segunda-feira, 8 de junho de 2009

PERU - Entidades condenam massacre e cobram fim da repressão.

Entidades e partidos políticos condenaram, nesta segunda-feira, o massacre ocorrido no último dia 6, no Peru, no qual morreram dezenas de manifestantes indígenas, além de políciais. O Partido Comunista Peruano (PCP), o Partido Comunista do Peru - Pátria Roja e o Partido Nacionalista Peruano divulgaram pronunciamentos, nos quais responsabilizam o governo de Alan Garcia pelas mortes, cobram sanções e convocam uma mobilização para reivindicar o fim da repressão e apoiar as comunidades amazônicas peruanas.

''O responsável desses lamentáveis fatos é o governo aprista que, longe de resolver as demandas do povos amazônico, responde com violência contra os cidadãos indefesos'', afirma a nota do PCP. As mortes aconteceram durante investida das tropas policiais do governo Alan Garcia contra comunidades amazônicas que protestavam contra decretos do Executivo, que deixariam os territórios indígenas vulneráveis.

''Nos somamos a instituições da sociedade civil que exigem do Congresso da República a imediata derrubada dos decretos inconstitucionais. E exigimos do governo que cesse imediatamente a repressão'', completa o texto do PCP.

O partido afirma que os recentes acontecimentos representam o ponto mais alto da ''crise de governabilidade do presidente'' e o ''completo desprestígio do governo aprista''. ''A incompetência de Alan García resultou num redemoinho de violência que, se não for detido, colocará em grave risco a ordem democrática'', avalia a sigla.

Na mesma linha, o Pátria Roja afirma que o responsável direto pelo massacre é o governo, que ''embarcou em uma estratégia de desgaste do movimento e 'diálogos' enganosos, campanhas midiáticas para desprestigiar a luta indígena e de manobras confrontar os povos''.

Lideres indígenas afirmaram, ontem, que cerca de 40 manifestantes foram mortos; o governo, por sua vez, disse que 23 membros das forças de segurança também morreram em dois dias de confrontos.

''A luta dos povos amazônicos é inteiramente justa, conforme reiterou a Defensoria do Povo, que pôs em evidência a inconstitucionalidade dos citados decretos, que 'não respeitam os direitos à identidade cultural, de propriedade de terra e de consulkta prévia aos povos indígenas''' diz o Patria Roja, que acusa o governo de ser entreguista.

''Empenhado em aprofundar a todo custo o modelo neoliberal, prefere manchar as mãos de sangue (..) a afetar os interesses das grandes transnacionais a que serve'', afirma o comunicado, segundo o qual, ''o governo deve responder pelos mortos e feridos na brutal ação'' policial. ''O país exige sanção aos responsáveis''.

Os partidos e entidades civis convocam a sociedade à mobilização em apoio às comunidades nativas e para ''deter a escalada autoritária e repressiva''. No dia 11 de junho, uma marcha deverá seguir até o palácio do governo para condenar o massacre, protestar contra o governo Alan Garcia e o modelo neoliberal e pressionar pela derrubada dos decretos.

Os indígenas awajún-wampis iniciaram seu protesto em abril para exigir a eliminação do Decreto Supremo 1090, de autoria do presidente Alan García. O governante alega que o objetivo da matéria é elevar o investimento privado em zonas ricas em recursos naturais, como petróleo e gás. Os indígenas acusam o governo de cobiçar suas terras. O decreto faz parte de um pacote de medidas no âmbito do TLC (Tratado de Livre Comércio) assinado entre o Peru e os Estados Unidos.

O Partido Nacionalista Peruano também denunciou ''a monobra política do governo, que prefere a matança das comunidades nativas à derrubada dos decretos lesivos à Amazônia''. A legenda cobra o respieto aos direitos humanos e pede a solidariedade contra o desaparecimento dos povos originários.

Movimentos

Organizações populares, sociais e políticas agrupadas na Coordenação Política e Social (CPS) também emitiram nota, na qual exigem a retirada das forças repressivas de Bagua e o ingresso de ambulâncias, da Cruz Vermelha e da Defensoria do Povo no local, assim como cobra que se atenda adequadamente aos feridos e se restabeleça o serviço de iluminação na zona.

''Alertamos contra as represálias que estão preparando contra os dirigentes nativos, sobre quem pesa perseguição e possível detenção. Reivindicamos que cesse a campanha midiática mentirosa que busca abrandar a opinião pública para justificar a repressão e o autoritarismo'', diz o texto.

Apoio pelo mundo

O repúdio ao confronto com indigenas não ficou restrito ao Peru. Entidades de diversos países se manifestaram em solidariedade à comunidades amazônicas. O Partido Comunista do Brasil informou, por meio da secretaria de Relações Internacionais, que se soma às formações da oposição peruana na solidariedade às vítimas e na condenação veemente do massacre.

Na Colômbia, organismos defensores dos direitos humanos, organizações e instituições sociais reuniriam-se hoje (08), em frente à Embaixada do Peru, em Bogotá. O encontro teria o objetivo de rechaçar os massacres promovidos pelo governo peruano e de respaldar a luta indígena em defesa da vida, dos direitos humanos, da terra e da biodiversidade amazônica.

No México, a delegação de indígenas que participaram da IV Cúpula Continental de Povos e Nacionalidades Indígenas de Abya Yala também presta apoio os peruanos através de uma carta, que será enviada ao presidente do Perú, Alan García.

No comunicado, organizações, grupos sociais e povos indígenas do México mostram-se indignados com os últimos acontecimentos no Peru e exigem do governo a paralisação das agressões contra os indígenas peruanos e o "cancelamento dos acordos internacionais - como o TLC [Tratado de Livre Comércio] - que violentam a vida dos povos indígenas peruanos".

A organização Survival International pediu, hoje, às empresas petroleiras que suspendessem as operações na Amazônia peruana enquanto o país "vive um dos piores episódios de violência política".

Em nota divulgada no site da organização, o diretor da Survival, Stephen Corry, afirmou que os protestos mostram que os indígenas não estão mais dispostos a tolerar as ilegalidades e violências que se empregam contra as comunidades.

"As empresas petroleiras que trabalham no Peru deveriam suspender suas operações até que a calma restabeleça-se e os direitos territoriais dos indígenas sobre suas terras ancestrais sejam adequadamente respeitados: só então poderão negociar em termos de igualdade", comenta o diretor da organização.

►«...Nunca cantemos la vida de un mismo pueblo ni la flor de un solo huerto. Que sean todos los pueblos y todos los huertos nuestros…» - León Felipe♥

"Nos tienen miedo porque no tenemos miedo"
Fonte:À ilharga

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