O resultado das 2ª e 3ª Rodadas de Licitação de blocos do pré-sal confirma o que a FUP vem há tempos alertando: o petróleo brasileiro está no centro das disputas geopolíticas e foi e continua sendo o grande motivador do golpe que sangra o país. As maiores petrolíferas do mundo travaram uma disputa acirrada por estas reservas bilionárias, entregues a preços vis pelo governo Temer.
Em troca de R$ 6,15 bilhões em bônus de assinatura, dez empresas levaram seis campos de petróleo de alta produtividade na mais cobiçada fronteira petrolífera do planeta. Como as estimativas da própria ANP são de que as áreas leiloadas contenham cerca de 12 bilhões de barris de petróleo, cada litro saiu por R$ 0,01 para as multinacionais.
A disputa pelo petróleo brasileiro foi tão acirrada que as petrolíferas aceitaram quadruplicar os percentuais mínimos estipulados pelo governo para os excedentes de óleo a que o Estado tem direito no regime de partilha. A média estabelecida nos editais da ANP foi de 16% e ao final dos leilões saltou para 56%, o que prova o quanto o governo havia rebaixado os valores para entregar a qualquer custo reservas de altíssima viabilidade econômica.
Será que o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, vai se retratar sobre a afirmação leviana que fez de que o pré-sal foi endeusado pelas gestões anteriores da empresa?
Os excedentes de óleo que deverão ser ofertados à União poderiam ser ainda maiores se a Shell não tivesse se aproveitado dos percentuais mínimos para levar de bandeja as áreas de Alto de Cabo Frio Oeste e o Sul de Gato do Mato, onde já era operadora. A multinacional anglo-holandesa foi uma das mais beneficiadas pelos leilões, avançando agressivamente sobre o pré-sal brasileiro, que, segundo o presidente da empresa, “é onde todo mundo quer estar”.
Menos Pedro Parente, que doou para a Statoil a preço de banana a participação da Petrobrás em Carcará e agora assiste a norueguesa adquirir mais uma parte nobre do campo, que poderia estar sob operação da estatal brasileira. Enquanto entreguistas como Parente e Temer doam o futuro do povo brasileiro, as estatais chinesas vão aumentando a participação na fronteira petrolífera “onde todo mundo quer estar”. O mesmo faz a norte-americana Exxon Mobil, que já havia sido agraciada em setembro pela ANP ao levar na 14ª Rodada blocos estratégicos da franja do pré-sal.
Não é só a soberania do Brasil que é assaltada pela entrega do nosso petróleo. O país perde em arrecadação, ao abrir mão de tributos e excedentes de óleo, cujos recursos seriam destinados ao Fundo Social para a saúde e a educação, e perde também em empregos e em investimentos. O desmonte da política de conteúdo local imposta pelo governo foi amplificada pela Medida Provisória 795, que isenta de impostos as multinacionais para que importem livremente plataformas, equipamentos e peças que deveriam ser produzidas no Brasil, gerando empregos e renda no país e não no exterior.
O mais absurdo é ver a nação assistir a tudo isso entorpecida pelo golpe que reduz nosso país aos tempos de colônia.