sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

MÍDIA - A Folha e a economia brasileira.

A Folha e a economia brasileira: Mas, porém, todavia, contudo…


Desemprego no Brasil atinge menor nível da história, mas, porém, contudo…


Cyrus Afshar no Novas Cartas Persas


O desespero da oposição conservadora dá sinais preocupantes e contamina as páginas de economia dos grandes jornais. Hoje, a grande notícia econômica do dia foi a queda do desemprego, registrado pelo IBGE, nas seis principais regiões metropolitanas. E não foi qualquer queda: a taxa fechou dezembro em 4,3%, mínima histórica. Mas isso não foi tudo: no ano, o desemprego nessas cidades ficou em média em 5,4%, valor mais baixo da série histórica.
Boa notícia. Pode? Não pode.
A tarefa de hoje foi, então, particularmente inglória para o jornal Folha de São Paulo, que teve de tirar leite de pedra, buscar pelo em ovo, e, sobretudo, coalhar as manchetes e aberturas de texto (“lead”) com adversativas ou ressaltando algum desastre, real ou imaginário.

Na reprodução acima, vemos a matéria principal (“Desemprego chega a menor nível, mas reajuste do salário desacelera“) , o exemplo mais bem acabado do desespero: 1) a adversativa na manchete, 2) parágrafo de abertura iniciando com “apesar de [desastre qualquer]” e 3) segundo parágrafo principal com “porém” entre vírgulas, seguido de um desastre qualquer. Um primor. Eu imagino um espanhol ou um grego lendo esse texto.
Em seguida, temos a matéria secundária sobre o perfil do mercado de trabalho (“Emprego com carteira assinada já supera 50% dos trabalhadores“). A notícia é que a formalização aumentou e hoje representa 50,3% dos trabalhadores empregados nas seis regiões metropolitanas. No ano passado, essa proporção era de 49,2% e, em 2011, 48,5%.
Em 2003, os trabalhadores formais representavam apenas 39,7% do total. Ou seja, um avanço de 10,6 pontos (26,7%) em dez anos.
Quer dizer: não só o desemprego diminuiu, mas a qualidade do emprego aumentou. Boa notícia, não? Pois é, mas a ênfase da reportagem foi outra (embora a informação importante estivesse contrabandeada no texto, mas lá no meio para o final).

Aqui, a manchete não veio com adversativa. Mas logo na abertura reportagem tem um “Mesmo com [desastre, desastre, desastre]”, para só depois concluir a frase com o que é realmente notícia: “o mercado de trabalho intensificou o processo de formalização”.
Por fim, a terceira matéria de apoio versou sobre como variou o rendimento do trabalho (“Com inflação alta, rendimento real do trabalhador tem menor avanço desde 2005“).
Aqui, de novo, boa notícia: no ano passado, o rendimento médio aumentou em termos reais em 1,8%. Isso é significativo, já que esse ganho já leva em conta a inflação e acontece mesmo depois de três anos de crescimento baixo. Somado à diminuição do desemprego, o resultado foi um aumento da massa salarial de 2,6%, número também positivo.
Aumento real de salário médio e da massa salarial não é uma banalidade que acontece todo o ano em maior ou menor grau.
Quando há crise e aumento do desemprego (como nos anos 1990), tanto a massa salarial quanto o salário médio podem diminuir. Não foi o que aconteceu.
A notícia em 2013 é positiva. Mas quem lê só a manchete e o parágrafo de abertura tem a impressão de que o país está à beira da crise:

“Corroído pela inflação e sem o impacto positivo de um reajuste expressivo do salário mínimo”. Assim é a abertura. “Inflação alta” no título também ajuda, assim como o ambivalente “menor avanço”.
A Folha inaugurou, assim, o primeiro AUMENTO REAL da história corroído pela inflação. Ora, se houve aumento real, não tem nada “corroído pela inflação”.
Poderia ter havido “corrosão” dos rendimentos se o aumento tivesse sido abaixo da inflação.
O viés da cobertura do mercado de trabalho na Folha de hoje não é novo (leia a dissecação da reportagem de dezembro no blog Objetivando Disponibilizar).
E tem muito a ver com um “pessimismo excessivo” da Folha apontado pela Ombudsman do próprio jornal, em sua coluna da semana passada. Mas parece que a crítica não surtiu lá muito efeito.

POLÍTICA - O cara deu uma de Mainardi.

Barcelona é acusado de oferecer dinheiro em troca de ‘silêncio’ na venda de Neym





MÍDIA - A missão de Thomas Traumann


POLÍTICA - A dupla Lula e Dilma só perde no tapetão.


Uma dupla forte que encara um ano chave


A dupla Lula e Dilma aparece como imbatível nas eleições de 5 de outubro, já que praticamente todas as pesquisas indicam o ex-presidente como favorito.



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@DarioPignotti
Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Lula por inteiro. Faltando pouco mais de quatro meses para o início da Copa do Mundo e quase oito para as eleições presidenciais, os dois momentos excludentes do ano político brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva apareceu em público com barba pela primeira vez desde as sessões de quimioterapia às quais foi submetido em outubro de 2011, quando foi diagnosticado com um câncer na laringe, do qual já está curado. Animal político absoluto, escolheu exibir sua novidade capilar no Palácio da Alvorada, a residência presidencial em Brasília, junto a uma Dilma Rousseff tão sorridente quanto ele.

