Hollywood termina a conversa com um argumento semelhante ao que partilhou com aqueles que o viram receber o Oscar. "Acredito que aqueles que fazem enormes quantidades de dinheiro com atividades fraudulentas que levam a uma enorme crise financeira e a recessão deveriam ser punido por isso”.
Fonte: IHU
IMPUNIDADE NO CAMPO - Somente 91 casos foram julgados.
Em 25 anos, só 1 a cada 13 assassinatos no campo foi julgado.
Dayanne Sousa
Apenas um em cada 13 casos de assassinatos no campo no Brasil vai a julgamento, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra. Nos últimos 25 anos (entre 1985 e 2010), a entidade contabilizou 1.186 ocorrências em que agricultores e lideranças camponesas foram mortos. Ao todo, somente 91 casos foram julgados e, na maioria das vezes, ninguém foi condenado.
Em algumas das ocorrências, há mais de uma vítima: ao todo, são 1.580 mortes nesse período. Só em 2010, foram 34 óbitos, mais da metade no Pará, o Estado mais violento.
A impunidade é apontada pela Pastoral da Terra como a principal causa da violência no campo. Mesmo que só 7% dos casos de homicídio nestes 25 anos tenham sido analisados pela Justiça, dentre esses, menos da metade teve mandantes condenados. Em apenas 21 dos 1.186 casos, os responsáveis por encomendar o crime foram condenados.
Ainda assim, a condenação não significa que os autores estejam cumprindo pena. Só no Pará, segundo a CPT, ao menos nove mandantes de homicídios no campo condenados pela Justiça estão soltos. Alguns foragidos, outros aguardando o julgamento de recurso em liberdade.
Se considerados os executores do crime, ou seja, pistoleiros contratados, o número de condenações é maior. Nestes 25 anos, foram 73 sentenciados. Outros 51 foram julgados por homicídios e absolvidos.
Pará
Apesar de falar abertamente que vivia sob ameaças, o líder extrativista José Cláudio Ribeiro da Silva foi assassinado na terça-feira (24) em Nova Ipixuna, sudeste do Pará. Foi morta também sua mulher, Maria do Espírito Santo.
Na mesma semana, no sábado (28), o assentado Herivelto Pereira dos Santos foi morto no mesmo local. Ele seria uma das testemunhas no caso dos homicídios dos extrativistas José e Maria. A polícia, entretanto, descartou elo entre os dois crimes, avaliação rechaçada pela CPT.
Pouco antes, na última sexta-feira (27), havia sido assassinado em Roraima o líder camponês Adelino Ramos, um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara ,de 1995.
Dayanne Sousa
Apenas um em cada 13 casos de assassinatos no campo no Brasil vai a julgamento, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra. Nos últimos 25 anos (entre 1985 e 2010), a entidade contabilizou 1.186 ocorrências em que agricultores e lideranças camponesas foram mortos. Ao todo, somente 91 casos foram julgados e, na maioria das vezes, ninguém foi condenado.
Em algumas das ocorrências, há mais de uma vítima: ao todo, são 1.580 mortes nesse período. Só em 2010, foram 34 óbitos, mais da metade no Pará, o Estado mais violento.
A impunidade é apontada pela Pastoral da Terra como a principal causa da violência no campo. Mesmo que só 7% dos casos de homicídio nestes 25 anos tenham sido analisados pela Justiça, dentre esses, menos da metade teve mandantes condenados. Em apenas 21 dos 1.186 casos, os responsáveis por encomendar o crime foram condenados.
Ainda assim, a condenação não significa que os autores estejam cumprindo pena. Só no Pará, segundo a CPT, ao menos nove mandantes de homicídios no campo condenados pela Justiça estão soltos. Alguns foragidos, outros aguardando o julgamento de recurso em liberdade.
Se considerados os executores do crime, ou seja, pistoleiros contratados, o número de condenações é maior. Nestes 25 anos, foram 73 sentenciados. Outros 51 foram julgados por homicídios e absolvidos.
Pará
Apesar de falar abertamente que vivia sob ameaças, o líder extrativista José Cláudio Ribeiro da Silva foi assassinado na terça-feira (24) em Nova Ipixuna, sudeste do Pará. Foi morta também sua mulher, Maria do Espírito Santo.
Na mesma semana, no sábado (28), o assentado Herivelto Pereira dos Santos foi morto no mesmo local. Ele seria uma das testemunhas no caso dos homicídios dos extrativistas José e Maria. A polícia, entretanto, descartou elo entre os dois crimes, avaliação rechaçada pela CPT.
Pouco antes, na última sexta-feira (27), havia sido assassinado em Roraima o líder camponês Adelino Ramos, um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara ,de 1995.
FUTEBOL - A regra é clara?
Futebol fora das quatro linhas: o noticiário suspeito e as relações obscuras da CBF e Globo
O trio poderoso do futebol mundial: Teixeira, Havalange e Blatter
As notícias recentes que envolvem a cúpula da CBF denunciam que Ricardo Teixeira, que também integra o Comitê Executivo da Fifa, teria recebido propina para votar na Inglaterra como sede da Copa de 2018 e feito um acordo para devolver o dinheiro recebido. A BBC investiga todo o "jogo sujo" do futebol mundial, tema de um documentário sobre o assunto, mas teria sido impedida, judicialmente, pela FIFA de exibir o documentário.
A divulgação dessas denúncias provocou reação da Câmara dos Deputados, que decidiu investigar a entidade e a organização da Copa do Mundo de 2014.
Segundo o deputado Garotinho, PR/RJ o presidente da CBF usa de artifícios para inibir qualquer tentativa de investigação contra si e a instituição que preside desde 1989: "quando começamos a colher assinaturas para a CPI, muitos deputados desistiram e tiraram assinatura. Isso mostra que Ricardo Teixeira tem bala na agulha. Vamos investigar que bala é essa e como ele atua". O dirigente teria enviado um mimo aos deputados que retiraram ou não assinaram o pedido de CPI: um kit com uma camisa da seleção brasileira e um bilhete agradecendo aos parlamentares a "hospitalidade" com que foi recebido quando esteve em Brasília em final de março.
No Rio de Janeiro, Ricardo Teixeira e a CBF, estão envolvidos em mais uma polêmica. O dirigente foi convocado para depor na CPI dos Cartórios da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que investiga suspeitas de fraudes em documentos de terrenos na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade, onde a entidade máxima do futebol construirá um novo centro de treinamento, conforme informou o diário Lance!.
O futebol brasileiro protagoniza, em seus obscuros bastidores, espetáculos deprimentes e estabelece, em pleno século 21, práticas nada transparentes de controle e governança.
Conluio Teixeira/Globo
Recentemente o Clube dos 13, órgão que representa os 20 maiores clubes brasileiros, foi praticamente implodido pela Rede Globo e clubes aliados, para impedir a realização da primeira licitação pela compra dos direitos televisivos do campeonato brasileiro de 2012 a 2014, em condições de igualdade entre todas as emissoras concorrentes.
A emissora carioca aliciou os grandes clubes e promoveu uma cisão entre estes e o Clube dos 13, o que lhe garantiu, sem qualquer concorrência ou transparência, fechar contrato de exclusividade para tv aberta com os maiores clubes do país, sem que se saiba, exatamente, quais os valores dos contratos de televisionamento foram estipulados.
A Rede TV, única a apresentar uma proposta para a licitação foi a maior prejudicada, além, claro, da lisura dos procedimentos licitatórios e da transparência.
É significativo que a maior emissora de TV do país faça um quase silêncio sobre as denúncias que atingem Ricardo Teixeira e a CBF. Segundo o deputado Garotinho e parte da imprensa, a Globo encobre as ações de Teixeira, deixando de noticiá-las e diminuindo assim a pressão popular contra o cartola mór do futebol brasileiro.
O espetáculo dentro dos campos está deslocado para os holofotes do noticiário internacional, e, infelizmente, mancham (ainda mais) a imagem dos dirigentes do futebol brasileiro e lançam dúvidas sobre a organização do maior evento futebolístico do planeta: a copa do mundo de 2014.
A regra não é clara...
Com informações do R7 e SRZD
Fonte: Blog Diversas Palavras.
O trio poderoso do futebol mundial: Teixeira, Havalange e Blatter
As notícias recentes que envolvem a cúpula da CBF denunciam que Ricardo Teixeira, que também integra o Comitê Executivo da Fifa, teria recebido propina para votar na Inglaterra como sede da Copa de 2018 e feito um acordo para devolver o dinheiro recebido. A BBC investiga todo o "jogo sujo" do futebol mundial, tema de um documentário sobre o assunto, mas teria sido impedida, judicialmente, pela FIFA de exibir o documentário.
A divulgação dessas denúncias provocou reação da Câmara dos Deputados, que decidiu investigar a entidade e a organização da Copa do Mundo de 2014.
Segundo o deputado Garotinho, PR/RJ o presidente da CBF usa de artifícios para inibir qualquer tentativa de investigação contra si e a instituição que preside desde 1989: "quando começamos a colher assinaturas para a CPI, muitos deputados desistiram e tiraram assinatura. Isso mostra que Ricardo Teixeira tem bala na agulha. Vamos investigar que bala é essa e como ele atua". O dirigente teria enviado um mimo aos deputados que retiraram ou não assinaram o pedido de CPI: um kit com uma camisa da seleção brasileira e um bilhete agradecendo aos parlamentares a "hospitalidade" com que foi recebido quando esteve em Brasília em final de março.
No Rio de Janeiro, Ricardo Teixeira e a CBF, estão envolvidos em mais uma polêmica. O dirigente foi convocado para depor na CPI dos Cartórios da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que investiga suspeitas de fraudes em documentos de terrenos na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade, onde a entidade máxima do futebol construirá um novo centro de treinamento, conforme informou o diário Lance!.
O futebol brasileiro protagoniza, em seus obscuros bastidores, espetáculos deprimentes e estabelece, em pleno século 21, práticas nada transparentes de controle e governança.
Conluio Teixeira/Globo
Recentemente o Clube dos 13, órgão que representa os 20 maiores clubes brasileiros, foi praticamente implodido pela Rede Globo e clubes aliados, para impedir a realização da primeira licitação pela compra dos direitos televisivos do campeonato brasileiro de 2012 a 2014, em condições de igualdade entre todas as emissoras concorrentes.
A emissora carioca aliciou os grandes clubes e promoveu uma cisão entre estes e o Clube dos 13, o que lhe garantiu, sem qualquer concorrência ou transparência, fechar contrato de exclusividade para tv aberta com os maiores clubes do país, sem que se saiba, exatamente, quais os valores dos contratos de televisionamento foram estipulados.
A Rede TV, única a apresentar uma proposta para a licitação foi a maior prejudicada, além, claro, da lisura dos procedimentos licitatórios e da transparência.
É significativo que a maior emissora de TV do país faça um quase silêncio sobre as denúncias que atingem Ricardo Teixeira e a CBF. Segundo o deputado Garotinho e parte da imprensa, a Globo encobre as ações de Teixeira, deixando de noticiá-las e diminuindo assim a pressão popular contra o cartola mór do futebol brasileiro.
O espetáculo dentro dos campos está deslocado para os holofotes do noticiário internacional, e, infelizmente, mancham (ainda mais) a imagem dos dirigentes do futebol brasileiro e lançam dúvidas sobre a organização do maior evento futebolístico do planeta: a copa do mundo de 2014.
A regra não é clara...
Com informações do R7 e SRZD
Fonte: Blog Diversas Palavras.
domingo, 29 de maio de 2011
POLÍTICA - Ainda há fogo sob as cinzas.
Carlos Chagas
A ser verdadeira a informação de a presidente Dilma Rousseff ter mandado Antônio Palocci dizer a Michel Temer que estava disposta a demitir os ministros indicados pelo PMDB, fica evidente haver ainda muito fogo sob as cinzas. O motivo dessa propalada disposição da chefe do governo teria sido o grande número de deputados do PMDB votando contra o governo, no projeto de novo Código Florestal. Ela teria adiado o gesto inusitado, quer dizer, dado um tempo nas supostas demissões, porque a questão ainda permanece inconclusa: o Senado apreciará a matéria e poderá alterar o texto aprovado na Câmara.
Afinal, breve chegará a hora de José Sarney, Renan Calheiros, Romero Jucá e outros peemedebistas comprovarem sua lealdade ao palácio do Planalto. Acresce que pelo menos 30 deputados do PT também votaram contra o governo. Seria o caso de demitir os ministros do partido oficial?
Com a cabeça posta a prêmio estariam Nelson Jobim, da Defesa, Edison Lobão, das Minas e Energia, Moreira Franco, de Assuntos Estratégicos, Garibaldi Alves, da Previdência Social, Pedro Novaes, do Turismo, e Wagner Rossi, da Agricultura. Seria uma declaração de guerra ao vice-presidente Michel Temer e, por isso, permanece a notícia sob observação. Mas que é bem possível de ter acontecido, isso é.
***
A RAZÃO PRIMEIRA
Em toda a confusão que marca a primeira crise séria do governo Dilma, está o fisiologismo no fundo de tudo. Porque as bancadas do PMDB e do próprio PT não se mostrariam tão hesitantes diante da opção de salvar ou sacrificar Antônio Palocci caso tivessem tido atendidas suas indicações para cargos de segundo escalão. Há um nome óbvio para esse comportamento: chantagem. Ameaça, se quiserem, evidenciada na votação do Código Florestal. Por muito mais as bancadas governistas tem se acomodado, no governo Lula e no atual.
O comportamento dos evangélicos não deixa mentir, eles que formam um super-partido. Obrigaram a presidente a retirar de circulação uma cartilha simpática ao homossexualismo ameaçando votar pela convocação de Antônio Palocci. Infelizmente, é assim que as coisas funcionam, coisa que não envolve juízos de valor a respeito do estranho enriquecimento do chefe da Casa Civil.
***
MAL-ESTAR
Agora, o reverso da medalha: foi providencial a intervenção do Lula em Brasília, esta semana, para tentar apagar o incêndio no relacionamento entre o governo, os partidos e o Congresso. Mas que considerável mal-estar dominou o palácio do Planalto, disso poucos duvidam. Não é como se o Dunga começasse a dar palpites no time do Mano Meneses apenas porque o Dunga não chega aos pés do Lula. Mas o resto da situação é similar. Tratou-se do caso de intervenção explícita do antecessor nos negócios da sucessora.
Parece ter dado certo, Lula e Dilma jogam no mesmo time, mas, como sempre, torna-se necessário pesquisar mais fundo. Exultantes estão os governistas adversários da presidente, contando com o enfraquecimento dela. Resta saber se a crise fica restrita aos patamares do jogo político ou se atinge o povão. Melhor esperar a próxima pesquisa.
A ser verdadeira a informação de a presidente Dilma Rousseff ter mandado Antônio Palocci dizer a Michel Temer que estava disposta a demitir os ministros indicados pelo PMDB, fica evidente haver ainda muito fogo sob as cinzas. O motivo dessa propalada disposição da chefe do governo teria sido o grande número de deputados do PMDB votando contra o governo, no projeto de novo Código Florestal. Ela teria adiado o gesto inusitado, quer dizer, dado um tempo nas supostas demissões, porque a questão ainda permanece inconclusa: o Senado apreciará a matéria e poderá alterar o texto aprovado na Câmara.
Afinal, breve chegará a hora de José Sarney, Renan Calheiros, Romero Jucá e outros peemedebistas comprovarem sua lealdade ao palácio do Planalto. Acresce que pelo menos 30 deputados do PT também votaram contra o governo. Seria o caso de demitir os ministros do partido oficial?
Com a cabeça posta a prêmio estariam Nelson Jobim, da Defesa, Edison Lobão, das Minas e Energia, Moreira Franco, de Assuntos Estratégicos, Garibaldi Alves, da Previdência Social, Pedro Novaes, do Turismo, e Wagner Rossi, da Agricultura. Seria uma declaração de guerra ao vice-presidente Michel Temer e, por isso, permanece a notícia sob observação. Mas que é bem possível de ter acontecido, isso é.
***
A RAZÃO PRIMEIRA
Em toda a confusão que marca a primeira crise séria do governo Dilma, está o fisiologismo no fundo de tudo. Porque as bancadas do PMDB e do próprio PT não se mostrariam tão hesitantes diante da opção de salvar ou sacrificar Antônio Palocci caso tivessem tido atendidas suas indicações para cargos de segundo escalão. Há um nome óbvio para esse comportamento: chantagem. Ameaça, se quiserem, evidenciada na votação do Código Florestal. Por muito mais as bancadas governistas tem se acomodado, no governo Lula e no atual.
O comportamento dos evangélicos não deixa mentir, eles que formam um super-partido. Obrigaram a presidente a retirar de circulação uma cartilha simpática ao homossexualismo ameaçando votar pela convocação de Antônio Palocci. Infelizmente, é assim que as coisas funcionam, coisa que não envolve juízos de valor a respeito do estranho enriquecimento do chefe da Casa Civil.
***
MAL-ESTAR
Agora, o reverso da medalha: foi providencial a intervenção do Lula em Brasília, esta semana, para tentar apagar o incêndio no relacionamento entre o governo, os partidos e o Congresso. Mas que considerável mal-estar dominou o palácio do Planalto, disso poucos duvidam. Não é como se o Dunga começasse a dar palpites no time do Mano Meneses apenas porque o Dunga não chega aos pés do Lula. Mas o resto da situação é similar. Tratou-se do caso de intervenção explícita do antecessor nos negócios da sucessora.
Parece ter dado certo, Lula e Dilma jogam no mesmo time, mas, como sempre, torna-se necessário pesquisar mais fundo. Exultantes estão os governistas adversários da presidente, contando com o enfraquecimento dela. Resta saber se a crise fica restrita aos patamares do jogo político ou se atinge o povão. Melhor esperar a próxima pesquisa.
