terça-feira, 12 de março de 2013

ANOS DE CHUMBO - Quem deu o golpe no Brasil?


  • Quem deu o golpe no Brasil?


    O documentário “1964 - Um Golpe contra o Brasil”, realizado pelo Núcleo de Preservação da Memória Política e dirigido por Alipio Freire, estreou no Memorial da Resistência, museu que ocupa o antigo prédio do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Deops), próximo à Estação da Luz, no centro de São Paulo. Com linguagem didática, a obra esclarece pontos que, na opinião do diretor, vêm sendo deixados de lado nos estudos sobre o regime militar.

    Nos preocupa muito que as pessoas sejam extremamente solidárias com os resistentes, em termos do fato de terem sido presos e torturados, mas que não saibam exatamente contra o que eles resistiam. Porque a história oficial é um terror”, destacou Alipio Freire em entrevista a Agência Brasil.

    Uma das ideias que o filme tenta desconstruir é a de que a ditadura foi uma iniciativa apenas dos militares. “Acabar com essa lenda de que o golpe foi militar. Não foi de uma corporação, foi de uma classe: do grande capital internacional e de seus associados dentro do Brasil contra um projeto nacional desenvolvimentista”, assinala Freire.

    O filme é uma narrativa dos fatos que levaram ao golpe e à ditadura que assolou o país de 1964 a 1985. O período escolhido pelo diretor começa com a nomeação de Jânio Quadros e vai até a eleição do marechal Castello Branco, em abril de 1964. Segundo Freire, o objetivo é “mostrar quem deu o golpe, porque deu o golpe, a serviço de quem estavam. O papel dos Estados Unidos dentro disso tudo. O mundo polarizado da Guerra Fria como pano de fundo”.

    Para contar a história foram feitas mais de 20 entrevistas com pessoas que atuavam politicamente naquele tempo e que resistiram ao golpe, como a jornalista Rose Nogueira, o líder sindical Derly José de Carvalho e o ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Aldo Arantes.

     Os depoimentos pessoais servem, de acordo com o diretor, para estruturar uma narrativa sobre os fatos retratatos. “Não há memória individual. Ninguém é o centro do vídeo. O centro do vídeo é a história do Brasil naquele momento”, enfatiza o diretor.

    Também foram consultadas mais de uma dezena de fontes para reunir as imagens que compõem o filme. São usadas fotos e vídeos do Arquivo Público de São Paulo, do Insituto João Goulart, do Arquivo Nacional, dos arquivos na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Estadual de Campinas, entre outros.

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