Espera-se que o ex-presidente e líder do Partido dos Trabalhadores (PT) percorra o país fazendo propaganda da candidatura da “companheira Dilma” enquanto ela cumpre com a agenda de governo, e está previsto um ato com a participação de ambos, possivelmente em 1º de abril, em memória dos 50 anos de golpe militar que derrubou o presidente João Goulart.

Lula é caso para um livro: trata-se do único ex-presidente brasileiro vivo cuja liderança e popularidade o passar do tempo não destruiu – liderança e popularidade graças às quais, em 2010, foi eleita presidente a poucos meses antes a desconhecida Dilma. E, em 2012, aconteceu o mesmo com o pouco conhecido Fernando Haddad, que graças ao ex-presidente ganhou a prefeitura de São Paulo.

Em termos de mercado eleitoral, a dupla Lula-Dilma aparece como imbatível nas eleições de 5 de outubro, já que praticamente todas as pesquisas indicam o ex-presidente como favorito se fosse candidato (apesar de os jornais conservadores esconderem essas pesquisas), e Dilma como a segunda personalidade com maior apoio, graças a uma aprovação situada em torno de 47% em dezembro do ano passado, quando recuperou os 20 pontos perdidos durante as manifestações de junho.

Apesar de Lula ter vantagem sobre sua companheira nas pesquisas, é certo que ela será a candidata do PT e ele atuará como o grande timoneiro de uma campanha que se mostra anômala. Isso porque a direita partidária, com o ex-presidente presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) como seu maior oráculo, aparece cansada e quebrada depois de três derrotas consecutivas nas mãos do PT: em 2002, 2006 (vitórias de Lula) e 2010 (Dilma venceu). E duvida de sua capacidade de sobreviver a outro revés em outubro, o que a leva a apostar no aventureirismo.

Vinte executivos de grandes bancos consultados pelo bem informado jornal Valor Econômico coincidiram, em suas reservas, diante daquilo que consideram um “intervencionismo excessivo” de Dilma e reconheceram, sob a condição de anonimato, que nenhum deles votará nela. Traduzindo: os banqueiros entendem que chegou a hora de fechar o ciclo petista no governo, um parecer ao qual se somaria a assim chamada comunidade financeira internacional que, por meio das agências de risco, poderia baixar o rating da dívida externa brasileira em março.

O bloco conservador (partidário, econômico e midiático) reconhece que, ainda que Dilma seguramente seja a mais votada no primeiro turno em outubro, se não for eleita nessa etapa, poderia ser derrotada nas urnas nas mãos de uma eventual aliança de todo o setor antipetista formado por Aécio Neves (PSDB), Marina Silva (PSB) – por quem parte do establishment financeiro suspira – e Eduardo Campos (PSB).

A partir dessa análise realista, as direitas deduzem que é necessário conseguir, seja como for, levar a disputa para o segundo turno, e para isso não descartam lançar mão de táticas sujas similares às de seus congêneres sul-americanos, como fomentar uma convulsão social regressiva.

Como na Argentina (2013) e no Equador (2010), para citar somente dois exemplos de insubordinações relativamente recentes, polícias de 27 estados brasileiros não acatam as políticas de segurança recomendadas pelo governo federal e reprimem igualmente estudantes, movimentos de pessoas sem teto, manifestantes contra a realização da Copa ou os neonatos rolezinhos, nos quais adolescentes negros inundam shoppings alvoroçadamente despertando reações racistas dos consumidores brancos.

Os formuladores da estratégia eleitoral direitista sabem que as máfias policiais são funcionais ao seu propósito de estremecer o ambiente.

Lembrem-se de que a violenta agitação de junho de 2013, que chegou a eclipsar a Copa das Confederações, começou com as minúsculas manifestações pelo passe livre em São Paulo, que só tomaram dimensões nacionais quando milhares de pessoas ocuparam as ruas em repúdio à repressão policial contra aquele punhado de militantes. Depois, disseminou-se uma atmosfera de viral de descontentamento, em que se misturavam aqueles que marchavam por mais investimento em educação e saúde, em vez de construir estádios com conforto sem limites para permitir os negócios da FIFA, com os partidários da pena de morte, defensores da redução da maioridade penal, oposicionistas ao casamento homossexual e outros desorientados.

O antipetismo sonha em reproduzir essa combustão social amorfa em 13 de julho, durante a final da Copa do Mundo, no Maracanã.

É dessas usinas de pensamento, apoiadas organicamente pela empresa de (des)informação e entretenimento Globo, que se demanda a participação das forças armadas na repressão de protestos civis, violando o que está estabelecido pela Constituição, e seguindo a tese segundo a qual “a ordem é um requisito prévio para a democracia”, citada frequentemente pelo cientista político Bolivar Lamounier e insinuada por Fernando Henrique Cardoso.

Curiosamente, um documento elaborado pelo Ministério da Defesa, sob suposta pressão militar, prevê que se atue contra os “movimentos organizados” (leia-se movimentos sociais), se isso for necessário para reestabelecer a ordem.

O caso é que a segurança durante a Copa foi um tema recorrente das reuniões de Dilma e seus ministros no decorrer do ano, e é certo que os funcionários do Planalto analisaram com lupa as manifestações violentas, porém pouco numerosas, do sábado (25/01) em São Paulo, às quais se somaram outras pouco concorridas e pacíficas em dezenas de cidades, onde se ouviam bordões como “fora, FIFA!”, “Dilma, vê se me escuta, na Copa vai ter luta”.

