A campanha da Globo contra Lula mostra que ela encara o país como um imenso BBB. Por Kiko Nogueira
Alguém já disse que o Brasil é uma concessão da Globo.
A campanha maciça do grupo contra Lula é o
retrato de como uma corporação com elefantíase lida com o país: como o
BBB, manipulando e eliminando os indesejáveis.
O site Poder360 analisou, recentemente, o tempo que o Jornal Nacional dedicou aos citados na Lista de Fachin.
Entre os dias 11 e 17 de abril, do total de pouco mais de 4 horas de cobertura, Lula ficou com 33 minutos. Dilma, com 18.
Juntos, ele e ela somaram 51 minutos de pancadaria, contra 54 de todos os demais.
Diariamente, em seus veículos, a
Globo faz uma versão televisiva do power point de Dallagnol, com Lula no
centro da “organização criminosa”, apesar das delações mostrarem o
contrário — um sistema que sustentou todos os partidos.
A atual caçada teve como ponto alto um
editorial cravando que “o desnudamento de Lula em carne e osso, em praça
pública, com os pecados da baixa política brasileira, parece apenas
começar”.
Tudo o que Emílio Odebrecht e Léo Pinheiro declaram em delações premiadas é tratado como prova e como fato consumado.
Por quê?
Porque eles sabem que, em Curitiba, há um juiz que trabalha na mesma direção. A Globo é o deus ex-machina da Lava Jato.
Apesar dos abusos e da franca
parcialidade, um escândalo em qualquer nação civilizada, Sergio Moro
permanecerá onde está enquanto a Globo quiser, como aconteceu antes com
Joaquim Barbosa.
Lula vai para o paredão por determinação
dos Marinhos. É o mesmo modus operandi do programa, apenas disfarçado
sob a roupagem de jornalismo.
Essa fixação explica, por exemplo, a
roubalheira tranquila de Sérgio Cabral, Eduardo Cunha e Pezão no Rio, de
Aécio em Minas e dos tucanos em mais de vinte anos de dominação em São
Paulo: eles fazem parte do clube e são pouco incomodados.
Aparecem agora porque não havia como
serem poupados por Fachin. O Rio de Janeiro foi estuprado por uma gangue
debaixo do nariz de uma emissora que se orgulha de ser carioca.
Mesmo assim, o foco é sempre Lula.
Em carta a Merval Pereira, Cristiano
Zanin Martins, advogado do ex-presidente, respondeu às acusações feitas
numa coluna chamada “Segredo de Polichinelo”.
Merval afirma, peremptoriamente, antes da
conclusão das investigações na Justiça, que “Lula é o verdadeiro dono
do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia. E mandou o dirigente da
empreiteira OAS Leo Pinheiro destruir qualquer tipo de documento que
evidenciasse o pagamento do triplex pelo tesoureiro do PT João Vaccari,
que, segundo Pinheiro, foi feito com propina resultante de obras da
Petrobras”.
Zanin afirma que “a aliança entre a Globo
e os agentes públicos que integram a Lava Jato – hoje alçados à
condição de artistas de um filme estarrecedor, que viola os mais
elementares direitos fundamentais do investigado – já foi mais discreta.
Hoje, a Globo dita as acusações contra Lula e disponibiliza os seus
veículos de comunicação para colocá-las em pé”.
Assim como a Globo jogo os holofotes em
algum ou alguma imbecil do Big Brother ou em Tony Ramos, ela alimenta de
celebritismo de Sergio Moro para que ele execute o roteiro que lhe foi
dado.
O próximo capitulo é o da prisão de Lula.
Já está escrito. Falta a Lava Jato atuar, com a mão do STF. A cada
pesquisa, a Globo é lembrada de que não controla todas as variáveis e
precisa de mais artilharia.
Se, no meio do caminho, a democracia e o estado de direito forem destruídos, paciência — faz parte do show. Como uma barata, a Globo vai sobreviver ao apocalipse nacional.
Em 25 anos, basta um pedido de desculpas e mudar a grade da programação.
E o público? Continuará acompanhando os episódios com sua baba bovina elástica pendendo da boca.
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