segunda-feira, 30 de julho de 2012

POLITICA - Agosto vem aí.

Agosto vem aí e o mundo não vai acabar


folha Agosto vem aí e o mundo não vai acabar
Quarta-feira, como me informa a folhinha sobre a mesa, começa oficialmente o mês de agosto, também chamado de mês de desgosto, por não nos trazer boas recordações em nossa memória política.
Este ano, com o julgamento do mensalão e a volta da CPI do Cachoeira, mau humor na área econômica e sem grandes esperanças na campanha eleitoral, as previsões do tempo político para agosto levam alguns analistas da grande mídia a anunciar a proximidade do apocalipse.
Calma, pessoal. Nestas horas de ânimos exaltados, nada como ler um texto do meu bom amigo Mauro Santayana, jornalista autodidata de raro talento, caráter e paixão pelo ofício.
Lúcido e sereno como sempre, o velho Santayana escreveu nesta segunda-feira um artigo com o título "O julgamento de agosto", publicado no boletim "Carta Maior" e reproduzido no blog de Paulo Henrique Amorim, onde o encontrei.
"O mundo não acabará neste agosto, nem o Brasil entrará em crise, qualquer que venha a ser o resultado do julgamento a que se dedicará o STF no mês que se inicia quarta-feira. Tampouco se esperam grandes surpresas", escreveu meu antigo colega de redação dos bons tempos do "Jornal do Brasil" e da "Folha".
É exatamente o que penso sobre o momento que o país está vivendo, com a reabertura dos trabalhos nesta semana no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal.
Agora, que todo mundo já falou e escreveu tudo o que pensa sobre o processo qualificado pelo procurador-geral Roberto Gurgel e por boa parte da nossa imprensa como "o maior escândalo de corrupção da história do país" _ como se existisse um metro para fazer comparações deste tipo no tempo e no espaço, antes mesmo do julgamento que começa nesta quinta-feira, dia 2 _ que falem os autos.
Habituado a olhar para a floresta e não a se fixar nas árvores que nascem e morrem, com a sabedoria herdada de quem foi assessor de Tancredo Neves na campanha presidencial de 1984, Santayana constata que "a importância maior desse julgamento está nas reflexões políticas e jurídicas que ele provocará".
Por exemplo: "A inteligência política é convocada a encontrar sistema de financiamento público de campanha, de forma justa e democrática, a fim de que todos os candidatos tenham a mesma oportunidade de dizer o que pretendem e pedir o voto dos cidadãos. Não é fácil impedir a distorção do processo eleitoral, mas é preciso construir legislação que reduza, se não for possível elimina-la, a influência do poder econômico no processo político".
Por acaso ou não, o julgamento do mensalão se dá concomitantemente às revelações feitas pela CPI do Cachoeira sobre as ligações do notório contraventor com políticos de vários partidos e empresas interessadas em contratos públicos, tendo como pano de fundo o financiamento de campanhas eleitorais.
Esta promiscuidade está na origem das denúncias que levaram o ex-presidente Fernando Collor à renúncia. em 1992, e à descoberta do "valerioduto" que deu origem ao precursor mensalão tucano, também chamado de mensalão mineiro, em 1998.
De denúncia em denúncia, crise em crise, de processo em processo, o país vai adiando a reforma política tão necessária para evitar que o voto seja mera moeda de troca na nossa ainda jovem democracia.
O que não dá para adiar são as nossas contas, que precisamos continuar pagando todo final de mês, sem atrasar nenhum dia, quaisquer que sejam os resultados do julgamento do mensalão, da CPI do Cachoeira e das eleições municipais.
Blog do Ricardo Kotscho.

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