Carlos Augusto de Araujo Dória, 82 anos, economista, nacionalista, socialista, lulista, budista, gaitista, blogueiro, espírita, membro da Igreja Messiânica, tricolor, anistiado político, ex-empregado da Petrobras. Um defensor da justiça social, da preservação do meio ambiente, da Petrobras e das causas nacionalistas.
sábado, 28 de julho de 2012
GEOPOLÍTICA - Nova relação de poder em escala mundial.
O mundo bipolar na época da URSS e da "guerra fria". A direita brasileira ainda comporta-se como submissa aliada dos EUA.
Por Emir Sader
“Entre as coisas que mais incomodam a direita latino-americana estão os processos de integração regional. Um argumento forte que a direita sempre usava e que tende, cada vez mais, a perder força, é o que consideravam “caráter inevitável da hegemonia econômica norte-americana”, o que nos levaria, segundo a direita, a termos que nos submeter a políticas de subordinação aos EUA, sob o risco de ficarmos para trás nos processos de modernização e desenvolvimento econômico.
A atual crise econômica representa, entre tantas outras coisas, a culminação de processo de enfraquecimento das economias do centro do capitalismo, depois de décadas de aplicação de políticas de livre comércio e de neoliberalismo. A crise profunda e prolongada em que estão imersas tem consequências recessivas para o conjunto do sistema econômico mundial, mas não o suficiente para levá-lo, por inteiro, à recessão. Seus efeitos políticos têm sido o oposto do que costumavam ser: ao invés de reafirmar o peso e o lugar incontornáveis dos países do centro, tem levado ao seu enfraquecimento. Os países que mais dependem deles são os mais afetados pela crise e pela recessão. Os modelos que eles afirmavam como inevitáveis, os levam à recessão prolongada, enquanto as economias que aplicam modelos distintos conseguem se defender das ondas recessivas vindas do centro, mantendo níveis de expansão, associados a políticas sociais redistributivas.
A prioridade dos projetos de integração regional, ao invés dos Tratados de Livre Comércio [TLC] com os EUA, revelam-se não apenas uma opção política coerente, como produzem efeitos econômicos favoráveis. A opção do México – o primeiro a assinar TLC na America Latina – se revelou frustrada: ao invés de impulsionar seu crescimento e renovação econômica, o condenou a atrelar seu destino ao da economia norte-americana – um dos epicentros da crise econômica internacional -, com mais de 90% do seu comércio exterior com os EUA e praticamente nenhum comércio com a China e muito pequeno com a América do Sul, duas das principais fontes de crescimento econômico no mundo hoje.
Assim, a opção preferencial pelos processos de integração Sul-Sul revelam não apenas postura de luta por um mundo multipolar, como mostram sua eficácia econômica, tirando da direita o argumento que “não privilegiar relações econômicas com os EUA e a Europa levaria os países ao atraso, ao isolamento e à recessão”.
Há nova correlação de forças econômicas em nível mundial e ela favorece o Sul do mundo em detrimento dos países do centro do sistema. Não se trata de reversão nas relações de poder, promovendo a hegemonia do Sul sobre o Norte, mas sim de situação que permite relações distintas às que predominaram desde o surgimento do sistema capitalista, como o colonialismo e o imperialismo que ele promoveu. Além de que o dinamismo econômico já não é monopólio dos países do centro, que podem seguir detendo vantagens do ponto de vista tecnológico, mas não podem aplicar esses elementos sem dinamismo econômico, com que não podem contar.
Do que se trata agora é de construir espaços de integração em nível mundial, conforme a visão e os interesses do Sul do mundo, que permitam superar o sistema institucional internacional que foi criado para consolidar e perpetuar o poder dos países centrais, hoje declinantes em escala mundial.”
FONTE: escrito pelo sociólogo e cientista político Emir Sader no site “Carta Maior” (http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=1034)
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