E a “ajuda humanitária”?
Material médico chinês comprado pelo Brasil é roubado pelos EUA
Compra feita pelos Estados do Nordeste foi cancelada por empresa chinesa para atender a demanda do sistema de saúde norte-americano.
Embaixador chinês confere equipamento médico enviado da China. Foto: AFP – Cristian Hernandez
Em meio à política genocida do governo Bolsonaro de total descaso em relação ao avanço do coronavírus, os Estados do Nordeste decidiram, por meio de um consórcio, adquirir respiradores artificiais provenientes da China. Os aparelhos são indispensáveis para os casos mais graves de pessoas infectadas pelo novo coronavírus, de maneira que deixar um país sem respiradores é o mesmo que condenar uma parcela de sua população à morte. No entanto, a empresa chinesa responsável pela encomenda decidiu cancelar unilateralmente o contrato firmado.
Segundo informações da imprensa burguesa, como os jornais O Globo e Folha de S. Paulo, os respiradores chegariam por avião ao estado da Bahia, que assinou formalmente o contrato. A empresa, que não foi identificada, havia cobrado R$ 42 milhões pela entrega de 600 respiradores. Ao pousar no Aeroporto de Miami, nos Estados Unidos, onde a carga faria uma conexão aérea, é que aconteceu o “imprevisto”: os respiradores ficaram retidos nos Estados Unidos e, por causa de “motivos técnicos”, o contrato foi rompido.
A retenção da carga aconteceu no momento em que os Estados Unidos está passando por uma crise gigantesca em seu sistema de saúde. Já são 261.438 casos registrados e 6.699 mortes em decorrência do novo coronavírus. Na cidade de Nova Iorque, onde a maioria dos casos estão surgindo, caminhões de frigoríficos foram contratados para retirar os corpos dos hospitais e Marinha norte-americana teve de enviar o navio-hospital Comfort para atender a pacientes com o novo coronavírus. Ao mesmo tempo, o número de pessoas solicitando seguro-desemprego saltou de 3,5 milhões para 6,6 milhões em uma única semana, revelando também uma crise econômica.
De acordo com o próprio ministro da Saúde do governo Bolsonaro, o golpista e capacho do imperialismo Luiz Henrique Mandetta, os Estados Unidos estariam requisitando uma quantidade excessiva de equipamentos médicos, forçando uma carência desses insumos para os demais países. Uma vez que os Estados Unidos são o país mais rico do mundo, um país atrasado como o Brasil não teria qualquer condição de entrar na concorrência para adquirir os necessários materiais para a sua população.
A retenção dos respiradores em Miami, no entanto, revela uma política ainda mais criminosa por parte do governo norte-americano. Não se trata mais de sufocar os países atrasados, excluindo-os de um leilão absurdo provocado pelos capitalistas. Nesse caso, em que os estados do Nordeste já haviam comprado a carga, o nome correto para a operação norte-americana é roubo.
O roubo escancarado dos insumos brasileiros mostra a total falta de escrúpulos por parte do imperialismo. Não há, nesse sentido, qualquer espírito humanitário o u democrático do qual os países imperialistas estejam imbuídos: a política de pilhagem de todos os povos não só diminui, como é intensificada em situações de iminente catástrofe social como essas.
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