General diz que se esquerda voltar “a vontade do povo será respeitada” e Míriam Leitão não gosta da entrevista

19/06/2021  Por REDAÇÃO URBS MAGNA
General diz que se esquerda voltar “a vontade do povo será respeitada” e Míriam Leitão não gosta da entrevista

A jornalista do Globo, Míriam Leitão afirmou, em postagem no Twitter, na manhã deste sábado (19), que “parte da cúpula das Forças Armadas está ameaçando o país” ao se referir a trechos prévios de uma entrevista que a Veja antecipou, com declarações do general Luis Carlos Gomes Mattos – presidente do Superior Tribunal Militar. Na matéria, o militar afirma que se esquerda voltar “a vontade do povo será respeitada” e também defende a democracia e o sistema eleitoral vigente no Brasil demonstrando que se Lula for eleito não haverá retorno: “Nós passamos quantos anos em governos de esquerda?”, indaga o general na entrevista.

Para Mattos, “o Brasil tem a sua democracia consolidada, onde os poderes e as instituições vêm cumprindo o seu papel. Exerceremos o direito democrático do voto e, certamente, prevalecerá a vontade da população brasileira.

Na entrevista, o general que tem 73 anos, diz: “Outro absur­do que dizem por aí é que as Forças Armadas foram capturadas pelo governo. Não fomos capturados por ninguém. Nós passamos quantos anos em governos de esquerda? As Forças Armadas se mantiveram fiéis ao presidente, que é o comandante em chefe das forças, seja ele de que ideologia for”.

Apesar de Mattos considerar que Lula não tem sua preferência de voto, tampouco aos de sua classe, quando afirma que “o brasileiro precisa saber votar“, há um sinal claro de que não há a menor preocupação dos militares sobre a possibilidade da volta de um governo de esquerda. Isso é visível quando declara que “tivemos governos ditos de esquerda desde Fernando Henrique Cardoso. As Forças Armadas continuarão a cumprir sua missão da mesma maneira, independentemente de quem for eleito. Muita gente pode não querer, mas a vontade do povo vai ser respeitada“.

O povo brasileiro tem de saber votar nas pessoas que vão responder às necessidades do país. (…) Um governo que faça as coisas sem corrupção.“Outro absurdo que dizem por aí é que as Forças Armadas foram capturadas pelo governo. Não fomos capturados por ninguém. Nós passamos quantos anos em governos de esquerda?”, disse o general.

Mas, claro, a entrevista na Veja teve como assunto principal a defesa, pelo Gal. Mattos, do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e do presidente da República, Jair Bolsonaro, sob o referencial de Míriam Leitão, no Twitter, cuja opção eleitoral foi escancarada na revista.

Mattos considera os acontecimentos na CPI da Covid uma “falta de respeito” e diz se sentir incomodado com isso opinando que “ele [Pazuello] não vai ser acusado de nada. E, se acontecer, isso não vai abalar as Forças Armadas“. Sobre Bolsonaro, o general afirmou que ele “é um democrata, fala com o palavreado do povo, mas nada disso com a intenção de quebrar as estruturas, destruir as instituições, dar um golpe“.

Perguntado se concorda com o termo “genocida” com o qual Bolsonaro é acusado pela oposição, Mattos afirmou que o presidente “tomou todas as providências cabíveis” e, em sua visão, “às vezes o presidente toma uma providência e lá no final da fila o camarada não faz aquilo que era para ser feito. Se eu lhe dou um dinheiro para você fazer X, e você vai e faz Y, como eu posso ser responsabilizado por X?

Mattos também defende Bolsonaro dizendo que ele “não demorou a compar vacinas: “Toda autoridade tem responsabilidade jurídica. Eu tomo uma decisão do tribunal, mas se eu tomar uma decisão errada, o meu CPF é que está lá, e eu vou responder como pessoa física. Quem vai sofrer as consequências sou eu”.

O general também diz que Bolsonaro “se elegeu para combater a corrupção. E de todas as maneiras estão tentando atribuir alguma coisa a ele e não conseguiram até agora. Deviam deixar o presidente governar, mas não deixam. Quem critica Bolsonaro faz isso de manhã, de tarde, de noite. Tudo atribuem ao presidente. Tudo de errado. Será que você aguentaria isso? Que reação eu teria? Não sei. E alguma coisa boa atribuem? O Brasil está crescendo, a economia está crescendo, mesmo com todas as dificuldades. Não tenho dúvida de que estão esticando demais a corda (…) “todos aqueles que são contra o governo… porque a política é assim: tem gente contra e tem gente a favor. Quem está contra logicamente vai esticar essa corda, como se diz, até que ela arrebente. Esses, na verdade, são os que não têm muito apreço pela democracia, os que defendem ditaduras e apoiam ditadores. Quando a corda vai arrebentar? Isso eu não sei”.

Preocupada com o significado de “esticar a corda”, a reportagem da Veja insiste em uma melhor definição para o termo e Mattos diz que seria “tomar uma medida fora da Constituição. Não tenho dúvida de que estão esticando, para ver até onde se pode ir. Tenho a certeza de que nós já suportamos muito. Nós saímos dos governos militares com a maior credibilidade institucional no país. Por quê? Porque aplicamos e não desviamos o pouco que recebemos. Essa verdade incomoda muita gente, porque, apesar de tudo o que falaram dos militares — “autoritário, ditador” —, nós continuamos e vamos continuar cumprindo a nossa missão“.

Sobre a Lei de Segurança Nacional, o general diz que “há, de fato, a discussão sobre se ela está ou não completamente alinhada aos cânones constitucionais, inclusive com ação no STF. É importante destacar que deve existir o ordenamento legal que discipline e controle o comportamento do cidadão diante de situações que ponham em risco a segurança nacional. Não podemos viver em um mundo de sonhos em que pensemos que, de alguma maneira, a segurança nacional não pode ser afetada“.