Carlos Augusto de Araujo Dória, 82 anos, economista, nacionalista, socialista, lulista, budista, gaitista, blogueiro, espírita, membro da Igreja Messiânica, tricolor, anistiado político, ex-empregado da Petrobras. Um defensor da justiça social, da preservação do meio ambiente, da Petrobras e das causas nacionalistas.
sábado, 28 de julho de 2012
PETROBRÁS - Saiu no Estadão.
Graça desconstrói gestão de Gabrielli.
A gestão de sete anos do economista José Sergio Gabrielli na presidência da Petrobrás passa por completa reformulação na administração de sua sucessora, a engenheira química Maria das Graças Foster.
A reportagem é de Sergio Torres e Sabrina Valle e foi publicada no jornal O Estado de S. Paulo.
Além de afastar quatro diretores ligados ao ex-presidente logo após assumir, Graça, como prefere ser chamada, mandou rever todos os contratos relacionados a projetos fundamentais iniciados por Gabrielli, como a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Diferentemente do que ocorria na gestão Gabrielli, que presidiu a estatal de 2005 a fevereiro de 2012, Graça Foster não demonstra tolerância com atrasos na entrega de encomendas.
O exemplo mais evidente desse novo comportamento é a punição imposta ao Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Ipojuca (PE). O petroleiro João Cândido deveria ter sido incorporado à frota da Petrobrás Transporte (Transpetro) em 2010. Isso só veio a ocorrer há pouco, com dois anos de atraso.
Graça determinou à subsidiária a aplicação de uma multa e a suspensão temporária de 16 dos 22 contratos firmados com o estaleiro. Na administração anterior, os atrasos não eram punidos.
Logo ao assumir o cargo, em 13 de fevereiro, Graça reuniu a diretoria e determinou a fixação de metas que definiu como "mais realistas". A administração Gabrielli, na interpretação de especialistas, foi marcada pelo estabelecimento de metas ao mesmo tempo ambiciosas e, diante da realidade da empresa, impossíveis de serem cumpridas.
Graça e Gabrielli deixam as críticas escaparem, embora procurem manter a cordialidade, repetindo que a gestão é de continuidade. As divergências foram evidenciadas em 25 de junho, quando ela anunciou o esperado plano de negócios da companhia para o período de 2012-2016, após três meses de revisão do trabalho desenvolvido na gestão anterior.
A presidente iniciou a apresentação com 11 slides consecutivos sobre metas de produção descumpridas na administração Gabrielli, prazos desrespeitados e custos superelevados. Para em seguida estabelecer metas de produção menores, segundo ela, realistas e factíveis.
Abreu e Lima. A presidente da Petrobrás apontou ainda a Refinaria Abreu e Lima, que está em obras em Pernambuco, com previsão de custo quase dez vezes maior do que o planejado inicialmente, como um mau exemplo de procedimentos adotados, a ser estudado a fundo por toda a companhia, para não voltar a acontecer.
"A Rnest (Refinaria do Nordeste, como foi chamada inicialmente a Abreu e Lima) é uma história a ser aprendida, escrita e lida pela companhia, de tal forma a que não seja repetida. Existe claramente um aumento significativo do investimento inicial, do seu marco zero, em setembro de 2005. O óleo a ser refinado conta hoje com atraso de três anos", disse Graça.
"É claro, absolutamente claro, o não cumprimento integral da sistemática de aprovação de projetos neste caso específico. Uma história a ser aprendida e não repetida", acrescentou a presidente da Petrobrás. Além disso, Graça determinou a suspensão ou o adiamento de pelo menos 13 projetos nas áreas de refino e exploração e produção (E&P), incluindo refinarias de investimento bilionário.
Corresponsável. Sempre que questionada sobre as modificações implementadas, a presidente da Petrobrás destaca que também fazia parte da diretoria anterior (comandava a diretoria de Gás e Energia) e, assim, era corresponsável pelas falhas que porventura tivessem acontecido. Mas a divergência de atitudes ficou bem clara no pronunciamento oficial quando da apresentação do Plano de Negócios da estatal. Três semanas depois, Graça procurou atenuar sua posição, ao dizer que a única diferença entre os dois gestores era de gênero.