O governo está avisado de que as Copas recentes (2002, 2006 e 2010) não prejudicaram o humor eleitoral dos brasileiros. Esta, por acontecer em casa, é diferente: o oficialismo pode perder votos se houver protestos nas ruas, repressão, e se a Seleção não conquistar seu sexto título. E aí vale a máxima de Felipão Scolari: “O único resultado possível é sermos campeões”.

A entrada de Lula em campo, tão conhecedor do futebol como da política, garantirá ao governo e à candidatura de Dilma o diálogo com os movimentos sociais, como já aconteceu no ano passado nos momentos de maior tensão, permitindo reestabelecer uma certa racionalidade política em relação aos protestos e evitar que sejam massa de manobra de oportunistas.

Com a barba um pouco rala e a voz menos potente que outrora, Lula está de volta para trabalhar em tempo integral pelo segundo mandato de sua companheira Dilma, o quarto consecutivo do PT. Contando com um jogador como ele, qualquer time se sentiria vencedor.

Tradução: Daniella Cambaúva

POLÍTICA - Um grande trunfo para a Dilma


DILMA: MENOR DESEMPREGO DA HISTÓRIA É SEU TRUNFO

MÍDIA - Ela já vai tarde.

 
É impressionante como desde ontem diversos colunistas dos principais grupos de comunicação do país estão produzindo artigos em tom de indignação pela saída da ministra da Secom, Helena Chagas.
Além disso, publicam notinhas que mais parecem mensagens crifradas com um certo toque de ameaça. Um exemplo, esta do Gerson Camarotti em que ele diz que foi Dilma que ordenou sigilo acerca da escala em Lisboa.
O recado é direto. Helena Chagas cumpriu ordens ao omitir o fato.
A quem interessa veicular esse tipo de informação? Essa pergunta certamente faz parte das conversas palacianas na manhã de hoje.
Dilma e Helena Chagas, que esteve à frente da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República desde janeiro de 2011 (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
Helena Chagas é pessoa de bom trato e talvez merecesse a camaradagem dos colegas de profissão. Mas a questão é outra. Em sua passagem pela Secom, a ministra não mexeu um dedo nos interesses de Globo, Abril, Folha, Estadão e quetais. Mesmo com todas as transformações que se deram na área de comunicação nos últimos anos, o governo age como se estivéssemos na década de 80. Não é só a distribuição de verbas publicitárias que é um escândalo. Mas também a relação com os veículos. O governo federal ainda não conseguiu perceber que pode falar com mais de mil veículos sérios espalhados por todos os cantos do Brasil. E continua falando com apenas meia dúzia de chantagistas.
As notas espalhadas em todos os cantos tratando a substituição de Helena como um quase golpe, são o recibo da chantagem. Os sinais são de guerra. O que se quer com isso é dizer a Dilma: Tudo bem, você pode substituí-la, mas dias piores virão.
A saída de Helena Chagas já foi decidida. Thomas Traumann será o seu substituto. O jogo que parece estar sendo jogado neste momento é o de enfraquecer o novo ministro. E tentar com isso garantir a permanência do dono do caixa da publicidade, o publicitário Roberto Messias. Que é quem faz a distribuição de verbas. E que é a pessoa que faz de conta, com um discurso supostamente técnico e que não fica em pé, que o cenário da comunicação de hoje é exatamente igual ao de 2000.
Dilma não parece dar muita bola para a torcida quando toma uma decisão. Mas mesmo assim é bom acompanhar essa disputa. Já deve ter gente cavocando o lixo da casa de Thomas Traumann.

CASTELOS NA EUROPA MAIS BARATOS DO QUE CASAS NO BRASIL.

Jornal mostra castelos na Europa mais baratos do que casas no Brasil

Quintino Gomes
  Diário do Rio de Janeiro
 
O editor Quintino Gomes, do jornal Diário do Rio de Janeiro, publicou uma matéria em que compara preços de imóveis no Rio de Janeiro com o valor anunciado de castelos na Europa. Leia a matéria abaixo:
Morar em um castelo é bem melhor que em qualquer casa ou apartamento, é fato. Que mansão na Barra permite ter seu próprio fosso? Que casa no Leblon foi construída no século VII ou possui 40 banheiros? E nem é tão caro, na verdade bem mais barato que muito imóvel no Rio de Janeiro.
Veja só a lista (baseada em matéria do Buzzfeed):
Castelo na França – Midi-Pirinéus
Por R$ 3.600.000 este castelo na França tem 1.379 m² com um parque de 10 hectares, 6 quartos. O castelo tem salão com lareira, um imensa escada, elevador, uma sala de jantar com lareira, duas cozinhas, uma ala de quartos com uma sala que dá para o pátio, salas de estudo nas torres, duas garagens e capela.
Essa casa no Joá custa R$ 3.680.000, tem 450 m²…
Castelo na Normandia
Este belo castelo da Normandia, a menos de 2 horas de Paris, está por um preço convidativo para milionários, R$ 5.135.000. Partes do imóvel datam do século XV, antes do Brasil ser descoberto. Em seus 700 m² tem 8 banheiros, 10 quartos, dentro de um parque de 27 acres. Além de uma de adega, uma sala de jantar para 60 convidados, um bar com acesso ao jardim, duas estufas, casa para o caseiro, casa para hóspede e um salão de festas para 210 pessoas!
Esta casa na Barra custa R$ 5.498.000, tem 320 m² e um salão de 42 m² em porcelanato!
Castelo em Viena
Este castelo em Viena custa R$ 5.760.000, é datado do século XIX. Com uma área de 800 m² em 4 andares, possui 7 banheiros, 7 quartos. Está dentro de um terreno de 66 hectares com uma paisagem de cair o queixo. Ainda vem com dois celeiros, estábulo e um pátio fechado.
Esta casa num condomínio em São Conrado, no Rio, tem 526 m², custa R$ 6.000.000.
Castelo em Touraine, França
Um castelo em Touraine, França, com 1.200 m² em um parque fechado com 17 hectares custa R$ 8.350.530. Tem 12 quartos, 6 banheiros, casa de hóspedes e vista de Touraine. Além de estábulo e celeiro.
Esta casa no Rio custa R$ 8.5000.00 com 460 m², piscina e uma bela vista do mar
Castelo na Bélgica
Por R$ 11.184.000 você pode ser dono deste castelo na Bélgica, que começou a ser construído no ano de 650!!! São 45 quartos e 45 banheiros!
 Já no Leblon você pode adquirir por R$ 11.500.000 uma casa com 4 suítes
Castelo em Aquitânia, França
Por R$ 12.525.000 você pode ser o proprietário de um belíssimo castelo com 2.050 m², em um terreno de 320 000 m²! 320 MIL! São 24 quartos!
Ou você pode gastar R$ 14.7000.000 por uma casa de 650 m² no Leblon, “apenas” 7 quartos.
(matéria enviada por Celso Serra)