POLÍTICA - O destino de Serra.
Do Blog do Luis Nassif
Agora à noite me encontrei ocasionalmente com um cardeal do PSDB paulista. Ele me informa que o partido não sabe mais o que fazer com José Serra.
Meses atrás, algumas lideranças tucanas paulistas foram francas com Serra. Disseram-lhe que ninguém queria saber de sua companhia, que ele conduziu a campanha eleitoral de forma voluntariosa, não passou nenhuma mensagem positiva, estragou a imagem do partido. Além disso, identificaram a mão de Serra em vários ataques baixos contra eles próprios, feitos através do parajornalista - já demitido - da Veja e do blog de esgoto normalmente utilizado por Serra para suas baixarias.
Na conversa, Serra indagou se a avaliação seria a mesma, caso tivesse vencido. Foi-lhe dito que essa hipótese inexistia, pois ele perdeu e o partido, em São Paulo, não quer mais saber dele. Mesmo pessoas que participaram diretamente da campanha estão assustadas com a capacidade de Serra de, a cada dia, agregar menos e aumentar exponencialmente sua capacidade de desagregar. Chegaram a cogitar a possibilidade do stress de campanha ter afetado seu discernimento.
Até FHC foi consultado, para sugerir onde alocar Serra.
Segundo a fonte, até agora não caiu a ficha dos jornais paulistas, que erraram em todas as avaliações sobre Serra, seja na eleição do diretório municipal, seja no estadual. No sábado haverá a eleição no diretório nacional. Sérgio Guerra deverá ser reconduzido. Há uma grande possibilidade de que não sobre nada para Serra.
Esse é o pavor dos tucanos paulistas. Sem ter o que fazer, ele continuará incomodando, invadindo todos os espaços atrás de sobras de holofotes.
Agora à noite me encontrei ocasionalmente com um cardeal do PSDB paulista. Ele me informa que o partido não sabe mais o que fazer com José Serra.
Meses atrás, algumas lideranças tucanas paulistas foram francas com Serra. Disseram-lhe que ninguém queria saber de sua companhia, que ele conduziu a campanha eleitoral de forma voluntariosa, não passou nenhuma mensagem positiva, estragou a imagem do partido. Além disso, identificaram a mão de Serra em vários ataques baixos contra eles próprios, feitos através do parajornalista - já demitido - da Veja e do blog de esgoto normalmente utilizado por Serra para suas baixarias.
Na conversa, Serra indagou se a avaliação seria a mesma, caso tivesse vencido. Foi-lhe dito que essa hipótese inexistia, pois ele perdeu e o partido, em São Paulo, não quer mais saber dele. Mesmo pessoas que participaram diretamente da campanha estão assustadas com a capacidade de Serra de, a cada dia, agregar menos e aumentar exponencialmente sua capacidade de desagregar. Chegaram a cogitar a possibilidade do stress de campanha ter afetado seu discernimento.
Até FHC foi consultado, para sugerir onde alocar Serra.
Segundo a fonte, até agora não caiu a ficha dos jornais paulistas, que erraram em todas as avaliações sobre Serra, seja na eleição do diretório municipal, seja no estadual. No sábado haverá a eleição no diretório nacional. Sérgio Guerra deverá ser reconduzido. Há uma grande possibilidade de que não sobre nada para Serra.
Esse é o pavor dos tucanos paulistas. Sem ter o que fazer, ele continuará incomodando, invadindo todos os espaços atrás de sobras de holofotes.
ANOS DE CHUMBO - Brilhante Ustra na FSP.
Do Blog do Mello.
Sequestrador, torturador e agora colunista da Folha: Brilhante Ustra, o homem que comandou o DOI-Codi no auge da ditadura
Que o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra é sequestrador e torturador não é uma opinião minha, é sentença do juiz Gustavo Santini Teodoro, da 23ª Vara Cível de São Paulo, 9 de outubro de 2008. A notícia, que reproduzo em parte abaixo, mostra quem é o que fazia o coronel no período mais infame da ditadura (a tal ditabranda da Folha).
Pois não é que a Folha abriu espaço em sua página 2 de sexta-feira para que Brilhante Ustra dê sua versão sobre acusações que sofre de outro que o acusa de tortura, o ex-presidente do BC no governo FHC Pérsio Arida?
Não foi à toa que a Folha procurou a ficha de Dilma durante a campanha. Se, durante a ditadura, com o empréstimo de seus veículos para que presos fossem transportados para serem torturados pela turma de Brilhante Ustra e com o editorial de Otávio Frias pai elogiando Médici, o jornal mostrava de que lado estava, agora, com a classificação da ditadura como ditabranda , com a infame (duas vezes a palavra "infame" numa mesma postagem, deve ser recorde - só a Folha...) publicação na primeira página da ficha falsa de Dilma e com a publicação da defesa de um sequestrador e torturador (não sou eu quem diz, mas a sentença de um juiz, até hoje válida), a Folha confirma sua posição - e se ela está ao lado de Médici, da ditabranda e de Ustra, o leitor fica no pau de arara da História.
Leia a notícia da condenação de Brilhante Ustra, conforme publicada na própria Folha em 2008:
Por decisão do juiz Gustavo Santini Teodoro, da 23ª Vara Cível de São Paulo, de primeira instância, o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra tornou-se o primeiro oficial condenado na Justiça brasileira em uma ação declaratória por sequestro e tortura durante o regime militar (1964-1985).
A sentença, publicada ontem, é uma resposta ao pedido de cinco pessoas da família Teles que acusaram Ustra, um dos mais destacados agentes dos órgãos de segurança dos anos 70, de sequestro e tortura em 1972 e 1973.
(...) Na decisão de ontem, o juiz Santini argumentou que a anistia refere-se só a crimes, e não a demandas de natureza civil, como é o caso da ação declaratória, que não prevê indenização nem punição, mas o reconhecimento da Justiça de que existe uma relação jurídica entre Ustra e os Teles, relação que nasceu da prática da tortura.
(...) As testemunhas, que estiveram presas junto com os Teles, disseram que Ustra comandava as sessões de tortura com espancamento, choques elétricos e tortura psicológica. Das celas, relatam que ouviam gritos e choros dos presos.
"Não é crível que os presos ouvissem os gritos dos torturados, mas não o réu [Ustra]. Se não o dolo, por condescendência criminosa, ficou caracterizada pelo menos a culpa, por omissão quanto à grave violação dos direitos humanos fundamentais dos autores", afirmou o magistrado.[Fonte: Folha, para assinantes]
O artigo de Ustra na Folha você encontra lá e nos espaços que defendem os crimes praticados pelo estado sob a ditadura civil-militar, de 1964 a 1985.
Mas, repare como a Folha o apresenta a seus leitores:
CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA, coronel reformado do Exército, foi comandante do DOI-Codi de 29.set.1970 a 23.jan.1974 e é autor dos livros "Rompendo o Silêncio" (1987) e "A Verdade Sufocada" (2006).
Sobre a sentença, nenhuma palavra.
Sequestrador, torturador e agora colunista da Folha: Brilhante Ustra, o homem que comandou o DOI-Codi no auge da ditadura
Que o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra é sequestrador e torturador não é uma opinião minha, é sentença do juiz Gustavo Santini Teodoro, da 23ª Vara Cível de São Paulo, 9 de outubro de 2008. A notícia, que reproduzo em parte abaixo, mostra quem é o que fazia o coronel no período mais infame da ditadura (a tal ditabranda da Folha).
Pois não é que a Folha abriu espaço em sua página 2 de sexta-feira para que Brilhante Ustra dê sua versão sobre acusações que sofre de outro que o acusa de tortura, o ex-presidente do BC no governo FHC Pérsio Arida?
Não foi à toa que a Folha procurou a ficha de Dilma durante a campanha. Se, durante a ditadura, com o empréstimo de seus veículos para que presos fossem transportados para serem torturados pela turma de Brilhante Ustra e com o editorial de Otávio Frias pai elogiando Médici, o jornal mostrava de que lado estava, agora, com a classificação da ditadura como ditabranda , com a infame (duas vezes a palavra "infame" numa mesma postagem, deve ser recorde - só a Folha...) publicação na primeira página da ficha falsa de Dilma e com a publicação da defesa de um sequestrador e torturador (não sou eu quem diz, mas a sentença de um juiz, até hoje válida), a Folha confirma sua posição - e se ela está ao lado de Médici, da ditabranda e de Ustra, o leitor fica no pau de arara da História.
Leia a notícia da condenação de Brilhante Ustra, conforme publicada na própria Folha em 2008:
Por decisão do juiz Gustavo Santini Teodoro, da 23ª Vara Cível de São Paulo, de primeira instância, o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra tornou-se o primeiro oficial condenado na Justiça brasileira em uma ação declaratória por sequestro e tortura durante o regime militar (1964-1985).
A sentença, publicada ontem, é uma resposta ao pedido de cinco pessoas da família Teles que acusaram Ustra, um dos mais destacados agentes dos órgãos de segurança dos anos 70, de sequestro e tortura em 1972 e 1973.
(...) Na decisão de ontem, o juiz Santini argumentou que a anistia refere-se só a crimes, e não a demandas de natureza civil, como é o caso da ação declaratória, que não prevê indenização nem punição, mas o reconhecimento da Justiça de que existe uma relação jurídica entre Ustra e os Teles, relação que nasceu da prática da tortura.
(...) As testemunhas, que estiveram presas junto com os Teles, disseram que Ustra comandava as sessões de tortura com espancamento, choques elétricos e tortura psicológica. Das celas, relatam que ouviam gritos e choros dos presos.
"Não é crível que os presos ouvissem os gritos dos torturados, mas não o réu [Ustra]. Se não o dolo, por condescendência criminosa, ficou caracterizada pelo menos a culpa, por omissão quanto à grave violação dos direitos humanos fundamentais dos autores", afirmou o magistrado.[Fonte: Folha, para assinantes]
O artigo de Ustra na Folha você encontra lá e nos espaços que defendem os crimes praticados pelo estado sob a ditadura civil-militar, de 1964 a 1985.
Mas, repare como a Folha o apresenta a seus leitores:
CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA, coronel reformado do Exército, foi comandante do DOI-Codi de 29.set.1970 a 23.jan.1974 e é autor dos livros "Rompendo o Silêncio" (1987) e "A Verdade Sufocada" (2006).
Sobre a sentença, nenhuma palavra.
EUA - Obama e os ditados do império.
Por Mauro Santayana
O presidente dos Estados Unidos lançou novo edito imperial, dirigido aos líderes dos países árabes, sobretudo a Assad, da Síria: cedam, ou caiam fora. Há que se reconhecer, no poder norte-americano, essa franqueza brutal. Não há paises soberanos no mundo, mas simples províncias do grande império. Não percebem os policy makers de Washington que as situações envelhecem.
No caso de sua postura diante do que ocorre nos paises árabes, é patente a incapacidade de ver as coisas com clareza. O pronunciamento de Bin Laden, divulgado depois de sua morte, por iniciativa da Al-Qaeda - em que a rebelião iniciada na Tunísia é aprovada - pode até ser falsa, mas a sua divulgação revela, claramente, que não é exatamente a democracia “made in United States” o desejo que anima os rebeldes dos países islâmicos.
O que está em discussão é a enorme disparidade entre os privilegiados e os pobres. Essa rebelião, que se espalha hoje por vários paises não islâmicos, não leva em conta a natureza ideológica ou teológica dos regimes contestados, mas a sua incapacidade de resolver os problemas cotidianos das pessoas. Tanto nos paises muçulmanos de hoje, quanto nos que se identificam como cristãos, xintoístas, budistas, ou animistas, o que se contesta é o domínio dos ricos. Esses opressores internos participam da exploração dos recursos naturais e do trabalho de seus povos. Por detrás se encontra o sistema financeiro internacional, com ladrões que comandam os escritórios de Wall Street, da Place de la Bourse, da City, das bolsas de valores de Frankfurt, Tóquio, Hong Kong, Xangai – e outros lugares.
O pronunciamento de Obama é ambíguo. Por um lado, ameaça; pelo outro acena com o reconhecimento do Estado Palestino nas fronteiras estabelecidas em 1967 – já de si usurpadoras dos direitos dos seus ocupantes históricos. Um observador das incoerências do presidente norte-americano poderá ver no discurso a tentativa de engambelar os palestinos, com a promessa – vaga, diga-se de passagem – de usar o seu poderio a fim de impor a independência dos territórios ocupados por Israel, e, ao mesmo tempo, agradar ao governo teológico judaico com a perspectiva de submeter a Síria, e o Irã, únicos vizinhos com capacidade bélica de ameaçar Tel-Aviv, embora não sejam potências nucleares como Israel.
Não é provável que Obama obtenha de Israel qualquer compromisso em reconhecer o direito do povo palestino a um estado independente. Na realidade, os israelitas, mediante a poderosa influência que exercem na política interna nos Estados Unidos, impõem a Washington a posição que lhes interessa.
Talvez Obama, induzido à cegueira pela arrogância histórica de Washington, não tenha ainda percebido que os seus inimigos reais – os que se opõem à sua reeleição, e que corroem o futuro de seu país – não se encontram entre os islamitas, mas exatamente em seu próprio território e no território de seus vassalos e aliados, como a França e a Inglaterra. São os que usufruem da cruel desigualdade social que, só nos Estados Unidos, confere a um por cento da população quarenta por cento da riqueza interna. Nunca houve, naquele país – nem mesmo na véspera da Grande Depressão – injustiça social semelhante. Talvez conviesse, para a segurança da grande nação do Norte, e para a paz no mundo inteiro, que o governo norte-americano se dedicasse a eliminar a iniqüidade interna, em lugar de se meter a guardião do mundo.
Se assim os Estados Unidos agissem, estariam voltando ao compromisso dos fundadores da República, entre eles, Washington, que em seu discurso de despedida, conclamou seus pósteros a tratar de maneira equânime as nações estrangeiras, mantendo boas relações comercias com todas elas, mas se esquivando de meter-se em seus assuntos políticos, e – o que é principal – não odiando, nem amando nenhuma em particular.
Postado por Miro
O presidente dos Estados Unidos lançou novo edito imperial, dirigido aos líderes dos países árabes, sobretudo a Assad, da Síria: cedam, ou caiam fora. Há que se reconhecer, no poder norte-americano, essa franqueza brutal. Não há paises soberanos no mundo, mas simples províncias do grande império. Não percebem os policy makers de Washington que as situações envelhecem.
No caso de sua postura diante do que ocorre nos paises árabes, é patente a incapacidade de ver as coisas com clareza. O pronunciamento de Bin Laden, divulgado depois de sua morte, por iniciativa da Al-Qaeda - em que a rebelião iniciada na Tunísia é aprovada - pode até ser falsa, mas a sua divulgação revela, claramente, que não é exatamente a democracia “made in United States” o desejo que anima os rebeldes dos países islâmicos.
O que está em discussão é a enorme disparidade entre os privilegiados e os pobres. Essa rebelião, que se espalha hoje por vários paises não islâmicos, não leva em conta a natureza ideológica ou teológica dos regimes contestados, mas a sua incapacidade de resolver os problemas cotidianos das pessoas. Tanto nos paises muçulmanos de hoje, quanto nos que se identificam como cristãos, xintoístas, budistas, ou animistas, o que se contesta é o domínio dos ricos. Esses opressores internos participam da exploração dos recursos naturais e do trabalho de seus povos. Por detrás se encontra o sistema financeiro internacional, com ladrões que comandam os escritórios de Wall Street, da Place de la Bourse, da City, das bolsas de valores de Frankfurt, Tóquio, Hong Kong, Xangai – e outros lugares.
O pronunciamento de Obama é ambíguo. Por um lado, ameaça; pelo outro acena com o reconhecimento do Estado Palestino nas fronteiras estabelecidas em 1967 – já de si usurpadoras dos direitos dos seus ocupantes históricos. Um observador das incoerências do presidente norte-americano poderá ver no discurso a tentativa de engambelar os palestinos, com a promessa – vaga, diga-se de passagem – de usar o seu poderio a fim de impor a independência dos territórios ocupados por Israel, e, ao mesmo tempo, agradar ao governo teológico judaico com a perspectiva de submeter a Síria, e o Irã, únicos vizinhos com capacidade bélica de ameaçar Tel-Aviv, embora não sejam potências nucleares como Israel.
Não é provável que Obama obtenha de Israel qualquer compromisso em reconhecer o direito do povo palestino a um estado independente. Na realidade, os israelitas, mediante a poderosa influência que exercem na política interna nos Estados Unidos, impõem a Washington a posição que lhes interessa.
Talvez Obama, induzido à cegueira pela arrogância histórica de Washington, não tenha ainda percebido que os seus inimigos reais – os que se opõem à sua reeleição, e que corroem o futuro de seu país – não se encontram entre os islamitas, mas exatamente em seu próprio território e no território de seus vassalos e aliados, como a França e a Inglaterra. São os que usufruem da cruel desigualdade social que, só nos Estados Unidos, confere a um por cento da população quarenta por cento da riqueza interna. Nunca houve, naquele país – nem mesmo na véspera da Grande Depressão – injustiça social semelhante. Talvez conviesse, para a segurança da grande nação do Norte, e para a paz no mundo inteiro, que o governo norte-americano se dedicasse a eliminar a iniqüidade interna, em lugar de se meter a guardião do mundo.
Se assim os Estados Unidos agissem, estariam voltando ao compromisso dos fundadores da República, entre eles, Washington, que em seu discurso de despedida, conclamou seus pósteros a tratar de maneira equânime as nações estrangeiras, mantendo boas relações comercias com todas elas, mas se esquivando de meter-se em seus assuntos políticos, e – o que é principal – não odiando, nem amando nenhuma em particular.
Postado por Miro
FUTEBOL - Refundação da FIFA.
Parlamentares ingleses lançam aliança para refundar a FIFA.
