Lula avisa: este ano vai ser diferente
Por Renato Rovai, em seu blog:
A entrevista que concedeu hoje aos blogueiros tem de ser lida e entendida neste contexto. Primeiro, Lula só falou porque queria falar. Segundo, escolheu blogueiros pelos quais tem simpatia porque não queria ser interrompido o tempo todo e nem ser tratado como se estivesse num interrogatório policial.
Uma coisa que aprendi nesses quase 30 anos de jornalismo é que uma entrevista vale pelo que o entrevistado fala. E não pelo que o entrevistador gostaria que ele dissesse ou tenta forçá-lo a dizer.
Há formas de fazer alguém falar. Uma delas é deixar o entrevistado à vontade. E Lula estava mais do que à vontade hoje. E por isso tanta coisa importante foi dita.
De cara, afirmou que Dilma e o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, precisam anunciar o quanto antes medidas para retomar o crescimento. E sugeriu que isso deve vir a base de mais crédito. Tanto para empresas quanto para consumidores, com o objetivo de reanimar a produção.
Ao mesmo tempo pontuou que não adianta mais ficar só tentando agradar ao mercado financeiro. E tomá-lhe uma cutucada no ex-ministro Joaquim Levy dizendo que nem ele que era do mercado no governo tinha sido convencido pelo governo.
Também aproveitou para dar umas espetadas na PF e no MP, quando registrou que não tem ninguém mais honesto do que ele em nenhum desses órgãos.
E sobrou para a imprensa, quando disse que a partir de agora vai processar todo mundo que o caluniar.
Lula também não economizou para cima de lideranças petistas que, segundo ele, “não estariam sendo solidárias com os companheiros”. E lembrou que quando Olívio Dutra era governador do Rio Grande do Sul e foi acusado de ter recebido dinheiro de bicheiros foram ele e Zé Dirceu que organizaram um ato em apoio a Dutra.
Aliás, ainda disse que “o PT deve muito ao Zé Dirceu”. E defendeu o ex-tesoureiro do partido João Vaccari e o ex-deputado José Genoíno.
Lula também mandou recados otimistas para a militância. Disse que o partido vai ressurgir das cinzas como uma fênix. E que tem certeza que Fernando Haddad vai se reeleger prefeito de São Paulo.
Por duas vezes também sugeriu que Dilma deveria procurar os chineses e fazer um acordo com eles para pegar 100 bilhões de dólares e investir em infraestrutura, dando em troca créditos em petróleo. Porque com isso o Brasil estaria fazendo um investimento estratégico e criaria ao mesmo tempo milhões de empregos.
E disse que se fosse presidente não venderia ativos da Petrobras.
Também se mostrou favorável à redução da taxa Selic, contra a lei antiterrorismo patrocinada pelo Ministério da Justiça e a favor de que Dilma dialogue mais com os movimentos sociais, inclusive para debater a necessidade de uma reforma da Previdência. Ou seja, Lula deixou claro que entende ser necessária uma reforma neste setor.
E por diversas vezes deu a entender que Dilma estaria mais sensível à base histórica do PT depois de alguns eventos do final do ano passado, como o ato das margaridas, a Conferência da Juventude e a marcha contra o impeachment da Avenida Paulista, no dia 16 de dezembro.
E para não ficar só nisso, ainda chegou a dizer que a presidenta é mais de esquerda do ele. Que ele sempre foi mais pragmático. Mas que ela tem errado na comunicação. “Dilma tem que falar mais o que faz. Ela deu aumento no salário mínimo e para os aposentados acima da inflação e aumentou o piso dos professores e ninguém sabe disso”.
E de alguma forma todos esses recados vieram embalados num discurso de “eu tô no jogo”. Lula disse que vai fazer campanha “como nunca em 2016″ e que tá “com muita vontade de ir para a periferia conversar”.
Sobre a eleição de 2018, deu sinais de que sua candidatura não é assim favas contadas. Disse que acha muito difícil fazer um governo tão bom como o dos seus dois mandatos entre 2003 e 2010. E acrescentou que poderia apoiar tanto um nome do PT como o de um outro partido aliado.
Não falou em nomes, mas provavelmente se referia a Ciro Gomes, com quem tem falado com certa frequência, quando tratava de candidatos não petistas.
Mas mais do que tudo, Lula quis mostrar nesta entrevista que não está com medo das investigações que tem sofrido.
Esse foi o recado maior.
Ter dado uma entrevista de aproximadamente 3h30 transmitida ao vivo pela internet não foi apenas um gesto de camaradagem para jornalistas e blogueiros que não lhe tratam como inimigo e que reconhecem os avanços do seu governo. Foi algo calculado.
Ter dado esta entrevista no início do ano, também não é coincidência.
O recado implícito e explicito de Lula é que quer esquecer 2015. E que quer tanto um governo mais ativo no debate político como um PT mais organizado para os embates que virão.
Lula desenhou uma estratégia para 2016. E começou a testá-la e colocá-la em pratica hoje. Ficou claro que pretende sair das cordas e ajudar o governo e o PT a também sair delas. Se vai dar certo é outra história.
Mas na cabeça do ex-presidente o tempo de só apanhar acabou. Lula vai para o pau, como costumam dizer lá pelas bandas do ABC.
