O fim do “leva no grito” para o arrocho
Os jornais de hoje mostram que este blog não exagerou, ontem, ao analisar o resultado da votação do pacote de “ajuda” aos Estados, quando apontou o resultado terrível para a administração Temer e para o próprio projeto de arrocho em curso no país.
Os porta-vozes do “mercado”, como Miriam Leitão, assumem isso claramente. Diz ela, em O Globo:
“Além de ser uma derrota do projeto
de ajuste fiscal, é também um sinal importante de enfraquecimento
político da administração Temer. O mais importante é que o princípio da
responsabilidade fiscal também ficou mais fraco e o horizonte da
recuperação econômica do país ficou mais longe”
Temer, segundo o Valor,
finge que não aconteceu nada numa mensagem gravada ontem no final da
noite, onde diz que “a União, quando firmar o contrato com os Estados
irá exigir” as contrapartidas retiradas do texto da lei pelos deputados.
Será que o Governo acredita que governadores pressionados pela crise,
pelos servidores e mais por baixo que sola de sapato têm força para
aprovar pacotes suicidas nas Assembleias? Óbvio que não.Vinicius Torres Freire, na Folha, é mais direto: “foi para o lixo o projeto do governo Michel Temer de dar um destino à crise dos Estados”.
Claro que existe um grau de cortes e de austeridade possíveis nas administrações públicas. Mas há dois problemas, um macro e outro micro, mas de grande repercussão política.
O macro é que os estados não possuem a velha “guitarra”, que é como se chamava a extinta faculdade do governo federal de imprimir moeda. Ela continua existindo, porém, para a União com a emissão de dívida, que vira dinheiro. Os estados, como não podem mais, como no passado, mais emitir títulos, só têm um caminho quando a receita (as próprias e a transferências federais) caem: “emitir dinheiro” pela postergação de seus compromissos, tal como faziam com os títulos.
É simples assim, embora seja mais simples colocar a culpa por um estrago de muitos bilhões no milhão gastos nas nas jóias da Madame Cabral.
O segundo problema, micro em volume mas não em efeito político é que o arrocho sobre a principal despesa dos Estados, seu funcionalismo, bate de frente com os privilégios irremovíveis de suas categorias privilegiadas – basicamentes as jurídicas – e outra que, nem com tanta largueza, também ganharam poder e, pior, são armadas: as polícias.
Fossem “apenas” professsores, médicos, agentes administrativos, baixava-se-lhes o cassetete e pronto,
A saída é uma só: o reaquecimento da economia e, com isso, a geração de arrecadação que ajude a equilibrar a equação entre receita e despesa, porque conter estas a ferro e fogo de nada adianta se aquelas seguem caindo.
Mas o maior impacto do que aconteceu é que, de cara, ficou patente que passou o tempo em que “o homem que ia unir o Brasil” podia aprovar qualquer coisa diante da manada obediente do Parlamento. Como diz Vinícius Torres Freire, na coluna da Folha citada antes: “Imagina na Previdência!”
Pode crer, Vinícios, tem muita gente do rentismo pensando nisso agora.
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