Os aparentemente incansáveis esforços dos dirigentes para desacreditar o futebol resultaram agora numa aliança internacional de políticos liderados por parlamentares britânicos para formular um manifesto para a limpeza da FIFA, atingida por denúncias de corrupção. O recém-formado "International Partnership for the Reform of Fifa” está lutando por uma transformação radical na organização.O plano seria afastar os 24 membros do comitê executivo de responsabilidade por decisões grandiosas - especialmente as sedes da Copa do Mundo - e entregá-las aos 208 países membros. Votos que atualmente são sigilosos passariam a ser públicos, e os executivos da entidade seriam forçados a tornar públicos os seus bens.
David Randall e Brian Brady - The Independent
A ruína bizantina que é o corpo dirigente do esporte mais popular do mundo alcançou novas profundezas de absurdo neste sábado (28).
O presidente da Fifa, Sepp Blatter, desistiu de acompanhar à noite a final da Liga dos Campeões da Europa para que ele pudesse preparar a sua defesa antes da audiência deste domingo diante do Comitê de Ética sobre as acusações de suborno. Um vice-presidente da organização, também acusado de corrupção, fez alegações extraordinárias em uma entrevista publicada neste sábado. E um terceiro membro da comissão executiva que enfrenta alegações de suborno é Mohamed bin Hammam, único rival de Blatter na eleição de quarta-feira para a presidência da Fifa até a madrugada de domingo, quando ele dramaticamente abandonou a competição.
Em um comunicado em seu site, Hammam disse que "os acontecimentos recentes me deixaram magoado e decepcionado - em um nível profissional e pessoal." Ele acrescentou: "É por esta razão que eu anuncio a minha retirada da eleição presidencial." Antes deste anúncio houve clamor considerável para um adiamento da eleição. O que acontece com a Fifa agora, tendo um único candidato nas eleições, Joseph Blatter, é o que todos querem saber.
Os aparentemente incansáveis esforços dos dirigentes para desacreditar o futebol resultaram agora numa aliança internacional de políticos liderados por parlamentares britânicos para formular um manifesto para a limpeza da FIFA. O recém-formado "International Partnership for the Reform of Fifa” está lutando por uma transformação radical na organização. O plano seria afastar os 24 membros do comitê executivo de responsabilidade por decisões grandiosas - especialmente as sedes da Copa do Mundo - e entregá-las a todos os 208 países membros da Fifa.
Votos que atualmente são sigilosos passariam a ser públicos, e executivos do alto-escalão seriam forçados a tornar públicos os seus bens, de acordo com as regras semelhantes às que regem a conduta dos parlamentares britânicos.
Enquanto tais movimentos ganham ritmo, a Fifa tenta limpar suas feridas neste domingo em Zurique, onde a sua comissão de ética vai julgar o caso contra Mohamed bin Hammam do Qatar (que ganhou o direito de sediar o mundial de 2022); o vice-presidente Jack Warner, da Confederação da América do Norte, Central e Caribe; Debbie Minguell e Jason Sylvester, da União Caribenha de Futebol (UCF), e Blatter.
No centro da audiência está um dossiê apresentado a eles por um membro do comitê executivo da FIFA, Chuck Blazer, dos EUA. Este - supostamente apoiado por depoimentos, documentos e até fotografias - diz que Hammam, no decurso da campanha para a Presidência, ofereceu grandes quantias em dinheiro como suborno para possivelmente até 25 membros da UCF em uma reunião em Trinidad, em 10 e 11 de maio.
Ele nega as acusações, mas admite que pagou translado de participantes e acomodação para a reunião, no hotel Hyatt Regency, de Port of Spain. Warner é acusado de facilitar a suposta propina. Após estas acusações, e a audiência marcada, Hammam afirmou que Blatter sabia de antemão dos alegados incentivos em dinheiro, e por isso este material foi acrescentado à agenda de hoje.
O que seria uma amarga audiência ganhou ainda mais força pelas palavras usadas por Warner em entrevista ao jornal Trinidad Express. Ele disse: "Você vai ver uma tsunami que atingirá a Fifa e o mundo e irá chocá-lo." Ele acrescentou "não ser culpado de um único pingo de maldade". Se houver uma votação, representantes de todas as 208 nações filiadas à Fifa irão votar.
O estado das coisas na FIFA chegou a um ponto em que faz crescer uma onda considerável entre os políticos para a reforma geral do organismo. The International Partnership for the Reform of Fifa foi convocada pelo deputado conservador Damian Collins, que reuniu políticos de vários países, incluindo Alemanha, Austrália e os EUA em torno de sua chamada para a mudança.
Collins não descartou nem mesmo convencer os membros da FIFA a sair da organização e estabelecer um novo organismo internacional de futebol. Mas ele afirma que a prioridade é uma reforma na FIFA, começando com um ataque à cultura de segredos que ele acredita ter permitido que a corrupção prospere.
"Precisamos de uma maior transparência na tomada de decisões", diz o parlamentar. Em grandes coisas, todos os países da FIFA têm que ter a oportunidade de votar. Os membros da comissão executiva deveriam aceitar as mesmas regras de transparência que outras pessoas na vida pública no mundo todo tem que se submeter. Suas finanças e outros interesses devem ser transparentes."
Collins disse que a parceria espera publicar um conjunto completo de demandas no início desta semana. O primeiro-ministro David Cameron, e do ministro dos Esportes, Hugh Robertson, têm apoiado o adiamento das eleições, até que as denúncias de corrupção sejam totalmente investigadas.
Tradução: Wilson Sobrinho
Fonte: Agência Carta Maior.
Os aparentemente incansáveis esforços dos dirigentes para desacreditar o futebol resultaram agora numa aliança internacional de políticos liderados por parlamentares britânicos para formular um manifesto para a limpeza da FIFA, atingida por denúncias de corrupção. O recém-formado "International Partnership for the Reform of Fifa” está lutando por uma transformação radical na organização.O plano seria afastar os 24 membros do comitê executivo de responsabilidade por decisões grandiosas - especialmente as sedes da Copa do Mundo - e entregá-las aos 208 países membros. Votos que atualmente são sigilosos passariam a ser públicos, e os executivos da entidade seriam forçados a tornar públicos os seus bens.
David Randall e Brian Brady - The Independent
A ruína bizantina que é o corpo dirigente do esporte mais popular do mundo alcançou novas profundezas de absurdo neste sábado (28).
O presidente da Fifa, Sepp Blatter, desistiu de acompanhar à noite a final da Liga dos Campeões da Europa para que ele pudesse preparar a sua defesa antes da audiência deste domingo diante do Comitê de Ética sobre as acusações de suborno. Um vice-presidente da organização, também acusado de corrupção, fez alegações extraordinárias em uma entrevista publicada neste sábado. E um terceiro membro da comissão executiva que enfrenta alegações de suborno é Mohamed bin Hammam, único rival de Blatter na eleição de quarta-feira para a presidência da Fifa até a madrugada de domingo, quando ele dramaticamente abandonou a competição.
Em um comunicado em seu site, Hammam disse que "os acontecimentos recentes me deixaram magoado e decepcionado - em um nível profissional e pessoal." Ele acrescentou: "É por esta razão que eu anuncio a minha retirada da eleição presidencial." Antes deste anúncio houve clamor considerável para um adiamento da eleição. O que acontece com a Fifa agora, tendo um único candidato nas eleições, Joseph Blatter, é o que todos querem saber.
Os aparentemente incansáveis esforços dos dirigentes para desacreditar o futebol resultaram agora numa aliança internacional de políticos liderados por parlamentares britânicos para formular um manifesto para a limpeza da FIFA. O recém-formado "International Partnership for the Reform of Fifa” está lutando por uma transformação radical na organização. O plano seria afastar os 24 membros do comitê executivo de responsabilidade por decisões grandiosas - especialmente as sedes da Copa do Mundo - e entregá-las a todos os 208 países membros da Fifa.
Votos que atualmente são sigilosos passariam a ser públicos, e executivos do alto-escalão seriam forçados a tornar públicos os seus bens, de acordo com as regras semelhantes às que regem a conduta dos parlamentares britânicos.
Enquanto tais movimentos ganham ritmo, a Fifa tenta limpar suas feridas neste domingo em Zurique, onde a sua comissão de ética vai julgar o caso contra Mohamed bin Hammam do Qatar (que ganhou o direito de sediar o mundial de 2022); o vice-presidente Jack Warner, da Confederação da América do Norte, Central e Caribe; Debbie Minguell e Jason Sylvester, da União Caribenha de Futebol (UCF), e Blatter.
No centro da audiência está um dossiê apresentado a eles por um membro do comitê executivo da FIFA, Chuck Blazer, dos EUA. Este - supostamente apoiado por depoimentos, documentos e até fotografias - diz que Hammam, no decurso da campanha para a Presidência, ofereceu grandes quantias em dinheiro como suborno para possivelmente até 25 membros da UCF em uma reunião em Trinidad, em 10 e 11 de maio.
Ele nega as acusações, mas admite que pagou translado de participantes e acomodação para a reunião, no hotel Hyatt Regency, de Port of Spain. Warner é acusado de facilitar a suposta propina. Após estas acusações, e a audiência marcada, Hammam afirmou que Blatter sabia de antemão dos alegados incentivos em dinheiro, e por isso este material foi acrescentado à agenda de hoje.
O que seria uma amarga audiência ganhou ainda mais força pelas palavras usadas por Warner em entrevista ao jornal Trinidad Express. Ele disse: "Você vai ver uma tsunami que atingirá a Fifa e o mundo e irá chocá-lo." Ele acrescentou "não ser culpado de um único pingo de maldade". Se houver uma votação, representantes de todas as 208 nações filiadas à Fifa irão votar.
O estado das coisas na FIFA chegou a um ponto em que faz crescer uma onda considerável entre os políticos para a reforma geral do organismo. The International Partnership for the Reform of Fifa foi convocada pelo deputado conservador Damian Collins, que reuniu políticos de vários países, incluindo Alemanha, Austrália e os EUA em torno de sua chamada para a mudança.
Collins não descartou nem mesmo convencer os membros da FIFA a sair da organização e estabelecer um novo organismo internacional de futebol. Mas ele afirma que a prioridade é uma reforma na FIFA, começando com um ataque à cultura de segredos que ele acredita ter permitido que a corrupção prospere.
"Precisamos de uma maior transparência na tomada de decisões", diz o parlamentar. Em grandes coisas, todos os países da FIFA têm que ter a oportunidade de votar. Os membros da comissão executiva deveriam aceitar as mesmas regras de transparência que outras pessoas na vida pública no mundo todo tem que se submeter. Suas finanças e outros interesses devem ser transparentes."
Collins disse que a parceria espera publicar um conjunto completo de demandas no início desta semana. O primeiro-ministro David Cameron, e do ministro dos Esportes, Hugh Robertson, têm apoiado o adiamento das eleições, até que as denúncias de corrupção sejam totalmente investigadas.
Tradução: Wilson Sobrinho
Fonte: Agência Carta Maior.
POLÍTICA - PSDB sepulta serrismo.
Convenção tucana elege comando simpático à candidatura Aécio-2014 e, contra a vontade de José Serra, acomoda derrotado em 2010 em cargo inoperante. Segundo aliado, Aécio adotará linha do 'artigo de FHC', que prega que oposição esqueça 'povão', busque 'nova classe média' e não abra mão do 'moralismo', explorado no 'caso Palocci'. Escanteado, Serra apela para ser lembrado: 'contem comigo'.
André Barrocal
BRASÍLIA - “Contem comigo para qualquer problema, para qualquer necessidade de presença, eu estarei lá. Sou um ativista político desde minha juventude. Estou nessa luta há muitas décadas e, se deus quiser, permanecerei nela durante muitas décadas ainda (….) Antes de ser um oficial da política, eu sou um soldado.”
Com estas palavras - um apelo para não ser ignorado -, José Serra, ex-governador de São Paulo, terminou sua participação na convenção nacional que o PSDB realizou neste sábado (28/05) para eleger uma nova direção. Derrotado duas vezes ao tentar virar presidente da República, o discurso de Serra encerrou mais um fracasso.
A convenção destinava-se justamente a sepultar a hegemonia serrista e paulista no tucanato. Ao mesmo tempo, buscava evitar um racha no ninho, o que exigirá do PSDB tonificar uma instância partidária inoperante nos últimos tempos, o Conselho Político, em cuja direção, a contra-gosto e com muita resistência, Serra foi assentado.
Daqui para frente e de olho na sucessão da presidenta petista Dilma Rousseff em 2014, os tucanos entregam-se à liderança do senador Aécio Neves (MG), cuja missão será reiventar um partido e um ideário derrotados mais vezes do que Serra na luta pela Presidência da República.
“Não podemos ter dois comandos. Sairemos daqui com um comando só”, dizia, ao chegar à convenção, o líder da bancada adversária de Dilma na Câmara dos Deputados, Paulo Abi-Ackel (PSDB), aliado mineiro do senador mineiro. E qual será o discurso, a linha do partido daqui em diante, com Aécio à frente? “Ah, é o artigo do Fernando Henrique”, contou Abi-Ackel.
Linha FHC: classe média e moralismo
O deputado referia-se a um texto polêmico publicado numa revista no início de abril, no qual ex-presidente esforça-se para salvar o PSDB e a oposição em geral da falta de rumos. Nele, FHC diz que “uma oposição que perde três disputas presidenciais não pode se acomodar com a falta de autocrítica”. E defende, entre outras coisas, que os adversários de Dilma não devem “disputar com o PT influência sobre os 'movimentos sociais' ou o 'povão'”, mas, sim, buscar a “nova classe média”.
Para o sociólogo, os tucanos precisam explorar as redes sociais, a mídia tradicional e as universidades para discursar a favor de mais saúde, educação, ecologia, direitos humanos, enfim, por um “papel crescente do estado”, o que não estaria em “contradição com economia mercado”. Mas, ressalva FHC, sem deixar de lado o núcleo das campanhas tucanas perdedoras em 2006 e 2010, porque “seria erro fatal imaginar, por exemplo, que o discurso 'moralista' é coisa de elite à moda da antiga UDN”.
Pois não faltou, na convenção tucana, a retórica 'moralista' pregada pelo ex-presidente, graças à enrascada em que se encontra o chefe da Casa Civil, ministro Antonio Palocci, por conta de seu enriquecimento à base de consultorias. “Devemos sair às ruas, de cabeça erguida, e dizer: 'somos sérios, somos éticos e sabemos fazer'”, disse na convenção o desde já presidenciável Aécio Neves.
“Crise ética”, foi a definição do caso Palocci dada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. “Escândalo”, chamou FHC. “Águas da corrupção”, classificou o presidente reeleito do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE).
Não foi exatamente a opinião manifestada por um deputado cassado que compareceu à festa tucana mesmo sem ter carteirinha do PSDB. Para o presidente do PTB, Roberto Jefferson, não há motivo para CPI do Palocci. Nem mesmo para fazer comparações com o “mensalão”, cuja suposta existência o deputado denunciou depois que um aliado dele empregado nos Correios, Mauricio Marinho, fora gravado recebendo propina.
'Aécio presidente!'
Ao chegar à convenção, Jefferson parecia um pop-star, posando para fotos com militantes tucanos, que também se entretiam com músicas à espera do início do encontro. "Brasil, urgente, Aécio presidente!”, era uma delas. “Brasil, urgente, Perillo presidente!”, dizia outra, aludindo ao governador de Goiás, Marconi Perillo. Até um genérico “1, 2, 3, 4, 5, mil, queremos um tucano presidente do Brasil!”.
NInguém gritava “Serra presidente”, evidência de que o ex-governador paulista é página virada no partido, mesmo com os mais de 40 milhões de votos obtidos na última eleição.
O capital político de Serra serviu, no entanto, para impedir que ele fosse escanteado por completo do novo comando tucano. Os tucanos contam com algum tipo de colaboração dele na próxima eleição. Daí que o encontro deste sábado começou com mais de duas horas de atraso. Desde a véspera, a elite tucana tentava encontrar uma composição dos dirigentes que garantisse a hegemonia de Aécio, mas que permitisse ao menos dar um prêmio de consoloção a Serra.
Os três cargos mais importantes da estrutura partidária ficaram com simpatizantes ou aliados declarados de Aécio. O presidente Sérgio Guerra, que pelas costas já fez referências desabonadoras a Serra, reelegeu-se. A secretaria-geral terá o deputado mineiro Rodrigo de Castro, abertamente apoiador de Aécio. E o comando do Instituto Teotônio Vilela, órgão formulador dos tucanos, foi entregue ao ex-senador Tasso Jereissatti (CE), que até hoje guarda rancor contra Serra pela disputa de ambos pela candidatura presidencial tucana em 2002.
Para Serra, restou controlar o Conselho Político, que os tucanos dizem que vão tentar revitalizar daqui para frente.
Além do objetivo de superar o serrismo e, ao mesmo tempo, esconder os problemas internos atrás da retórica de “unidade”, o PSDB usou a convenção para tentar enfrentar a sensação de fragilidade dos adversários do governo dentro do Congresso. É a menor bancada oposicionista desde o fim da ditadura militar. Valeu até apelar para um suposto fenômeno mundial. “Há controvérsias sobre o enfraquecimento da oposição. A oposição não está fragilizada só no Brasil”, disse o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).
André Barrocal
BRASÍLIA - “Contem comigo para qualquer problema, para qualquer necessidade de presença, eu estarei lá. Sou um ativista político desde minha juventude. Estou nessa luta há muitas décadas e, se deus quiser, permanecerei nela durante muitas décadas ainda (….) Antes de ser um oficial da política, eu sou um soldado.”
Com estas palavras - um apelo para não ser ignorado -, José Serra, ex-governador de São Paulo, terminou sua participação na convenção nacional que o PSDB realizou neste sábado (28/05) para eleger uma nova direção. Derrotado duas vezes ao tentar virar presidente da República, o discurso de Serra encerrou mais um fracasso.
