André Mendonça se encontrou com Dallagnol e reverteu posição sobre prisão em 2ª instância
01/09/2021Em mensagens da operação spoofing, procuradores descreveram encontro com o então AGU em 2019, divulgaram nota para a imprensa e listaram deliberações da reunião e tarefas políticas de cada um em ata que dizia “AGU reverterá posição”. Mais tarde, Mendonça passou a defender a prisão de condenados já em segunda instância
Novos documentos apresentados pela defesa do ex-presidente Lula ao Supremo Tribunal Federal (STF) revelam que André Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro para a Corte, se reuniu com integrantes da Operação Lava Jato em 2019 e combinou estratégias para impulsionar a agenda política dos procuradores. As informações foram coletadas em mensagens secretas trocadas entre o procurador Deltan Dallagnol, então estrela da Lava Jato, e colegas dele na operação, informa Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo. Elas estão em arquivos apreendidos na Operação Spoofing aos quais os advogados de Lula tiveram acesso.
Os documentos já começaram a circular no Senado, que tem que aprovar o nome de Mendonça para o STF. A proximidade ideológica com os procuradores da Lava Jato quando ocupou o cargo de advogado-geral da União sempre foi considerada uma pedra no caminho que ele precisa trilhar para chegar ao STF. E as novas informações renovam os temores de que, uma vez empossado como ministro da Corte, ele vai apoiar pautas que parlamentares consideram punitivistas.
Em mensagens, Dallagnol e os procuradores descrevem um encontro que tiveram com Mendonça em fevereiro de 2019, no restaurante Ponte Vecchio, um dos mais badalados de Curitiba. Depois do encontro, eles divulgaram nota para a imprensa. E fizeram internamente atas listando as deliberações da reunião e as tarefas políticas de cada um. Um dos pontos elencados foi a defesa da prisão em segunda instância.
“AGU reverterá posição”, afirmava a ata. E, de fato, em manifestação que a advocacia-geral enviou ao Supremo um mês depois, Mendonça mudou a posição do órgão sobre o tema —e passou a defender a prisão de condenados já em segunda instância.
Até então, a AGU dizia que a prisão de uma pessoa só era possível depois que uma sentença se torna definitiva, ou seja, quando não pode ser mais modificada por recursos apresentados à Justiça.
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