Instituto Sagres, da Operação Satiagraha ao Projeto de Nação
Dois coronéis ligados ao Sagres foram trabalhar como assessores de segurança de Gilmar Mendes, então presidente do Supremo Tribunal Federal.
O Projeto de Nação proposto pelos militares teve patrocínio de três institutos com ligações com militares. Mas o autor intelectual foi o Instituto Sagres. O Instituto tornou-se conhecido por época da Operação Satiagraha.
Um dos homens do Instituto Sagres era ex-assessor de segurança do Supremo Tribunal Federal (STF), coronel Sérgio de Souza Cirilo. Ele foi sócio-fundador do Instituto Sagres. Dois coronéis ligados ao Sagres – Cirilo e o coronel Joaquim Gabriel Alonso Gonçalves – foram trabalhar como assessores de segurança de Gilmar Mendes, então presidente do Supremo Tribunal Federal.
Foram os responsáveis pelo polêmico relatório sobre grampo no STF, que serviu de base para uma capa da Veja, provocando a CPI dos Grampos. Era uma armação, que foi desmontada pelos leitores do Blog Luis Nassif, assim que o relatório foi apresentado à CPI. Publicado no Blog, em pouco tempo dois engenheiros eletrônicos mostraram a inconsistência da denúncia: o relatório falava em sinais eletrônicos captados de fora para dentro; se fosse grampo, teriam que ser de dentro para fora.
No mesmo período, estourou a Operação Satiagraha, envolvendo um terceiro integrante do Instituto Sagres: Hugo Chironi, trabalhando para o banqueiro Daniel Dantas e flagrado oferecendo dinheiro para o delegado Protógenes, em uma cena armada pela operação.
O Instituto foi fundado em 2006 por oficiais da reserva do Exército. O coronel Gonçalves foi alçado ao posto de consultor de segurança do STF, na gestão de Gilmar Mendes, por sugestão do general Alberto Cardoso, que serviu ao governo de Fernando Henrique Cardoso. Pesou o fato do Sagres ter um Núcleo de Inteligência Prospectiva e Estratégica
Na sentença do juiz Fausto de Sanctis, que condenou o banqueiro Daniel Dantas, há menção expressa ao Instituto Sagres. Menciona Chicaroni como um dos braços-direitos de Daniel Dantas, e menciona nove contatos telefônicos com o oficial do Exército Sérgio de Souza Cirillo, especialista na área de inteligência e contra-inteligência, no período de 4 de junho de 2008 a 7 de julho de 2008, quando ocupava cargo no Supremo.
Segundo a sentença,
“Hugo Chiaroni se apresentava como integrante do Instituto Sagres – Política e Gestão Estratégica Aplicadas, segundo ele próprio e os delegados Protógenes Queiroz, Marcos Antônio Lino Ribeiro e Ricardo Saadi, ligou para Sérgio de Souza Cirillo, especialista em guerra eletrônica, com experiência profissional na área de inteligência e contra-inteligência, oficial do Exército e que provavelmente se conheciam porque este também é vinculado ao referido instituto, nove vezes, no período de 4/6/2008 a 7/7/2008 (…). Tal fato revela, pois, que os acusados, para alcançar seus objetivos espúrios, dias antes de oferecer e pagar vantagem às autoridades policiais, atuavam sem medir esforços em suas ações na tentativa de obstrução de procedimento criminal, tentando espraiar suas ações em outras instituições. Sérgio de Souza Cirillo foi, posteriormente, nomeado, em 30/7/2008, como assessor, figurando como substituto do secretário de Segurança do STF, e, finalmente, exonerado em 6/10/2008″.
Já naquela época, em 2008, o presidente do Instituto era o Coronel Raul Stuari, que negou relações com Cirilo e com Hugo Chicaroni. Chicaroni só foi expulso do Instituto depois de preso. Mas não se apurou envolvimento institucional do Sagres com os crimes apurados pela Satiagraha.
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