Paul Krugman (Folha de S. Paulo)
“Onde fica a entrada VIP? Porque nós somos VIPs.” A declaração, feita por um doador que estava na fila de entrada de um dos recentes eventos de arrecadação de fundos que a campanha de Mitt Romney promoveu nos Hamptons, serve como resumo à atitude da elite endinheirada dos Estados Unidos.
A base política de Mitt Romney é formada por pessoas que se acham muito importantes. Especificamente, estamos falando de pessoas que acreditam ser, como declarou outro doador de verbas para Romney, “o motor da economia”: elas deveriam ser celebradas, e os impostos que pagam, já os mais baixos em 80 anos, deveriam ser reduzidos ainda mais.
“Infelizmente”, disse ainda outro doador, “as pessoas comuns – por exemplo, as manicures – não são capazes de entender o fato”.
Está bem, é fácil zombar dessa gente, mas quem ri por último são eles. Porque a turma do “eu sou VIP” capturou completamente o moderno Partido Republicano, a ponto de líderes importantes do partido considerarem que o aparente uso de contas multimilionárias no exterior por seu candidato à Presidência é aceitável e digno de elogios.
“Evitar pagar impostos, usando métodos legais, é uma atitude muito americana”, declarou o senador Lindsey Graham, republicano da Carolina do Sul.
E existe uma boa chance de que os republicanos capturem tanto a Casa Branca quanto o Congresso. Se isso acontecer, teremos uma virada radical na direção de políticas econômicas cuja proposta básica é a de que devemos ser muito solícitos para com os muito ricos. Por isso é importante que compreendamos por que essas políticas não funcionam.
A primeira coisa que é preciso saber é que os Estados Unidos nem sempre foram assim. Quando John Kennedy foi eleito presidente, em 1960, a riqueza do 0,01% dos norte-americanos mais endinheirados era equivalente a um quarto do valor atual, na comparação com uma família média – e os muito ricos pagavam impostos muito mais elevados do que pagam hoje.
E ainda assim conseguíamos ter uma economia dinâmica e inovadora que causava inveja ao mundo. Os muito ricos podem imaginar que é sua riqueza a Terra girar, mas a história afirma o oposto.
A essa observação histórica devemos acrescentar outra nota: diversos dos muito ricos atuais, entre os quais Romney, ganharam ou ganham seu dinheiro no setor financeiro, comprando e vendendo ativos em lugar de criar empresas no sentido tradicional.
De fato, a disparada na riqueza dos mais endinheirados com relação à média nacional aconteceu no mesmo período em que Wall Street passava por crescimento explosivo.
Será que lembrei de mencionar que os banqueiros resgatados agora apoiam Romney por maioria esmagadora, já que ele promete reverter as modestas reformas financeiras introduzidas depois da crise?
É claro que muitos, provavelmente a maioria, dos ricos fazem contribuição positiva para a economia. E recebem generosas recompensas monetárias por isso. No entanto, rendas anuais de US$ 20 milhões ou mais não bastam.
Eles também querem ser reverenciados e receber tratamento especial na forma de impostos baixos. E isso é algo que não merecem. Afinal, a “pessoa comum” também contribui com a economia. Por que conferir benefícios aos ricos?
Não devemos considerá-los mais importantes que os demais trabalhadores norte-americanos.
“Onde fica a entrada VIP? Porque nós somos VIPs.” A declaração, feita por um doador que estava na fila de entrada de um dos recentes eventos de arrecadação de fundos que a campanha de Mitt Romney promoveu nos Hamptons, serve como resumo à atitude da elite endinheirada dos Estados Unidos.
A base política de Mitt Romney é formada por pessoas que se acham muito importantes. Especificamente, estamos falando de pessoas que acreditam ser, como declarou outro doador de verbas para Romney, “o motor da economia”: elas deveriam ser celebradas, e os impostos que pagam, já os mais baixos em 80 anos, deveriam ser reduzidos ainda mais.
“Infelizmente”, disse ainda outro doador, “as pessoas comuns – por exemplo, as manicures – não são capazes de entender o fato”.
Está bem, é fácil zombar dessa gente, mas quem ri por último são eles. Porque a turma do “eu sou VIP” capturou completamente o moderno Partido Republicano, a ponto de líderes importantes do partido considerarem que o aparente uso de contas multimilionárias no exterior por seu candidato à Presidência é aceitável e digno de elogios.
“Evitar pagar impostos, usando métodos legais, é uma atitude muito americana”, declarou o senador Lindsey Graham, republicano da Carolina do Sul.
E existe uma boa chance de que os republicanos capturem tanto a Casa Branca quanto o Congresso. Se isso acontecer, teremos uma virada radical na direção de políticas econômicas cuja proposta básica é a de que devemos ser muito solícitos para com os muito ricos. Por isso é importante que compreendamos por que essas políticas não funcionam.
A primeira coisa que é preciso saber é que os Estados Unidos nem sempre foram assim. Quando John Kennedy foi eleito presidente, em 1960, a riqueza do 0,01% dos norte-americanos mais endinheirados era equivalente a um quarto do valor atual, na comparação com uma família média – e os muito ricos pagavam impostos muito mais elevados do que pagam hoje.
E ainda assim conseguíamos ter uma economia dinâmica e inovadora que causava inveja ao mundo. Os muito ricos podem imaginar que é sua riqueza a Terra girar, mas a história afirma o oposto.
A essa observação histórica devemos acrescentar outra nota: diversos dos muito ricos atuais, entre os quais Romney, ganharam ou ganham seu dinheiro no setor financeiro, comprando e vendendo ativos em lugar de criar empresas no sentido tradicional.
De fato, a disparada na riqueza dos mais endinheirados com relação à média nacional aconteceu no mesmo período em que Wall Street passava por crescimento explosivo.
Será que lembrei de mencionar que os banqueiros resgatados agora apoiam Romney por maioria esmagadora, já que ele promete reverter as modestas reformas financeiras introduzidas depois da crise?
É claro que muitos, provavelmente a maioria, dos ricos fazem contribuição positiva para a economia. E recebem generosas recompensas monetárias por isso. No entanto, rendas anuais de US$ 20 milhões ou mais não bastam.
Eles também querem ser reverenciados e receber tratamento especial na forma de impostos baixos. E isso é algo que não merecem. Afinal, a “pessoa comum” também contribui com a economia. Por que conferir benefícios aos ricos?
Não devemos considerá-los mais importantes que os demais trabalhadores norte-americanos.
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