POLÍTICA - "O que a vaquinha nos ensina"

Fernando Britto: “O que a ‘vaquinha’ por Genoíno e Delúbio ensina?”

“Existe uma militância política que não precisa ser paga – e que até paga, ela própria, do jeito que pode – para apoiar um partido, porque apóia as ideias e o significado destas ideias sobre a vida dos brasileiros.”

Artigo publicado no Tijolaço

Os jornais não disfarçam seu espanto com as doações públicas para que José Genoíno, primeiro, e agora Delúbio Soares paguem as multas que receberam do Supremo Tribunal Federal.
Claro que pode até haver alguma mutreta de algum depósito feito por gente “muy amiga” para desmoralizar a arrecadação de fundos, e é bom que se verifique isso.
Mas nenhuma eventual “armadilha” nesta “vaquinha” esconde o seu principal ensinamento.
Se o protagonismo de José Genoíno nas lutas contra a ditadura, seu drama pessoal de saúde e a comovente solidariedade de sua família – sua filha Miruna tornou-se um símbolo de integridade e amor filial – o que poderia explicar o apoio público de Delúbio Soares, um colaborador de segundo escalão do PT e o que mais foi vilanizado em toda essa história do chamado “mensalão”.
A lição preciosa deste episódio é algo que, ao longo do tempo, boa parte da direção do PT parece ter se esquecido.
A de que existe uma militância política que não precisa ser paga – e que até paga, ela própria, do jeito que pode – para apoiar um partido, porque apóia as ideias e o significado destas ideias sobre a vida dos brasileiros.
A de que existe, fora da mídia e do mercado, gente que tem opinião e valores, que entende que existe uma luta de afirmação deste país e que está aí, pronta e ansiosa por quem a mobilize por uma causa, mesmo que a espinhosa causa de apoiar quem foi condenado num processo que, embora político até a medula, foi sentenciado num tribunal.
A “vaquinha” não foi contra a justiça nem por piedade humana.
Foi um gesto político, mostrando que há milhares de pessoas prontas a deixar seu conforto, seus interesses pessoais e a se expor, corajosamente, por uma causa que não é a figura de Delúbio ou mesmo a de José Genoíno, com todo o brilho e respeito que ela merece.
A causa é o processo de transformação do Brasil.
Pela qual, meu deus, parece que muitos dirigentes políticos, acham inútil levantar orgulhosamente a bandeira.
Reduzem a política a acordos, posições, verbas, favores, influência e – sejamos sinceros – recursos para candidaturas.
É claro que na prevalência dantesca  que o dinheiro assumiu na vida política brasileira, só um tolo teria a ilusão de que uma campanha – sobretudo as majoritárias – pudesse funcionar apenas com “vaquinhas”.
Os grandes doadores, com a impureza de intenções com que doam, continuarão a ser fonte essencial de financiamento de campanhas, enquanto não se adotar o financiamento público que a direita tanto combate.
As pequenas doações desta “vaquinha”, porém, revelam algo além de seu valor monetário e que não deve ser comemorado, mas ser, sim, objeto de reflexão.
Há quanto tempo o PT e o governo que, sob sua legenda, o povo brasileiro elegeu e reelegeu, não faz uma “vaquinha cívica” pelas causas que o levaram até lá?
Há quanto tempo não se dirigem à opinião pública para dizer que precisam da pequena mobilização que cada um pode dar para criar um caudal de vontade que sustente as mudanças?
Onde está a polêmica, a contestação ao que o coro da mídia diz – como disse dos acusados no “mensalão” – de que tudo está errado e o status quo é perverso, mau e contrário aos direitos do povo brasileiro?
Não é preciso ser radical ou furioso, mas é preciso ser firme e claro.
Os líderes políticos – e os governos que sob sua liderança se erigem – têm um papel didático e mobilizador a desempenhar para com o povo brasileiro.
Sem bandeiras, ele não se une, mas está pronto a unir-se quando estas se levantam, mesmo que absolutamente “contra a maré”, como ocorreu nestes casos.
Precisamos, urgentemente, de uma “vaquinha cívica” pelo Brasil.
Pelo projeto de afirmação que se expressa no desenvolvimento, onde o Estado – e apenas ele – é o fio condutor de políticas eficazes e justas, porque o “santo mercado” é, historicamente, incapaz e mesquinho para tudo o que não seja dinheiro rápido e cego para qualquer visão estratégica de Nação.
Assistimos o Estado brasileiro e suas ferramentas de progresso econômico – a Petrobras, o BNDES, a Caixa, a Eletrobras, o Banco Central – serem diariamente massacradas nos jornais e nas tevês e não vemos, quase nunca fora das campanhas eleitorais, buscar-se a solidariedade da população.
Uma solidariedade que existe e que vive adormecida pela incapacidade – ou opção errônea – de não ser anunciada aos quatro ventos, em lugar de serem gaguejadas explicações e “desculpas” aos senhores do poder real: o poder econômico.
Uma solidariedade que precisa ser despertada, sob pena de que também os nossos sonhos venham a ser condenados.