A convenção destinava-se justamente a sepultar a hegemonia serrista e paulista no tucanato. Ao mesmo tempo, buscava evitar um racha no ninho, o que exigirá do PSDB tonificar uma instância partidária inoperante nos últimos tempos, o Conselho Político, em cuja direção, a contra-gosto e com muita resistência, Serra foi assentado.
Daqui para frente e de olho na sucessão da presidenta petista Dilma Rousseff em 2014, os tucanos entregam-se à liderança do senador Aécio Neves (MG), cuja missão será reiventar um partido e um ideário derrotados mais vezes do que Serra na luta pela Presidência da República.
“Não podemos ter dois comandos. Sairemos daqui com um comando só”, dizia, ao chegar à convenção, o líder da bancada adversária de Dilma na Câmara dos Deputados, Paulo Abi-Ackel (PSDB), aliado mineiro do senador mineiro. E qual será o discurso, a linha do partido daqui em diante, com Aécio à frente? “Ah, é o artigo do Fernando Henrique”, contou Abi-Ackel.
Linha FHC: classe média e moralismo
O deputado referia-se a um texto polêmico publicado numa revista no início de abril, no qual ex-presidente esforça-se para salvar o PSDB e a oposição em geral da falta de rumos. Nele, FHC diz que “uma oposição que perde três disputas presidenciais não pode se acomodar com a falta de autocrítica”. E defende, entre outras coisas, que os adversários de Dilma não devem “disputar com o PT influência sobre os 'movimentos sociais' ou o 'povão'”, mas, sim, buscar a “nova classe média”.
Para o sociólogo, os tucanos precisam explorar as redes sociais, a mídia tradicional e as universidades para discursar a favor de mais saúde, educação, ecologia, direitos humanos, enfim, por um “papel crescente do estado”, o que não estaria em “contradição com economia mercado”. Mas, ressalva FHC, sem deixar de lado o núcleo das campanhas tucanas perdedoras em 2006 e 2010, porque “seria erro fatal imaginar, por exemplo, que o discurso 'moralista' é coisa de elite à moda da antiga UDN”.
Pois não faltou, na convenção tucana, a retórica 'moralista' pregada pelo ex-presidente, graças à enrascada em que se encontra o chefe da Casa Civil, ministro Antonio Palocci, por conta de seu enriquecimento à base de consultorias. “Devemos sair às ruas, de cabeça erguida, e dizer: 'somos sérios, somos éticos e sabemos fazer'”, disse na convenção o desde já presidenciável Aécio Neves.
“Crise ética”, foi a definição do caso Palocci dada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. “Escândalo”, chamou FHC. “Águas da corrupção”, classificou o presidente reeleito do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE).
Não foi exatamente a opinião manifestada por um deputado cassado que compareceu à festa tucana mesmo sem ter carteirinha do PSDB. Para o presidente do PTB, Roberto Jefferson, não há motivo para CPI do Palocci. Nem mesmo para fazer comparações com o “mensalão”, cuja suposta existência o deputado denunciou depois que um aliado dele empregado nos Correios, Mauricio Marinho, fora gravado recebendo propina.
'Aécio presidente!'
Ao chegar à convenção, Jefferson parecia um pop-star, posando para fotos com militantes tucanos, que também se entretiam com músicas à espera do início do encontro. "Brasil, urgente, Aécio presidente!”, era uma delas. “Brasil, urgente, Perillo presidente!”, dizia outra, aludindo ao governador de Goiás, Marconi Perillo. Até um genérico “1, 2, 3, 4, 5, mil, queremos um tucano presidente do Brasil!”.
NInguém gritava “Serra presidente”, evidência de que o ex-governador paulista é página virada no partido, mesmo com os mais de 40 milhões de votos obtidos na última eleição.
O capital político de Serra serviu, no entanto, para impedir que ele fosse escanteado por completo do novo comando tucano. Os tucanos contam com algum tipo de colaboração dele na próxima eleição. Daí que o encontro deste sábado começou com mais de duas horas de atraso. Desde a véspera, a elite tucana tentava encontrar uma composição dos dirigentes que garantisse a hegemonia de Aécio, mas que permitisse ao menos dar um prêmio de consoloção a Serra.
Os três cargos mais importantes da estrutura partidária ficaram com simpatizantes ou aliados declarados de Aécio. O presidente Sérgio Guerra, que pelas costas já fez referências desabonadoras a Serra, reelegeu-se. A secretaria-geral terá o deputado mineiro Rodrigo de Castro, abertamente apoiador de Aécio. E o comando do Instituto Teotônio Vilela, órgão formulador dos tucanos, foi entregue ao ex-senador Tasso Jereissatti (CE), que até hoje guarda rancor contra Serra pela disputa de ambos pela candidatura presidencial tucana em 2002.
Para Serra, restou controlar o Conselho Político, que os tucanos dizem que vão tentar revitalizar daqui para frente.
Além do objetivo de superar o serrismo e, ao mesmo tempo, esconder os problemas internos atrás da retórica de “unidade”, o PSDB usou a convenção para tentar enfrentar a sensação de fragilidade dos adversários do governo dentro do Congresso. É a menor bancada oposicionista desde o fim da ditadura militar. Valeu até apelar para um suposto fenômeno mundial. “Há controvérsias sobre o enfraquecimento da oposição. A oposição não está fragilizada só no Brasil”, disse o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).
FUTEBOL - Seria uma negociata?
Eike Batista se prepara para fincar a bandeira do Botafogo no prédio do Flamengo, no Morro da Viúva.
Carlos Newton
O que não foi publicado sobre a armação que vem sendo feita na direção do Flamengo, para alienar o gigantesco prédio que pertence ao clube no Morro da Viúva:
1. Os apartamentos que foram reformados não foram alugados, propositadamente, para evitar que gerem renda para o Flamengo;
2. Quando apareceu a possibilidade da negociata (nesta administração), o prédio foi abandonado, não sendo mais conservado;
3. Tudo isso, para apresentar um balanço deficitário e enganar os conselheiros do Flamengo, fazendo com que estes aprovem o arrendamento dos imóveis;
4. Com o arrendamento, estará sendo dado um grande passo para o Flamengo ser despojado de seu patrimônio;
5. Tem muita gente, no conselho do Flamengo e também fora dele, interessada em faturar com a negociata;
6. Aliás, se o conselho do Flamengo aprovar a negociata, Eike Batista, botafoguense, realizará um grande sonho: o de fixar a bandeira do Botafogo no ponto mais alto do imóvel.
Fonte:Tribuna da Imprensa.
Carlos Newton
O que não foi publicado sobre a armação que vem sendo feita na direção do Flamengo, para alienar o gigantesco prédio que pertence ao clube no Morro da Viúva:
1. Os apartamentos que foram reformados não foram alugados, propositadamente, para evitar que gerem renda para o Flamengo;
2. Quando apareceu a possibilidade da negociata (nesta administração), o prédio foi abandonado, não sendo mais conservado;
3. Tudo isso, para apresentar um balanço deficitário e enganar os conselheiros do Flamengo, fazendo com que estes aprovem o arrendamento dos imóveis;
4. Com o arrendamento, estará sendo dado um grande passo para o Flamengo ser despojado de seu patrimônio;
5. Tem muita gente, no conselho do Flamengo e também fora dele, interessada em faturar com a negociata;
6. Aliás, se o conselho do Flamengo aprovar a negociata, Eike Batista, botafoguense, realizará um grande sonho: o de fixar a bandeira do Botafogo no ponto mais alto do imóvel.
Fonte:Tribuna da Imprensa.
segunda-feira, 23 de maio de 2011
POLÍTICA - Serra desiste da prefeitura.
Serra desiste da prefeitura: presidente ou governador?
Helio Fernandes
Abandonou a ideia inicial de voltar à prefeitura, para garantir pelo menos a máquina. Por que desistiu? Elementar. Candidato a prefeito, ficou apenas 15 meses, deixou 33 para o então desconhecido Kassab.
Agora, se convenceu: não pode repetir a farsa, a fraude, a falsificação. Isso seria denunciado logo, não teria voto. Tentará a presidência (com 72 anos), aceitará ser governador, como “compensação”.
***
KASSAB SE ESCONDEU
Estava a “mil por hora”, parecia o político mais cobiçado, o mais procurado, o mais fascinante e fascinando muita gente. Comprometidos, quase todos, com sua nova-velha legenda.
Fez uma campanha excelente com os amestrados, não saía das Primeiras. Inesperadamente sumiu do noticiário, o “efeito” Lula atingiu-o de forma inclemente e cruel. O que é o efeito Lula em São Paulo? A candidatura do ministro Fernando Haddad.
Não por causa dele e sim pelo ex-presidente. Lula já disse: “Vou lançar o Ministro da Educação. Como jamais disputou eleição, a vitória será atribuída ao meu apoio”. E acrescenta rindo muito: “Ninguém duvida disso”. Muito menos Kassab.
***
SÉRGIO GUERRA PRESIDINDO
O partido “passa recibo” na falta de importância. Seu presidente era esse que está no título, exercia o mandato de senador. “Viu” que não se elegeria, preferiu ser deputado, pelo menos isso. Mas presidente do partido? E por imposição de Serra? Esse é o verdadeiro quadro-radiografia do PSDB, que não é oposição nem governo.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Helio Fernandes
Abandonou a ideia inicial de voltar à prefeitura, para garantir pelo menos a máquina. Por que desistiu? Elementar. Candidato a prefeito, ficou apenas 15 meses, deixou 33 para o então desconhecido Kassab.
Agora, se convenceu: não pode repetir a farsa, a fraude, a falsificação. Isso seria denunciado logo, não teria voto. Tentará a presidência (com 72 anos), aceitará ser governador, como “compensação”.
***
KASSAB SE ESCONDEU
Estava a “mil por hora”, parecia o político mais cobiçado, o mais procurado, o mais fascinante e fascinando muita gente. Comprometidos, quase todos, com sua nova-velha legenda.
Fez uma campanha excelente com os amestrados, não saía das Primeiras. Inesperadamente sumiu do noticiário, o “efeito” Lula atingiu-o de forma inclemente e cruel. O que é o efeito Lula em São Paulo? A candidatura do ministro Fernando Haddad.
Não por causa dele e sim pelo ex-presidente. Lula já disse: “Vou lançar o Ministro da Educação. Como jamais disputou eleição, a vitória será atribuída ao meu apoio”. E acrescenta rindo muito: “Ninguém duvida disso”. Muito menos Kassab.
***
SÉRGIO GUERRA PRESIDINDO
O partido “passa recibo” na falta de importância. Seu presidente era esse que está no título, exercia o mandato de senador. “Viu” que não se elegeria, preferiu ser deputado, pelo menos isso. Mas presidente do partido? E por imposição de Serra? Esse é o verdadeiro quadro-radiografia do PSDB, que não é oposição nem governo.
Fonte: Tribuna da Imprensa
POLÍTICA - Divisão de lucros deflagra onda de greves.
Metalúrgicos de montadoras do Brasil inteiro aproveitam o bom momento do setor - com produção e vendas bombando - para cobrar a sua parte na divisão do lucro das empresas. As negociações entre sindicalistas e empresários, em sua grande maioria, têm chegado ao impasse, o que abriu caminho para uma enxurrada de greves no setor.
A reportagem é de Marcelo Rehder e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 21-05-2011.
Os metalúrgicos da General Motors (GM) de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, fizeram ontem uma greve de advertência de 24 horas e ameaçam cruzar os braços por tempo indeterminado na segunda-feira. Na fábrica de São Caetano do Sul, no ABC paulista, a paralisação foi de quatro horas - duas no turno da manhã e outras duas no da tarde. Os trabalhadores querem que a GM pague R$ 12 mil em Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) este ano. A oferta da empresa é de R$ 9 mil.
O movimento dos metalúrgicos de São José e de São Caetano faz parte de uma tendência nacional. A conquista de parcelas cada vez maiores nos lucros ou resultados das empresas é hoje um dos principais itens da pauta de negociações entre empresas e sindicatos, ao lado do aumento real de salários. Entre os operários das montadoras, essa tendência é ainda mais forte.
Este ano, a venda de veículos estabeleceu um novo recorde para um primeiro quadrimestre. Elas cresceram 4,5% em relação a igual período de 2010. Para este mês, a expectativa do setor é de novo recorde. As vendas devem ficar ao redor de 300 mil unidades, atingindo o melhor resultado para um mês de maio no País. O emprego, em geral, também está em alta no País.
Paraná
Na briga por uma PLR maior, os metalúrgicos do Paraná saíram na frente. Na fábrica de caminhões e ônibus da Volvo, em Curitiba, bastaram três dias de greve para que a empresa concordasse com a reivindicação dos trabalhadores, comprometendo-se a pagar o maior valor de PLR do País. Cada um dos 3,2 mil operários da Volvo vai embolsar nada menos que R$ 15 mil.
Já na Renault, em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, não foi preciso nem fazer greve. A simples ameaça de parar a produção fez com que a montadora se curvasse à exigência dos trabalhadores, que reivindicavam R$ 12 mil em PLR.
O problema é que as duas montadoras, no Brasil, têm fábricas apenas em Curitiba. Por isso, ficaram nas mãos dos sindicalistas. Para não correr o risco de perder vendas, elas não viram outra saída, senão ceder.
Não é o caso da Volkswagen, cuja fábrica de Curitiba enfrenta greve há 17 dias, por não aceitar o valor reivindicado pelos trabalhadores. Eles pedem R$ 6 mil agora e mais R$ 6 mil nos próximos meses. A empresa oferece pagamento imediato de R$ 4,6 mil e quer negociar o valor da segunda parcela no segundo semestre. A Volks avisou que não vai ceder aos sindicalistas. A empresa estaria disposta a enfrentar mais de um mês de greve.
Fonte: IHU
A reportagem é de Marcelo Rehder e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 21-05-2011.
Os metalúrgicos da General Motors (GM) de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, fizeram ontem uma greve de advertência de 24 horas e ameaçam cruzar os braços por tempo indeterminado na segunda-feira. Na fábrica de São Caetano do Sul, no ABC paulista, a paralisação foi de quatro horas - duas no turno da manhã e outras duas no da tarde. Os trabalhadores querem que a GM pague R$ 12 mil em Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) este ano. A oferta da empresa é de R$ 9 mil.
O movimento dos metalúrgicos de São José e de São Caetano faz parte de uma tendência nacional. A conquista de parcelas cada vez maiores nos lucros ou resultados das empresas é hoje um dos principais itens da pauta de negociações entre empresas e sindicatos, ao lado do aumento real de salários. Entre os operários das montadoras, essa tendência é ainda mais forte.
Este ano, a venda de veículos estabeleceu um novo recorde para um primeiro quadrimestre. Elas cresceram 4,5% em relação a igual período de 2010. Para este mês, a expectativa do setor é de novo recorde. As vendas devem ficar ao redor de 300 mil unidades, atingindo o melhor resultado para um mês de maio no País. O emprego, em geral, também está em alta no País.
Paraná
Na briga por uma PLR maior, os metalúrgicos do Paraná saíram na frente. Na fábrica de caminhões e ônibus da Volvo, em Curitiba, bastaram três dias de greve para que a empresa concordasse com a reivindicação dos trabalhadores, comprometendo-se a pagar o maior valor de PLR do País. Cada um dos 3,2 mil operários da Volvo vai embolsar nada menos que R$ 15 mil.
Já na Renault, em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, não foi preciso nem fazer greve. A simples ameaça de parar a produção fez com que a montadora se curvasse à exigência dos trabalhadores, que reivindicavam R$ 12 mil em PLR.
O problema é que as duas montadoras, no Brasil, têm fábricas apenas em Curitiba. Por isso, ficaram nas mãos dos sindicalistas. Para não correr o risco de perder vendas, elas não viram outra saída, senão ceder.
Não é o caso da Volkswagen, cuja fábrica de Curitiba enfrenta greve há 17 dias, por não aceitar o valor reivindicado pelos trabalhadores. Eles pedem R$ 6 mil agora e mais R$ 6 mil nos próximos meses. A empresa oferece pagamento imediato de R$ 4,6 mil e quer negociar o valor da segunda parcela no segundo semestre. A Volks avisou que não vai ceder aos sindicalistas. A empresa estaria disposta a enfrentar mais de um mês de greve.
Fonte: IHU
ESPANHA - Manifestantes prometem continuar nas ruas.
Portugal e Irlanda já viram seus governos caírem por conta da crise econômica que atinge a Europa. Durante o governo de José Luiz Rodriguez Zapatero, a Espanha se transformou na maior vítima dela entre os países ricos. O país já tem 5 milhões de desempregados e um a cada dois jovens não tem trabalho. Durante a campanha, a imagem do líder era tão impopular que candidatos municipais do Partido Socialista (PSOE) pediram que ele sequer subisse nos palanques.
A reportagem é de Jamil Chade e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 23-05-2011.
Os manifestantes que tomaram ruas e praças em centenas de cidades espanholas ignoram os resultados das eleições e anunciam que continuarão por pelo menos mais uma semana a protestar. Mesmo com o fim das eleições, eles afirmaram ontem que as concentrações inspiradas na primavera árabe precisam ir adiante.
Na praça Puerta del Sol, em Madri, os organizadores afirmaram que as manifestações continuarão até que o governo reveja as políticas de austeridade econômica e puna a corrupção nos órgãos públicos.
Desistência
As medidas impopulares adotadas para tentar reverter o impacto da crise foram acompanhadas por um discurso apocalíptico do governo. Zapatero chegou a alertar que, sem os cortes no orçamento que ele promoveu, a Espanha teria quebrado e seria obrigada a pedir o socorro do FMI. Por causa do desgaste, o premiê anunciou que não concorrerá nas próximas eleições.
