terça-feira, 21 de março de 2023

ANOS DE CHUMBO: Ditadura nunca mais!

 

Inventário da violência praticada durante a ditadura militar desde 01.04.1964 – 59 anos de injustiças e cegueira moral. Hora de recordar para efetivar justiça e paz. Memória, justiça e verdade.
500.000 cidadãos investigados pelos órgãos de segurança
200.000 detidos por suspeita de subversão
50.000 presos entre março e agosto de 1964
11.000 acusados em julgamentos viciados de auditorias militares
5.000 condenados
10.000 torturados no DOI-CODI de São Paulo
40 crianças presas e torturadas
8.300 vítimas indígenas de dezenas de etnias e nações
1.196 vítimas entre os camponeses
6.000 mil apelações ao STM que manteve as condenações destes 2.000 casos
10.000 brasileiros exilados
4.882 mandatos cassados
1.148 funcionários públicos aposentados ou demitidos
1.312 militares reformados compulsoriamente
1.202 sindicatos sob intervenção do Estado e do Judiciário cúmplice e inconstitucional
248 estudantes expulsos de universidades pelo famigerado decreto ditatorial numero 477
128 brasileiros e 2 estrangeiros banidos sendo alguns sacerdotes católicos.
4 condenados à morte (pena comutada para prisão perpetua)
707 processos políticos instaurados pela Justiça militar em diversas Auditorias
49 juízes expurgados, três deles do Supremo Tribunal Federal
3 vezes em que o Congresso Nacional foi fechado pelos generais ditadores
7 Assembleias Legislativas postas em recesso
Censura prévia a toda a imprensa brasileira
434 mortos pela repressão, entre os quais 47 que estudavam ou trabalhavam na USP. Foram 39 alunos, seis professores e dois funcionários. Da PUC-SP foram mortos cinco estudantes: Carlos Eduardo Pires Fleury (1945-1971), Cilon Cunha Brum (1946-1974), José Wilson Lessa Sabbag (1943-1969), Luiz Almeida Araújo (1943-1971) e Maria Augusta Thomaz (1947-1973). Todos diplomados pos-mortem em ato solene no Tucarena em 18/09/2017. Diplomas entregues aos familiares.
144 desaparecidos
126 militares, policiais e civis mortos em ações contra a resistência à ditadura
100 empreiteiras e bancos envolvidos em escândalos abafados pelos militares
Reimplantação do trabalho escravo nas fazendas do Brasil com o beneplácito dos governos militares.
Sucateamento das Universidades pela imposição do programa MEC-USAID
Destruição do movimento social brasileiro
Fim das organizações da sociedade civil como UNE, Centros de Cultura, Ligas Camponesas, JUC, Agrupamentos e partidos de esquerda.
Corrupção em todos os níveis por grupos militares e cobrança de propinas para as grandes obras.
Submissão aos interesses norte-americanos pela presença da CIA e de torturadores treinados na Escola das Américas em todos os órgãos policiais e militares.
Destruição das Guardas municipais e estaduais e militarização das policias
Domínio da Lei de Segurança Nacional e propaganda da Ideologia de Segurança Nacional.
Expansão do poder de empresas beneficiarias do golpe como redes de TV, jornais pro-ditadura e grupos econômicos que financiaram a tortura e a repressão.
21 anos de ditadura e escuridão com a destruição das vias democráticas e o vilipêndio da Constituição e da Liberdade em nome do Estado autocrático e destrutivo da nação brasileira.
Construção de obras faraônicos como Transamazônica, Ponte Rio-Niterói, Itaipu e outras com desvio de vultosas quantias do erário publico para empresas e corruptos do governo federal e estadual.
Instauração de senadores e prefeitos biônicos.
Uma religiosa franciscana, Madre Maurina Borges, FIC, presa, torturada e banida para o México em processo falso forjado em Ribeirão Preto pelo torturador Delegado Sergio Paranhos Fleury com apoio de dois delegados da região excomungados pelo arcebispo ribeirão-pretano dom Félix.
Criação de locais de tortura e casas da morte, como por exemplo, a de Petrópolis-RJ.
Instalação de campos de concentração em território nacional usando de técnicas nazistas.
Pagamento e manutenção de imensa rede de arapongas e informantes das forças repressivas para denunciar os que lutavam pela democracia.
Apoio de médicos para a realização da tortura e para fazer laudos falsos das mortes em prisões e locais do Estado brasileiro.
Perseguição e morte de brasileiros fora do Brasil em ligação com as forças ditatoriais de outros países do Cone Sul.
Acolhida de ditadores de outros países como Alfredo Strossner do Paraguai.