POLÍTICA - Assassinato de reputação.

Luis Nassif: “O assassinato de reputação de uma figura referencial”

Jornalista comenta os ataques sofridos pelo pai do ministro Alexandre Padilha

Artigo publicado no GGN

Em determinado momento, para atacar Fernando Henrique Cardoso, críticos apontaram as armas da difamação contra dona Ruth Cardoso. Foi uma ignomínia, repudiada por todas as pessoas responsáveis da política.
Os ataques sofridos por Anivaldo Padilha, pelo fato de ser pai do Ministro Alexandre Padilha, são do mesmo nível. Mais ainda: Anivaldo tem uma história ainda mais rica que a de dona Ruth.
Clique aqui para um pouco da sua história na Igreja Metodista. Clique aqui para seu depoimento sobre o projeto “Brasil Nunca Mais”.
Nos anos 70, foi uma das figuras centrais da resistência contra a tortura, na condição de representante do Conselho Mundial das Igrejas (http://tinyurl.com/m99w3s5). Exilado, foi figura chave do inesquecível arco ecumênico que juntou a Igreja Católica de Dom Paulo, a comunidade judaica de Henry Sobel, a Igreja anglicana de James Wright e a esquecida Assembleia de Deus.
Foi preso, torturado, exilado e sequer pode assistir ao nascimento do seu filho Alexandre Padilha.
Graças a ele foram preservados os principais documentos da tortura, englobados no projeto Brasil Nunca Mais.
De volta ao Brasil, em nenhum momento perdeu de vista a busca do bem comum.
A ONG fundada por ele – e por outros grandes brasileiros, como Betinho e Rubens Alves – tem 20 anos de existência e faz um trabalho excepcional junto a comunidades negras, quilombolas, seja para questões de inclusão, saúde etc (http://www.koinonia.org.br/default.asp).
Tem reconhecimento internacional. Nesse período, a ONG firmou convênios, parcerias e contratos de cooperação com os principais organismos internacionais, como o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), União Europeia, Ford Foundation (EUA), Christian Aid (Reino Unido), Church World Service (EUA), Conselho Mundial de Igrejas (Suiça), Igreja Unida do Canadá, Igreja Anglicana do Canadá, ACT Alliance, Igreja da Suécia, Canadian Foodgrains Bank, Norwegian Church Aid, entre outros.
Mais: em 2013, 89% de seu financiamento saíram de fontes internacionais ou privadas.
Todas essas informações foram ignoradas na matéria da Folha, assim como a informação de que Anivaldo deixou de ser executivo remunerado da ONG quando seu filho assumiu o cargo de Secretário de Relações Institucionais da Presidência da RepúblicaUma ONG de reputação internacional foi tratada como uma ONG qualquer, atrás de boquinhas das verbas públicas e um brasileiro histórico sendo alvo de assassinato de reputação:
A manchete da Folha foi assim:
Padilha faz convênio com ONG fundada por seu pai” – Pré-candidato do PT ao governo paulista, o ministro Alexandre Padilha (Saúde) assinou convênio de R$ 199,8 mil com ONG que tem seu pai como sócio e fundador.
Em pouco tempo, a matéria foi repercutida por diversos veículos, lançando a mancha da suspeita sobre uma figura inatacável:
VejaPadilha assina convênio com ONG fundada pelo pai, diz jornal.
“Prestes a deixar o Ministério da Saúde para disputar o governo de São Paulo, Alexandre Padilha não apenas se utilizou da cadeia nacional da rádio e televisão para fazer campanha antecipada como assinou convênio no valor de 199.800 reais com uma entidade da qual seu pai, Anivaldo Pereira Padilha, é sócio e fundador.
Folhaoposição vai investigar ONG de pai de Padilha
TerraPadilha faz convênio de R$ 199 mil com ONG fundada por seu pai.

