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Evo cresce 14 pontos em toda a Bolívia e até na "meia lua"
O último resultado parcial do referendo de domingo (10) na Bolívia, com 94,24% dos votos apurados, dava uma vantagem para o "Sim" ao presidente Evo Morales de mais de dois terços dos votos válidos: 67,6% a favor de Evo, contra 53,7% na eleição presidencial de 2005. Mas tem mais: Evo elevou sua votação em oito dos nove departamentos bolivianos, inclusive todos os quatro da "meia lua", cujos governadores se empenham numa aventura separatista.
Por Bernardo Joffily
Fonte: Corte Nacional Eleitoral da Bolívia
Não é verdade que houve uma espécie de empate nas urnas, com a preservação do mandato de Evo, de um lado, e dos governadores da "meia lua", de outro. É o que a mídia dominante vem dizendo. Porém o mapa ao lado mostra o contrário.
O mapa compara, departamento por departamento, os resultados de duas votações bolivianas. A de dezembro de 2005, que elegeu o primeiro presidente indígena da história da Bolívia; e o referendo revocatório de domingo passado, que revalidou este mandato. Observe que Evo Elavou o seu percentual de votos em todos os departamentos exceto Chuquisaca, onde recuou 0,25% ponto, cerca de 450 votos, mas manteve uma razoável maioria.
A "meia lua'' está mudando
Outra informação importante, sonegada pela mídia, é o peso eleitoral de cada departamento. O mapa mostra que três dos quatro departamentos da "meia lua" têm pouco peso em termos de população e eleitorado (embora Tarija, sobretudo, possua grandes reservas de petróleo e gás natural). A exceção é Santa Cruz, que não só é um departamento extenso e rico, mas também o terceiro mais populoso da Bolívia (a cidade de Santa Cruz, sua capital, já supera La Paz em habitantes).
No entanto, olhemos mais de perto os resultados de Santa Cruz nas duas eleições. Em 2005, Evo teve 208 mil votos. Mas deve chegar a algo em torno de 247 mil quando terminar a apuração do dia 10. Em termos relativos, passou de 33,17% para 39,43%, um avanço de mais de seis pontos.
Nos outros departamentos da "meia lua", o avanço do apoio ao governo popular do MAS (Movimento Ao Socialismo, o partido de Evo) foi ainda mais espetacular. Em Pando ouve uma virada, e o "Sim" a Evo venceu com 52,5%. Em Tarija, praticamente um empate, pois o "Não" venceu por 0,34%, ou cerca de 600 votos. Numa palavra, a "meia lua" está mudando, e na direção oposta à desejada pelos oligarcas locais.
Vitória nítida mas não por nocaute
Este avanço, mais a vantagem de dois votos para um obtida pelo presidente, superando os 50% em seis dos nove departamentos, e o empate em Tarija, mostram um nítido vencedor no referendo de domingo: a proposta popular-antiimperialista e radical-democratizante representada por Evo Morales.
Pode-se alegar que não foi uma vitória por nocaute. Os mandatos de dois dos seis governadores oposicionistas foram revogados pelo voto popular, porém os de outros quatro foram validados.
Daí a provocação racista do mais perigoso deles, Rubén Costas, de Santa Cruz, que em seu primeiro discurso depois do referendo chamou o presidente da República de "macaco". Daí também a hábil iniciativa de Evo, que tira partido da vitória nas urnas para reafirmar seu apelo ao diálogo com os governadores.
Os dois movimentos fazem todo sentido. Costas provoca não só por preconceito antiindígena – arraigado na oligarquia boliviana – mas também de caso pensado: ao radicalizar, tenta impedir que sua base política continue se estreitando. Enquanto Evo aposta numa negociação que faça valer a vontade da maioria mas afaste o perigo separatista, disfarçado de autonomista.
Fonte:Vermelho.
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