Mesmo assim, os protestos continuam. Há uma semana acampados espontaneamente em praças de dezenas de cidades do país, os manifestantes consideram os protestos uma resposta à pior crise econômica no país em sua fase democrática. Os organizadores pretendem transformar o protesto em uma nova força social na Espanha, ainda que garantam que não formarão um novo partido político.
Segundo alguns líderes, eles querem sair das ruas e criar uma estrutura permanente. "Demos uma lição de civismo", comemorou Juan Cobo, um dos porta-vozes do movimento em Madri. Na Puerta del Sol, pessoas eram designadas pelo próprio grupo para fazer a limpeza das ruas, distribuir protetor solar e comida, além de retirar flores de canteiros e plantar legumes.
Internet
A organização dos protestos usou principalmente a internet e suas redes sociais para convocar os manifestantes, exatamente como no Egito, na Tunísia, na Líbia e em outros países árabes.
O movimento prega a desconfiança geral na classe política e, desde o início, rejeitou a filiação a qualquer um dos partidos que concorreram nas eleições de ontem. O lema "Não vote em ninguém" surtiu efeito. O número de votos em branco, de acordo com os primeiros resultados da apuração, superou os 770 mil, quase 2,5% do total - um recorde histórico na democracia espanhola.
A eleição regional foi marcada também pelo fortalecimento de grupos nacionalistas em regiões autônomas do país. Em Barcelona, venceram os políticos da formação nacionalista Convergência e União, tirando a cidade das mãos dos socialistas depois de 32 anos.
No País Basco, os nacionalistas também foram uma surpresa. A coalizão Bildu, que chegou a ser considerada ilegal pelo Tribunal Superior do país, mas que conseguiu reverter a decisão, tornou-se a segunda força política da região.
PARA LEMBRAR
Direita deixou poder em 2004, após atentados
Uma série de ataques terroristas atingiram quatro trens em Madri no dia 11 de março de 2004, três dias antes das eleições gerais, matando 191 pessoas e deixando mais de 1,8 mil feridos. O governo, então liderado pelo conservador José María Aznar, do Partido Popular (PP), que matinha uma liderança apertada nas pesquisas, culpou o grupo separatista basco ETA. Logo depois, porém, ficou claro que a autoria era da Al-Qaeda, em resposta ao apoio do PP à guerra no Iraque. O escorregão foi decisivo na vitória dos socialistas.
A reportagem é de Jamil Chade e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 23-05-2011.
Os manifestantes que tomaram ruas e praças em centenas de cidades espanholas ignoram os resultados das eleições e anunciam que continuarão por pelo menos mais uma semana a protestar. Mesmo com o fim das eleições, eles afirmaram ontem que as concentrações inspiradas na primavera árabe precisam ir adiante.
Na praça Puerta del Sol, em Madri, os organizadores afirmaram que as manifestações continuarão até que o governo reveja as políticas de austeridade econômica e puna a corrupção nos órgãos públicos.
Desistência
As medidas impopulares adotadas para tentar reverter o impacto da crise foram acompanhadas por um discurso apocalíptico do governo. Zapatero chegou a alertar que, sem os cortes no orçamento que ele promoveu, a Espanha teria quebrado e seria obrigada a pedir o socorro do FMI. Por causa do desgaste, o premiê anunciou que não concorrerá nas próximas eleições.
Mesmo assim, os protestos continuam. Há uma semana acampados espontaneamente em praças de dezenas de cidades do país, os manifestantes consideram os protestos uma resposta à pior crise econômica no país em sua fase democrática. Os organizadores pretendem transformar o protesto em uma nova força social na Espanha, ainda que garantam que não formarão um novo partido político.
Segundo alguns líderes, eles querem sair das ruas e criar uma estrutura permanente. "Demos uma lição de civismo", comemorou Juan Cobo, um dos porta-vozes do movimento em Madri. Na Puerta del Sol, pessoas eram designadas pelo próprio grupo para fazer a limpeza das ruas, distribuir protetor solar e comida, além de retirar flores de canteiros e plantar legumes.
Internet
A organização dos protestos usou principalmente a internet e suas redes sociais para convocar os manifestantes, exatamente como no Egito, na Tunísia, na Líbia e em outros países árabes.
O movimento prega a desconfiança geral na classe política e, desde o início, rejeitou a filiação a qualquer um dos partidos que concorreram nas eleições de ontem. O lema "Não vote em ninguém" surtiu efeito. O número de votos em branco, de acordo com os primeiros resultados da apuração, superou os 770 mil, quase 2,5% do total - um recorde histórico na democracia espanhola.
A eleição regional foi marcada também pelo fortalecimento de grupos nacionalistas em regiões autônomas do país. Em Barcelona, venceram os políticos da formação nacionalista Convergência e União, tirando a cidade das mãos dos socialistas depois de 32 anos.
No País Basco, os nacionalistas também foram uma surpresa. A coalizão Bildu, que chegou a ser considerada ilegal pelo Tribunal Superior do país, mas que conseguiu reverter a decisão, tornou-se a segunda força política da região.
PARA LEMBRAR
Direita deixou poder em 2004, após atentados
Uma série de ataques terroristas atingiram quatro trens em Madri no dia 11 de março de 2004, três dias antes das eleições gerais, matando 191 pessoas e deixando mais de 1,8 mil feridos. O governo, então liderado pelo conservador José María Aznar, do Partido Popular (PP), que matinha uma liderança apertada nas pesquisas, culpou o grupo separatista basco ETA. Logo depois, porém, ficou claro que a autoria era da Al-Qaeda, em resposta ao apoio do PP à guerra no Iraque. O escorregão foi decisivo na vitória dos socialistas.
ESPANHA - A derrota dos socialistas.
Governo socialista sofre dura derrota na Espanha
O Partido Socialista (PSOE), de José Luis Rodríguez Zapatero, sofreu sua pior derrota eleitoral em 30 anos de democracia na Espanha e se transformou na mais nova vítima da crise econômica que assola a Europa. Ontem, seu partido foi punido nas eleições regionais e os espanhóis promoveram uma guinada sem precedentes para a direita. A derrota coloca pressão para que Zapatero renuncie e convoque eleições antecipadas ainda em 2011.
A reportagem é de Jamil Chade e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 23-05-2011.
O resultado deve incomodar os mercados hoje e será recebido como mais um sinal de incerteza a respeito dos planos de ajustes dos governos europeus. O temor é de que Zapatero não tenha como implementar suas políticas de austeridade. O primeiro-ministro socialista, no entanto, negou qualquer intenção de alterar o calendário eleitoral da Espanha. "Não haverá eleições antecipadas", declarou ainda na noite de ontem.
Outra preocupação é que, após o calor da votação, governos locais revelem que suas dívidas são, na realidade, bem superiores ao que diziam antes do pleito. Há um ano, o governo da Catalunha admitiu que seu buraco financeiro era, na verdade, 60% maior do que se previa antes das eleições.
Ontem, os espanhóis escolheram cerca de 70 mil prefeitos, deputados e vereadores em 8,1 mil cidades. No entanto, a eleição, marcada pelos protestos de rua, foi um teste para o governo socialista.
A princípio, as eleições gerais estão marcadas para março de 2012. No entanto, com a derrota de ontem, o grande vencedor, o Partido Popular (PP), exige que o PSOE reconheça que chegou o momento de deixar o poder.
Na sede do PSOE, seus principais nomes admitiram a derrota histórica nas urnas. "Essa é a expressão de um mal-estar coletivo", admitiu a porta-voz do comitê do partido, Elena Valenciano. "O resultado tem uma relação direta com a crise.".
Ontem, os socialistas fizeram história ao anunciar sua derrota assim que as urnas foram abertas para a apuração, algo que a Espanha nunca havia visto em três décadas de democracia. Com todos os votos contados, o PP obteve 37%, 2 milhões de votos e 10 pontos porcentuais a mais do que os socialistas, a maior diferença já registrada desde o fim da ditadura de Francisco Franco.
Bastiões socialistas foram perdidos, como Castilla-La Mancha e Barcelona. O partido de Zapatero perdeu também Sevilha, depois de 12 anos no poder, além de dezenas de outras cidades. Madri se manteve com o PP. Em Castilla y León, terra de Zapatero, a direita também obteve a maioria dos votos.
Na sede do PP e nos pontos de concentração do partido, militantes gritavam "Zapatero, demissão". O líder do PP, Mariano Rajoy, comemorou. "Conseguimos o melhor resultado de nossa história", afirmou. "O governo precisa acabar com essa agonia e convocar eleições", disse Esperanza Aguirre, presidente madrilenha do PP.
Zapatero acusou os conservadores de cinismo. Isto porque as políticas de austeridade econômica que ele foi obrigado a implementar terão de ser seguidas também pelo próximo governo.
Fonte: IHU
O Partido Socialista (PSOE), de José Luis Rodríguez Zapatero, sofreu sua pior derrota eleitoral em 30 anos de democracia na Espanha e se transformou na mais nova vítima da crise econômica que assola a Europa. Ontem, seu partido foi punido nas eleições regionais e os espanhóis promoveram uma guinada sem precedentes para a direita. A derrota coloca pressão para que Zapatero renuncie e convoque eleições antecipadas ainda em 2011.
A reportagem é de Jamil Chade e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 23-05-2011.
O resultado deve incomodar os mercados hoje e será recebido como mais um sinal de incerteza a respeito dos planos de ajustes dos governos europeus. O temor é de que Zapatero não tenha como implementar suas políticas de austeridade. O primeiro-ministro socialista, no entanto, negou qualquer intenção de alterar o calendário eleitoral da Espanha. "Não haverá eleições antecipadas", declarou ainda na noite de ontem.
Outra preocupação é que, após o calor da votação, governos locais revelem que suas dívidas são, na realidade, bem superiores ao que diziam antes do pleito. Há um ano, o governo da Catalunha admitiu que seu buraco financeiro era, na verdade, 60% maior do que se previa antes das eleições.
Ontem, os espanhóis escolheram cerca de 70 mil prefeitos, deputados e vereadores em 8,1 mil cidades. No entanto, a eleição, marcada pelos protestos de rua, foi um teste para o governo socialista.
A princípio, as eleições gerais estão marcadas para março de 2012. No entanto, com a derrota de ontem, o grande vencedor, o Partido Popular (PP), exige que o PSOE reconheça que chegou o momento de deixar o poder.
Na sede do PSOE, seus principais nomes admitiram a derrota histórica nas urnas. "Essa é a expressão de um mal-estar coletivo", admitiu a porta-voz do comitê do partido, Elena Valenciano. "O resultado tem uma relação direta com a crise.".
Ontem, os socialistas fizeram história ao anunciar sua derrota assim que as urnas foram abertas para a apuração, algo que a Espanha nunca havia visto em três décadas de democracia. Com todos os votos contados, o PP obteve 37%, 2 milhões de votos e 10 pontos porcentuais a mais do que os socialistas, a maior diferença já registrada desde o fim da ditadura de Francisco Franco.
Bastiões socialistas foram perdidos, como Castilla-La Mancha e Barcelona. O partido de Zapatero perdeu também Sevilha, depois de 12 anos no poder, além de dezenas de outras cidades. Madri se manteve com o PP. Em Castilla y León, terra de Zapatero, a direita também obteve a maioria dos votos.
Na sede do PP e nos pontos de concentração do partido, militantes gritavam "Zapatero, demissão". O líder do PP, Mariano Rajoy, comemorou. "Conseguimos o melhor resultado de nossa história", afirmou. "O governo precisa acabar com essa agonia e convocar eleições", disse Esperanza Aguirre, presidente madrilenha do PP.
Zapatero acusou os conservadores de cinismo. Isto porque as políticas de austeridade econômica que ele foi obrigado a implementar terão de ser seguidas também pelo próximo governo.
Fonte: IHU
sexta-feira, 20 de maio de 2011
FUTEBOL - Corrupção envolvendo a FIFA.
Imprensa internacional volta a destacar corrupção da FIFA e comparsas
Após a escandalosa decisão da FIFA de eleger a Rússia e o Catar como sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022 (baseada em interesses mafiosos, tal como já publicamos neste Correio), novas bandidagens voltaram a vir à tona no mundo do futebol.
A reportagem é de Gabriel Brito e publicada pelo jornal Correio da Cidadania, 19-05-2011.
Como todo brasileiro bem informado sabe, o inominável Ricardo Teixeira, um dos proprietários do futebol nacional, tem uma biografia recheada de fatos nebulosos e criminosos, tendo sido indiciado em uma dezena de irregularidades em CPI do começo da década passada. Apesar de tudo escancarado, não surpreendeu, neste país, sua impunidade.
No entanto, após a conquista do direito de receber o mundial em 2014, seus pulos passaram a ser seguidos mais de perto pela mídia internacional. Os ingleses, até pelo inconformismo de terem perdido 2018 para a Máfia Russa, não param de bombardear o público com denúncias e acusações diretas de corrupção por parte de vários dirigentes.
Claro que o filhote de João Havelange se inclui na lista – falando no ex-capo da FIFA, este sugeriu há não muito tempo que o governo pusesse fim à cobrança de impostos aos clubes brasileiros. Como se o futebol ainda fosse um esporte sem fins lucrativos e gente como ele não tivesse enriquecido às suas custas. Um escárnio que coroa a trajetória do primeiro grande gângster ludopédico, que não à toa presidiu a FIFA por 24 anos.
Em fins do ano passado, a BBC já havia afirmado em reportagem que Teixeira recebeu cerca de 16 milhões de reais em propinas, ao longo dos anos 2000, de empresas e entidades interessadas nas eleições, decisões e projetos da FIFA em todo esse tempo.
Agora, o ex-presidente da Federação Inglesa, Lorde David Triesman, declarou à Câmara dos Comuns de seu país que foi achacado por diversos cartolas durante a campanha de escolha das sedes.
Entre eles, encontra-se o presidente da Confederação Sul-Americana, Nicolas Leoz (também envolvido na supracitada matéria da BBC), há décadas no cargo, apesar de toda sua incapacidade de organizar o futebol sul-americano, completamente defasado e falido em relação ao europeu, em margens muito mais gritantes que as diferenças econômicas entre os continentes. No entanto, foi eleito há duas semanas para outro mandato, por aclamação, em evento pouco ou nada divulgado. Este senhor que mantém o futebol do continente no atraso teria requisitado um título de lorde (!), acusação engrossada pelo deputado inglês Bob Blizzard.
Outro notório picareta implicado no caso é Jack Warner, presidente da Confederação Centro-Americana, da Federação de Trinidad e Tobago e dos mais influentes na FIFA, que, aliás, já o pegou no flagra. Na única vez que seu país foi a uma Copa, em 2006, ficou com todos os ingressos a que seus compatriotas tinham direito, atrelando a compra aos pacotes de sua agência de viagem. Mas continua querido na confraria que manda no futebol...
Teixeira, por sua vez, teria singelamente perguntado a Triesman: "O que você tem pra mim?", segundo sua declaração ao parlamento britânico. Diante disso, toda a mídia grande da terra da rainha – Sky, The Sun, BBC, Guardian – tem dado enorme ênfase ao assunto, apresentando Teixeira como linha de frente dos quadrilheiros, dissecando o perfil de todos eles ao público.
Perguntado a respeito do tema, Andrew Jennings, jornalista mais odiado pela FIFA por seu vasto rol de denúncias às práticas da entidade, preferiu não responder. Mas não por omissão, e sim porque trabalha em conjunto com a BBC na produção de um documentário exatamente a respeito de tudo isso, a ser lançado no próximo dia 24 de maio. Conhecendo o nível das produções da emissora estatal inglesa, podemos esperar (e torcer) por um terremoto no mundo do ‘futebol’.
Falando em Jennings, acaba de chegar ao Brasil seu mais novo livro, Jogo Sujo, que trata exatamente desses fétidos bastidores futebolísticos. A obra é obrigatória para todos aqueles que conseguem se manter devotos do esporte bretão. Na verdade, para todos os brasileiros, para que saibamos bem o que temos pela frente com essa Copa cujos custos não param de subir, como já calculávamos.
Para fazer média, a FIFA anunciou exatamente nessa semana uma doação de 22 milhões de dólares para a Interpol, com fins de investigar crimes financeiros ligados ao esporte mais popular do mundo. Claro que é cortina de fumaça de Blatter, outro rato desenvolto por esses corredores, mais preocupado com sua reeleição.
O problema, para nós, é o adversário ser o catariano Mohamad Bin Hamman, presidente da Confederação Asiática, que tem proferido um discurso de renovação, mas é absolutamente da mesma estirpe. Tanto que levou uma Copa do Mundo para este "país", em escolha por si só auto-explicativa diante de sua irrelevância esportiva - mas não econômica. Na ocasião, aliás, dois membros do conselho de "ética" da FIFA foram afastados momentos antes da decisão após caírem em armadilha de repórteres (ingleses!) que lhes acenavam com subornos.
Já o jornalista Juca Kfouri publicou em seu blog trecho de outra inacreditável matéria que desnuda o nível de corrupção dessa cartolagem, ao repercutir reportagem (íntegra somente em alemão) da revista suíça Bilanz, que, por sinal, serve também para exibir o caráter mafioso da tal neutralidade deste país:
"O público se surpreende muitas vezes com o modo que a justiça trata de casos criminais da economia. A expressão ‘justiça condescendente’ é o rumor que circula atualmente. A demora dos processos, a leniência das sentenças e as freqüentes decisões inexplicáveis causam surpresa – mesmo no mundo dos juízes penais. A apreciação das atitudes da justiça é desoladora, e a justiça não passa uma boa imagem.
Mesmo no respectivo meio em países adjacentes já se comenta: a Suíça é um paraíso de liberdade para negócios dúbios, um refúgio para autores de desfalques, fraudadores, fraudadores da bolsa e gerentes gananciosos.
E a justiça em si parece incapaz de comunicar o seu trabalho. O seu trabalho de mídia, junto a campanhas profissionais de mídia orquestradas de modo profissional por consultores furtivos de seus réus, não pode mais ser considerado.
