A estratégia de Alckmin para lidar com a crise
Sugerido por veras
Do Uol
Enrolado, Alckmin se agarra às más companhias
O governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin, convocou uma entrevista coletiva para repassar aos jornalistas
duas informações sobre o conluio que fraudou licitações para a compra de
equipamentos de trens e do metrô:
1. Seu governo não está na chuvasozinho: “Não houve cartel só em São Paulo. […] Há irregularidades em licitações de transporte e energia em diversos outros Estados e também em obras do governo federal.”
2. A delatora Siemens será processada: “A empresa foi chamada duas vezes pela controladoria do Estado de São Paulo para prestar esclarecimentos. E, por duas vezes, se recusou a colaborar com as investigações. Cabe a nós, agora, conseguir o ressarcimento devido ao Estado.” Paradoxalmente, os contratos serão mantidos.
É curiosa, muito curiosa, curiosíssima a movimentação do tucanato. A plateia fica com a impressão de que as plumas e os bicos só se eriçam quando alguém grita “pega ladrão”.
Trocando em miúdos: descobriu-se que os trilhos de São Paulo cheiravam mal em 2008. Naquele ano, noticiou-se no estrangeiro que a fancesa Alstom encontrava-se sob investigação na França e na Suíça. A empresa pagara propinas ao redor do mundo, inclusive no Brasil. Só no metrô de São Paulo, a Alstom distribuíra por baixo da mesa US$ 6,8 milhões. (Nessa fase, a encrenca também tinha ramificações noutros Estados e no governo federal, então sob Lula).
Uma autoridade envolvida nessa apuração que veio à luz em 2008 relatara que, três anos antes, pessoas responsáveis pelas compras de equipamentos em São Paulo sugeriram à Alstom que desse “um presente político para o caixa do partido”. Que partido? Desde 1995, a agremiação que dá as cartas no Estado é o PSDB.
Surpreendido pela notícia, o tucanato prometera rigorosas apurações. E nada. Num raciocínio de lavadeira, os tucanos imaginaram que bastaria colocar o ferro em cima do escândalo e esperar o tempo passar. Erro. De repente, a alemã Siemens, parceira da Alstom num dos contratos do metrô paulista, propôs ao Cade trocar autodelação por leniência punitiva.
Celebrado o acordo, a Siemens levou à mesa as cartas marcadas de São Paulo, do Distrito Federal e, pelo que diz Alckmin, também de outras praças. O que faz Alckmin? Finge que 2008 não existiu, declara que seu governo é “vítima”, insinua que o estouro de cartéis é atribuição do Cade, trata o denunciante a pontapés e liga o ventilador: “Não houve cartel só em São Paulo.” Novo erro.
As más companhias não melhoram nem pioram ninguém. Judas andava com Cristo. E vice-versa. Na verdade, o que as más companhias –e sobretudo as péssimas companhias— oferecem é a ilusão que faz certas pessoas se imaginarem melhores do que são. O PSDB ainda não se deu conta. Mas as ruas cheias de junho revelaram o surgimento de um Brasil diferente. Um país que já não aceita passivamente o papel de bobo.
Do Uol
Enrolado, Alckmin se agarra às más companhias
Josias de Souza
1. Seu governo não está na chuvasozinho: “Não houve cartel só em São Paulo. […] Há irregularidades em licitações de transporte e energia em diversos outros Estados e também em obras do governo federal.”
2. A delatora Siemens será processada: “A empresa foi chamada duas vezes pela controladoria do Estado de São Paulo para prestar esclarecimentos. E, por duas vezes, se recusou a colaborar com as investigações. Cabe a nós, agora, conseguir o ressarcimento devido ao Estado.” Paradoxalmente, os contratos serão mantidos.
É curiosa, muito curiosa, curiosíssima a movimentação do tucanato. A plateia fica com a impressão de que as plumas e os bicos só se eriçam quando alguém grita “pega ladrão”.
Trocando em miúdos: descobriu-se que os trilhos de São Paulo cheiravam mal em 2008. Naquele ano, noticiou-se no estrangeiro que a fancesa Alstom encontrava-se sob investigação na França e na Suíça. A empresa pagara propinas ao redor do mundo, inclusive no Brasil. Só no metrô de São Paulo, a Alstom distribuíra por baixo da mesa US$ 6,8 milhões. (Nessa fase, a encrenca também tinha ramificações noutros Estados e no governo federal, então sob Lula).
Uma autoridade envolvida nessa apuração que veio à luz em 2008 relatara que, três anos antes, pessoas responsáveis pelas compras de equipamentos em São Paulo sugeriram à Alstom que desse “um presente político para o caixa do partido”. Que partido? Desde 1995, a agremiação que dá as cartas no Estado é o PSDB.
Surpreendido pela notícia, o tucanato prometera rigorosas apurações. E nada. Num raciocínio de lavadeira, os tucanos imaginaram que bastaria colocar o ferro em cima do escândalo e esperar o tempo passar. Erro. De repente, a alemã Siemens, parceira da Alstom num dos contratos do metrô paulista, propôs ao Cade trocar autodelação por leniência punitiva.
Celebrado o acordo, a Siemens levou à mesa as cartas marcadas de São Paulo, do Distrito Federal e, pelo que diz Alckmin, também de outras praças. O que faz Alckmin? Finge que 2008 não existiu, declara que seu governo é “vítima”, insinua que o estouro de cartéis é atribuição do Cade, trata o denunciante a pontapés e liga o ventilador: “Não houve cartel só em São Paulo.” Novo erro.
As más companhias não melhoram nem pioram ninguém. Judas andava com Cristo. E vice-versa. Na verdade, o que as más companhias –e sobretudo as péssimas companhias— oferecem é a ilusão que faz certas pessoas se imaginarem melhores do que são. O PSDB ainda não se deu conta. Mas as ruas cheias de junho revelaram o surgimento de um Brasil diferente. Um país que já não aceita passivamente o papel de bobo.
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