Nesta sexta-feira (17) a 20ª edição da Festa da Colheita do Arroz Agroecológico celebrou não somente a expectativa de se colher cerca de 16 mil toneladas do grão, como também exaltou um modo de produzir que representa uma visão de mundo oposta àquela que busca cada vez mais explorar o ser humano e a natureza, visando o lucro de poucos e a destruição de quase tudo.
Hoje, as cooperativas do MST são as maiores produtoras de arroz orgânico da América Latina, com 3,2 mil hectares de plantação. Mas a lógica que guia as 352 famílias de 22 assentamentos do Rio Grande do Sul é a da cooperação e do respeito ao meio ambiente e também à saúde de quem consome o produto, já que se trata de um alimento livre de agrotóxicos.
"O MST gravou no território brasileiro uma luta para mudar o sistema, para mudar a forma de distribuição da terra, o modelo fundiário. Mas, ao longo desses anos também mostrou que é possível fazer outra forma de agricultura", resume o pesquisador Marthin Zang, assentado do Sepé Tiaraju, ao Brasil de Fato. Ele, junto com outros assentados, falou a respeito dessa experiência nesta reportagem.
E a tarefa de produzir alimentos saudáveis em um país que licenciou no governo Bolsonaro mais de 2 mil venenos agrícolas e que, só em 2022, viu a contaminação por agrotóxicos crescer 161,3%, não é nada trivial. Para quem está no campo, contudo, significa emancipação. E talvez por isso outros tantos fiquem incomodados.
“A gente vê aqui a luta do povo. Ontem eu tive a oportunidade de comer o arroz preto e o arroz vermelho. Eu enchi o meu prato e falei pros meus companheiros que aquilo tinha sido produzido pela classe trabalhadora", contou ao BdF a ativista do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) Márcia de Carvalho, que esteve no Festival em Viamão. Confira a impressão de outras pessoas que foram ao evento aqui.
Democratizar a alimentação saudável
A culinarista Bela Gil, especialista e ativista da alimentação saudável, compareceu e lembrou que as pessoas nem sempre fazem a conexão entre aquilo que consomem e o que foi feito para que aquela comida chegasse até à mesa. Ressaltou ainda a questão do acesso ao alimento de boa qualidade em um país no qual, segundo ela, 157 mil pessoas morrem por ano em função de problemas relacionados diretamente ao consumo dos ultraprocessados.
"Temos que pensar sempre de onde vem a nossa comida. As pessoas esquecem de onde a comida está vindo e vocês sabem muito bem que a comida vem da terra. Não tem como pensar em democratizar a alimentação saudável, sem veneno, agroecológica, sem pensar na reforma agrária, sem pensar na distribuição da terra. A gente vive em um dos países com maior concentração de terra. Esse problema precisa ser sanado. Tenho muita esperança que nesse governo a gente consiga resolver isso."
Quer ler mais sobre o que falou Bela Gil? Vem aqui.
E o feijão?
Quando falamos em arroz, quase que de imediato, por livre associação, surge em nossa mente a figura de seu parceiro querido, que já foi pauta diversas vezes no Brasil de Fato.
Segundo a publicação Arroz e feijão - tradição e segurança alimentar, elaborada pela Embrapa, o feijão já era consumido pelos povos originários antes mesmo de existir o conceito de “Brasil”. Se você quiser saber mais sobre essa história, confira a matéria.
Saiba também por que, de acordo com as tendências atuais de consumo o Brasil, o grão pode acabar deixando de fazer parte da dieta regular do brasileiro até 2025. E isso pode ser péssimo para a saúde.
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