São especialmente ostentosos os grandes dossiês que já estão pendentes por uma eternidade (…) O funcionário brasileiro da FIFA, Ricardo Teixeira, receptor de aproximadamente 12 milhões de francos de suborno, deverá encerrar o seu caso após o pagamento de um valor de restituição junto a uma ordem de improcedência nove anos após o início das investigações do magnata do futebol no pântano de suborno.
Quando esta disposição se tornou conhecida – primeiramente sob pressão da mídia –, o chefe da FIFA Joseph Blatter já dispunha do argumento conveniente: ‘Assunto antigo do conhecimento de todos’".
Enquanto isso, a outra proprietária do futebol brasileiro, a Rede Globo, faz pouco caso e ignora o mar de denúncias, algumas inequívocas e jamais desmentidas. Já o nosso governo trabalha pela MP 521/10, que pretende relaxar e facilitar os trâmites dos processos licitatórios de toda e qualquer obra relacionada à Copa do Mundo, isto é, tudo que as 12 cidades sedes farão até lá. Na prática, o sonho que todo bandido delira na cama: receber a chave do cofre do dono do banco.
A desgraça de tudo, ao menos se atendo ao futebol, é que o caráter privado e soberano da FIFA, entidade máxima e reguladora do esporte (apesar de toda sua dependência e interesse públicos), faz com que não haja, em tese, quem tenha autoridade para enquadrá-la e promover uma autêntica limpa, inclusive com punições.
Talvez a única solução seja esperar que os torcedores aprendam a direcionar seu hooliganismo, pois como diz o mesmo Andrew Jennings "essa gente precisa ir pro paredão e ser fuzilada".
Fonte: IHU
Após a escandalosa decisão da FIFA de eleger a Rússia e o Catar como sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022 (baseada em interesses mafiosos, tal como já publicamos neste Correio), novas bandidagens voltaram a vir à tona no mundo do futebol.
A reportagem é de Gabriel Brito e publicada pelo jornal Correio da Cidadania, 19-05-2011.
Como todo brasileiro bem informado sabe, o inominável Ricardo Teixeira, um dos proprietários do futebol nacional, tem uma biografia recheada de fatos nebulosos e criminosos, tendo sido indiciado em uma dezena de irregularidades em CPI do começo da década passada. Apesar de tudo escancarado, não surpreendeu, neste país, sua impunidade.
No entanto, após a conquista do direito de receber o mundial em 2014, seus pulos passaram a ser seguidos mais de perto pela mídia internacional. Os ingleses, até pelo inconformismo de terem perdido 2018 para a Máfia Russa, não param de bombardear o público com denúncias e acusações diretas de corrupção por parte de vários dirigentes.
Claro que o filhote de João Havelange se inclui na lista – falando no ex-capo da FIFA, este sugeriu há não muito tempo que o governo pusesse fim à cobrança de impostos aos clubes brasileiros. Como se o futebol ainda fosse um esporte sem fins lucrativos e gente como ele não tivesse enriquecido às suas custas. Um escárnio que coroa a trajetória do primeiro grande gângster ludopédico, que não à toa presidiu a FIFA por 24 anos.
Em fins do ano passado, a BBC já havia afirmado em reportagem que Teixeira recebeu cerca de 16 milhões de reais em propinas, ao longo dos anos 2000, de empresas e entidades interessadas nas eleições, decisões e projetos da FIFA em todo esse tempo.
Agora, o ex-presidente da Federação Inglesa, Lorde David Triesman, declarou à Câmara dos Comuns de seu país que foi achacado por diversos cartolas durante a campanha de escolha das sedes.
Entre eles, encontra-se o presidente da Confederação Sul-Americana, Nicolas Leoz (também envolvido na supracitada matéria da BBC), há décadas no cargo, apesar de toda sua incapacidade de organizar o futebol sul-americano, completamente defasado e falido em relação ao europeu, em margens muito mais gritantes que as diferenças econômicas entre os continentes. No entanto, foi eleito há duas semanas para outro mandato, por aclamação, em evento pouco ou nada divulgado. Este senhor que mantém o futebol do continente no atraso teria requisitado um título de lorde (!), acusação engrossada pelo deputado inglês Bob Blizzard.
Outro notório picareta implicado no caso é Jack Warner, presidente da Confederação Centro-Americana, da Federação de Trinidad e Tobago e dos mais influentes na FIFA, que, aliás, já o pegou no flagra. Na única vez que seu país foi a uma Copa, em 2006, ficou com todos os ingressos a que seus compatriotas tinham direito, atrelando a compra aos pacotes de sua agência de viagem. Mas continua querido na confraria que manda no futebol...
Teixeira, por sua vez, teria singelamente perguntado a Triesman: "O que você tem pra mim?", segundo sua declaração ao parlamento britânico. Diante disso, toda a mídia grande da terra da rainha – Sky, The Sun, BBC, Guardian – tem dado enorme ênfase ao assunto, apresentando Teixeira como linha de frente dos quadrilheiros, dissecando o perfil de todos eles ao público.
Perguntado a respeito do tema, Andrew Jennings, jornalista mais odiado pela FIFA por seu vasto rol de denúncias às práticas da entidade, preferiu não responder. Mas não por omissão, e sim porque trabalha em conjunto com a BBC na produção de um documentário exatamente a respeito de tudo isso, a ser lançado no próximo dia 24 de maio. Conhecendo o nível das produções da emissora estatal inglesa, podemos esperar (e torcer) por um terremoto no mundo do ‘futebol’.
Falando em Jennings, acaba de chegar ao Brasil seu mais novo livro, Jogo Sujo, que trata exatamente desses fétidos bastidores futebolísticos. A obra é obrigatória para todos aqueles que conseguem se manter devotos do esporte bretão. Na verdade, para todos os brasileiros, para que saibamos bem o que temos pela frente com essa Copa cujos custos não param de subir, como já calculávamos.
Para fazer média, a FIFA anunciou exatamente nessa semana uma doação de 22 milhões de dólares para a Interpol, com fins de investigar crimes financeiros ligados ao esporte mais popular do mundo. Claro que é cortina de fumaça de Blatter, outro rato desenvolto por esses corredores, mais preocupado com sua reeleição.
O problema, para nós, é o adversário ser o catariano Mohamad Bin Hamman, presidente da Confederação Asiática, que tem proferido um discurso de renovação, mas é absolutamente da mesma estirpe. Tanto que levou uma Copa do Mundo para este "país", em escolha por si só auto-explicativa diante de sua irrelevância esportiva - mas não econômica. Na ocasião, aliás, dois membros do conselho de "ética" da FIFA foram afastados momentos antes da decisão após caírem em armadilha de repórteres (ingleses!) que lhes acenavam com subornos.
Já o jornalista Juca Kfouri publicou em seu blog trecho de outra inacreditável matéria que desnuda o nível de corrupção dessa cartolagem, ao repercutir reportagem (íntegra somente em alemão) da revista suíça Bilanz, que, por sinal, serve também para exibir o caráter mafioso da tal neutralidade deste país:
"O público se surpreende muitas vezes com o modo que a justiça trata de casos criminais da economia. A expressão ‘justiça condescendente’ é o rumor que circula atualmente. A demora dos processos, a leniência das sentenças e as freqüentes decisões inexplicáveis causam surpresa – mesmo no mundo dos juízes penais. A apreciação das atitudes da justiça é desoladora, e a justiça não passa uma boa imagem.
Mesmo no respectivo meio em países adjacentes já se comenta: a Suíça é um paraíso de liberdade para negócios dúbios, um refúgio para autores de desfalques, fraudadores, fraudadores da bolsa e gerentes gananciosos.
E a justiça em si parece incapaz de comunicar o seu trabalho. O seu trabalho de mídia, junto a campanhas profissionais de mídia orquestradas de modo profissional por consultores furtivos de seus réus, não pode mais ser considerado.
São especialmente ostentosos os grandes dossiês que já estão pendentes por uma eternidade (…) O funcionário brasileiro da FIFA, Ricardo Teixeira, receptor de aproximadamente 12 milhões de francos de suborno, deverá encerrar o seu caso após o pagamento de um valor de restituição junto a uma ordem de improcedência nove anos após o início das investigações do magnata do futebol no pântano de suborno.
Quando esta disposição se tornou conhecida – primeiramente sob pressão da mídia –, o chefe da FIFA Joseph Blatter já dispunha do argumento conveniente: ‘Assunto antigo do conhecimento de todos’".
Enquanto isso, a outra proprietária do futebol brasileiro, a Rede Globo, faz pouco caso e ignora o mar de denúncias, algumas inequívocas e jamais desmentidas. Já o nosso governo trabalha pela MP 521/10, que pretende relaxar e facilitar os trâmites dos processos licitatórios de toda e qualquer obra relacionada à Copa do Mundo, isto é, tudo que as 12 cidades sedes farão até lá. Na prática, o sonho que todo bandido delira na cama: receber a chave do cofre do dono do banco.
A desgraça de tudo, ao menos se atendo ao futebol, é que o caráter privado e soberano da FIFA, entidade máxima e reguladora do esporte (apesar de toda sua dependência e interesse públicos), faz com que não haja, em tese, quem tenha autoridade para enquadrá-la e promover uma autêntica limpa, inclusive com punições.
Talvez a única solução seja esperar que os torcedores aprendam a direcionar seu hooliganismo, pois como diz o mesmo Andrew Jennings "essa gente precisa ir pro paredão e ser fuzilada".
Fonte: IHU
MÍDIA - Derrota dos fascistas eletrônicos.
Os fascistas eletrônicos são derrotados mais uma vez
No dia 18 de abril, Andrew Breitbart, uma figura midiática da direita nos EUA, foi entrevistado no canal Fox News. Na entrevista declarou: “Vamos tratar do tema da educação, vamos atrás dos professores e dos sindicalistas”. Conheça a história de duas vítimas desse ataque.
Amy Goodman
Judy Ancel, professora da Universidade do Missouri, em Kansas City, estava ministrando este semestre a cadeira de história do movimento operário junto com um colega da sede St. Louis da mesma universidade. Nem Ancel nem seu colega podiam imaginar que filmagens de suas aulas se tornariam objeto de uma florescente prática de ataque encoberto da direita, que consiste em editar vídeos, deturpando as palavras de seus protagonistas.
Neste caso, como resultado desta prática e em meio a uma onda de intimidações e ameaças de morte, um dos professores acabou perdendo seu trabalho. Felizmente, a sensatez e os dados contundentes prevaleceram e os vídeos foram denunciados como o que realmente são: peças fraudulentas e enganosas editadas de forma irresponsável.
A figura midiática de direita, Andrew Breitbart, é um forte promotor dessa grande quantidade de vídeos que foram editados de forma enganosa para difamar indivíduos e instituições progressistas. Ele se ocupou de difundir os vídeos que pretendiam ter descoberto empregados da organização comunitária ACORN supostamente ajudando um casal a estabelecer uma rede de prostituição. Também exibiu o vídeo editado de Shirley Sherrod, uma empregada afroestadunidense do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, deturpando completamente o discurso da funcionária de maneira que ela parecia ter discriminado um agricultor branco. Como consequência da controvérsia, Sherrod foi demitida. Ataques similares foram realizados contra a Planned Parenthood (Federação de Planejamento Familiar).
Judy Ancel é diretora do Instituto de Estudos Laborais da Universidade de Missouri-Kansas City desde 1988. Mediante um hiperlink com um sistema de vídeo conferência na Internet, ela dá um seminário sobre história do movimento operário juntamente com o professor Don Giljum, que dá aula na Universidade de Missouri-St.Louis. O curso consiste em sete sessões interativas, realizadas ao longo do semestre, que são gravadas em vídeo e postas à disposição dos estudantes inscritos no seminário mediante um sistema protegido por uma senha. Um dos estudantes, Philip Christofanelli, copiou os vídeos e, segundo admitiu em uma das páginas de Breitbart na internet, “entregou-os na versão completa a vários de seus amigos”. Em determinado momento, uma série de versões das aulas, editadas de forma muito enganosa, foram publicadas na página de Breitbart. Foi então que as vidas de Ancel e Giljum se viram alteradas e começaram as ameaças de morte.
A página de Breitbart, BigGovernment.com resumia assim o vídeo: “Os professores não só defendem que a violência e a sabotagem industrial são, às vezes, necessárias, como apontam táticas específicas que podem ser utilizadas para este fim”. A professora Judy Ancel respondeu: “Me informaram que este vídeo estava publicado na página de Andrew Breitbart, BigGovernment, e quando vi fiquei horrorizada porque sabia que era eu quem falava, mas o que estava dizendo não era o que eu havia dito em aula”. Ancel relaciona o ataque contra ela e Giljum como parte de um ataque mais amplo que está ocorrendo contra instituições progressistas:
“Este tipo de ataque é um tipo de fascismo eletrônico. Geram tanto medo e estão tão diretamente dirigidos contra qualquer coisa que seja progressista – direito à educação, direitos dos sindicatos, direitos dos trabalhadores – que acredito serem parte de um ataque generalizado para silenciar as maiorias e gerar o tipo de clima de medo que permite que demos um salto muito abrupto para a direita. E isso é verdadeiramente aterrador”.
No vídeo do ataque se incluiu informação para contato com Ancel e Giljum. A professora Ancel recebeu uma chuva de correios eletrônicos cheios de ameaças. Giljum recebeu ao menos duas ameaças de morte por telefone. A Universidade de Missouri realizou uma investigação sobre as acusações que se desprendem dos vídeos, na qual colocaram policiais uniformizados e a paisana nas salas de aula. Giljum era um professor adjunto e tem outro trabalho como secretário geral da seção 148 do Sindicato de Engenheiros de Operação, em St. Louis. Logo após a publicação dos vídeos, o sindicato cedeu às pressões da Federação Estadunidense do Trabalho e Congresso de Organizações (AFL-CIO, na sigla em inglês) de Missouri, e pediu a renúncia de Giljum alguns dias antes do 1° de maio, quando se cumpria o prazo para sua aposentadoria após 27 anos trabalhando neste lugar.
Após a investigação, Gail Hackett, reitora da Universidade de Missouri-Kansas City, publicou uma declaração na qual absolve ambos os professores. Ela escreveu:
“Está claro que os vídeos editados e publicados na internet mostram as declarações dos professores de forma imprecisa e distorcida, ao tirar do contexto suas declarações e mudar a ordem em que elas foram feitas para mudar seu significado”.
A Universidade de Missouri-St.Louis chegou a conclusões similares e afirmou que Giljum podia seguir dando aulas ali.
No dia 18 de abril, Andrew Breitbart foi entrevistado no programa de Sean Hannity, na Fox News. Durante a entrevista declarou: “Vamos tratar do tema da educação, vamos atrás dos professores e dos sindicalistas”.
Parece que Ancel e Giljum foram tão somente os primeiros alvos do ataque.
Neste caso o ataque fracassou. Embora a ACORN tenha sido reabilitada por uma investigação do Congresso, o ataque teve duas sequelas: a organização perdeu financiamento e entrou em falência. O presidente Barack Obama e o secretário de Agricultura Tom Vilsack pediram desculpas a Shirley Sherrod e Vislack suplicou-lhe para que regressasse ao seu posto de trabalho. Sherrod está preparando um livro e entrou com uma ação na Justiça contra Breitbart.
Esperemos que este seja um sinal de que o engano, a intimidação e a influência da mídia da direita estejam em decadência.
(*) Denis Moynihan colaborou na produção jornalística desta coluna.
Tradução: Katarina Peixoto
Fonte: Agência Carta Maior.
No dia 18 de abril, Andrew Breitbart, uma figura midiática da direita nos EUA, foi entrevistado no canal Fox News. Na entrevista declarou: “Vamos tratar do tema da educação, vamos atrás dos professores e dos sindicalistas”. Conheça a história de duas vítimas desse ataque.
Amy Goodman
Judy Ancel, professora da Universidade do Missouri, em Kansas City, estava ministrando este semestre a cadeira de história do movimento operário junto com um colega da sede St. Louis da mesma universidade. Nem Ancel nem seu colega podiam imaginar que filmagens de suas aulas se tornariam objeto de uma florescente prática de ataque encoberto da direita, que consiste em editar vídeos, deturpando as palavras de seus protagonistas.
Neste caso, como resultado desta prática e em meio a uma onda de intimidações e ameaças de morte, um dos professores acabou perdendo seu trabalho. Felizmente, a sensatez e os dados contundentes prevaleceram e os vídeos foram denunciados como o que realmente são: peças fraudulentas e enganosas editadas de forma irresponsável.
A figura midiática de direita, Andrew Breitbart, é um forte promotor dessa grande quantidade de vídeos que foram editados de forma enganosa para difamar indivíduos e instituições progressistas. Ele se ocupou de difundir os vídeos que pretendiam ter descoberto empregados da organização comunitária ACORN supostamente ajudando um casal a estabelecer uma rede de prostituição. Também exibiu o vídeo editado de Shirley Sherrod, uma empregada afroestadunidense do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, deturpando completamente o discurso da funcionária de maneira que ela parecia ter discriminado um agricultor branco. Como consequência da controvérsia, Sherrod foi demitida. Ataques similares foram realizados contra a Planned Parenthood (Federação de Planejamento Familiar).
Judy Ancel é diretora do Instituto de Estudos Laborais da Universidade de Missouri-Kansas City desde 1988. Mediante um hiperlink com um sistema de vídeo conferência na Internet, ela dá um seminário sobre história do movimento operário juntamente com o professor Don Giljum, que dá aula na Universidade de Missouri-St.Louis. O curso consiste em sete sessões interativas, realizadas ao longo do semestre, que são gravadas em vídeo e postas à disposição dos estudantes inscritos no seminário mediante um sistema protegido por uma senha. Um dos estudantes, Philip Christofanelli, copiou os vídeos e, segundo admitiu em uma das páginas de Breitbart na internet, “entregou-os na versão completa a vários de seus amigos”. Em determinado momento, uma série de versões das aulas, editadas de forma muito enganosa, foram publicadas na página de Breitbart. Foi então que as vidas de Ancel e Giljum se viram alteradas e começaram as ameaças de morte.
