terça-feira, 27 de março de 2018

POLÍTICA - Dr. Moro no "Roda Viva"

A entrevista de Sergio Moro no ‘Roda Viva’ exibida nesta segunda-feira (26) pela TV Cultura foi um jogo de cartas marcadas.
Ao comentar a decisão de liberar o conteúdo dos áudios das conversas entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a então presidente Dilma Rousseff, Moro reafirmou que sua decisão não foi um erro. Na época, o ministro do STF Teori Zavascki, já falecido, criticou a liberação dos áudios.
Moro afirmou também esperar que o Supremo Tribunal Federal “tome a melhor decisão” no julgamento do habeas corpus de Lula. “Eu nem sequer tenho opção de cumprir ou não cumprir”, disse o magistrado sobre a ordem de prisão do ex-presidente.

O jornalista Reinaldo Azevedo, da Folha, chamou atenção para uma escorregada de Moro ao comentar as denúncias feitas pelo ex-advogado Rodrigo Tacla Durán, que acusa o padrinho de casamento do juiz da Lava Jato de tentar mediar acordo paralelo de delação premiada com integrantes da força-tarefa.
“Esse indivíduo fez essas afirmações. É uma fantasia que não existe base concreta. O que se tem é uma pessoa acusada de crimes graves”, respondeu moro.
Reinaldo observou:
A síntese da fala de Moro poderia ser esta: “Não acredito em palavra de bandido”.
Venham cá: quantos foram os bandidos e corruptos confessos que ajudaram Sérgio Moro a fazer a sua fama? Quando o “bandido” o coloca na berlinda, então não se deve dar trela; quando o bandido acusa aqueles que são os seus alvos, seu testemunho vai parar na sentença, é isso?
Sem dar crédito a bandidos, para onde teria ido a Lava Jato?
Acho que a resposta do doutor pode ser lida de outra forma: “É bom que vocês saibam que existe um critério para mim e para os meus amigos e um critério distinto para os outros. Quando está em questão alguém do meu círculo de relações, o acusados só pode ser um bandido; quando se trata de alguém que estou disposto a botar em cana, então a palavra de notórios marginas e canalhas recebe o nome de ‘colaboração’”.
Bem, convenham, boa parte da imprensa engole tudo o que ele diz.

A entrevista do juiz Sérgio Moro no programa Roda Vida, da TV Cultura, nesta segunda, deu gás para o ex-presidente Lula no STF às vésperas do julgamento do habeas corpus.
Os ministros da Suprema Corte acharam muito “petulante” um juiz de primeira instância pressioná-los para rejeitar a presunção da inocência, um princípio constitucional. Tanto é que Gilmar Mendes resolveu antecipar a volta de Lisboa, onde tem compromissos acadêmicos, para repetir o voto favorável à Constituição Federal.

Além disso, a maioria que deu 7 votos a 4 pelo conhecimento do habeas corpus ao petista achou estranho o papo e Moro segundo qual as delações de bandidos presos valem contra adversários políticos; já as delações contra amigos dele, como o compadre Carlos Zucolloto, não vale porque foi feita por um “bandido” foragido. O chefe da lava jato se referia ao ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran.
No dia 4 de abril, se nada de extraordinário ocorrer até lá, o STF julgará o mérito do habeas corpus afastando a prisão em segunda instância.

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