terça-feira, 21 de janeiro de 2014

ECONOMIA - Falar bem ou mal.

Falar bem ou mal da economia: uma questão de preferência editorial?



A indústria vai bem, obrigado. A indústria não vai nada bem, desculpe. Para a imprensa, a escolha de uma das duas avaliações parece ser apenas uma questão de preferência. Basta comparar a leitura dos jornais dos últimos dias.
Um caso emblemático aconteceu ontem. O editorial principal do Estadão cravou ser “evidente o fracasso da política de estímulos à indústria e à recuperação econômica”. O jornal traçou um quadro desanimador para a indústria. Até mesmo a alta da renda para o trabalhador do setor foi vista como um dos elementos do desastre.
No mesmo dia, o Valor trazia a manchete “Indústria começa o ano com ligeiro viés otimista”. Dizia o texto que as empresas relatam encomendas maiores que as do início do ano passado, em um movimento ainda ancorado no mercado interno.
O Valor acrescentou que há a perspectiva de aumento de produção em empresas dos segmentos de carrocerias de ônibus, autopeças, calçados e móveis. Outro texto conta que, de 23 segmentos da indústria de transformação, 13 registraram aumento de rentabilidade na comparação entre setembro e novembro de 2013 e igual período de 2012.
E agora?
Nas últimas semanas, houve uma sequência de notícias positivas sobre a economia no Valor e uma sequência de notícias negativas no Estadão. Se o jornalismo – como pregam os jornalões – trabalham com dados objetivos, com fatos, com isenção, o que explica tamanha distorção de interpretação? Otimismo e pessimismo são criados pelos jornais?
A explicação não seria, como disse várias vezes aqui o ex-ministro José Dirceu, o direcionamento do noticiário a fim de atender interesses que não são os dos leitores?
A atual construção do pessimismo econômico não está só no Estadão. É um movimento quase generalizado entre a grande imprensa.
A respeito disso, é de extrema relevância a participação da empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza, na última edição do Manhattan Connection, programa transmitido pela GloboNews.
O programa, de claro e estrondoso viés neoliberal, tentou de todo modo encostar Luiza na parede para arrancar-lhe declarações críticas ao governo e à política econômica. Mas os entrevistados não contavam com uma coisa: a empresária conhece a realidade, conhece os números, conhece o mercado.
O resultado foi uma lição para os entrevistados, que acabaram acuados – o contrário do planejado por eles. Para ver esse trecho do programa, clique aqui.
É óbvio que, com isso, não queremos dizer que tudo vai às maravilhas na economia. Há problemas relevantes, já apontados em várias ocasiões neste blog. Mas o que não se pode aceitar é a criação do pessimismo feito por um jornalismo partidário e parcial.

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