A página de Breitbart, BigGovernment.com resumia assim o vídeo: “Os professores não só defendem que a violência e a sabotagem industrial são, às vezes, necessárias, como apontam táticas específicas que podem ser utilizadas para este fim”. A professora Judy Ancel respondeu: “Me informaram que este vídeo estava publicado na página de Andrew Breitbart, BigGovernment, e quando vi fiquei horrorizada porque sabia que era eu quem falava, mas o que estava dizendo não era o que eu havia dito em aula”. Ancel relaciona o ataque contra ela e Giljum como parte de um ataque mais amplo que está ocorrendo contra instituições progressistas:
“Este tipo de ataque é um tipo de fascismo eletrônico. Geram tanto medo e estão tão diretamente dirigidos contra qualquer coisa que seja progressista – direito à educação, direitos dos sindicatos, direitos dos trabalhadores – que acredito serem parte de um ataque generalizado para silenciar as maiorias e gerar o tipo de clima de medo que permite que demos um salto muito abrupto para a direita. E isso é verdadeiramente aterrador”.
No vídeo do ataque se incluiu informação para contato com Ancel e Giljum. A professora Ancel recebeu uma chuva de correios eletrônicos cheios de ameaças. Giljum recebeu ao menos duas ameaças de morte por telefone. A Universidade de Missouri realizou uma investigação sobre as acusações que se desprendem dos vídeos, na qual colocaram policiais uniformizados e a paisana nas salas de aula. Giljum era um professor adjunto e tem outro trabalho como secretário geral da seção 148 do Sindicato de Engenheiros de Operação, em St. Louis. Logo após a publicação dos vídeos, o sindicato cedeu às pressões da Federação Estadunidense do Trabalho e Congresso de Organizações (AFL-CIO, na sigla em inglês) de Missouri, e pediu a renúncia de Giljum alguns dias antes do 1° de maio, quando se cumpria o prazo para sua aposentadoria após 27 anos trabalhando neste lugar.
Após a investigação, Gail Hackett, reitora da Universidade de Missouri-Kansas City, publicou uma declaração na qual absolve ambos os professores. Ela escreveu:
“Está claro que os vídeos editados e publicados na internet mostram as declarações dos professores de forma imprecisa e distorcida, ao tirar do contexto suas declarações e mudar a ordem em que elas foram feitas para mudar seu significado”.
A Universidade de Missouri-St.Louis chegou a conclusões similares e afirmou que Giljum podia seguir dando aulas ali.
No dia 18 de abril, Andrew Breitbart foi entrevistado no programa de Sean Hannity, na Fox News. Durante a entrevista declarou: “Vamos tratar do tema da educação, vamos atrás dos professores e dos sindicalistas”.
Parece que Ancel e Giljum foram tão somente os primeiros alvos do ataque.
Neste caso o ataque fracassou. Embora a ACORN tenha sido reabilitada por uma investigação do Congresso, o ataque teve duas sequelas: a organização perdeu financiamento e entrou em falência. O presidente Barack Obama e o secretário de Agricultura Tom Vilsack pediram desculpas a Shirley Sherrod e Vislack suplicou-lhe para que regressasse ao seu posto de trabalho. Sherrod está preparando um livro e entrou com uma ação na Justiça contra Breitbart.
Esperemos que este seja um sinal de que o engano, a intimidação e a influência da mídia da direita estejam em decadência.
(*) Denis Moynihan colaborou na produção jornalística desta coluna.
Tradução: Katarina Peixoto
Fonte: Agência Carta Maior.
MÍDIA - A "Massa Cheirosa" é atiçada.
Cantanhêde atiça a “massa cheirosa”
Por Altamiro Borges
Eliane Cantanhêde, uma das principais colunistas da FSP (Folha Serra Presidente), sempre teve “laços afetivos” com o alto tucanato. Durante a chamada crise do “mensalão do PT”, em 2005/2006, ela foi uma das vozes mais estridentes contra o presidente Lula. Já na campanha eleitoral do ano passado, ela mostrou todo o seu entusiasmo militante com a candidatura de José Serra ao estrelar um vídeo, toda faceira, no qual elogiava a “massa cheirosa” do PSDB.
Confirmada a vitória de Dilma Rousseff, a “calunista” da Folha parecia que havia abandonado seu ativismo tucano. Até andou elogiando a presidenta, tentando colocar uma cunha entre ela, agora uma “estadista”, e o ex-presidente Lula, “o populista”. Mas a trégua durou pouco. Com o episódio envolvendo o ministro Antonio Palocci, que exige rigorosa apuração sobre o seu acelerado enriquecimento, Cantanhêde voltou à carga com o seu oposicionismo.
“Fim da lua de mel”
O alvo dos seus ataques não é nem Palocci, que continua sendo um homem de confiança do “deus-mercado” e dos barões da mídia. O alvo, sem meias palavras, é a própria presidenta Dilma Rousseff. Na sua coluna de ontem (18), ela não esconde sua paixão oposicionista. Já no título, ela é taxativa: “Fim da lua de mel”. Para ela, acabou-se a trégua – que tinha objetivos marotos - e é hora da oposição demotucana intensificar as críticas ao novo governo.
“Apesar de haver, sim, boa vontade com o início do governo e reconhecimento à discrição e à seriedade da nova presidente, ninguém pode ignorar que o aumento vertiginoso do patrimônio de Antonio Palocci é de deixar qualquer um tonto, principalmente a própria Dilma, já que ele é, nada mais nada menos, chefe da Casa Civil e o ministro mais importante do governo”, afirma Cantanhêde. Para ela, o episódio atinge todo o governo e não apenas o ministro!
Nova líder da oposição
Diante do escândalo, Cantanhêde só lamenta que os “dois principais nomes nacionais tucanos ficam, ora, ora, em cima do muro. José Serra, candidato derrotado por Dilma em 2010, minimizou o boom imobiliário de Palocci, meio na linha ‘deixem o homem trabalhar’. Aécio Neves, provável candidato contra Dilma (ou Lula) em 2014, pede ‘serenidade" em tom ostensivamente governista e diz que não entra em processos de ‘desestabilização do governo’… Cá pra nós, com uma oposição como essa, para que Dilma precisa de uma base aliada tão robusta?”
Deste jeito, Cantanhêde deixará de escrever suas colunas diárias na Folha e vai virar líder da oposição demotucana. Seu discurso inflamado visa exatamente animar e atiçar a “massa cheirosa” do PSDB e também do DEM e do PPS – partidos que andam meio caidinhos, com desfiliações massivas e violentas brigas internas.
Postado por Miro
Por Altamiro Borges
Eliane Cantanhêde, uma das principais colunistas da FSP (Folha Serra Presidente), sempre teve “laços afetivos” com o alto tucanato. Durante a chamada crise do “mensalão do PT”, em 2005/2006, ela foi uma das vozes mais estridentes contra o presidente Lula. Já na campanha eleitoral do ano passado, ela mostrou todo o seu entusiasmo militante com a candidatura de José Serra ao estrelar um vídeo, toda faceira, no qual elogiava a “massa cheirosa” do PSDB.
Confirmada a vitória de Dilma Rousseff, a “calunista” da Folha parecia que havia abandonado seu ativismo tucano. Até andou elogiando a presidenta, tentando colocar uma cunha entre ela, agora uma “estadista”, e o ex-presidente Lula, “o populista”. Mas a trégua durou pouco. Com o episódio envolvendo o ministro Antonio Palocci, que exige rigorosa apuração sobre o seu acelerado enriquecimento, Cantanhêde voltou à carga com o seu oposicionismo.
“Fim da lua de mel”
O alvo dos seus ataques não é nem Palocci, que continua sendo um homem de confiança do “deus-mercado” e dos barões da mídia. O alvo, sem meias palavras, é a própria presidenta Dilma Rousseff. Na sua coluna de ontem (18), ela não esconde sua paixão oposicionista. Já no título, ela é taxativa: “Fim da lua de mel”. Para ela, acabou-se a trégua – que tinha objetivos marotos - e é hora da oposição demotucana intensificar as críticas ao novo governo.
“Apesar de haver, sim, boa vontade com o início do governo e reconhecimento à discrição e à seriedade da nova presidente, ninguém pode ignorar que o aumento vertiginoso do patrimônio de Antonio Palocci é de deixar qualquer um tonto, principalmente a própria Dilma, já que ele é, nada mais nada menos, chefe da Casa Civil e o ministro mais importante do governo”, afirma Cantanhêde. Para ela, o episódio atinge todo o governo e não apenas o ministro!
Nova líder da oposição
Diante do escândalo, Cantanhêde só lamenta que os “dois principais nomes nacionais tucanos ficam, ora, ora, em cima do muro. José Serra, candidato derrotado por Dilma em 2010, minimizou o boom imobiliário de Palocci, meio na linha ‘deixem o homem trabalhar’. Aécio Neves, provável candidato contra Dilma (ou Lula) em 2014, pede ‘serenidade" em tom ostensivamente governista e diz que não entra em processos de ‘desestabilização do governo’… Cá pra nós, com uma oposição como essa, para que Dilma precisa de uma base aliada tão robusta?”
Deste jeito, Cantanhêde deixará de escrever suas colunas diárias na Folha e vai virar líder da oposição demotucana. Seu discurso inflamado visa exatamente animar e atiçar a “massa cheirosa” do PSDB e também do DEM e do PPS – partidos que andam meio caidinhos, com desfiliações massivas e violentas brigas internas.
Postado por Miro
MOBILIDADE SOCIAL - A revolução das babás.
Deu no NY Times: A revolução das babás no Brasil
Enviado por luisnassif
Alberto Porém Júnior
Babás com mobilidade social ascendem para a classe média brasileira
Alexei Barrionuevo
Em São Paulo
Myrna Domit contribuiu com a reportagem.
Em uma década trabalhando como babá, Andreia Soares finalmente subiu a escada social para a classe média do Brasil.
Com o dinheiro que ela poupou, ela comprou um apartamento de dois quartos com cozinha com bancadas de granito e uma pequena varanda, uma casa para sua mãe, um terreno para seu irmão, e uma bolsa Louis Vuitton de Paris, que ela tira orgulhosamente de um armário.
No final deste ano, com seu salário mensal de R$ 5.000, que ela ganha cuidando de uma menina de 10 meses em um bairro nobre, ela planeja comprar um carro de R$ 62 mil –em dinheiro.
“Eu sempre tive esse sonho de comprar uma casa e um carro”, disse Andreia, 39 anos. “Hoje, esse sonho está mais próximo do que nunca para as babás.”Apesar de ter se saído melhor do que muitos de seus pares, Andreia faz parte de uma revolução que está fazendo em pedaços o estereótipo colonial de ajuda doméstica dedicada, mas barata, na América Latina.
À medida que crescem suas expectativas de uma melhor qualidade de vida, as babás estão cada vez mais buscando trabalhar para os muito ricos e se tornando menos acessíveis para as muitas famílias de classe média. A mudança está provocando ondas de tensão de classe, representando um problema incômodo em uma sociedade em mais mulheres estão entrando na força de trabalho, mas sem o tipo de sistema elaborado de creches existente em alguns países industrializados.
Os tempos em que babás de uniforme branco trabalhavam por salário servil, com apenas dois dias de folga a cada 15 dias, estão chegando ao fim. Babás com melhor qualificação se recusam a trabalhar nos fins de semana e exigem salários que são duas a quatro vezes maiores do que recebiam há apenas cinco anos. Um crescente número se recusa a dormir na casa dos patrões ou está deixando a área, optando por empregos que permitem mais tempo para a vida particular, segundo pais, babás e diretores de agências especializadas.
A renda dos empregados domésticos no Brasil, incluindo babás e empregadas, cresceu 34% de 2003 a 2009 –mais do que o dobro do aumento médio para todos os trabalhadores do Brasil– disse Marcelo Neri, um economista da Fundação Getúlio Vargas. Ao mesmo tempo, ele disse, a carga horária dos trabalhadores domésticos caiu 5%, para 36,2 horas por semana.
“Hoje, o que eu espero de um emprego de babá é diferente do que antes”, disse Ieda Barreto, 32 anos. Há sete anos, ela ganhava cerca de aproximadamente R$ 600 por mês, com folga apenas às quintas, o que dificultava manter um relacionamento com um namorado. Hoje ela espera ganhar quase R$ 3 mil trabalhando de segunda a sexta, e cobra R$ 400 adicionais para trabalhar nos fins de semana.“Eu estou à procura de qualidade de vida”, disse Ieda. “Eu me valorizo muito mais do que antes.”
O aumento das expectativas reflete o crescimento da classe média brasileira, que cresceu para quase 55% da população em 2010, em comparação a 37% em 2003, disse Neri. Hoje, “o Brasil está se tornando como os Estados Unidos”, onde empregos domésticos que recebem por hora são mais comuns do que babás que dormem na casa dos patrões, disse Jacqueline Szwarc, uma psicóloga que estava pegando seus filhos em frente a uma escola particular em São Paulo. “Os salários subiram muito e a procura por ajuda doméstica se tornou muito difícil.”A oferta de babás encolheu à medida que algumas passaram a procurar emprego no mercado de trabalho em expansão, provocando uma alta dos salários daquelas que permaneceram no campo, disseram economistas, babás e diretores de agências especializadas. Muitas das babás restantes passaram a fazer cursos para se tornarem melhor qualificadas e para ajudá-las a encontrar trabalho em lares mais ricos, onde podem cobrar muito mais.Enquanto algumas mães consideram as mudanças como boas para o desenvolvimento do Brasil, muitas estão revoltadas. Antes isoladas, as babás agora trocam informações a respeito do mercado e condições de trabalho por e-mail, blogs e redes sociais.“É uma máfia”, disse Jacqueline, 44 anos, acrescentando que ela tem sorte em manter a mesma babá há 10 anos.Há seis anos, Evanice dos Santos, uma ex-babá que virou blogueira, não tinha acesso à Internet e encontrava outras babás em um clube em São Paulo, do qual seus empregadores eram sócios. Agora casada, ela se dedica a ajudar online amigas babás “a encontrarem um melhor caminho” para ganharem mais dinheiro e terem um horário de trabalho melhor. Algumas babás bem remuneradas em São Paulo já contratam babás para seus filhos. Andreia disse que amigas babás que ganham mais de R$ 7 mil por mês estavam pagando babás com menor qualificação por pouco mais de R$ 1.400 por mês para cuidarem de seus filhos.
Como um crescente número de pais, Rafaella Toledo trouxe sua babá do Paraguai, e pais disseram que babás do Peru também estão chegando a São Paulo. “A situação é terrível”, disse Rafaella. “Agora que estou grávida, eu terei que procurar por alguém que não seja babá, porque as babás acham que estão em outro nível agora.”
Michelle Tchernobilsky, 29 anos, mudou de babá umas 10 vezes no último ano, em busca de alguém com preço acessível, mas qualificada o suficiente para cuidar de seu filho de 10 meses. Cortar a babá de suas despesas mensais não é uma opção para Michelle, uma gerente de relações públicas, assim como também não é pagar um salário que ela considera exorbitante. “Nós somos reféns”, ela disse.
Marilia Toledo, a proprietária da agência de babás Masa, disse que o mercado em São Paulo, a maior cidade da América do Sul, se transformou em uma “guerra” entre babás exigentes e pais tentando conter a inflação das babás. “As coisas estão mudando rápido demais e de forma abrupta”, disse Marilia, que é dona da agência há 20 anos. “Ninguém estava preparado para isso.
Entre os principais pedidos que ela recebe, ela diz, está o de uma babá que nunca trabalhou em São Paulo, porque elas são “mais humildes”.
Marilia e alguns economistas estão céticos a respeito de quanto tempo a revolução conseguirá durar. Neri disse que os brasileiros ainda têm níveis baixos de escolaridade: em média sete anos de estudo para adultos com mais de 25 anos. Rodrigo Constantino, um economista da Graphus Capital, disse que a falta de investimento em educação no Brasil impedirá muitos trabalhadores domésticos de encontrarem trabalho mais bem remunerado, e exigências salariais incessantes podem provocar mais inflação.
“O Brasil está montado nesta onda e cada classe está subindo a escada”, disse Constantino. “O problema que eu vejo é como isso será sustentável.
Ainda assim, babás como Andreia estão investindo em si mesmas. Tudo começou há nove anos, quando ela fez um curso de enfermagem. Dois anos depois ela fez um curso especializado de babá. No ano que vem ela planeja fazer um curso de inglês.
“As pessoas em nosso campo estão começando a obter mais qualificações e estão procurando por famílias com mais dinheiro para pagá-las”, disse Andreia. “Por causa disso, muitas mulheres estão perdendo suas babás.
Após dois anos trabalhando como babá em Nova York, ela foi parar no ano passado na casa de Fernanda Parodi, uma advogada casada com um presidente-executivo em São Paulo. Fernanda disse que não tem queixas a respeito do salário de Andreia, apesar de aconselhá-la a comprar um carro mais barato.
“Eu não quero que ela vá embora”, disse Fernanda, 38 anos, que está considerando promovê-la a assistente pessoal.
Onde algumas mães veem uma revolução debilitante, ela vê progresso social.
“Se o Brasil deseja deixar de ser um país de terceiro mundo, então é preciso permitir que todos participem do crescimento”, disse Fernanda. “É o preço que se paga pelo progresso.”
Enviado por luisnassif
Alberto Porém Júnior
Babás com mobilidade social ascendem para a classe média brasileira
Alexei Barrionuevo
Em São Paulo
Myrna Domit contribuiu com a reportagem.