"A gente é amigo. (...) A diferença é que você é menino e eu sou menina", disse ela a Gabrielli em solenidade na Bahia, há nove dias, quando selaram uma espécie de trégua, posando juntos para fotografias.
Na ocasião, o ex-presidente foi o convidado especial na solenidade de batismo de uma plataforma petrolífera, da qual participou a presidente Dilma Rousseff. Gabrielli é secretário estadual de Planejamento na administração do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), a quem planeja, embora não admita publicamente, suceder em 2014.
Procurados, nem Graça nem Gabrielli quiseram se pronunciar para esta reportagem, Ao jornal Valor Econômico, na semana passada, porém, Gabrielli disse que Graça foi "inábil" ao apresentar o plano de negócios. Em seguida, buscou atenuar a declaração, ressaltando ter havido apenas uma "falta de cuidado" por parte dela.
Gabrielli disse que a sucessora faz uma administração de continuidade. Ela tem falado a mesma coisa quando questionada sobre as diferenças entre as duas gestões.
Decisões irritam governadores e políticos da base aliada
Postura independente incomoda e obriga Graça Foster, a explicar medidas em reuniões com governadores.
A decisão da presidente da Petrobrás, Graça Foster de adiar investimentos na construção das refinarias Premium 1 (Maranhão) e Premium 2 (Ceará), além de auditar o que já foi gasto e feito no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), irritou governadores e partidos políticos da base aliada do governo Dilma Rousseff.
Uma das qualidades da nova presidente da estatal, sempre destacada pelos seus defensores, é priorizar as ações técnicas, em detrimento das políticas. Justamente, dizem eles, o reverso de José Sérgio Gabrielli, fundador do PT da Bahia, onde fracassou, em 1990, na disputa do governo estadual.
Essa postura tida como independente incomoda o mundo político. Tanto que Graça precisou, nas duas últimas semanas, procurar os governadores dos Estados onde a Petrobrás tem planejado grandes empreendimentos. O primeiro deles foi Roseana Sarney (PMDB). No Maranhão, deputados reclamaram da decisão de adiar os investimentos na Premium 1.
Graça foi recebida pela governadora no Palácio dos Leões, em São Luís, no dia 10. Após o encontro, em comunicado, a estatal informou que construir a refinaria "é essencial para que a Petrobrás possa atender à crescente demanda de combustível no País". No dia seguinte, Graça recebeu na sede da petroleira, no Rio, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB). Mais uma vez, após a reunião, a estatal divulgou que a construção da Premium 2 "é fundamental para equilibrar oferta e demanda de combustíveis".
Lula. Gomes não falou sobre o encontro ao Estado. Políticos ligados ao governador cearense divulgaram a versão de que, inconformado com a declaração de Graça sobre a refinaria, telefonou ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em cujo governo a refinaria foi anunciada.
Lula, segundo a versão difundida por aliados do governador, o teria tranquilizado, avisando que Graça ligaria para se explicar. Nem o governo cearense nem a Petrobrás confirmam a versão. Mas o fato é que Graça telefonou para o governador na segunda-feira, 9 de julho.
O último encontro ocorreu anteontem no Palácio Laranjeiras, uma das sedes do governo do Rio. A presidente da Petrobrás disse ao governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) que o projeto do Comperj está em curso e apresentou nova data para início de operação da refinaria: abril de 2015.
"Todas as refinarias, em avaliação ou em construção, são igualmente importantes para a Petrobrás. E todas estão no Plano de Negócios 2012-2016", disse ela durante o encontro, segundo comunicado da Petrobrás.
Em ano eleitoral, não é aconselhável para o governo brigar com governantes de partidos aliados, como PMDB e PSB. Talvez tenha sido esse o recado passado a Graça Foster por assessores diretos da presidente Dilma Rousseff. Ao assumir, ela já desagradara políticos e partidos ao demitir os diretores Paulo Roberto Costa (Abastecimento), Jorge Zelada (Internacional) e Renato Duque (Engenharia). Todos tinham amparo político e ocupavam os cargos desde a gestão de José Sérgio Gabrielli.
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