sábado, 28 de maio de 2022

A mão do empresário amigo de Mourão.

 

EXCLUSIVO: A mão de empresário amigo de Mourão e fã de Dallagnol no “projeto de nação” dos militares

O empresário, um civil, tem conexões com atores golpistas no projeto de militares exposto pelo general Mourão

 Atualizado em 28 de maio de 2022 às 11:51
Empresário Thomas Raymund Korontai e seu amigo general Mourão
Empresário Thomas Raymund Korontai e seu amigo general Mourão. Foto: Reprodução

Thomas Raymund Korontai é um empresário de 64 anos com várias empresas em Curitiba. Ele é presidente do Instituto Federalista, a entidade civil que assina o Projeto de Nação, lançado por setores militares em maio, com o Instituto General Villas-Boas e o Instituto Sagres.

O projeto, esmiuçado pelo jornal O Estado de S. Paulo, defende manter militares nas estruturas de governo até o ano de 2035, além do fim da gratuidade do SUS, das universidades públicas e combate ao globalismo.

Essa iniciativa golpista foi lançada em um evento no dia 19 de maio com a presença do vice-presidente, o general Hamilton Mourão. O projeto foi coordenado pelo general Luiz Eduardo Rocha Paiva, ex-presidente do grupo Terrorismo Nunca Mais (Ternuma), a ONG do falecido coronel e torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra.

Korontai é admirador e tem uma amizade de longa data com o general Mourão. Diferentes fontes explicaram ao DCM que ele viajou a Brasília em várias ocasiões para reuniões com o vice. Há registros no Facebook dele.

Fã de Olavo, empresário quer o federalismo no Brasil

Filho de húngaros anticomunistas, Thomas Korontai fundou o Instituto Federalista em 17 de outubro de 1991. Nunca se fixou na política tradicional e hoje está filiado ao PTB, o partido bolsonarista liderado pelo presidiário Roberto Jefferson.

A ideia de Korontai é mudar a Constituição brasileira e “implantar o federalismo”, nos moldes dos Estados Unidos, no Brasil. 

O instituto virou o Partido Federalista no Brasil, não oficializado. Segundo reportagem do Intercept Brasil em 17 de julho de 2021, Thomas Korontai tentou ser candidato a presidente mesmo sem ter situação regularizada prometendo “extinguir o MEC”.

Suas empresas ativas são a KOMARCA ESCRITORIO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL S/C LTDA e a ACQUAPRATA ELETRONICOS ESPECIAIS LTDA. Os negócios foram abertos, respectivamente, em 1991 e 2010.

A RK33 COMERCIO E SERVICOS DE CONSULTORIA E PARTICIPACOES LTDA, aberta em 2008, é uma empresa que ele tinha com o empresário libanês filho do fundador da Liga Cristã Mundial Brasil, Michel Iskandar Riachi.

Fontes asseguram que Riachi e Korontai foram fazer negócios na Bolívia em 2019, época do golpe de Estado que derrubou o governo de esquerda e colocou no poder a extremista de direita Jeanine Áñez. 

Oriundos do setor industrial e de eletrônicos, os dois sócios tentaram negociar armas e helicópteros “do Oriente Médio” na Bolívia, segundo essas fontes. A aventura não deu certo e gerou dívidas.

Fracassos nos negócios levaram Korontai a se lançar pré-candidato a deputado federal pelo PTB de Curitiba. Decidido a conquistar o eleitorado bolsonarista, fez um elogio ao guru Olavo de Carvalho um dia após sua morte. Chamou-o de “gigante”.

“Tive a honra de conhecer o Olavo de Carvalho em 2005, ainda em Curitiba, quando jantei na casa dele. Alguns meses depois, horas antes de ele partir para os EUA, conversamos sobre os rumos do Brasil e sobre federalismo. Foi consenso entre nós que ele não poderia apoiar publicamente, na época, o nosso Movimento, pois entendia que tais ideias precisavam transitar livremente, sem rótulos ideológicos, e sem polarizações. Após 2010, nos encontramos algumas vezes em videoconferências”, escreveu no Instagram em 25 de janeiro de 2022.

Em 17 de março, Korontai elogiou o falecido Cabo Anselmo. “Descanse em paz, meu caro amigo, Cabo Anselmo. Na vida polêmica e tida como ambígua nos idos da década de 60, você terminou por prestar um serviço inestimável para o Brasil, escolhendo o lado do Bem. Deus sabe disso. Eu também. Um abraço e até um dia”.

Ligações com lavajatistas e discurso negacionista do empresário

Thomas Korontai foi apoiador do golpe contra Dilma Rousseff em 2016 e se tornou fã da Força-Tarefa da Operação Lava Jato. Por seu ativismo político digital, ganhou espaço para escrever artigos de opinião no jornal Gazeta do Povo e se aproximou de políticos curitibanos amigos de Moro.

Thomas Korontai com Álvaro Dias
Com Guilherme Doring Cunha Pereira, dono da Gazeta do Povo
Com Dallagnol

Álvaro Dias, Deltan Dallagnol e Janaina Paschoal foram algumas das pessoas com quem Korontai marcou encontros para apresentar seus “ideais federalistas” – que nada mais são do que uma cópia fajuta da Constituição dos EUA. No ano de 2017, de acordo com fontes consultadas pelo DCM, ele viajou para a Europa com Hermes Freitas Magnus, o primeiro denunciante da Lava Jato. Não há fotos dessa viagem porque Magnus diz que é “perseguido” e hoje vive no exterior.

Em outubro de 2018, Thomas Korontai fez ataques públicos ao ex-presidente Lula e já estava se encontrando com general Rocha Paiva, um dos autores do projeto golpista de militares. Era época da ascensão de Jair Bolsonaro.

Ao longo da pandemia do novo coronavírus, entre 2020 e 2021, Korontai fez propaganda em suas redes sociais pelo voto impresso, bandeira que sempre defendeu, atacando as urnas eletrônicas. E ele também fez a defesa do discurso negacionista do governo Bolsonaro, além do protesto golpista de 7 de setembro.

Chamou as máscaras contra a propagação do novo coronavírus de “focinheiras”. Comparou a campanha de vacinação com o próprio nazismo, utilizando uma ilustração de uma suástica.

A militância bolsonarista de Korontai no Facebook

 

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