terça-feira, 23 de outubro de 2012

POLÍTICA - "o pobre não é bobo"

Singer: o “lulismo”
vai durar



Singer sustenta que, a partir do segundo mandato, em 2006, o Presidente Lula provocou um realinhamento político que pode durar por muitos e muitos anos, como aconteceu com a eleição do Presidente Franklin Roosevelt, em 1933, nos Estados Unidos.

Como em Roosevelt, até a oposição terá que se orientar pelo eixo central da política de Lula: os programas sociais que atendem às necessidades do que Singer chama de subproletariado: os que recebem por até dois Salários Mínimos por mês.

Essa política se caracteriza pelo aumento real do Salário Mínimo e programas como o Bolsa Família, o PAC, o Minha Casa Minha Vida, e o crédito consignado, que vinha do primeira mandato.

Metade da População Economicamente Ativa em 1976 era formada por subproletários, segundo estudos do pai de André, o respeitado economista Paul Singer.

Ainda hoje, em 2012, a proporção de subproletários no conjunto da PEA deve ser a mesma, supõe André.

Lula teria percebido isso, quando perdeu a eleição para Fernando Collor, em 1989.

Em entrevista a que o próprio André Singer compareceu, como repórter, Lula, logo após a derrota, disse que o seu objetivo dali para a frente deveria ser atingir quem vive de salário minimo, porque o empresário não vai votar mesmo nele.

O PT sempre tinha sido um partido que se apoiava na classe média.

O subproletariado votou em Collor.

Mas, só em 2006, Lula e o PT aprofundaram essa aliança com o subproletariado.

Com os mais pobres.

O que explica a votação e o apoio de Lula e Dilma Rousseff nas regiões mais pobres, como o Nordeste, e os bolsões do Rio e de Minas.

Para fazer esse “realinhamento”, segundo Singer, Lula arquivou o radicalismo do PT do “Sion”, do Partido que se fundou no Colégio Sion, em São Paulo, em 1980.

Era um PT quase-socialista.

Com o tempo, prevaleceu o PT do “Anhembi”, onde se deu a Convenção de 2002, quando Lula assinou a “Carta aos Brasileiros”, em que se comprometia a seguir a política econômica ortodoxa de Fernando Henrique e a “respeitar os contratos”, ou seja, não ia rasgar a Privatização.

Lula e o PT teriam percebido que o subproletariado quer que o Estado o proteja, mas não quer saber de ruptura, instabilidade política ou greves.

Por que ?

Porque o subproletariado é o mais desprotegido politicamente.

Ele não tem sindicato, não tem que se apoiar diante de uma instabilidade política aguda.

Lula passou, então, depois de 2006, a adotar uma política de “reformismo fraco” e “desmobilizador”.

Esse “reformismo fraco” explicaria por que Lula conseguiu andar mais rápido no aumento da renda dos pobres e mais devagar na redução da desigualdade de renda entre os ricos e os pobres.

Porque o “fraquismo” permitiu que os ricos continuassem a ganhar muito dinheiro

(Nesse ponto, o ansioso blogueiro se lembrou de frase atribuída a Alzirinha, filha e secretária de Vargas: quando ouço dizerem que meu pai é o Pai dos Pobres, dá vontade de dizer … e a Mãe dos Ricos.)

“Reformismo fraco” não significa “despolitizar” – enfatizou Singer.

Lula aprofundou o embate político entre o “rico” e o “pobre”.

O que não tem muito a ver com “direita” e “esquerda”.

E quando o subproletariado melhorar de vida ? – ele vai virar conservador e deixar de votar no PT do Lula e da Dilma, perguntou o ansioso blogueiro.

O subproletarido vai ser fiel, enquanto o PT respeitar a agenda que Lula impôs: defendê-lo.

Paulo Henrique Amorim

Singer e Lula viram que o subproletariado é o centro da questão

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