Os apoiadores do golpe e os autoenganos
Por Celso Vicenzi, em seu blog:
Em meio ao caos que se tornou o país, com a guerra entre poderes, o ataque aos direitos previstos na Constituição, a seletividade da mídia e do Judiciário, o abuso de poder e tantas outras calamidades, irrompe um fenômeno no seio (direito!) da sociedade brasileira: Milhares de pessoas com caras de desentendidos, incapazes de compreender que o apoio que deram ao golpe foi fundamental para chegarmos a esse estágio, de duros e perigosos desdobramentos.
São pessoas que seguem fazendo críticas “a tudo isso que está aí”, mas esquecem que deram carta branca para o golpe e suas consequências, que eram mais do que previsíveis. Quando não foram ativos, foram omissos, passivos. Junto com milhares de outros brasileiros, estimulados pela mídia, pelo empresariado e outras forças que comandaram o golpe, foram fundamentais para o seu sucesso.
O álibi era a corrupção e a crise, mas a motivação real foi o ódio ao PT, Lula, Dilma e tudo que pudesse ser mais ou menos traduzido na palavra “popular”. A ascensão dos mais pobres, a política de cotas, os direitos das empregadas domésticas (cada vez mais raras), etc etc, afinal, a classe média sempre se deu muito bem com a mão de obra barata dos mais pobres e com uma sociedade onde o lugar reservado aos nossos filhos não teria a concorrência daqueles que estavam começando a ter oportunidades de disputar vestibulares, concursos públicos e empregos privados com melhores chances.
Também tinha a turma que não se conformava com o aumento da gasolina, com o preço do dólar (como ficam minhas férias em Miami?) e outras questões vitais para o país, não é mesmo?
Enfim, as motivações foram muitas, mas quando agora tudo vem à tona sobre as reais intenções do golpe, destruindo empresas nacionais, rasgando a Constituição, precarizando o trabalho e eliminando as regras que garantem minimamente os direitos trabalhistas, entregando o pré-sal e outras riquezas à sanha do capital financeiro internacional (sempre em conluio com a rica elite nativa), mostrando quem são, de fato, os maiores corruptos do país (mesmo com toda proteção da mídia para uns e perseguição para outros), enfim… eis que essas pessoas agora ou fazem cara de paisagem ou lançam (falsos?) protestos contra “essa situação absurda”, como se não houvesse nenhuma cumplicidade.
Sim, apoiaram o golpe (pra eles continua a ser impeachment), mas as consequências, claro, não são com eles. Não são responsáveis. Pior é que, em muitos casos, acreditam mesmo nisso. Ah, como o autoengano alivia e apazigua as consciências!
Sim, pode-se cometer erros. Mas como seria bem-vinda uma palavra, uma única palavra de arrependimento, com desculpas sinceras àqueles que já sofrem e vão sofrer muito mais as consequências desse golpe.
Em meio ao caos que se tornou o país, com a guerra entre poderes, o ataque aos direitos previstos na Constituição, a seletividade da mídia e do Judiciário, o abuso de poder e tantas outras calamidades, irrompe um fenômeno no seio (direito!) da sociedade brasileira: Milhares de pessoas com caras de desentendidos, incapazes de compreender que o apoio que deram ao golpe foi fundamental para chegarmos a esse estágio, de duros e perigosos desdobramentos.
São pessoas que seguem fazendo críticas “a tudo isso que está aí”, mas esquecem que deram carta branca para o golpe e suas consequências, que eram mais do que previsíveis. Quando não foram ativos, foram omissos, passivos. Junto com milhares de outros brasileiros, estimulados pela mídia, pelo empresariado e outras forças que comandaram o golpe, foram fundamentais para o seu sucesso.
O álibi era a corrupção e a crise, mas a motivação real foi o ódio ao PT, Lula, Dilma e tudo que pudesse ser mais ou menos traduzido na palavra “popular”. A ascensão dos mais pobres, a política de cotas, os direitos das empregadas domésticas (cada vez mais raras), etc etc, afinal, a classe média sempre se deu muito bem com a mão de obra barata dos mais pobres e com uma sociedade onde o lugar reservado aos nossos filhos não teria a concorrência daqueles que estavam começando a ter oportunidades de disputar vestibulares, concursos públicos e empregos privados com melhores chances.
Também tinha a turma que não se conformava com o aumento da gasolina, com o preço do dólar (como ficam minhas férias em Miami?) e outras questões vitais para o país, não é mesmo?
Enfim, as motivações foram muitas, mas quando agora tudo vem à tona sobre as reais intenções do golpe, destruindo empresas nacionais, rasgando a Constituição, precarizando o trabalho e eliminando as regras que garantem minimamente os direitos trabalhistas, entregando o pré-sal e outras riquezas à sanha do capital financeiro internacional (sempre em conluio com a rica elite nativa), mostrando quem são, de fato, os maiores corruptos do país (mesmo com toda proteção da mídia para uns e perseguição para outros), enfim… eis que essas pessoas agora ou fazem cara de paisagem ou lançam (falsos?) protestos contra “essa situação absurda”, como se não houvesse nenhuma cumplicidade.
Sim, apoiaram o golpe (pra eles continua a ser impeachment), mas as consequências, claro, não são com eles. Não são responsáveis. Pior é que, em muitos casos, acreditam mesmo nisso. Ah, como o autoengano alivia e apazigua as consciências!
Sim, pode-se cometer erros. Mas como seria bem-vinda uma palavra, uma única palavra de arrependimento, com desculpas sinceras àqueles que já sofrem e vão sofrer muito mais as consequências desse golpe.
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