Olá,
Esta é uma mensagem apenas para os leitores mais assíduos da nossa newsletter. Preciso muito falar com você e com nossa rede mais próxima.
No início do ano, traçamos aquelas que seriam nossas principais linhas de investigação para os 12 meses seguintes. São temas relacionados a política, meio ambiente, direitos humanos e tecnologia, principalmente. Essas são as nossas áreas prioritárias, aquilo que o Intercept cobre como ninguém.
Feita essa seleção das linhas de investigação, a cada etapa vamos avaliando o quanto podemos, queremos e precisamos ir mais fundo naquela reportagem. Digo "queremos", porque às vezes sentimos que um assunto está esgotado ou foi publicado por outro veículo de maneira satisfatória. Uso também "precisamos" porque às vezes uma boa investigação dá lugar a outra mais urgente, com um propósito maior e chance de causar mais impacto. E, finalmente, analisamos se "podemos" continuar com aquele assunto porque as grandes denúncias que publicamos exigem tempo, colaboradores e muitos recursos.
São vários os trabalhos que tocamos dessa maneira. Por exemplo, quando publicamos a denúncia dos escândalos dos respiradores fantasmas em Santa Catarina, notamos que o assunto escalou. Avaliamos se valia a pena investir mais naquela investigação, olhamos para os recursos que tínhamos para continuar financiando repórteres freelancers e decidimos mergulhar mais fundo. Ao final, publicamos cinco reportagens que resultaram no pedido de impeachment do governador, cinco prisões (substituídas depois por medidas cautelares como regime semiaberto) e queda de dois secretários estaduais.
Outro bom exemplo são nossas reportagens sobre milícias. Só do repórter Sérgio Ramalho, temos 15 textos publicados nos últimos três anos. Você certamente leu sobre o "cara da casa de vidro", matéria de abril. Mas, acredite, essa investigação vem de muito longe. É um trabalho que requer tempo, cuidado e, especialmente, advogados e estratégias de segurança. Não se encontram fontes e documentos como aqueles da noite pro dia e sem um investimento robusto em jornalismo.
Estou te contando tudo isso para dizer que chegamos a uma encruzilhada em 2021. Estamos nesta semana avaliando o que poderemos continuar tocando porque estamos muito, muito abaixo da meta de doações que tínhamos para o primeiro semestre.
Para reverter esse quadro, estamos tentando, apressadamente, realizar uma campanha mais intensa em julho. Ainda assim, não dá para esperar. Por isso, essa mensagem para você que está nesse grupo de leitores mais próximos do TIB.
Há duas semanas enviamos um e-mail informando do déficit que temos em 2021 e contando da nossa ousada meta para celebrar os 5 anos do Intercept: reunir 5 mil novos apoiadores. Essa não é uma meta de produtividade: é uma necessidade. Mas não uma necessidade do TIB, acredite. É algo essencial para mim, para você, para todos nós que não aceitamos o Brasil do desemprego, da escassez de vacinas, das reformas que querem destruir os serviços públicos, da intolerância. Essencial para quem sabe que 2022 será ainda mais difícil porque a tentativa de autogolpe do ex-capitão parece ter data marcada: o dia da apuração do segundo turno das eleições.
É nesse contexto que o jornalismo do Intercept não pode dar um passo atrás. O que nós queremos é expandir as investigações que começaram em janeiro. Falta muito para que isso seja realidade e sabemos a razão. A vida está difícil, muitas famílias estão sofrendo com a pandemia, mas também com a profunda crise econômica. Aliás, se o governo e o mercado avaliam que a economia está crescendo, nós sabemos bem quem ela está arrochando. Por isso a crise tem batido na nossa porta, como para a maioria das pessoas que nos ajudavam.
Nossa meta agora é chegar a julho com pelo menos mais 1.000 apoiadores. É um número difícil de ser batido em 8 dias. Mas não para a nossa comunidade. Se apenas uma parcela das pessoas que estão lendo este e-mail contribuir, poderemos manter pelo próximo mês as investigações que já começamos. Sem novos apoiadores este ano, teremos que reduzir as nossas ambições.
Não importa o tamanho da sua doação. Lembre-se que, atualmente, a maioria das pessoas não pode ajudar. Por isso, se você tem condições de contribuir com um valor que parece baixo, não desista.
Pense que no momento em que você conclui a leitura desta mensagem, outras centenas de pessoas estão fazendo o mesmo. Tem alguém doando R$ 20 ou R$ 50 agora. Junto com a sua ajuda, já teremos um montante maior. Foi assim que chegamos até aqui. Tenho certeza de que é assim que conseguiremos manter nosso trabalho forte. Apoie nosso trabalho com o que puder. | 
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