sexta-feira, 16 de agosto de 2013

EGITO - A cumplicidade americana e européia.

Na guerra civil no Egito, a cumplicidade norte-americana e europeia

No Egito, como era esperado, uma guerra civil. Com a cumplicidade e participação norte-americana e europeia cujo silêncio, na prática, significou o apoio ao golpe de Estado, ao enterro da Primavera egípcia e à volta ao poder dos militares que dominam grande parte da economia (calcula-se que cerca de 40%) para impor o de sempre: a política do FMI e dos interesses geopolíticos dos Estados Unidos e do Velho Continente. E como sempre também para proteger Israel e continuar a ofensiva contra o Irã.

O massacre da oposição ao golpe e a violência da ação policial e dos militares exige que a comunidade internacional, as Nações Unidas imponham um cessar fogo imediato e a retirada dos militares do poder. Exige um acordo nacional e a reconvocação de eleições imediatas. Na verdade, o mínimo seria a devolução do poder para os eleitos democraticamente. Os protestos mobilizam centenas de milhares de cidadãos que exigem a restauração da democracia no país.
Fica registrado - nem se pode deixar de fazê-lo - a vergonhosa participação e o apoio de forças de esquerda e democráticas egípcias aos golpistas e mesmo de parcelas significativas da classe média do país, simbolicamente representada pela participação de El Baradei no golpe e no governo golpista, e agora sua renúncia do cargo de vice-presidente da República.

Apoia das potências expresa a crueza dos objetivos econômicos

O apoio dos Estados Unidos e da União Europeia ao Golpe Militar expressa a total hipocrisia e a crueza dos objetivos políticos e econômicos dessas potências que em nome da democracia e dos direitos humanos invadiram e destituíram governos no Iraque e na Líbia  e há meses tentam o mesmo na Síria.

Autoridades epípcias confimaram hoje que cerca de 500 pessoas morreram na guerra civil no país ontem e mais de duas mil ficaram feridas nesta 4ª feira, vítimas da repressão das forças de segurança contra os manifestantes. Os números são dos ministérios do Interior e da Saúde do Egito, divulgados pela agência estatal de notícias Mena.Mas a oposição adverte: o número de mortos desta 4ª feira ultrapassa 1 mil e são milhares os feridos. 2001 pessoas foram socorridas por ferimentos sofridos durante a repressão de ontem.

Na verdade, a investida das forças de segurança deixou um número indefinido de mortos: enquanto a Irmandade Muçulmana denuncia que o número chega a milhares de vítimas. Horas depois do massacre, o ministro do Interior, Mohamed Ibrahim, em discurso em rede nacional culpou partidários da Irmandade por tentar “espalhar o caos no país”.

Violência tomou conta do país


Antes desta 4ª sangrenta, mais de 300 pessoas já morreram na violência política desde que o Exército derrubou Mursi em 3 de julho, incluindo dezenas de seus partidários mortos pelas forças de segurança em dois incidentes anteriores. A violência tomou conta do Cairo e de diversas cidades do Egito desde as primeiras horas da manhã da 4ª feira, depois de a polícia ter usado veículos blindados, tratores e helicópteros para desmantelar dois acampamentos de protesto na capital pela reposição no posto do presidente deposto Mohammed Morsi. primeiro presidente eleito democraticamente na história egípcia, Morsi foi deposto em um golpe militar em 3 de julho.

Nas horas que se seguiram à repressão, o governo interino do Egito declarou estado de emergência nacional e impôs um toque de recolher noturno válido para o Cairo e mais 10 províncias nas quais Morsi goza de amplo apoio popular. Dois generais e dois coronéis figuram entre os policiais mortos; dois profissionais de imprensa estrangeiros estão entre os civis mortos. Segundo o Ministério do Interior, partidários do presidente deposto atacaram 21 delegacias e depredaram sete igrejas em diferentes partes do país. Os manifestantes tb invadiram a sede do Ministério das Finanças do Egito e ocuparam o piso térreo.

Após o massacre promovido pelo Exército na remoção de dois acampamentos de partidários do ex-presidente Mursi no Cairo, o Prêmio Nobel da Paz e vice-presidente interino, Mohamed El Baradei, anunciou sua renúncia. Em carta, ele afirmou que houve a chance de uma solução pacífica para a crise política e reforçou que deixa o governo por não concordar com a repressão. O Egito decretou estado de emergência em todo o país durante um mês a partir desta 4ª feira, e toque de recolher nas principais cidades, incluindo o Cairo, Alexandria e Suez.

Megaoperação de repressão foi desencadeada na madrugada


Nesta 4ª, as primeiras horas da manhã, milhares de simpatizantes do ex-presidente islâmico, reunidos há seis semanas nas praças Rabaa al-Adawia e al-Nahda, no Cairo, acordaram com uma megaoperação do Exército. Helicópteros da polícia sobrevoavam as áreas, enquanto escavadeiras retiravam as tendas dos manifestantes.

Autoridades egípcias informaram que muitas lideranças da Irmandade Muçulmana foram detidas na intervenção policial. Nenhuma barricada foi capaz de deter a ação policial. Uma fumaça foi vista subindo acima dos acampamentos e testemunhas relataram que a polícia disparou gás lacrimogêneo até contra crianças.

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