Sugerido pro Leo V
Do UOL
Por DANIEL CASTRO
Em e-mail distribuído à cúpula dos
noticiários da Globo, Silvia Faria, segunda executiva na hierarquia do
jornalismo da emissora, recomendou o uso do termo "pretexto", ao invés
de "motivo", para noticiar manifestações violentas ou que causam grandes
transtornos.
Diretora da Central Globo de
Jornalismo, Faria constata no e-mail que a emissora tem "usado de forma
inadequada o termo 'motivo'". "Ônibus queimados, depredações de
instalações diversas, tráfego interrompido por manifestantes e/ou
vândalos têm sido tratados como 'motivo' (para protestos pela morte
considerada injusta de alguém, serviços públicos insatisfatórios etc.)",
relata.
Em seguida, Faria vai ao ponto
principal: "Quando usamos 'motivo', passamos a ideia de que o ato está
justificado, explicado. Já 'pretexto' dá uma ideia mais próxima desse
tipo de atitude".
O e-mail foi endereçado aos diretores
regionais de jornalismo da Globo, entre eles os líderes das coberturas
em São Paulo, Rio e Brasília, e a duas altas profissionais da Globo
News, que repassaram a apresentadores e a seus principais auxiliares.
Nem todos os profissionais receberam
bem a nova ordem. Para alguns, a notícia do protesto no Morro da
Congonha, no Rio de Janeiro, contra a morte de uma moradora por
policiais militares, que a arrastaram em uma viatura, teria um
"pretexto", e não um "motivo", porque uma avenida foi bloqueada e isso
causou transtorno a milhares de pessoas.
O e-mail de Silvia Faria é de 23 de
março, um domingo, cinco dias depois do protesto contra a morte da
moradora do Morro da Congonha.
Apesar da recomendação, o termo
"pretexto" ainda não foi usado como sinônimo de "motivo" nos principais
telejornais de rede da Globo. É que não ocorreram manifestações
violentas desde então.
Procurada, a Comunicação da Globo não comentou a recomendação.
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