Lula não é só a maior liderança política viva do Brasil. É também o maior
estrategista de todos os que estão na vida pública atualmente.
A entrevista que concedeu hoje aos blogueiros tem de ser lida e entendida neste contexto. Primeiro, Lula só falou porque queria falar. Segundo, escolheu blogueiros pelos quais tem simpatia porque não queria ser interrompido o tempo todo e nem ser tratado como se estivesse num interrogatório policial.
Uma coisa que aprendi nesses quase 30 anos de jornalismo é que uma entrevista vale pelo que o entrevistado fala. E não pelo que o entrevistador gostaria que ele dissesse ou tenta forçá-lo a dizer.
Há formas de fazer alguém falar. Uma delas é deixar o entrevistado à vontade. E Lula estava mais do que à vontade hoje. E por isso tanta coisa importante foi dita.
De cara, afirmou que Dilma e o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, precisam anunciar o quanto antes medidas para retomar o crescimento. E sugeriu que isso deve vir a base de mais crédito. Tanto para empresas quanto para consumidores, com o objetivo de reanimar a produção.
Ao mesmo tempo pontuou que não adianta mais ficar só tentando agradar ao mercado financeiro. E tomá-lhe uma cutucada no ex-ministro Joaquim Levy dizendo que nem ele que era do mercado no governo tinha sido convencido pelo governo.
Também aproveitou para dar umas espetadas na PF e no MP, quando registrou que não tem ninguém mais honesto do que ele em nenhum desses órgãos.
E sobrou para a imprensa, quando disse que a partir de agora vai processar todo mundo que o caluniar.
Lula também não economizou para cima de lideranças petistas que, segundo ele, “não estariam sendo solidárias com os companheiros”. E lembrou que quando Olívio Dutra era governador do Rio Grande do Sul e foi acusado de ter recebido dinheiro de bicheiros foram ele e Zé Dirceu que organizaram um ato em apoio a Dutra.
Aliás, ainda disse que “o PT deve muito ao Zé Dirceu”. E defendeu o ex-tesoureiro do partido João Vaccari e o ex-deputado José Genoíno.
Lula também mandou recados otimistas para a militância. Disse que o partido vai ressurgir das cinzas como uma fênix. E que tem certeza que Fernando Haddad vai se reeleger prefeito de São Paulo.
Por duas vezes também sugeriu que Dilma deveria procurar os chineses e fazer um acordo com eles para pegar 100 bilhões de dólares e investir em infraestrutura, dando em troca créditos em petróleo. Porque com isso o Brasil estaria fazendo um investimento estratégico e criaria ao mesmo tempo milhões de empregos.
E disse que se fosse presidente não venderia ativos da Petrobras.
Também se mostrou favorável à redução da taxa Selic, contra a lei antiterrorismo patrocinada pelo Ministério da Justiça e a favor de que Dilma dialogue mais com os movimentos sociais, inclusive para debater a necessidade de uma reforma da Previdência. Ou seja, Lula deixou claro que entende ser necessária uma reforma neste setor.
E por diversas vezes deu a entender que Dilma estaria mais sensível à base histórica do PT depois de alguns eventos do final do ano passado, como o ato das margaridas, a Conferência da Juventude e a marcha contra o impeachment da Avenida Paulista, no dia 16 de dezembro.
E para não ficar só nisso, ainda chegou a dizer que a presidenta é mais de esquerda do ele. Que ele sempre foi mais pragmático. Mas que ela tem errado na comunicação. “Dilma tem que falar mais o que faz. Ela deu aumento no salário mínimo e para os aposentados acima da inflação e aumentou o piso dos professores e ninguém sabe disso”.
E de alguma forma todos esses recados vieram embalados num discurso de “eu tô no jogo”. Lula disse que vai fazer campanha “como nunca em 2016″ e que tá “com muita vontade de ir para a periferia conversar”.
Sobre a eleição de 2018, deu sinais de que sua candidatura não é assim favas contadas. Disse que acha muito difícil fazer um governo tão bom como o dos seus dois mandatos entre 2003 e 2010. E acrescentou que poderia apoiar tanto um nome do PT como o de um outro partido aliado.
Não falou em nomes, mas provavelmente se referia a Ciro Gomes, com quem tem falado com certa frequência, quando tratava de candidatos não petistas.
Mas mais do que tudo, Lula quis mostrar nesta entrevista que não está com medo das investigações que tem sofrido.
Esse foi o recado maior.
Ter dado uma entrevista de aproximadamente 3h30 transmitida ao vivo pela internet não foi apenas um gesto de camaradagem para jornalistas e blogueiros que não lhe tratam como inimigo e que reconhecem os avanços do seu governo. Foi algo calculado.
Ter dado esta entrevista no início do ano, também não é coincidência.
O recado implícito e explicito de Lula é que quer esquecer 2015. E que quer tanto um governo mais ativo no debate político como um PT mais organizado para os embates que virão.
Lula desenhou uma estratégia para 2016. E começou a testá-la e colocá-la em pratica hoje. Ficou claro que pretende sair das cordas e ajudar o governo e o PT a também sair delas. Se vai dar certo é outra história.
Mas na cabeça do ex-presidente o tempo de só apanhar acabou. Lula vai para o pau, como costumam dizer lá pelas bandas do ABC.
Postado por Miro
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