A TROCA DE EMAILS

Para fazer a reportagem, o jornal consultou a ONG. E dela recebeu as seguintes informações:
Em 27.01.2014 12:30, Fernanda Odilla escreveu:
Prezado Rafael,
tudo bem?
Estamos fazendo matéria sobre os dois convênios que a Koinonia assinaram com o governo federal (Justiça e Saúde) no fim de 2013.
Assim, gostaria de saber:
- Em relação aos dois convênios: o que os projetos prevêem, eles já começaram e algum valor já foi liberado?
- O fato do sócio da Koinonia, Anivaldo Padilha, ser pai de Alexandre Padilha pesou, de alguma forma, na seleção dos projetos pelo governo federal? Como?
- Além desses dois convênios, a Koinonia tem alguma outra parceria com os ministérios da Justiça e da Saúde? Quais?
- Como sócio da Koinonia, quais são as atribuições de Anivaldo Padilha na instituição?
Preciso dessas informações ainda hoje, segunda (27/01), até as 18h. Estou a disposição para qualquer dúvida.
Em 27 de janeiro de 2014 Rafael Soares de Oliveira escreveu:
Prezada Sra. Fernanda,
Com prazer responderemos as suas perguntas.
Todos os dados sobre os Convênios de KOINONIA estão disponíveis no Portal de Convênioswww.convenios.gov.br.
O Sr. Anivaldo é nosso associado e  tem por obrigação participar de nossas Assembleias.
Sempre participamos de editais públicos e submetidos às suas regras, com isenção e espírito público.
Se a Sra. necessita de maiores informações e detalhes poderemos fazê-lo a partir de quarta, 29 pela manhã, pois estamos em reunião interna de avaliação e planejamento até dia 29 e sem maior tempo para isso antes disso.
Atenciosamente,
Rafael Soares de Oliveira
Diretor Executivo KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço
Em 29 de janeiro, Fernanda Odilla escreveu
Prezado,
como combinamos, gostaria apenas de esclarecer essas dúvidas:
- qual é a participação dos associados nas assembleias anuais? eles decidem apenas linhas gerais ou participam da indicação e/ou sugestão de projetos?
- além do convênio firmado no ano passado e do repasse de R$ 60 mil para o seminário “Fortalecendo laços: Seminário Regional Inter-Religioso de incentivo ao diagnóstico precoce ao HIV” em 2011, quais são os outros repasses do Ministério da Saúde com a Koinonia?
- quem financia as principais atividades e projetos da Koinonia? São os convenios com o governo federal, com organismos internacionais, doações ou recursos próprios?
Em 29 de janeiro, Rafael Soares de Oliveira escreveu:
Prezada Fernanda,
Com Amor e pela Justiça!
A Organização Ecumênica KOINONIA é uma instituição sem fins lucrativos que completa – em 2014 – 20 anos de trabalho. Tem entre suas diversas fundadoras e fundadores o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, o escritor Rubem Alves e o educador Carlos Brandão e atua nas áreas de saúde, combate ao racismo, direitos civis e humanos e liberdades religiosas.
Durante esses 20 anos, a entidade firmou convênios, parcerias e contratos de cooperação com organismos internacionais – Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), União Europeia, Ford Foundation (EUA), Christian Aid (Reino Unido), Church World Service (EUA), Conselho Mundial de Igrejas (Suiça), Igreja Unida do Canadá, Igreja Anglicana do Canadá, ACT Alliance, Igreja da Suécia, Canadian Foodgrains Bank, Norwegian Church Aid, entre outros.
Cabe informar que grande parte da receita da entidade é obtida por meio do financiamento das entidades e organismos internacionais. Em 2013, por exemplo, do total do orçamento da KOINONIA, 85,96% foi composto por doações internacionais e nacionais não-governamentais. Os recursos governamentais compuseram 14,04% da receita.
KOINONIA conta com 45 associados e associadas que definem as linhas gerais de ação e elegem por meio da Assembleia Geral sua Diretoria e Conselho Fiscal para um mandato de três anos, sem qualquer tipo de remuneração – conforme Código Civil. A área executiva é remunerada e contratada pela Diretoria. Compunham até 2009 essa área executiva os cargos de Diretor Executivo e Secretário de Planejamento e Cooperação. Projetos, convênios, orçamentos são atribuição e mandato da Diretoria e são  fiscalizados pelo Conselho Fiscal.
O senhor Anivaldo Padilha é associado da entidade e exerceu a função de Secretário de Planejamento e Cooperação, recentemente, de 01 de janeiro de 2007 a 25 de setembro de 2009. Nesta data, entregou à entidade carta pedindo afastamento das funções de Secretário de Planejamento e Cooperação(segue em anexo). Ocasião em que se extinguiu a ocupação do referido cargo.
A prestação de contas da KOINONIA é analisada pelo Conselho Fiscal, aprovada pela Assembleia Geral anualmente. A entidade tem como prática submeter as contas à auditoria externa, também anualmente.
Atenciosa e fraternalmente,
Rafael Soares de Oliveira
Diretor Executivo