Em uma década trabalhando como babá, Andreia Soares finalmente subiu a escada social para a classe média do Brasil.
Com o dinheiro que ela poupou, ela comprou um apartamento de dois quartos com cozinha com bancadas de granito e uma pequena varanda, uma casa para sua mãe, um terreno para seu irmão, e uma bolsa Louis Vuitton de Paris, que ela tira orgulhosamente de um armário.
No final deste ano, com seu salário mensal de R$ 5.000, que ela ganha cuidando de uma menina de 10 meses em um bairro nobre, ela planeja comprar um carro de R$ 62 mil –em dinheiro.
“Eu sempre tive esse sonho de comprar uma casa e um carro”, disse Andreia, 39 anos. “Hoje, esse sonho está mais próximo do que nunca para as babás.”Apesar de ter se saído melhor do que muitos de seus pares, Andreia faz parte de uma revolução que está fazendo em pedaços o estereótipo colonial de ajuda doméstica dedicada, mas barata, na América Latina.
À medida que crescem suas expectativas de uma melhor qualidade de vida, as babás estão cada vez mais buscando trabalhar para os muito ricos e se tornando menos acessíveis para as muitas famílias de classe média. A mudança está provocando ondas de tensão de classe, representando um problema incômodo em uma sociedade em mais mulheres estão entrando na força de trabalho, mas sem o tipo de sistema elaborado de creches existente em alguns países industrializados.
Os tempos em que babás de uniforme branco trabalhavam por salário servil, com apenas dois dias de folga a cada 15 dias, estão chegando ao fim. Babás com melhor qualificação se recusam a trabalhar nos fins de semana e exigem salários que são duas a quatro vezes maiores do que recebiam há apenas cinco anos. Um crescente número se recusa a dormir na casa dos patrões ou está deixando a área, optando por empregos que permitem mais tempo para a vida particular, segundo pais, babás e diretores de agências especializadas.
A renda dos empregados domésticos no Brasil, incluindo babás e empregadas, cresceu 34% de 2003 a 2009 –mais do que o dobro do aumento médio para todos os trabalhadores do Brasil– disse Marcelo Neri, um economista da Fundação Getúlio Vargas. Ao mesmo tempo, ele disse, a carga horária dos trabalhadores domésticos caiu 5%, para 36,2 horas por semana.
“Hoje, o que eu espero de um emprego de babá é diferente do que antes”, disse Ieda Barreto, 32 anos. Há sete anos, ela ganhava cerca de aproximadamente R$ 600 por mês, com folga apenas às quintas, o que dificultava manter um relacionamento com um namorado. Hoje ela espera ganhar quase R$ 3 mil trabalhando de segunda a sexta, e cobra R$ 400 adicionais para trabalhar nos fins de semana.“Eu estou à procura de qualidade de vida”, disse Ieda. “Eu me valorizo muito mais do que antes.”
O aumento das expectativas reflete o crescimento da classe média brasileira, que cresceu para quase 55% da população em 2010, em comparação a 37% em 2003, disse Neri. Hoje, “o Brasil está se tornando como os Estados Unidos”, onde empregos domésticos que recebem por hora são mais comuns do que babás que dormem na casa dos patrões, disse Jacqueline Szwarc, uma psicóloga que estava pegando seus filhos em frente a uma escola particular em São Paulo. “Os salários subiram muito e a procura por ajuda doméstica se tornou muito difícil.”A oferta de babás encolheu à medida que algumas passaram a procurar emprego no mercado de trabalho em expansão, provocando uma alta dos salários daquelas que permaneceram no campo, disseram economistas, babás e diretores de agências especializadas. Muitas das babás restantes passaram a fazer cursos para se tornarem melhor qualificadas e para ajudá-las a encontrar trabalho em lares mais ricos, onde podem cobrar muito mais.Enquanto algumas mães consideram as mudanças como boas para o desenvolvimento do Brasil, muitas estão revoltadas. Antes isoladas, as babás agora trocam informações a respeito do mercado e condições de trabalho por e-mail, blogs e redes sociais.“É uma máfia”, disse Jacqueline, 44 anos, acrescentando que ela tem sorte em manter a mesma babá há 10 anos.Há seis anos, Evanice dos Santos, uma ex-babá que virou blogueira, não tinha acesso à Internet e encontrava outras babás em um clube em São Paulo, do qual seus empregadores eram sócios. Agora casada, ela se dedica a ajudar online amigas babás “a encontrarem um melhor caminho” para ganharem mais dinheiro e terem um horário de trabalho melhor. Algumas babás bem remuneradas em São Paulo já contratam babás para seus filhos. Andreia disse que amigas babás que ganham mais de R$ 7 mil por mês estavam pagando babás com menor qualificação por pouco mais de R$ 1.400 por mês para cuidarem de seus filhos.
Como um crescente número de pais, Rafaella Toledo trouxe sua babá do Paraguai, e pais disseram que babás do Peru também estão chegando a São Paulo. “A situação é terrível”, disse Rafaella. “Agora que estou grávida, eu terei que procurar por alguém que não seja babá, porque as babás acham que estão em outro nível agora.”
Michelle Tchernobilsky, 29 anos, mudou de babá umas 10 vezes no último ano, em busca de alguém com preço acessível, mas qualificada o suficiente para cuidar de seu filho de 10 meses. Cortar a babá de suas despesas mensais não é uma opção para Michelle, uma gerente de relações públicas, assim como também não é pagar um salário que ela considera exorbitante. “Nós somos reféns”, ela disse.
Marilia Toledo, a proprietária da agência de babás Masa, disse que o mercado em São Paulo, a maior cidade da América do Sul, se transformou em uma “guerra” entre babás exigentes e pais tentando conter a inflação das babás. “As coisas estão mudando rápido demais e de forma abrupta”, disse Marilia, que é dona da agência há 20 anos. “Ninguém estava preparado para isso.
Entre os principais pedidos que ela recebe, ela diz, está o de uma babá que nunca trabalhou em São Paulo, porque elas são “mais humildes”.
Marilia e alguns economistas estão céticos a respeito de quanto tempo a revolução conseguirá durar. Neri disse que os brasileiros ainda têm níveis baixos de escolaridade: em média sete anos de estudo para adultos com mais de 25 anos. Rodrigo Constantino, um economista da Graphus Capital, disse que a falta de investimento em educação no Brasil impedirá muitos trabalhadores domésticos de encontrarem trabalho mais bem remunerado, e exigências salariais incessantes podem provocar mais inflação.
“O Brasil está montado nesta onda e cada classe está subindo a escada”, disse Constantino. “O problema que eu vejo é como isso será sustentável.
Ainda assim, babás como Andreia estão investindo em si mesmas. Tudo começou há nove anos, quando ela fez um curso de enfermagem. Dois anos depois ela fez um curso especializado de babá. No ano que vem ela planeja fazer um curso de inglês.
“As pessoas em nosso campo estão começando a obter mais qualificações e estão procurando por famílias com mais dinheiro para pagá-las”, disse Andreia. “Por causa disso, muitas mulheres estão perdendo suas babás.
Após dois anos trabalhando como babá em Nova York, ela foi parar no ano passado na casa de Fernanda Parodi, uma advogada casada com um presidente-executivo em São Paulo. Fernanda disse que não tem queixas a respeito do salário de Andreia, apesar de aconselhá-la a comprar um carro mais barato.
“Eu não quero que ela vá embora”, disse Fernanda, 38 anos, que está considerando promovê-la a assistente pessoal.
Onde algumas mães veem uma revolução debilitante, ela vê progresso social.
“Se o Brasil deseja deixar de ser um país de terceiro mundo, então é preciso permitir que todos participem do crescimento”, disse Fernanda. “É o preço que se paga pelo progresso.”
MEIO AMBIENTE - Aquífero Guarani está contaminado.
Estudo mostra que o Aquífero Guarani está contaminado por agrotóxicos
O Aquífero Guarani, manancial subterrâneo de onde sai 100% da água que abastece Ribeirão Preto, cidade do nordeste paulista localizada a 313 quilômetros da capital paulista, está ameaçado por herbicidas.
A reportagem é publicada pelo jornal DCI e reproduzida por EcoDebate, 19-05-2011.
A conclusão vem de um estudo realizado a partir de um monitoramento do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) em parceria com um grupo de pesquisadores, que encontrou duas amostras de água de um poço artesiano na zona leste da cidade com traços de diurom e haxazinona, componentes de defensivo utilizado na cultura da cana-de-açúcar.
No período, foram investigados cem poços do Daerp com amostras colhidas a cada 15 dias. As concentrações do produto encontradas no local foram de 0,2 picograma por litro – ou um trilionésimo de grama. O índice fica muito abaixo do considerado perigoso para o consumo humano na Europa, que é de 0,5 miligrama (milésimo de grama) por litro, mas, ainda assim, preocupa os pesquisadores, que analisam como possível uma contaminação ainda maior.
No Brasil, não há níveis considerados inseguros para as substâncias. Ainda assim, a presença do herbicida na zona leste – onde o aquífero é menos profundo – acende a luz amarela para especialistas. Segundo Cristina Paschoalato, professora da Unaerp que coordenou a pesquisa, o resultado deve servir de alerta. “Não significa que a água está contaminada, mas é preciso evitar a aplicação de herbicidas e pesticidas em áreas de recarga do aquífero”, disse ela.
O monitoramento também encontrou sinais dos mesmos produtos no Rio Pardo, considerado como alternativa para captação de água para a região no longo prazo. “Isso mostra que, se a situação não for resolvida e a prevenção feita de forma adequada, Ribeirão Preto pode sofrer perversamente, já que a opção de abastecimento também será inviável se houver a contaminação”.
Aquífero ameaçado
O Sistema Aquífero Guarani, que faz parte da Bacia Geológica Sedimentar do Paraná, cobre uma superfície de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, sendo 839., 8 mil no Brasil, 225,5 mil quilômetros na Argentina, 71,7 mil no Paraguai e 58,5 mil no Uruguai. Com uma reserva de água estimada em 46 mil quilômetros quadrados, a população atual em sua área de ocorrência está em quase 30 milhões de habitantes, dos quais 600 mil em Ribeirão Preto.
A água do SAG é de excelente qualidade em diversos locais, principalmente nas áreas de afloramento e próximo a elas, onde é remota a possibilidade de enriquecimento da água em sais e em outros compostos químicos. É justamente o caso de Ribeirão, conhecida nacionalmente pela qualidade de sua água.
Para o engenheiro químico Paulo Finotti, presidente da Sociedade de Defesa Regional do Meio Ambiente (Soderma), Ribeirão corre o risco de inviabilizar o uso da água do aquífero in natura. “A zona leste registra plantações de cana em áreas coladas com lagos de água do aquífero. É um processo de muitos anos, mas esses defensivos fatalmente chegarão ao aquífero, o que poderá inviabilizar o consumo se nada for feito”, explica.
Já para Marcos Massoli, especialista que integrou o grupo local de estudos sobre o aquífero, a construção de casas e condomínios na cidade, liberada através de um projeto de lei do ex-vereador Silvio Martins (PMDB) em 2005, é extremamente prejudicial à saúde do aquífero. “Prejudica muito a impermeabilidade, o que atinge em cheio o Aquífero”, diz.
Captação
Outro problema que pode colocar em risco o abastecimento de água de Ribeirão no médio prazo é a extração exagerada de água do manancial subterrâneo. Se o mesmo ritmo de extração for mantido, o uso da água do Aquífero Guarani pode se tornar inviável nos próximos 50 anos em Ribeirão Preto.
A alternativa, além de reduzir a captação, pode ser investir em estruturas de captação das águas de córregos e rios que, além de não terem a mesma qualidade, precisam de investimentos significativamente maiores para serem tratadas e tornadas potáveis. A perspectiva já é considerada pelos estudiosos do chamado Projeto Guarani, que envolveu quatro países com território sobre o reservatório subterrâneo. O cálculo final foi entregue no fim do ano.
O mapeamento mostrou que a velocidade do fluxo de água absorvida pela reserva é mais lenta do que se supunha. Pelas contas dos especialistas, a cidade extrai 4% mais do que poderia do manancial. A média de consumo diário de água em Ribeirão é de 400 litros por habitante, bem acima dos 250 litros da média nacional. Por hora, a cidade tira do aquífero 16 mil litros de água. Vale lembrar que a maior parcela de água doce do mundo, algo em torno de 70%, está localizada, em forma de gelo, nas calotas polares e em regiões montanhosas.
Outros 29% estão em mananciais subterrâneos, enquanto rios e lagos não concentram sequer 1% do total. Entretanto, em se tratando da água potável, aproximadamente 98% se encontram no subsolo, sendo o Aquífero Guarani a maior delas. A alternativa para não desperdiçar esses recursos é investir em reflorestamento para garantir a recarga do aquífero, diz o secretário-geral do projeto, Luiz Amore.
O Aquífero Guarani, manancial subterrâneo de onde sai 100% da água que abastece Ribeirão Preto, cidade do nordeste paulista localizada a 313 quilômetros da capital paulista, está ameaçado por herbicidas.
A reportagem é publicada pelo jornal DCI e reproduzida por EcoDebate, 19-05-2011.
A conclusão vem de um estudo realizado a partir de um monitoramento do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) em parceria com um grupo de pesquisadores, que encontrou duas amostras de água de um poço artesiano na zona leste da cidade com traços de diurom e haxazinona, componentes de defensivo utilizado na cultura da cana-de-açúcar.
No período, foram investigados cem poços do Daerp com amostras colhidas a cada 15 dias. As concentrações do produto encontradas no local foram de 0,2 picograma por litro – ou um trilionésimo de grama. O índice fica muito abaixo do considerado perigoso para o consumo humano na Europa, que é de 0,5 miligrama (milésimo de grama) por litro, mas, ainda assim, preocupa os pesquisadores, que analisam como possível uma contaminação ainda maior.
No Brasil, não há níveis considerados inseguros para as substâncias. Ainda assim, a presença do herbicida na zona leste – onde o aquífero é menos profundo – acende a luz amarela para especialistas. Segundo Cristina Paschoalato, professora da Unaerp que coordenou a pesquisa, o resultado deve servir de alerta. “Não significa que a água está contaminada, mas é preciso evitar a aplicação de herbicidas e pesticidas em áreas de recarga do aquífero”, disse ela.
O monitoramento também encontrou sinais dos mesmos produtos no Rio Pardo, considerado como alternativa para captação de água para a região no longo prazo. “Isso mostra que, se a situação não for resolvida e a prevenção feita de forma adequada, Ribeirão Preto pode sofrer perversamente, já que a opção de abastecimento também será inviável se houver a contaminação”.
Aquífero ameaçado
O Sistema Aquífero Guarani, que faz parte da Bacia Geológica Sedimentar do Paraná, cobre uma superfície de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, sendo 839., 8 mil no Brasil, 225,5 mil quilômetros na Argentina, 71,7 mil no Paraguai e 58,5 mil no Uruguai. Com uma reserva de água estimada em 46 mil quilômetros quadrados, a população atual em sua área de ocorrência está em quase 30 milhões de habitantes, dos quais 600 mil em Ribeirão Preto.
A água do SAG é de excelente qualidade em diversos locais, principalmente nas áreas de afloramento e próximo a elas, onde é remota a possibilidade de enriquecimento da água em sais e em outros compostos químicos. É justamente o caso de Ribeirão, conhecida nacionalmente pela qualidade de sua água.
Para o engenheiro químico Paulo Finotti, presidente da Sociedade de Defesa Regional do Meio Ambiente (Soderma), Ribeirão corre o risco de inviabilizar o uso da água do aquífero in natura. “A zona leste registra plantações de cana em áreas coladas com lagos de água do aquífero. É um processo de muitos anos, mas esses defensivos fatalmente chegarão ao aquífero, o que poderá inviabilizar o consumo se nada for feito”, explica.
Já para Marcos Massoli, especialista que integrou o grupo local de estudos sobre o aquífero, a construção de casas e condomínios na cidade, liberada através de um projeto de lei do ex-vereador Silvio Martins (PMDB) em 2005, é extremamente prejudicial à saúde do aquífero. “Prejudica muito a impermeabilidade, o que atinge em cheio o Aquífero”, diz.
Captação
Outro problema que pode colocar em risco o abastecimento de água de Ribeirão no médio prazo é a extração exagerada de água do manancial subterrâneo. Se o mesmo ritmo de extração for mantido, o uso da água do Aquífero Guarani pode se tornar inviável nos próximos 50 anos em Ribeirão Preto.
A alternativa, além de reduzir a captação, pode ser investir em estruturas de captação das águas de córregos e rios que, além de não terem a mesma qualidade, precisam de investimentos significativamente maiores para serem tratadas e tornadas potáveis. A perspectiva já é considerada pelos estudiosos do chamado Projeto Guarani, que envolveu quatro países com território sobre o reservatório subterrâneo. O cálculo final foi entregue no fim do ano.
O mapeamento mostrou que a velocidade do fluxo de água absorvida pela reserva é mais lenta do que se supunha. Pelas contas dos especialistas, a cidade extrai 4% mais do que poderia do manancial. A média de consumo diário de água em Ribeirão é de 400 litros por habitante, bem acima dos 250 litros da média nacional. Por hora, a cidade tira do aquífero 16 mil litros de água. Vale lembrar que a maior parcela de água doce do mundo, algo em torno de 70%, está localizada, em forma de gelo, nas calotas polares e em regiões montanhosas.
Outros 29% estão em mananciais subterrâneos, enquanto rios e lagos não concentram sequer 1% do total. Entretanto, em se tratando da água potável, aproximadamente 98% se encontram no subsolo, sendo o Aquífero Guarani a maior delas. A alternativa para não desperdiçar esses recursos é investir em reflorestamento para garantir a recarga do aquífero, diz o secretário-geral do projeto, Luiz Amore.
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