Carlos Newton
Como dizia Vinicius de
Moraes, de repente, não mais que de repente, as Centrais Sindicais
decidiram mostrar serviço. Passaram dez anos em estado letárgico,
acomodadas às mordomias do poder. Mas agora, com a eleição presidencial
já nas ruas, essas entidades resolveram mostrar serviço e está
pressionando muito o governo contra o avanço da terceirização no serviço
público, que já se tornou o maior problema da Justiça do Trabalho, com
recorde absoluto de ações movidas por terceirizados.
Foi a pressão sindical que
conseguiu adiar a votação do chamado PL da Terceirização – o Projeto de
Lei 4.330, de autoria do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que tramita
na Câmara desde 2004 e arrasa as conquistas trabalhistas brasileiras, a
propósito de “regulamentar a terceirização”.
O projeto só não entrou na
pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos
Deputados na quarta-feira, como era a expectativa dos empresários,
porque manifestantes convocados pelas Centrais Sindicais lotaram o
plenário da CCJ e impediram que o projeto fosse colocado em votação.
ADIAMENTO
Diante da pressão, o
adiamento foi decidido durante a tarde e os líderes partidários fecharam
acordo de não apresentar requerimento para inclusão da matéria nas
próximas sessões . Segundo o presidente da Comissão, deputado Décio Lima
(PT-SC), a proposta só deve entrar em discussão dia 3 de setembro.
“Foi importante suspender a votação para continuar a negociação entre trabalhadores, empresários, governo e parlamentares, buscando acordo”, acrescentou Sergio Luiz Leite, 1º secretário da Força Sindical e presidente da Federação dos Químicos de São Paulo.
Uma nota conjunta divulgada terça-feirapelas Centrais reafirmou a disposição de continuar a negociação e manter a unidade de ação na luta contra os “males que a terceirização impõe à classe trabalhadora”. “Somos contrários a este projeto do modo como se apresenta”, destaca o presidente da Nova Central, José Calixto Ramos.
O assunto é explosivo e os três níveis de governo – federal, estadual e municipal – são cúmplices na exploração dos trabalhadores terceirizados.
Fonte: Tribuna da Imprensa.
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