Jornal GGN - O líder da Maioria e do PMDB, Renan
Calheiros (AL), não economizou críticas a mais uma das propostas do
mandatário Michel Temer. Sobre a Reforma Trabalhista aprovada pela
Câmara nesta quarta-feira (26) e que hoje, às vésperas da Greve Geral,
foi levada ao Senado disse que "é uma chantagem explícita" que o
presidente quer empurrar "goela abaixo" para a retirada dos direitos dos
trabalhadores. "É o ‘dá ou desce’ trabalhista", resumiu, em duro
discurso.
"A próxima segunda-feira, 1o de maio, o Brasil precisa dizer alguma
coisa aos seus trabalhadores", introduziu Renan, em ironia, no Plenário
do Senado. "E não é, senhores senadores e senhoras senadoras, da melhor
tradição o Presidente da República não falar aos trabalhadores",
seguiu.
Em críticas à gestão Temer, o senador que hoje representa o partido
do presidente da República no Senado disse que vivemos "um momento de
angústia e crueldade". E, nesse cenário, "não é normal que o presidente
da República deixe de falar e empurre goela abaixo dos trabalhadores uma
retirada de direitos", completou.
Em mais um sinal de forte dissidência do parlamentar e
representante no Congresso contra a governabilidade de Michel Temer, em
cerca de 10 minutos, o peemedebista criticou a tentativa de que "o
acordado se sobreponha ao que está na lei", ao fazer referências aos
intentos de mudanças na legislação trabalhista.
Renan disse que o texto aprovado na Câmara induz os assalariados a
renunciar ao FGTS, horas extras e férias remuneradas, para se tornarem
pessoa jurídicas. E demonstrando a forte crise que o mandatário
precisará enfrentar na Casa Legislativa, convocou o Senado a barrar a
Reforma Trabalhista, um dia antes das manifestações esperadas para esta
sexta-feira (28).
O parlamentar lembrou que criticou duramente o projeto de
terceirização irrestrita do trabalho nas empresas, ainda quando ocupava a
Presidência do Senado, e a discordância da reforma na Previdência -
"uma reforma feita à revelia geral, por isso as suas dificuldades",
caracterizou.
"Eu, sinceramente, não acredito que essa reforma [da Previdência]
saia da Câmara e chegue no Senado Federal. Reforma de ouvidos poucos,
sem consultar opiniões, que só interessa a Banca, ao sistema financeiro,
rejeitada em peso e de cabo a rabo pela população", lembrou. "Reforma
tão mal feita que chega a coagir e constranger a base do próprio governo
e que, por isso, vai e volta de recuo em recuo", afirmou.
"O Brasil merece um Primeiro de Maio de luta, de respeito às
conquistas históricas do seu povo. Quero ajudar o Brasil, que não aceita
o retrocesso e o meu Estado de Alagoas que rejeita ser castigado com a
reforma que se pretende realizar", concluiu.
Também no Plenário, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)
criticou o projeto que chega ao Senado e disse que a proposta vai
alterar mais de cem artigos da Consolidação das Leis do Trabalho e
reprovou a tentativa de sobrepor negociações com patrões à legislação.
"Isso é mesma coisa que exigir uma negociação com quem está com o
pescoço na forca. Em momentos de recessão da economia, em momentos de
desemprego, pior ainda, porque se o trabalhador que está empregado não
aceita aquela negociação, ao lado dele tem centenas e milhares de
desempregados, que se sujeitam a qualquer situação para ganhar um posto
no mercado de trabalho", defendeu a parlamentar.
Roberto Requião (PB), também do PMDB, foi mais direto nas
convocações: chamou os trabalhadores brasileiros a participarem da greve
geral marcada para esta sexta-feira (28). Disse que é hora de o povo
mostrar sua insatisfação a "esse absurdo que só serve ao mercado
financeiro e à concentração de renda".
"Para Brasil! Para com força e de verdade a fim de dizer 'não' a
essa política estúpida e irracional comandada pelos interesses do
capital financeiro e não do povo brasileiro", exclamou o senador. E
questionou: "É de se perguntar, diante de tanta rejeição, por que o
governo Temer confronta a totalidade da opinião pública brasileira ao
insistir em uma reforma da Previdência absolutamente impopular, sem
qualquer evidência e eficácia financeira para socorrer os combalidos
cofres públicos?".
Também nesta quinta, a senadora Regina Sousa (PT-PI) lembrou que
hoje se comemora o Dia dos Trabalhadores Domésticos, lamentou que 92%
dos trabalhadores da categoria ainda sejam mulheres negras e lamentou:
"Tudo o que foi dado com uma mão está sendo tirado com a outra, nessa
reforma que estão propondo aí para os trabalhadores e as trabalhadoras
desse país".
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