Mercado financeiro pressiona para lucrar mais e quer Selic em 14,75%
No último Boletim Focus antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), as instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central pressionam por uma elevação de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros. A torcida do "mercado" por uma alta na Selic vai na contramão do que defendem representantes da indústria, dos trabalhadores e da academia - setores que não são ouvidos pelo Bacen.
Não faltam argumentos contrários à elevação dos juros. Empresários, economistas, professores e sindicalistas têm levantado a voz para denunciar que uma decisão neste sentido só aprofundaria a recessão, geraria mais desemprego e não teria efeitos sobre a inflação.
Mesmo assim, para o fim de 2016, a estimativa mediana dos analistas (que desconsidera os extremos nas projeções) para a Selic é 15,25% ao ano. Em 2017, a expectativa é que a taxa básica seja reduzida, encerrando o período em 12,88% ao ano. Na semana passada, essa mesma previsão ficou em 12,75% ao ano.
A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Nesse sentido, cada vez que o Comitê de Política Monetária (Copom) decide elevar a taxa básica de juros (Selic), o consumidor sente os efeitos da decisão diretamente no bolso. Em seguida, as instituições financiadoras repassam a alta para o crédito ao consumidor - tanto nos empréstimos bancários como nas compras feitas à prazo.
Para forçar a manutenção dos juros em patamares tão elevados e mesmo a elevação da Selic, rentistas, setores da mídia conservadora e especuladores do mercado financeiro apostam na estratégia de espalhar o pânico, alardeando uma previsão de inflação acima do teto da meta, fixado em 6,5%.
A projeção do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), este ano, foi ajustado pela terceira vez seguida, ao passar de 6,93% para 7%. Para o próximo ano, a expectativa é que a inflação fique abaixo do limite superior, mas ainda não chegue ao centro da meta, em 5,40%. A previsão anterior era 5,20%.
As instituições financeiras também projetam retração da economia, em 2016. A estimativa para a queda do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, permanece em 2,99%. Para 2017, as instituições financeiras esperam por recuperação da economia, com crescimento de 1%. A estimativa anterior de expansão era 0,86%.
A produção industrial, segundo o Boletim Focus, deve apresentar retração de 3,47% este ano, contra 3,45%, previstos na semana passada. Em 2017, o setor deve se recuperar, mas a projeção de crescimento foi ajustada de 1,98% para 1,80%.
Já a projeção para a cotação do dólar segue em R$ 4,25, ao final de 2016, e foi alterada de R$ 4,23 para R$ 4,30, no fim de 2017.
Do Portal Vermelho, com Agência Brasil
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