Financiamento de grupos paramilitares.
Apoio a atos terroristas e incêndio de prédios (UNE), bancas de jornais, redações, igrejas, sindicatos, e apoio às milícias de latifundiários para extermínio sistemático e impune de índios e posseiros em toda a Amazônia e Nordeste brasileiro.
Campanha de difamação contra bispos, pastores, líderes políticos em canais de televisão para indispor a opinião pública e favorecer a repressão.
Proibição de citar o nome de Dom Helder Câmara em qualquer órgão de imprensa do Brasil por mais de 20 anos, quer notas positivas quer negativas.
Bombas explodidas em todo o território nacional e em particular no episódio do Riocentro a mando de generais e grupos terroristas dentro das Forças Armadas.
Perseguição aos artistas brasileiros.
Formação da ARENA, partido de direita manipulado pelos militares e elite financeira do Brasil.
Repressão e perseguição da UNE e invasão da PUC-SP pelo coronel Erasmo Dias.
No Brasil houve 695 processos contra cidadãos marcados como subversivos de Estado e entre estes houve alguns cristãos. Seus nomes foram guardados pelo Projeto Brasil Nunca Mais, coordenado pela Arquidiocese de São Paulo, sob a direção do Cardeal Paulo Evaristo Arns, com a colaboração eficaz de advogados, jornalistas e sobretudo, do chamado bispo auxiliar do cardeal dos direitos humanos, o reverendo presbiteriano Jaime N. Wright. Nesse dossiê imenso constam os nomes de padres, bispos, religiosos e leigos da Igreja Católica que foram perseguidos no Brasil. Três destes processos datam do ano de 1964 e todos os demais são de 1968 e anos posteriores. O mais clamoroso, foi o processo de número 100, contra os frades da Ordem Dominicana em São Paulo. Foram acusados de manter ligações com Carlos Marighella. Foram presos frei Betto; frei Fernando Brito; frei Yves do Amaral Lesbaupin e Frei Tito de Alencar Lima, entre outros frades aprisionados em todo o Brasil, com a tortura de alguns dos freis levando como decorrência de tanta brutalidade à morte, frei Tito de Alencar Lima. O processo BNM 595 contra 34 religiosos de várias congregações, padres, ex-padres e professores de teologia ligados à Igreja de Belo Horizonte - MG, só por terem assinado um manifesto contra o assassinato do estudante Edson Luís Lima Souto, em 29 de março de 1968. Em Porto Alegre-RS foi aberto o processo BNM 453 contra a apresentação de peça teatral no salão paroquial em Vila Niterói, Canoas. Oito pessoas foram denunciadas. A situação era tão patética e absurda que um processo BNM 470 foi aberto contra o seminarista jesuíta espanhol Francisco Carlos Velez Gonzales, residente no Brasil, por ter feito editar e divulgar uma versão da encíclica Populorum Progressio, do papa Paulo VI. O processo BNM 136 foi aberto contra oito padres e ex-padres da diocese de Itabira-MG, para atingir frontalmente o então bispo dom Marcos Antônio Noronha. O processo BNM 65 feito contra Madre Maurina Borges da Silveira, em Ribeirão Preto – SP, sua posterior deportação para o México, e a consequente excomunhão dos delegados torturadores da cidade de Ribeirão Preto: Miguel Lamano e Renato Ribeiro Soares. Pelo processo BNM 467 foram acusados e torturados a professora e educadora Maria Nilde Mascellani, o jornalista Dermi Azevedo, Darcy Andozia Azevedo, e o filho de ambos, Carlos Alexandre Azevedo, também torturado, no Departamento Estadual de Ordem Política e Social (DEOPS) paulista com um ano e oito meses de idade, em 1974. Neste mesmo processo foram presos e torturados os membros da Pastoral Operária de São Paulo, entre os quais Waldemar Rossi. Foram presos sob o comando do então delegado torturador Sérgio Paranhos Fleury. Waldemar Rossi será absolvido na Justiça Militar em 1978, mas as sequelas da tortura jamais foram curadas. Em julho de 1980, será Waldemar Rossi quem falou ao Papa João Paulo II, em nome dos trabalhadores brasileiros no Estádio do Pacaembu comentando as dores dos operários e da Igreja com eles comprometida (cf. Mitra Arquidiocesana de São Paulo, Perfil dos atingidos – Projeto Brasil Nunca Mais, Petrópolis: Vozes, 1988).
Fontes: relatórios da CNV, dados de Luiz Claudio Cunha e informes do gabinete do Deputado Adriano Diogo, da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, dados do livro Brasil, nunca mais.

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