Em 29 de janeiro, Rafael Soares Oliveira escreveu
Prezada Fernanda,
Com Amor e pela Justiça!
Em resposta adicional à sua pergunta telefônica.
KOINONIA teve contratados recursos via Ministério da Saúde em 1999, pelo Contrato de Financiamento de Atividades para o Projeto “Mulheres e Aids: Ações Preventivas Através das Igrejas”, no valor de R$ 39.158,00.
Atenciosa e fraternalmente,
Rafael Soares de Oliveira
Diretor Executivo
As matérias publicadas
As matérias, como foram publicadas
Padilha assina convênio com ONG fundada pelo pai
Repasse de R$ 199,8 mil prevê ações de prevenção a doenças como Aids
Acordo foi firmado antes de o ministro deixar a pasta para assumir pré-campanha ao governo de São Paulo
FERNANDA ODILLA DE BRASÍLIA
Antes de deixar o comando do Ministério da Saúde para se dedicar à pré-campanha ao governo paulista pelo PT, Alexandre Padilha assinou convênio de R$ 199,8 mil com uma entidade da qual o seu pai, Anivaldo Pereira Padilha, é sócio e fundador.
No dia 28 de dezembro de 2013, a ONG Koinonia – Presença Ecumênica e Serviço e o Ministério da Saúde firmaram acordo para executar “ações de promoção e prevenção de vigilância em saúde”.
O convênio prevê, até dezembro, a capacitação de 60 jovens e a formação de outros 30. Por meio de palestras, aulas e jogos, eles serão treinados sobre como evitar e tratar doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids.
Apesar de a entidade ter representação no Rio, em Salvador e em São Paulo, o projeto que conta com verba do Ministério da Saúde será executado somente na capital paulista, segundo funcionários da Koinonia.
O convênio assinado por Padilha autoriza o empenho da da verba, o que significa que o ministério já se comprometeu a pagar os R$ 199,8 mil à ONG, embora ainda não tenha feito o desembolso.
Anivaldo nega qualquer irregularidade ou favorecimento na escolha da entidade, assim como o ministério (leia texto nesta página). O pai do ministro diz ainda que, desde 2009, não exerce função na coordenação de projetos, nem das instâncias de decisão da entidade.
Admite, no entanto, que é convidado a participar de palestras e eventos em que relata as ações da organização. Como sócio da entidade, está previsto que ele participe das assembleias que, anualmente, definem as linhas gerais de atuação da ONG.
Desde 1998, a Koinonia fez pelo menos nove convênios com diferentes ministérios que, juntos, somam cerca de R$ 1,75 milhão. Na gestão de Padilha na Saúde, além do assinado em dezembro, a ONG também firmou um termo de compromisso de R$ 60 mil para promoção de um seminário em 2011.
No final de 2013, a entidade assinou convênio com o Ministério da Justiça no valor de R$ 262,1 mil para colher depoimentos e fazer documentários, site e livro sobre a participação protestante na luta contra a ditadura militar.
A Koinonia, presidida pelo bispo emérito da Igreja Metodista do Rio, Paulo Ayres Mattos, se autodefine como “um ator político do movimento ecumênico e que presta serviços ao movimento social”. A ONG participa de projetos ligados sobretudo à comunidade negra, trabalhadores rurais e jovens.
Padilha desembarcará definitivamente em São Paulo na próxima semana e, no dia 7, a ideia é que dê início a uma caravana pelo interior.
O ministro concentrou no Estado a participação em atos oficiais desde o fim do ano passado, quando sua situação de pré-candidato do PT já estava definida. O ministério afirmou à época que Padilha atendia a convites e que São Paulo “concentra o maior número de unidades de saúde, possui hospitais de excelência e entidades do setor”.
Ministério diz ter seguido as regras oficiais
DE BRASÍLIA
O Ministério da Saúde informou que o convênio com a entidade da qual o pai do ministro é sócio e fundador atendeu a critérios técnicos e que o processo de análise seguiu regras estabelecidas pela administração pública. Alexandre Padilha não se pronunciou sobre o caso.
A Koinonia e Anivaldo Padilha também negaram qualquer influência política na seleção da entidade. “O fato de ser pai de Alexandre Padilha não pesou e nem influenciou na seleção de projetos”, disse Anivaldo.
Ele afirmou ainda que, desde 2009, não participa da “supervisão ou coordenação de projetos, nem das instâncias de decisão da entidade”, apesar de seu nome constar como sócio no site da ONG.
Anivaldo explicou que se desligou da direção da Koinonia quando o filho assumiu o comando da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, em 2009, para “cumprir o que determina a legislação e evitar qualquer tipo de conflito de interesse ou prejudicar a continuidade dos programas”.
Depois de análise nos sistemas de convênios e parcerias, o ministério disse que identificou na gestão de Padilha, entre 2011 e 2014, a participação da entidade em quatro seleções, sendo que ela foi desclassificada em duas “por não atender aos critérios técnicos exigidos”.
Além da parceria de R$ 199,8 mil com a Koinonia, a Saúde informou que, em dezembro de 2013, foram firmados outros 448 convênios com ONGs.
“Sempre participamos de editais públicos e submetidos às suas regras, com isenção e espírito público”, disse Rafael Soares de Oliveira, diretor-executivo da Koinonia.

POLÍTICA - Sabedoria de Mandela.

