Moro, o rei do Brasil. Por Juremir Machado da Silva
Do jornalista e escritor Juremir Machado da Silva, hoje, no Correio do Povo, de Porto Alegre:
O juiz Sérgio Moro saiu do nada para a glória em tempo recorde.
Desenvolto, ele não se constrange em ampliar todos os dias o seu alcance.
Ao que tudo indica, vaza ou faz vazar informações quando acha necessário.
A Lava Jato é uma associação entre ele, a Polícia Federal e o Ministério Público.
Não deveria haver distanciamento entre quem investiga e quem julga?
Moro parece fechado numa parceria com a Rede Globo.
Manda conduzir coercitivamente sem antes intimar ou convocar para depoimento.
Ao que consta vazou o famoso áudio da conversa entre Lula e Dilma que derrubou a presidente.
Incansável e original, Moro acaba de se arrogar uma nova atribuição: definir quem é jornalista.
Mandou prender o blogueiro Eduardo
Guimarães, que antecipou há um ano a condução coercitiva de Lula,
totalmente arbitrária, para extrair-lhe a fonte dessa informação.
Criticado por atentar contra o direito de preservação da fonte, expediu
nota dizendo que Guimarães é blogueiro, mas não jornalista.
Moro vai mandar conduzir
coercitivamente William Bonner, o leitor de notícias do Jornal Nacional,
por difundir informações vazadas todos os dias diretamente das
instâncias de investigação?
Vai mandar conduzir coercitivamente o
Procurador-Geral da República, o contraditório Rodrigo Janot, que,
segundo a ombudsman da Folha de S. Paulo, organizou um monstrengo
chamado “coletiva em off” para vazar seletivamente sua lista de nomes a
investigar com autorização do Supremo Tribunal Federal?
No popular, Moro tá se achando.
Tudo nele anda com cara de exceção.
Moro não precisa ser presidente da República.
Já é o rei do Brasil.
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