Sabedoria do Mandela

Por Fernando Nogueira da Costa

Nelson Mandela escreveu em sua autobiografia: “Apesar de eu ler uma variedade de jornais do país inteiro, os jornais são uma sombra pálida da realidade; as informações que eles contém são importantes para um guerreiro pela liberdade não porque elas revelam a verdade, mas porque elas revelam os preconceitos e percepções tanto daqueles que produzem o jornal quanto daqueles que o leem.” A sábia dedução é que não devemos deixar o ódio político embaçar nossas vistas quanto à importância da defesa da liberdade da imprensa.
Sua sensibilidade, gradualmente, permitiu-lhe descobrir novos instrumentos políticos que não a confrontação direta via luta armada, substituindo-a, por exemplo, pela desobediência civil em massa. Sempre, de acordo com a tradição cultural de seu povo, em festa contagiante embalada por música e dança.
Richard Stengel, autor do livro Os Caminhos de Mandela: Lições de Vida, Amor e Coragem foi quem ajudou Nelson Mandela a escrever sua autobiografia (Longa Caminhada até a Liberdade) e produziu o documentário Mandela, indicado ao Oscar em 1996. Ele compilou quinze lições de sabedoria e liderança.
1 – Coragem não é ausência de medo. Ninguém nasce corajoso. Tudo está na maneira como reagimos a diferentes situações. Coragem não é ausência de medo. É aprender a superá-lo. Finja que você é corajoso – e então você se torna corajoso.
2 – Seja ponderado. No meio de situações turbulentas, seja calmo e procure a calma nos outros. Não se apresse, pense, analise, só depois aja.
3 – Lidere na frente. É absolutamente necessário, às vezes, o líder agir independentemente, sem consultar ninguém, e apresentar o que fez à organização. Ser responsável implica em assumir as consequências. Líderes devem não apenas liderar, devem ser visto liderando.
4 – Lidere na retaguarda. Não há nada que faça outra pessoa gostar mais de você do que lhe pedir sua ajuda. Quando você reconhece a opinião dos outros, aumenta a lealdade deles a você.
5 – Represente o papel. A melhor forma de ajudar os outros a ver seu caráter é por meio da maneira como você se apresenta. As aparências importam e temos somente uma chance de causar a primeira impressão. Assim como fingir que se é corajoso pode se tornar coragem real, sentir que nos vestimos como a pessoa que queremos aparentar nos deixa mais próximos de nos tornarmos aquela pessoa. Decida quem você quer ser, crie a aparência e então a realidade daquela pessoa. Torne-se, então, quem você quer ser.
6 – Tenha um princípio essencial – todo o resto é tática. Apenas um: direitos iguais para todos, independentemente de raça, classe ou gênero. Quase todo o resto é tática. Pragmatismo significa estar disposto a chegar a um acordo, mudar, adaptar e refinar sua estratégia, desde que isso leve à conquista de sua meta maior. Quando as condições mudam, você deve mudar sua estratégia e sua mente.
7 – Veja o que há de bom nos outros. Comece um diálogo com o adversário com a suposição de que está lidando com boa fé. Julgando que o que há de bom nas outras pessoas melhora as chances de que elas revelarão o melhor de si. Não se trata de não ver o lado sombrio de alguém, mas sim de não estar disposto a ver apenas isso – e ser maniqueísta. Ninguém é puramente bom ou puramente mal.
8 – Conheça seu inimigo. É importante conhecer seu adversário na arena política. Conhecer o inimigo não é apenas uma tática, mas um ato de empatia. E quando você conquista seu inimigo, nunca se vanglorie disso. Não o humilhe sob nenhuma circunstância. Deixe-o salvar as aparências. Então, você conseguirá transformar seu inimigo em seu aliado.
9 – Mantenha seus rivais por perto. Você pode confiar nos seus amigos, no sentido que sabe que eles, grosso modo, irão apoiá-lo, e pode confiar em seus inimigos, no sentido de que supõe que eles sempre se oporão a você. Mas seus rivais amistosos são aqueles que você realmente precisa não perder de vista. Fique perto o suficiente para vê-los se aproximar…
10 – Saiba quando dizer não. Mesmo que tenha um instinto quase sobrenatural para agradar, mesmo que odeie desapontar as pessoas, seja totalmente adepto de dizer “não”. Muitas questões se resolvem por si mesmas. Mas se você está demorando ou evitando dizer “não”, porque é desagradável, melhor dizê-lo na hora e claramente. Você evitará problemas futuros. Ao mesmo tempo, não diga o “não” quando não é necessário dizer. Por que ser rude quando não é preciso?
11 – É um jogo demorado. Quando é jovem, é impaciente: quer a mudança logo. Vá mais devagar, pois a pressão com frequência leva ao erro e ao mau julgamento. Aprenda como adiar a gratificação. Permaneça no caminho, lento e atento para evitar que algo desagradável aconteça antes de chegar ao fim desejado.
12 – O amor faz a diferença. Nunca desista do amor, nem mesmo quando ele foi adiado – ou está inacessível.
13 – Desistir também é liderar. Mude suas ideias apenas quando confrontado com a evidência de que, se não o fizer, terá consequências negativas. Quando mudar de ideia, defenda a nova com o zelo do recém-convertido. Ceder um acordo pode ser uma vitória: significa que você está passando para o lado vencedor.
14 – Sempre ambos. A consistência, por si só, é uma falsa virtude; a inconsistência não é automaticamente uma falha. Os humanos são criaturas complexas, as pessoas têm uma miríade de razões. Diante de alternativas, a resposta quase sempre é “ambas”. A razão por trás de qualquer ação raramente é clara. Não há explicações simples para as perguntas difíceis. Se cultivarmos o hábito de considerar todos os lados de uma questão, ou seja, de analisar o bom e o mau em nossas mentes, podemos ver soluções que de outra forma não nos ocorreriam.
15 – Encontre sua própria horta. É necessário ter um lugar à parte. Um lugar onde possa se perder para se encontrar, espécie de ilha particular. Acalma sua mente. Distrai das preocupações constantes sobre o mundo exterior. Não é um lugar de retiro, mas de renovação. Não há nada mais relaxante do que se concentrar em uma tarefa agradável que ocupe a mente sem a sobrecarregar. Cada um de nós precisa de algo alheio ao mundo que nos dê prazer e satisfação, um lugar à parte.
Fernando Nogueira da Costa é Professor Livre-docente do IE-UNICAMP. Autor do livro “Brasil dos Bancos” (Edusp, 2012). http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/  E-mail: fernandonogueiracosta@gmail.com.

POLÍTICA - Guerra ideológica.